Pesquisas científicas como um todo são cruciais para fornecer uma base sólida de evidências que possam orientar o uso das moléculas da Cannabis de forma segura e eficaz. E neste quesito, o Brasil pode ser considerado, ao lado Israel, um dos países pioneiros na pesquisa sobre o potencial dos fitocanabinoides em tratamentos para a saúde. Por exemplo, foram estudos realizados na década de 1980 pelo professor brasileiro Elisaldo Carlini que comprovaram a eficácia da Cannabis na epilepsia pela primeira vez.
Agora, cientistas de duas universidades federais se unem para realizar o que pode ser um dos maiores ensaios clínicos do mundo sobre Cannabis no tratamento das doenças de Parkinson e Alzheimer
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) contarão com 140 pacientes participantes do ensaio clínico que será dividido em dois estudos. O ensaio clínico para o Parkinson terá 70 participantes e para o Alzheimer também. Quem responde pela coordenação dos projetos é o professor Dr. Rui Prediger, da UFSC, e com a vice-coordenação do professor Francisney Pinto do Nascimento, da UNILA.
O ensaio terá avaliação de longo prazo. E será observado o impacto dos fitocanabinoides na saúde destes participantes.
“De fato é um dos maiores estudos do mundo. Pois até agora há 6 ou 7 estudos clínicos com fitocanabinoides e paciente para Alzheimer no mundo já publicados. E a maior parte deles são muito curtos com um mês, dois meses, três meses de duração. E, na minha opinião, a maior parte deles falha por isso, pois Alzheimer é uma doença crônica. E a gente tem experiência dos nossos estudos que alguns pacientes só começam a ter um ganho após seis meses ou com seis meses começa a melhora clínica. E também tem a questão da dose ser muito alta que não é o caso também dos nossos estudos que mostram que tem feito com doses mais baixas, foi onde encontramos resultados. Portanto, em termos de números de pacientes e Cannabis, no seguimento de meses, até onde a gente sabe, é o ensaio mais longo da literatura”, avalia o professor Nascimento, que coordena o Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP) da UNILA, em Foz do Iguaçu.
De maneira periódica os pacientes irão passar pelas seguintes avaliações:
- Parkinson: Serão avaliados tremores e questões relacionadas à movimentação, sintomas de ansiedade, nível de depressão, qualidade do sono. Realização de exames de sangue.
- Alzheimer: Serão avaliadas questões associadas à memória destes participantes. Assim como sintomas de ansiedade, nível de depressão, qualidade do sono. Realização de exames de sangue.
“Estamos recrutando pacientes para avaliação e a previsão é terminar até final de abril ou maio. O projeto tem duração de três anos. Mas serão seis meses de ensaio clínico randomizado. Um grupo com Cannabis e outro com placebo. E depois todos passam a receber Cannabis por um ano”, explica Nascimento.
Entenda a dinâmica dos ensaios clínicos
Segundo informações da UFSC, pacientes com Parkinson já receberam seus primeiros kits com canabinoides e passaram pelas primeiras avaliações. Porém, os estudos com Alzheimer estão previstos para começar em breve e ocorrerão em Foz do Iguaçu.
No primeiro semestre, a metade dos pacientes receberá um produto à base de Cannabis com Canabidiol CBD e THC. Já a outra metade receberá um placebo – uma substância sem qualquer efeito terapêutico. Posteriormente, todos participantes passarão a receber produtos contendo fitocanabinoides por mais um ano.
Participe do ensaio clínico de Alzheimer
Os cientistas da Unila, responsáveis pela pesquisa de Alzheimer, ainda estão recrutando pacientes para participar do estudo em Foz do Iguaçu de maneira gratuita. Porém, é necessário preencher os seguintes requisitos:
- Ter mais de 60 anos com o diagnóstico de Doença de Alzheimer há menos de oito anos.
- Ter disponibilidade de estar em Foz do Iguaçu uma vez por mês ao longo de seis meses.
Se você está interessado ou conhece alguém que possa colaborar entre em contato pelo Whatsapp +55 45 99156-6582 ou pelo e-mail dazacann@outlook.com.
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