A síndrome de Ehlers-Danlos é uma condição relacionada à hipermobilidade articular.
É considerado o transtorno hereditário do tecido conjuntivo mais prevalente, embora frequentemente subestimado em sua incidência.
Tradicionalmente reconhecida por décadas como uma condição hereditária caracterizada por manifestações reumatológicas, agora, é vista como uma enfermidade multissistêmica de sintomas generalizados.
No entanto, o conhecimento médico acerca dessa condição é limitado, resultando na espera de anos, senão décadas, para o diagnóstico preciso para a maioria dos pacientes.
Dentre os vários sintomas desta doença, a pele, articulações e mucosas consistentemente integram a hipermobilidade articular e outras manifestações ortopédicas e neurológicas.
Por isso, reunimos neste artigo tudo o que você precisa saber sobre a síndrome de Ehlers-Danlos, desde seus sintomas até as formas de tratamento disponíveis.
Prossiga com a leitura e aprenda sobre:
- O que é a síndrome de Ehlers-Danlos (SED)?
- Quais são os sintomas da SED?
- O que causa a síndrome de Ehlers-Danlos?
- Como a síndrome de Ehlers-Danlos é diagnosticada?
- Quais são os diferentes tipos de síndrome de Ehlers-Danlos?
- Tratamentos para síndrome de Ehlers-Danlos
- A Cannabis medicinal no tratamento para síndrome de Ehlers-Danlos
- Dicas de adaptações no estilo de vida e ergonomia para tratar SED
O que é a síndrome de Ehlers-Danlos (SED)?
A síndrome de Ehlers-Danlos constitui um grupo de patologias hereditárias que afetam os tecidos conjuntivos, notadamente a pele, as articulações e as paredes dos vasos sanguíneos.
O tecido conjuntivo, uma rede composta por proteínas e outras substâncias, confere resistência e elasticidade às estruturas corporais subjacentes.
Indivíduos portadores da síndrome de Ehlers-Danlos possuem uma articulação excessivamente flexível e uma pele elástica e frágil.
Esta condição pode apresentar complicações no caso de lesões que necessitem de suturas, uma vez que a pele frequentemente carece da robustez necessária para retê-las.
Uma variante mais severa desta enfermidade, denominada síndrome Vascular de Ehlers-Danlos, pode ocasionar a ruptura das paredes dos vasos sanguíneos, intestinos ou útero.
Em virtude das sérias complicações potenciais associadas à síndrome Vascular de Ehlers-Danlos durante a gestação, mulheres devem considerar uma consulta com um geneticista antes de planejar uma gravidez.
Qual a incidência de SED no Brasil?
A síndrome de Ehlers-Danlos (SED) constitui-se como uma condição de prevalência relativamente alta dentre os distúrbios do tecido conjuntivo.
A sua prevalência demonstra-se muito variável, estimando-se entre 1 entre 5000 indivíduos.
Tal disparidade na incidência reportada é atribuída à variação na suspeita diagnóstica, à descoberta de novos subtipos e à documentação de casos que excluem manifestações menos pronunciadas ou não diagnosticadas.
A maioria dos casos de síndrome de Ehlers-Danlos apresenta herança autossômica dominante, resultando em um risco de transmissão de 50%.
Contudo, casos raros de herança recessiva e recessiva ligada ao cromossomo X também foram documentados.
Este distúrbio abrange tipos distintos, cada qual caracterizado por fenótipos diversos, modos de herança variados e diferentes anomalias bioquímicas e moleculares.
Quais são os sintomas da SED?
A síndrome de Ehlers-Danlos (SED) foi inicialmente reconhecida nas primeiras décadas do século XX como uma condição hereditária com manifestações cutâneas.
Ao longo do tempo, a SED evoluiu para um conjunto de doenças clinicamente heterogêneas, englobando variantes as quais compartilham uma combinação de sintomas.
Entre os sintomas mais comuns estão a fragilidade dérmica, rupturas de órgãos internos e vasos sanguíneos, além de hipermobilidade articular.
A presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas pode indicar a presença da síndrome de Ehlers-Danlos:
- Pele excepcionalmente macia ou aveludada, desconsiderando aplicação recente de hidratantes;
- Estrias inexplicáveis nas costas, virilha, coxas, mama e/ou abdômen, sem haver histórico de mudanças no peso corporal ou outras condições médicas subjacentes, como a síndrome de Cushing.
- Presença de hérnias de gordura subcutânea visíveis;
- Cicatrizes atróficas;
- Prolapso do assoalho pélvico, retal e/ou uterino em crianças, homens ou mulheres sem causa médica conhecida;
- Dor musculoesquelética em dois ou mais membros, recorrente e diariamente por pelo menos três meses;
- Dor crônica generalizada por pelo menos três meses;
- Luxações articulares recorrentes ou instabilidade articular evidente, sem histórico de trauma;
- Articulações excessivamente flexíveis, devido ao tecido conjuntivo mais irregular, que permite movimentos além do alcance normal. –
- Pele elástica, devido ao enfraquecimento do tecido conjuntivo, possibilitando extensão além do normal. Após puxada, a pele retorna à sua forma original.
- Fragilidade cutânea, com cicatrização deficiente de feridas e pontos que frequentemente se rompem, deixando cicatrizes finas e enrugadas.
Portadores de SED podem experimentar uma junção de sintomas adicionais como fadiga crônica, distúrbios do sono, manifestações cutâneas e cardíacas, entre outros.
A SED afeta apenas a pele e as articulações?
Não, a síndrome de Ehlers-Danlos (SED) não se limita à área cutânea e articular.
Embora essas regiões sejam mais impactadas, a SED constitui-se como uma patologia do tecido conjuntivo, capaz de desencadear uma gama de sintomas em distintas áreas do corpo.
O tecido conjuntivo é o que provém sustentação e estrutura para uma diversidade de tecidos e órgãos.
Para além das manifestações cutâneas e articulares, a síndrome de Ehlers-Danlos pode influenciar outras esferas anatômicas:
- Vasos sanguíneos: Indivíduos portadores de SED podem apresentar fragilidade vascular, propiciando ocorrências de rupturas arteriais ou venosas, com consequentes hemorragias internas potencialmente graves;
- Sistema digestivo: Distúrbios gastrointestinais, tais como refluxo ácido, síndrome do intestino irritável e hérnias, são prevalentes em sujeitos acometidos pela SED.
- Sistema nervoso: Algumas variantes da SED podem estar associadas a disfunções neurológicas, incluindo dores de cabeça crônicas, disautonomia e síndrome de fadiga crônica.
- Órgãos oculares: A SED pode acarretar complicações oftalmológicas, como miopia, astigmatismo, ceratocone e até mesmo rupturas corneanas espontâneas.
O que causa a síndrome de Ehlers-Danlos?
Diversas manifestações da síndrome de Ehlers-Danlos estão correlacionadas a causas variadas, algumas das quais são de caráter hereditário, passando de progenitores para descendentes.
No caso da forma mais comum, a síndrome de Ehlers-Danlos hiperflexível, a probabilidade de transmissão do gene a cada filho é de 50%.
Portanto, um indivíduo afetado possui uma chance de 50% de passar a condição aos seus descendentes, independentemente do sexo.
A maioria dos subtipos de síndrome de Ehlers-Danlos é causada por mutações em genes que codificam cadeias de colágeno e proteínas relacionadas à sua biogênese.
As implicações biomecânicas de uma fibra de colágeno alterada nos tecidos constituem os principais determinantes para a diferenciação clínica entre as variantes da síndrome de Ehlers-Danlos.
Variantes em qualquer um desses genes prejudicam a produção ou o processamento de colágeno, comprometendo a montagem adequada dessas moléculas.
Tais alterações debilitam os tecidos conjuntivos da pele, dos ossos e de outras estruturas corporais, culminando nas características distintivas das síndromes de Ehlers-Danlos.
Outros genes associados aos tipos mais recentemente descobertos de síndrome de Ehlers-Danlos apresentam alterações que aparentemente não estão relacionadas ao colágeno.
Para muitos desses genes, permanece incerto como as variantes genéticas conduzem à hipermobilidade, elasticidade cutânea e outras características dessas condições.
A síndrome de Ehlers-Danlos é hereditária?
Sim, a síndrome de Ehlers-Danlos (SED) é reconhecida como uma condição de natureza hereditária.
Diversos são os tipos de síndrome de Ehlers-Danlos, e a hereditariedade varia conforme a tipificação.
Certos tipos são transmitidos de forma autossômica dominante, implicando que um único gene defeituoso proveniente de um dos progenitores pode induzir a patologia.
Outros tipos seguem uma herança autossômica recessiva, demandando que ambos os progenitores contribuam com genes defeituosos para que o filho desenvolva a condição.
Contudo, em algumas circunstâncias, a síndrome pode originar-se devido a uma mutação genética espontânea, sem quaisquer antecedentes familiares da doença.
Tais ocorrências são categorizadas como síndrome de Ehlers-Danlos esporádica.
Como a síndrome de Ehlers-Danlos é diagnosticada?
O diagnóstico da síndrome de Ehlers-Danlos usualmente compreende uma avaliação envolvendo exames clínicos, análise do histórico médico, testes genéticos e análise de sintomas.
A presença de articulações excessivamente frouxas, pele frágil ou elástica, além de antecedentes familiares de síndrome de Ehlers-Danlos, geralmente constitui base suficiente para um diagnóstico preliminar.
Em formas mais raras da síndrome, exames genéticos realizados através de uma amostra sanguínea podem corroborar o diagnóstico, enquanto auxiliam na exclusão de outras condições.
Entretanto, para a forma mais comum, a síndrome de Ehlers-Danlos hiperflexível, não existem testes genéticos específicos.
Existem critérios padronizados para a determinação do diagnóstico da síndrome de Ehlers-Danlos, tais como os Critérios de Villefranche (1997) e os Critérios de Brighton (1998).
Critérios de Villefranche
Os Critérios de Villefranche, requerem que o paciente satisfaça, no mínimo, dois dos três critérios abaixo para ser diagnosticado com síndrome de Ehlers-Danlos:
- Hipermobilidade articular: Avaliada pela escala de Beighton, que quantifica a flexibilidade de articulações específicas como dedos, cotovelos, joelhos e coluna.
- Pele extensível ou frágil: Demonstrada pela capacidade de distensão da pele e suscetibilidade a cicatrização anormal.
- Histórico familiar positivo: Indicativo da presença de parentes com diagnóstico de síndrome de Ehlers-Danlos ou sintomatologia semelhante.
Critérios de Brighton
Por outro lado, os Critérios de Brighton, desenvolvidos em 1998, são mais abrangentes que os de Villefranche.
Eles subdividem os pacientes em três categorias: SED clássica (atendendo aos critérios maiores), SED hipermóvel (atendendo aos critérios maiores e dois critérios menores) e variantes da SED (atendendo apenas aos critérios menores).
Critérios maiores:
- Hipermobilidade articular generalizada.
- Deslocações articulares recorrentes.
- História de fragilidade ou cicatrização anormal da pele.
Critérios menores:
- Hipermobilidade das pequenos articulações.
- Dor ou fadiga muscular crônica.
- Sintomas sistêmicos, como fadiga, problemas gastrointestinais ou cardiovasculares.
- Histórico familiar de síndrome de Ehlers-Danlos.
É importante destacar que esses critérios clínicos são utilizados como ferramentas auxiliares pelos profissionais médicos no diagnóstico da síndrome de Ehlers-Danlos.
Contudo, sua aplicação isolada não é conclusiva.
O diagnóstico frequentemente requer exames clínicos detalhados, histórico médico, imagens diagnósticas e, em determinados casos, testes genéticos para identificação de mutações associadas à SED.
Quais são os diferentes tipos de síndrome de Ehlers-Danlos?
Apesar de estarem sob um nome comum, cada tipo de síndrome de Ehlers-Danlos (SED) representa uma condição distinta, originada por uma mutação genética específica.
Assim sendo, um descendente não pode herdar um tipo diferente de síndrome de Ehlers-Danlos daquele presente em seus progenitores.
Do mesmo modo, um tipo de SED não pode transformar-se em outro posteriormente.
Também não existe um risco de adquirir outro tipo simplesmente por já possuir um – estas condições estão, portanto, independentes entre si.
Adicionalmente, é altamente improvável que um indivíduo seja afetado por mais de um tipo, dada a raridade da maioria destas enfermidades.
Com isso em mente, conheça abaixo os principais tipos de síndrome de Ehlers-Danlos:
Clássica
A síndrome de Ehlers-Danlos (SED) clássica é uma condição genética rara que influencia a produção de colágeno no organismo humano.
O colágeno auxilia na integridade e na estrutura dos tecidos conjuntivos, tais como a pele, os tendões, os ligamentos e as paredes dos vasos sanguíneos.
Quando uma mutação genética interfere na produção ou estrutura do colágeno, resulta na síndrome de Ehlers-Danlos clássica.
Indivíduos com síndrome de Ehlers-Danlos clássica frequentemente exibem uma pele notavelmente elástica e maleável, suscetível a cicatrizes e hematomas.
Ademais, podem apresentar maior flexibilidade articular, predispondo a luxações frequentes ou instabilidade nas articulações.
Hipermóvel
A síndrome hipermóvel de Ehlers-Danlos, anteriormente conhecida como síndrome de Ehlers-Danlos tipo 3, é considerada o distúrbio genético mais prevalente do tecido conjuntivo.
Pode ser herdada de um dos genitores portadores do mesmo gene defeituoso.
Alternativamente, pode ocorrer uma mutação nova, introduzindo a condição na linhagem familiar pela primeira vez.
Recentemente, houve algumas alterações na maneira como a síndrome hipermóvel de Ehlers-Danlos é diagnosticada.
Não existe um teste específico para SED hipermóvel, portanto, o diagnóstico implica na identificação da hipermobilidade articular, disfunção do tecido conjuntivo e problemas musculoesqueléticos.
Vascular
A síndrome vascular de Ehlers-Danlos (SEDv) é uma patologia rara, estimada em afetar entre 1 em 50.000 e 1 em 200.000 indivíduos.
É originada por uma mutação genética que incide sobre uma proteína importante, ocasionando fragilidade nas paredes dos vasos sanguíneos e órgãos ocos.
Esta condição é marcada por aneurismas (dilatação em uma artéria), rupturas intestinais e uterinas durante a gestação.
Cifoescoliose
A cifoescoliose é uma condição médica que afeta a curvatura da coluna vertebral em duas direções: cifose, caracterizada pela curvatura excessiva para trás da coluna torácica, e escoliose, representada pela curvatura lateral da coluna.
Quando associada à síndrome de Ehlers-Danlos (SED) a cifoescoliose pode apresentar particularidades e desafios adicionais.
A SED ocasiona em debilidade nos ligamentos e articulações, resultando em instabilidade na coluna vertebral e predispondo-a ao desenvolvimento de deformidades como a cifoescoliose.
Os sintomas podem variar de leves a severos e incluir dor nas costas, fadiga, dificuldade respiratória e alterações posturais.
Artrocalasia
Na artrocalasia, os pacientes experimentam uma extrema hipermobilidade das articulações devido a anomalias nos ligamentos e cápsulas articulares.
Tal quadro pode desencadear uma variedade de sintomas, incluindo dor crônica, instabilidade articular, luxações frequentes e limitações de mobilidade.
Os indivíduos afetados por Artrocalasia apresentam complicações musculoesqueléticas, deformidades articulares, luxações recorrentes do quadril, joelhos e ombros.
Essas luxações frequentes podem resultar em danos articulares progressivos ao longo do tempo.
Dermatosparaxis
Dermatosparaxis é um tipo específico da síndrome de Ehlers-Danlos (SED) que se distingue dos outros pelas características dermatológicas.
Enquanto a maioria dos subtipos da SED manifesta características como hipermobilidade articular, a dermatosparaxis se destaca por sua extrema fragilidade cutânea devido a deficiência na produção de colágeno tipo I.
A pele dos indivíduos afetados fica extremamente macia, fina e frouxa, tornando-se suscetível a rupturas e lesões com o mínimo de trauma.
Tratamentos para síndrome de Ehlers-Danlos
A síndrome de Ehlers-Danlos não tem cura.
Sendo assim, qualquer profissional encarregado do cuidado de um paciente com síndrome de Ehlers-Danlos deve estar plenamente ciente da gama de complicações associadas à doença.
O tratamento e manejo de pacientes com SED devem ser multidisciplinares, concentrando-se na prevenção da progressão da condição e de suas complicações.
Os especialistas geralmente coordenam cuidados específicos em consonância com o tipo de SED do paciente.
Por exemplo, problemas vasculares são monitorados por cardiologistas, enquanto a patologia musculoesquelética é gerenciada e tratada por ortopedistas.
As anormalidades subjacentes do colágeno tornam a pele do paciente propensa a cicatrização inadequada e deiscência.
Portanto, o tratamento de feridas deve ser meticuloso, envolvendo o uso de suturas profundas e a manutenção das suturas no tecido reparado por períodos prolongados.
A prevenção é a parte mais importante do tratamento da SED, visto que cada lesão incrementa a probabilidade de recorrência e complicações.
Tratamentos farmacológicos para síndrome de Ehlers-Danlos
Os tratamentos farmacológicos para a síndrome de Ehlers-Danlos (SED) têm como objetivo principal controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Essas intervenções abrangem o uso de analgésicos para alívio das dores articulares e musculares, como paracetamol ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).
Em casos mais severos, a prescrição de opioides sob supervisão médica pode ser considerada para o controle da dor.
Ademais, alguns pacientes com SED podem se beneficiar do uso de fármacos destinados a melhorar a função cardiovascular, como os beta-bloqueadores.
Tais medicamentos auxiliam na regulação da pressão arterial e na redução do risco de complicações vasculares.
Suplementos de vitamina C também são frequentemente indicados, uma vez que essa vitamina participa da síntese do colágeno, cuja produção é comprometida na síndrome de Ehlers-Danlos.
A terapia hormonal, tal como contraceptivos orais, é outra opção de intervenção farmacológica.
Geralmente, é prescrita para mulheres com SED com o intuito de auxiliar na regulação do ciclo menstrual e na redução da dismenorreia.
Fisioterapia como tratamento para síndrome de Ehlers-Danlos
O principal objetivo da fisioterapia na SED é aprimorar a qualidade de vida do paciente, mitigando a dor, aprimorando a funcionalidade articular e fomentando a estabilidade muscular.
Os regimes de exercícios prescritos pelo fisioterapeuta ajudam a fortalecer os músculos circundantes às articulações, visando a compensação da instabilidade articular inerente à SED.
Atividades de baixo impacto, como pilates, ioga e natação, são frequentemente indicadas para otimizar a flexibilidade, o equilíbrio e a postura.
Há também a terapia manual, a qual usa técnicas de liberação miofascial e mobilizações articulares suaves para atenuar a rigidez e a dor articular.
A utilização de dispositivos ortopédicos, como talas e bandagens, pode igualmente ser recomendada para conferir suporte suplementar às articulações hiperextensíveis.
Terapias complementares para tratar síndrome de Ehlers-Danlos
Para aprimorar os tratamentos da síndrome de Ehlers-Danlos (SED), várias modalidades terapêuticas complementares podem ser consideradas.
Tais intervenções devem ser integradas ao tratamento médico convencional.
Apesar de não curar o problema, estas terapias mitigam os sintomas associados à síndrome de Ehlers-Danlos. Entre as quais:
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Terapia ocupacional
Esta modalidade terapêutica auxilia os pacientes na aprendizagem de execução de atividades cotidianas de maneira mais segura.
É feita por meio da adaptação do ambiente e da utilização de dispositivos assistivos, conforme necessário, para minimizar o impacto sobre as articulações.
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Acupuntura
A acupuntura, técnica da medicina tradicional chinesa, engloba a inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo.
O objetivo é o alívio da dor, a redução da inflamação e a otimização da função articular em pacientes com SED.
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Quiropraxia
A quiropraxia concentra-se na manipulação da coluna vertebral e das articulações com vistas ao alívio da dor, à melhoria da mobilidade e à promoção do bem-estar geral.
Pode ser particularmente interessante para pessoas afetadas pela cifoescoliose.
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Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
A TCC é bastante benéfica no manejo do estresse, da ansiedade e da depressão, frequentemente correlatos à síndrome de Ehlers-Danlos.
Esta terapia auxilia os pacientes no desenvolvimento de competências para lidar com os desafios emocionais e físicos associados à condição.
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Nutrição e suplementação
Uma alimentação equilibrada e apropriada pode favorecer a saúde das articulações e reduzir a inflamação.
Alguns suplementos, como colágeno, vitamina D e ácidos graxos ômega-3, também podem ser cogitados para fortalecer a saúde articular.
Cirurgia para tratamento da SED: quando é uma opção?
A cirurgia pode ser considerada em casos de instabilidade articular grave, onde a estabilização é necessária para prevenir luxações recorrentes e melhorar a função articular.
Complicações vasculares, como aneurismas ou dissecções arteriais, podem exigir intervenção cirúrgica para reparar ou substituir vasos sanguíneos comprometidos e prevenir complicações fatais.
Deformidades esqueléticas, como escoliose, cifoescoliose e lesões musculoesqueléticas, também podem necessitar da cirurgia para corrigir a postura, aliviar a dor e restaurar a função adequada.
Sendo assim, a decisão de realizar a cirurgia deve ser cuidadosamente ponderada por uma equipe médica experiente no tratamento da SED e suas complicações associadas.
A Cannabis medicinal no tratamento para síndrome de Ehlers-Danlos
As síndromes de Ehlers-Danlos (SED) são debilitantes e causam intensa dor, para a qual existem opções terapêuticas limitadas disponíveis.
Apesar disso, a Cannabis medicinal possui componentes que promovem propriedades em benefício dos pacientes com essa condição.
A Cannabis exerce sua influência sobre o sistema endocanabinoide do organismo, ajudando na regulação de funções fisiológicas, tais como dor, inflamação, resposta imune e homeostase.
O CBD, em particular, é um agonista parcial dos receptores canabinoides CB1 e CB2, auxiliando na restauração e regulação de múltiplas vias fisiológicas afetadas na SED.
A interação dos compostos da Cannabis com outros receptores associados, como TRPV1 e PPARγ, influenciam a percepção da dor, inflamação e resposta imune, contribuindo para o alívio dos sintomas.
Estudos pré-clínicos demonstraram que o canabidiol é capaz de reduzir a produção de citocinas pró-inflamatórias e modular a resposta inflamatória.
Dessa forma, promove a diminuição da inflamação crônica associada à SED, e consequentemente, no alívio da dor e desconforto.
Os efeitos analgésicos da Cannabis também merecem destaque, atribuídos a modulação dos receptores TRPV1, que estão relacionados com a percepção da dor.
Considerando a relação da SED com distúrbios imunológicos e respostas inflamatórias exacerbadas, também é interessante lembrar que a Cannabis pode modular a função imune.
Em resposta a um sistema imune desregulado, ela reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias e promove um perfil anti-inflamatório, o que pode trazer benefícios aos pacientes com SED.
Quais os benefícios comprovados da Cannabis para tratar SED?
As terapias atualmente disponíveis para a SED não tratam efetivamente a dor e o desconforto associado.
Consequentemente, muitos pacientes exploram tratamentos não convencionais, incluindo terapias complementares e alternativas.
Um estudo conduzido em colaboração com a EDS Society investigou as experiências de mais de 500 indivíduos diagnosticados com SED.
Os pesquisadores estavam buscando compreender quais terapias complementares eram realmente efetivas.
Especificamente, o estudo examinou o uso de abordagens como a medicina tradicional chinesa, fisioterapia e Cannabis.
Descobriu-se que as terapias convencionais, incluindo anti-inflamatórios não esteroidais, paracetamol, opioides e fisioterapia, foram utilizadas por 70-92% dos participantes.
No entanto, aqueles que usaram opioides, fisioterapia e Cannabis medicinal relataram uma eficácia percebida mais significativa, com 10-24% considerando essas terapias como extremamente úteis.
Em outro estudo, intitulado “Use of complementary therapies for chronic pain management in patients with reported Ehlers-Danlos syndrome or hypermobility spectrum disorders” foi documentado o caso de uma jovem de 18 anos com complicações da síndrome de Ehlers-Danlos.
Apesar de utilizar uma gama de analgésicos prescritos, sua dor persistia sem controle adequado.
No entanto, ao introduzir um tratamento com base em canabinoides, houve uma redução drástica da dor, resultando em uma melhoria imediata em sua qualidade de vida.
Com a continuidade desse tratamento, a paciente conseguiu eliminar a necessidade de opioides.
A Cannabis medicinal é legalizada no Brasil?
Nos últimos anos, no contexto brasileiro, a utilização da Cannabis vem sendo aplicada no tratamento de diversas patologias com o intuito de promover o bem-estar dos pacientes.
Apesar disso, a normatização da utilização dessa substância permanece como uma temática complexa, envolvendo diversos setores.
A regulamentação da utilização da Cannabis medicinal enfrenta obstáculos burocráticos e estigmas associados à planta Cannabis sativa.
Entretanto, independentemente das discussões sobre o tema, estudos realizados têm demonstrado a eficácia da Cannabis para mitigar sintomas relacionados a doenças.
No cenário brasileiro, o cultivo dessas plantas está sujeito a rigorosas restrições, e a importação de medicamentos com esse princípio ativo implica em custos elevados.
A primeira regulamentação referente ao acesso a medicamentos à base de Cannabis foi estabelecida pela RDC 17/15, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Essa resolução permitia a importação de produtos à base de canabidiol por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição médica, marcando um avanço regulatório significativo no acesso à medicação.
Posteriormente, tal normativa foi revogada pela RDC 660/22 da Anvisa, a qual estabeleceu critérios e procedimentos para a importação de produtos derivados de Cannabis.
Isto, é claro, desde que fosse realizado por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional e para fins terapêuticos.
Atualmente, mais de 25 produtos à base de Cannabis são aprovados pela Anvisa, os quais também podem ser adquiridos em farmácias mediante prescrição.
Dado que o uso da Cannabis tem se revelado uma opção terapêutica eficaz, observou-se um aumento no número de pacientes que recorrem à via judicial para obter o fornecimento da medicação por meio de seus respectivos planos de saúde.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal é mais simples do que muitas pessoas imaginam, graças à acessibilidade proporcionada pelo portal Cannabis & Saúde.
O portal oferece uma plataforma fácil de usar, permitindo que pacientes interessados encontrem médicos prescritores com apenas alguns cliques em sua plataforma de agendamentos.
Com a orientação adequada de um profissional de saúde qualificado, os pacientes podem explorar as opções de tratamento com Cannabis medicinal de forma totalmente respaldada.
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Se você está considerando iniciar um tratamento com Cannabis medicinal, não hesite em marcar uma consulta hoje mesmo e dar o primeiro passo em direção ao seu bem-estar.
Dicas de adaptações no estilo de vida e ergonomia para tratar SED
Se você está enfrentando a síndrome de Ehlers-Danlos, é imperativo adotar medidas preventivas para evitar lesões.
Abaixo estão algumas orientações:
Selecione atividades físicas com discernimento
Opte por exercícios como caminhadas, natação, tai chi, ciclismo recreativo ou a utilização de máquinas elípticas ou bicicletas ergométricas.
Evite esportes de contato, levantamento de peso e outras práticas que aumentem o risco de lesões.
Reduza ao mínimo o estresse nas articulações dos quadris, joelhos e tornozelos.
Cuide da articulação da mandíbula
Evite o consumo de chicletes, alimentos duros e o contato com gelo para proteger a mandíbula.
Faça pausas durante os procedimentos odontológicos para permitir o descanso da mandíbula.
Utilize calçados com suporte adequado
Para prevenir torções nos tornozelos, prefira calçados com amortecimento e que ofereçam um bom suporte para o arco do pé.
Aprimore a qualidade do sono
O uso de travesseiros corporais e colchões de espuma de alta densidade pode proporcionar suporte e amortecimento para as articulações doloridas.
Dormir de lado também pode ser benéfico para o conforto articular.
Adotar essas práticas ajudam a minimizar o risco de lesões e promover o bem-estar em indivíduos com síndrome de Ehlers-Danlos.
Conclusão
Se você sofre com a SED, será preciso manter o controle dos sintomas associados à síndrome de Ehlers-Danlos ao longo da vida, uma vez que não existe uma cura definitiva para esta condição.
No entanto, é possível gerenciar os sintomas para que você consiga participar plenamente de suas atividades cotidianas.
Em alguns casos, pode ser necessário evitar certas formas de atividade física intensa, como os esportes de contato.
As experiências sintomáticas estão diretamente relacionadas ao tipo específico de SED diagnosticado e à gravidade dos sintomas apresentados.
Apesar dessa variação, saiba que a Cannabis medicinal oferece suporte de maneira global para todos os tipos de síndrome de Ehlers-Danlos.
Converse com seu médico a respeito deste tipo de tratamento se você deseja mudanças em seu estado de saúde.
No mais, conte também com o suporte do portal Cannabis & Saúde para descobrir mais a respeito dessa condição.