O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), o equivalente ao Ministério da Agricultura aqui no Brasil, aprovou uma versão geneticamente modificada de cânhamo que não produz canabidiol (CBD) ou delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).
A edição genética foi feita por pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison e foi batizada de “Badger G” (texugo G, na tradução livre). Essa variedade foi desenvolvida para produzir níveis mais altos de canabigerol (CBG) no lugar dos canabinoides mais populares e abundantes das plantas Cannabis, CBD e THC.
O Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal (APHIS na sigla em inglês) do USDA deu a autorização para o cultivo dessa planta e também dos cruzamentos dela com outras variedades. Na resposta ao pedido da Universidade de Wisconsin, o órgão afirmou que “é pouco provável que represente um risco aumentado de pragas de plantas em comparação com outras culturas de plantas” e que ela “pode ser cultivada com segurança nos EUA”.
Variedade para evitar desperdícios no cultivo
Se a nova variedade chegar aos cultivos de cânhamo dos EUA, pode significar um enorme ganho de produtividade, principalmente para os que a cultivam com o propósito de aproveitar suas fibras. De acordo com dados divulgados pelos próprios pesquisadores norte-americanos, há um desperdício com as plantas que precisam ser destruídas por extrapolarem os limites estabelecidos para essa cultura no país.
“Aproximadamente 25% da colheita de cânhamo nos EUA é descartada devido aos níveis de THC/THCA superiores ao limite de 0,3% estabelecido na Farm Bill de 2018. Nossa nova linha permitirá que os agricultores cumpram integralmente essas regulamentações.”
A mencionada Farm Bill de 2018 é o decreto do então presidente Donald Trump que, na prática, permitiu o cultivo do cânhamo nos EUA. A partir de dezembro daquele ano, o cânhamo e as sementes de cânhamo foram retirados da lista de substâncias controladas e puderam voltar a ser cultivadas no país.
Havia um limite de 0,3% de THC para as plantas, por outro lado o CBD se tornaria uma substância legal à época. Após esse decreto, produtos derivados do canabidiol se tornaram extremamente disponíveis no mercado e populares entre os norte-americanos.
A versatilidade do cânhamo
O cânhamo é uma variedade de Cannabis que produz baixos níveis de THC. Ela é cultivada há séculos para obter, principalmente, suas fibras e sementes. Na indústria, suas aplicações são diversas, como:
- Fibras: para produção de tecido, papel, cordas e materiais de construção;
- Sementes: as sementes do cânhamo são ricas em proteínas, ácidos graxos essenciais e outros nutrientes. Pode ser ingrediente de alimentos e suplementos nutricionais;
- Cosméticos: úteis para a pele e o cabelo;
- Produtos para uso medicinal: o alto teor de CBD no cânhamo também o tornam ingrediente para produtos com fins terapêuticos.
Aumentando a disponibilidade de CBG com nova variedade de cânhamo
Além de evitar perdas nos cultivos, a nova genética de cânhamo também abre novas possibilidades para a extração do CBG. Esse canabinoide tem propriedades terapêuticas tão benéficas quanto as do CBD e do THC. No entanto, o canabigerol tem algumas particularidades, como a ausência de efeitos psicoativos e uma poderosa capacidade anti-inflamatória.
Geralmente, os níveis de concentração de CBG nas plantas é inferior a 1%. Apesar disso, todas as plantas de Cannabis produzem canabigerol em alguma proporção. Esse canabinoide é o precursor dos canabinoides mais abundantes da planta, CBD e THC. Quer dizer que a planta produz primeiramente o CBG e a partir dele sintetiza os outros dois.
A edição genética dos pesquisadores dos EUA inibe essa síntese, levando a maiores índices de CBG. Desse modo, é possível que também tenhamos uma maior disponibilidade de produtos derivados do canabigerol no país a partir do momento que essa variedade canábica se tornar popular entre os fazendeiros de cânhamo.
Propriedades medicinais do CBG
O CBG tem propriedades medicinais semelhantes ao CBD e THC, porém sem provocar os efeitos psicoativos do segundo. O canabigerol não se liga diretamente aos receptores do sistema, mas acredita-se que ele fortalece a função da anandamida, um canabinoide produzido pelo nosso corpo. Desse modo, tem ação anti-inflamatória, antibacteriana, antifúngica e antioxidante.
Na Dermatologia, se estudam os benefícios desse canabinoide para tratar condições da pele, além de ter efeito protetor à exposição aos raios ultravioleta. No entanto, os casos mais comuns de utilização do CBG são por suas propriedades ansiolíticas.
Trouxemos anteriormente aqui no Cannabis & Saúde, o caso do Lucas Bechelli, 26, que teve alívio dos sintomas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) após incluir o CBG no tratamento. Em combinação com o CBD, o canabigerol proporcionou melhoras também nas dores que ele sentia no quadril. Leia aqui a história completa do Lucas.
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