A mineira Bruna Piantino lançou, na última semana, o filme “Xeque-Mate”, que retrata de forma incidental a situação da cannabis no Uruguai. Fruto de uma viagem feita pela cineasta em 2019, em Montevidéu, o documentário disputa a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na competição “Novos Diretores”. A votação vai até o dia 4 de novembro, pelo site da Mostra, onde também é possível assistir ao longa-metragem pelo preço popular de R$ 6.
Nesta sexta-feira (30), às 18h, Piantino participa de um debate que integra a programação da Mostra e traz como tema “A Maconha e seu Uso Medicinal”. A conversa também contará com o cineasta Beto Brant, diretor do filme “La Planta”, e a médica Carolina Nocetti, e será mediada pela jornalista Ana Paula Sousa. A transmissão acontecerá no canal da Mostra no YouTube.
Com 71 minutos, “Xeque-Mate” discute usa o xadrez como alegoria para abordar o paradoxal universo das drogas e como cada ator social envolvido nesta trama pensa sua jogada. O ponto de partida é o modelo de Regulação da Cannabis no Uruguai, desde o ponto de vista biopsicossocial, geopolítico e econômico.
“O filme foi resultado de uma oficina de realização audiovisual e o prazo para produção do material era bastante curto. A pesquisa foi acontecendo durante a preparação para as filmagens, entre o depoimento de um e outro personagem, e um pouco filtrada pelo perfil de cada um”, conta Piantino, que assina direção, montagem e fotografia.
“Acabei me envolvendo com dois temas sobre os quais eu tinha um conhecimento muito raso, que eram a planta de cannabis e o jogo de xadrez. O alinhamento desses dois conhecimentos, dessas duas histórias, dessas duas representações, gerou-me um grande fascínio. A coincidência do processo foi que quando optei por inserir o xadrez na narrativa do filme, fui descobrindo que vários personagens estavam ligados ao jogo à sua maneira”, explica.
“A ideia do filme é trazer um pouco essa questão do universo das drogas, falar sobre os efeitos gerados pela proibição a partir do Século XX, dos efeitos gerados pela regulação no Uruguai a partir de 2013 e contar um pouco da história documentada de 6.000 anos da cannabis no mundo. E o jogo de xadrez atravessa toda a narrativa”, completa. No documentário, são ouvidos nomes como Alicia Castilla (escritora, ativista e cultivadora), Julio Calzada (ex-diretor da Junta Nacional de Drogas), Juan Vaz (ativista e cultivador) e Mercedes Ponce de Leon (criadora da Expocannabis Uruguay), entre médicos, acadêmicos, autoridades e outras figuras.
Para a cineasta, a discussão no Uruguai também é importante para pautar o Brasil, que ainda caminha vagarosamente quando o assunto são as políticas de drogas. “Aqui, temos pouco acesso a essa pauta, que é um grande tabu. Apesar dos passos lentos, tivemos um avanço esse ano no país, com a autorização de venda de canabidiol em farmácias pela Anvisa. No entanto, esse derivado que é vendido por aqui é feito a partir de matéria-prima europeia, e o plantio segue proibido”, critica.
Sobre Bruna Piantino
Nascida em Belo Horizonte, em 1978, é fotógrafa, escritora e documentarista. Iniciou a carreira em 2009, ao dirigir o curta “448” e ao codirigir o curta “Moths”. Participou de outras produções audiovisuais, como produtora e atriz. “Xeque-Mate” é sua estreia na direção de longas-metragens.
Serviço: Filme “Xeque-Mate”, de Bruna Piantino
Debate “A Maconha e seu Uso Medicinal”
Sexta-feira, 30 de outubro, às 18h
No canal da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Votação competição “Novos Diretores” | Mostra Internacional de Cinema de SP
Até dia 4 de novembro
Pelo site da Mostra: https://44.mostra.org/filmes/xeque-mate
Como votar? Ao final de cada exibição, no início dos créditos, você verá uma cartela animada pedindo para votar no filme. É só clicar nela e preencher o formulário. É recomendável desativar o Ad Blocker na Mostra Play, porque a cartela de votação é veiculada como anúncio durante a reprodução do filme.