Os benzodiazepínicos (clonazepam, diazepam e alprazolam) além das drogas Z (zolpidem, zopiclona e eszopiclona) são medicamentos recomendados para uso pontual e não são recomendados para uso à longo prazo. Mas essa não é a realidade na maioria dos casos, um estudo do Brazilian Journal of Psychiatry de Maio de 2022, avaliou o número de prescrições de hipnóticos entre 1993 e 2007.
Os dados são alarmantes: a pesquisa encontrou um aumento de sete vezes no número de prescrições de benzodiazepínicos e um aumento de 30 vezes nas prescrições de drogas Z.
Quais as consequências do uso contínuo desses medicamentos?
O uso prolongado de benzodiazepínicos e drogas Z pode causar déficits cognitivos e psicomotores, efeitos sedativos que podem persistir até o dia seguinte e, além disso, podem gerar tolerância e dependência. Em idosos, pode aumentar o risco de quedas e fraturas e, alguns indivíduos, podem ter reações paradoxais à esses fármacos, ou seja, efeitos opostos ao esperado, como: alucinações, agitação, inquietação, agressividade e sonambulismo
Existem diversas estratégias (não farmacológicas e farmacológicas) para melhorar a qualidade do sono, por exemplo o uso terapêutico de Cannabis medicinal
A melhora da qualidade do sono em indivíduos que fazem uso terapêutico de Cannabis medicinal, tem sido tema de muitas pesquisas.
Um estudo randomizado duplo-cego do BMJ Open 2020, concluiu que tanto o CBD (canabidiol) quanto o THC (tetrahidrocanabinol) podem atuar na regulação do ciclo circadiano sono-vigília, tanto na promoção do sono, quanto na manutenção. O THC tem propriedades sedativas, atuando em áreas como o tálamo, hipotálamo, hipocampo, gânglios da base e córtex. O CBD tem atuação em receptores CB1 e 5-HT 1A, exercendo uma ação ansiolítica, ou seja, reduz a ansiedade e isso também contribui para promover o relaxamento e reduzir a latência para início do sono. Existem outros canabinóides sendo estudados, como o CBN (Canabinol), além de terpenos (substâncias aromáticas) com características mais sedativas que também são estudadas e podem contribuir para melhorar a qualidade do sono.
Mudanças comportamentais e mudanças de hábitos de vida são partes essenciais do tratamento
É fundamental uma avaliação integral do paciente para o diagnóstico adequado. Existem mais de 100 distúrbios do sono; logo, descartar a possibilidade de outro diagnóstico se faz necessário. Por fim, em se tratando da insônia (distúrbio de sono mais prevalente), devem ser implementadas técnicas de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), com mudanças comportamentais, higiene do sono e reestruturação de pensamentos.
Abordar a raiz do problema é fundamental.
Referências: