Um estudo recente publicado na revista Nature destacou para uma planta nativa do Brasil, a Trema micrantha blume, que chamou a atenção da comunidade científica. De acordo com a pesquisa, a planta contém compostos semelhantes aos encontrados na Cannabis, como canabidiol (CBD), delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e as suas formas ácidas, o ácido canabidiólico (CBDA) e o ácido tetrahidrocanabinólico (THCA).
A convite dos pesquisadores, visitamos o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde o estudo foi conduzido. Lá, conversamos com a equipe responsável pela pesquisa, que destacou o potencial e os desafios relacionados à Trema micrantha.
O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem e a análise de canabinoides
O LBCD foi reinaugurado em 2015 para realizar testes antidoping durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. Desde então, tornou-se referência em exames antidoping no Brasil.
A partir de 2021, o laboratório passou a colaborar com projetos relacionados à Cannabis. Com equipamentos de última geração, os pesquisadores analisam produtos feitos por associações de pacientes, verificando a concentração de canabinoides e a presença de contaminantes, além de auxiliar na otimização dos processos produtivos.
Mônica Padilha, vice-coordenadora do LBCD, destacou que a infraestrutura avançada e a experiência acumulada em testes antidoping e no projeto com a Cannabis foram fundamentais para os resultados precisos do estudo com a Trema.
“Usamos a infraestrutura do LBCD, que é uma tecnologia de ponta com cromatografia líquida, analisa os óleos e envia os resultados para as associações. Então, a gente já tinha um conhecimento sobre essa molécula, alguns padrões que deram para a gente a possibilidade de unir os esforços e procurar essas moléculas em outras matrizes: na Trema”, explicou Mônica.
Cannabis e os resultados inesperados da Trema
A Cannabis é uma planta utilizada há séculos para fins medicinais, ritualísticos e sociais. Até então, não se conhecia nenhum outro vegetal que produzisse os canabinoides, compostos ativos com propriedades terapêuticas valiosas para o tratamento de diversas condições de saúde.
A identificação de canabinoides na Trema surpreendeu até mesmo os pesquisadores. Mônica compartilhou sua reação:
“Fiquei surpresa. Quando a gente fez a parte analítica, o CBD estava lá e eu não esperava. Imediatamente, falei com outro pesquisador e ele falou para repetirmos para ter certeza. A gente repetiu várias vezes, refez a extração com a ajuda de um botânico. Então, recoletamos o material, refizemos o trabalho. Sim, eu me surpreendi.”
Cautela é necessária para uso medicinal
Embora encontrar canabidiol em uma planta que não é a Cannabis seja animador, os pesquisadores alertam para a necessidade de prudência. Esta foi uma pesquisa inicial, e o uso medicinal da Trema micrantha blume ainda não é viável.
Perguntados sobre a viabilidade do uso medicinal da Trema, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais pesquisas. Segundo o grupo de pesquisadores, é possível que a planta contenha substâncias tóxicas ainda não detectadas, e mais estudos são necessários antes de considerar qualquer aplicação prática e a melhor forma de extração dos compostos. Além disso, a concentração de CBD encontrada na Trema é consideravelmente mais baixa do que na Cannabis, tornando-a menos promissora com as informações disponíveis atualmente.
Como fazer uso seguro de canabidiol
O CBD tem propriedades terapêuticas que podem contribuir para o tratamento de dezenas de condições de saúde, no entanto é uma substância controlada e seu uso precisa seguir regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A agência exige que o tratamento utilizando canabidiol ou qualquer outro composto da Cannabis tenha o acompanhamento de um médico. Portanto, se você deseja incluir medicamentos à base da planta na rotina de cuidados, o primeiro passo é consultar um especialista experiente nesse tipo de prescrição.
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