A personalidade é o conjunto de características que define nossa forma de pensar, sentir e agir, moldando nossa identidade de maneira consistente ao longo do tempo.
Contudo, para aqueles que sofrem de transtorno de personalidade, há desafios maiores na maneira como percebem a si mesmos e aos outros.
Estima-se que aproximadamente uma em cada 20 pessoas seja afetada por algum tipo de transtorno de personalidade.
Estes transtornos impactam negativamente o bem-estar, saúde mental e relacionamentos interpessoais de pessoas que sofrem com eles.
Devido à complexidade e sutileza dessas condições, muitas vezes são difíceis de serem identificadas e diagnosticadas, o que pode resultar em longos períodos sem tratamento adequado.
Então, para se informar mais a respeito do assunto, prossiga com a leitura deste artigo e aprenda sobre:
- O que é um transtorno de personalidade?
- Quais são as causas dos transtornos de personalidade?
- Quais são os sintomas mais comuns de transtorno de personalidade?
- Quais são os tipos de transtornos de personalidade?
- Como é feito o diagnóstico dos transtornos de personalidade?
- Quais são as possibilidades de tratamento para transtorno de personalidade?
- Tratamento de transtorno de personalidade com a Cannabis medicinal
- Perguntas frequentes sobre pessoas que possuem transtorno de personalidade
- Como posso ajudar alguém com transtorno de personalidade?
O que é um transtorno de personalidade?
A personalidade é uma composição singular de traços que influenciam os pensamentos e comportamentos de um indivíduo.
Quando certos traços de personalidade causam angústia significativa e interferem no funcionamento diário, caracteriza-se um transtorno de personalidade.
Indivíduos com transtornos de personalidade enfrentam dificuldades em adaptar seu comportamento e lidar com diversas situações.
Isso pode se refletir em desafios para manter empregos estáveis e estabelecer relações saudáveis com os outros.
Os transtornos de personalidade abrangem uma variedade de tipos, todos impactando a capacidade da pessoa de se relacionar efetivamente com os outros e de desempenhar atividades cotidianas de maneira satisfatória.
Quais são as causas dos transtornos de personalidade?
Os transtornos de personalidade representam um campo complexo e ainda pouco compreendido da saúde mental, onde os cientistas continuam a buscar as causas subjacentes.
Atualmente, há indícios de que diversos fatores podem influenciar o desenvolvimento dos transtornos de personalidade:
Genética
Estudos identificaram um gene com anomalias que podem influenciar no transtorno obsessivo-compulsivo da personalidade.
Além disso, existem possíveis vínculos genéticos com traços de agressão, ansiedade e medo, características que podem estar associadas aos transtornos de personalidade.
Alterações cerebrais
Pesquisas revelaram diferenças sutis na estrutura cerebral de indivíduos com determinados transtornos de personalidade.
Por exemplo, estudos sobre o transtorno de personalidade paranoide sugerem alterações no funcionamento da amígdala, região cerebral relacionada ao processamento de estímulos ameaçadores.
Em casos de transtorno de personalidade esquizotípica, observou-se uma diminuição no volume do lobo frontal do cérebro.
Trauma na infância
Evidências apontam para uma associação entre experiências traumáticas na infância e o desenvolvimento de transtornos de personalidade.
Por exemplo, pessoas com transtorno de personalidade borderline apresentam taxas elevadas de histórico de trauma sexual na infância.
Problemas de intimidade e confiança em indivíduos com transtornos de personalidade borderline e antissocial também podem estar relacionados a abusos e traumas na infância.
Influências culturais
Fatores culturais estão envolvidos no desenvolvimento dos transtornos de personalidade, como demonstrado pelas diferenças nas taxas de prevalência entre países.
Por exemplo, há uma baixa incidência de transtorno de personalidade antissocial em Taiwan, China e Japão, ao passo que os transtornos do grupo C são mais comuns nessas regiões.
Quais são os tipos de transtornos de personalidade?
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) é a principal fonte de diagnóstico para condições de saúde mental reconhecidas.
O DSM-5 organiza os transtornos de personalidade em três grupos principais, com sintomas distintos em cada um deles.
Veja:
Grupo A
Os transtornos de personalidade do Grupo A são caracterizados por pensamentos ou comportamentos peculiares e excêntricos, que incluem:
Transtorno de personalidade paranoide
Este transtorno é caracterizado pela presença constante de paranoia, manifestada por uma desconfiança infundada e persistente em relação aos outros.
Indivíduos com esse transtorno muitas vezes acreditam que estão sendo alvo de conspirações ou maquinações prejudiciais por parte dos outros, mesmo na ausência de evidências concretas.
Transtorno de personalidade esquizoide
Neste caso, observa-se um padrão duradouro de distanciamento e desinteresse nas interações sociais.
Pessoas com esse transtorno tendem a ter uma gama limitada de emoções e demonstram pouco interesse ou prazer em participar de atividades sociais ou relacionamentos interpessoais.
Transtorno de personalidade esquizotípica
Indivíduos com este transtorno exibem um padrão persistente de desconforto agudo em situações sociais, juntamente com uma capacidade limitada de estabelecer ou manter relacionamentos íntimos.
Também podem apresentar crenças excêntricas, ideias supersticiosas e comportamentos considerados peculiares pela sociedade.
Grupo B
Os transtornos de personalidade do Grupo B distinguem-se por apresentar comportamentos dramáticos e imprevisíveis, geralmente acompanhados por emoções intensas e instáveis.
Indivíduos com esses transtornos frequentemente exibem impulsividade e têm dificuldade em manter relacionamentos estáveis.
Os transtornos de personalidade do Grupo B incluem:
Transtorno de personalidade antissocial (TPA)
Pessoas com TPA demonstram desprezo pelas normas sociais e uma falta de consideração pelos direitos e sentimentos dos outros.
Podem engajar-se em comportamentos ilegais, manipuladores ou até mesmo violentos, sem demonstrar remorso genuíno.
Frequentemente, recusam-se a aceitar responsabilidade por suas ações e mostram pouco ou nenhum arrependimento.
Transtorno de personalidade borderline (TPB)
Este transtorno é caracterizado por uma dificuldade significativa em regular as emoções, levando a impulsividade, instabilidade de humor e problemas interpessoais.
Indivíduos com TPB muitas vezes têm uma autoimagem instável e podem experimentar sentimentos intensos de vazio ou solidão.
Transtorno de personalidade histriônica
Pessoas com esse transtorno tendem a buscar constantemente atenção e aprovação dos outros, muitas vezes recorrendo a comportamentos teatrais ou dramáticos para obtê-la.
Sua autoestima é frequentemente baseada na percepção de serem o centro das atenções, e podem ter dificuldade em manter relacionamentos genuínos devido à sua superficialidade emocional.
Transtorno de personalidade narcisista
Neste transtorno, há uma visão inflada de si mesmo, acompanhada por uma necessidade constante de admiração e validação externa.
Indivíduos com esse transtorno podem ter dificuldade em reconhecer e valorizar os sentimentos dos outros, exibindo falta de empatia e um senso de superioridade.
Esses padrões de comportamento muitas vezes mascaram uma profunda insegurança e fragilidade na autoestima.
Grupo C
Os transtornos de personalidade do Grupo C estão associados a níveis significativos de ansiedade e medo. Estes incluem:
Transtorno de personalidade esquiva
Indivíduos com este transtorno frequentemente experimentam um sentimento crônico de inadequação e uma sensibilidade extrema ao julgamento negativo por parte dos outros.
Embora desejem conexão social, tendem a evitar interações devido a um medo intenso de rejeição.
Transtorno de personalidade dependente
Caracterizado por uma necessidade excessiva de ser cuidado por outros, este transtorno envolve submissão, busca constante de segurança e dificuldade em tomar decisões por conta própria.
As pessoas com este transtorno muitas vezes se tornam excessivamente ligadas a uma figura de apoio e podem se comportar de maneira passiva e submissa, temendo a separação.
Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC)
Este transtorno se manifesta através de uma necessidade extrema e inflexível de ordem, perfeição e controle, que pode interferir na conclusão eficaz de tarefas e comprometer os relacionamentos interpessoais.
É importante diferenciar o TPOC do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), uma vez que no TPOC, a rigidez e a necessidade de controle são características centrais da personalidade.
Por outro lado, no TOC, os comportamentos obsessivos e compulsivos são reconhecidos como irracionais e indesejados pelo indivíduo.
Quais são os sintomas mais comuns de transtorno de personalidade?
Em certas situações, é possível que uma pessoa não esteja ciente de estar sofrendo de um transtorno de personalidade, pois os padrões de pensamento e comportamento podem parecer naturais para ela.
Algumas vezes, também é comum que se atribuam os desafios enfrentados aos outros.
Existem diversos tipos de transtornos de personalidade, cada um com suas próprias características e diferenças importantes.
Esses transtornos são agrupados em três categorias principais, denominadas clusters, baseadas em características e sintomas compartilhados:
Sintomas do grupo A
Os transtornos de personalidade do Grupo A apresentam um padrão consistentemente disfuncional de pensamento e comportamento, refletindo suspeita ou falta de interesse nas interações sociais.
Este grupo inclui:
Transtorno de personalidade paranoide
- Falta de confiança e suspeita dos outros e de suas intenções;
- Crença de que os outros estão tentando prejudicá-los sem razão aparente;
- Dúvida da lealdade alheia;
- Relutância em confiar nos outros;
- Receio de compartilhar informações por medo de serem usadas contra eles;
- Interpretação de comentários neutros como insultos ou ataques pessoais;
- Irritação ou hostilidade diante de supostos desrespeitos ou insultos;
- Tendência a guardar rancor;
- Suspeita infundada de infidelidade por parte do cônjuge ou parceiro sexual.
Transtorno de personalidade esquizoide
- Aparente indiferença ou falta de interesse em outras pessoas;
- Preferência por estar sozinho na maioria das situações;
- Expressão emocional limitada;
- Incapacidade de sentir prazer em atividades comuns;
- Dificuldade em compreender sinais sociais convencionais;
- Pouco ou nenhum interesse em manter relações sexuais.
Transtorno de personalidade esquizotípica
- Pensamentos, crenças, fala ou comportamentos peculiares;
- Experiências ou pensamentos estranhos, como ouvir vozes sem causa externa;
- Respostas emocionais monótonas ou socialmente inadequadas;
- Ansiedade social, dificuldade em estabelecer conexões íntimas ou em manter relacionamentos próximos;
- Respostas inadequadas aos outros ou demonstração de desconfiança ou desinteresse;
- Crença em “pensamento mágico”, a ideia de que seus pensamentos podem influenciar eventos externos;
- Convicção de que incidentes ou eventos casuais contêm mensagens ocultas.
Sintomas do Grupo B
Os transtornos de personalidade do Grupo B são caracterizados por padrões cronicamente disfuncionais de pensamento dramático e emocionalmente instável, ou comportamento imprevisível.
Este grupo inclui:
Transtorno de personalidade limítrofe
- Forte medo de abandono ou solidão;
- Sentimentos frequentes de vazio;
- Autoimagem instável ou distorcida;
- Relacionamentos intensos, porém, instáveis;
- Oscilações de humor significativas, frequentemente desencadeadas pelo estresse das interações sociais;
- Comportamentos autodestrutivos ou ameaças de autolesão.
- Impulsividade, como prática de sexo inseguro, compulsão alimentar ou jogos de azar;
- Paranoia transitória em situações estressantes.
Transtorno de personalidade histriônica
- Busca constante por atenção;
- Expressão emocional excessiva ou dramática para atrair atenção;
- Comunicação com opiniões fortes, mas poucos fatos ou detalhes para respaldá-las;
- Suscetibilidade à influência de outras pessoas;
- Emoções superficiais e mutáveis;
- Preocupação excessiva com a aparência física;
- Superestimação da proximidade dos relacionamentos interpessoais.
Transtorno de personalidade narcisista
- Crença na própria superioridade e importância;
- Fantasias de poder, sucesso e atratividade;
- Falta de compreensão das necessidades e sentimentos dos outros;
- Exagero das próprias realizações ou talentos;
- Necessidade constante de elogios e admiração;
- Sentimento de superioridade em relação aos outros;
- Expectativa de favores e tratamento especial sem justificativa;
- Exploração dos outros para benefício pessoal;
- Ciúmes frequentes ou crença de que os outros sentem ciúmes deles.
Transtorno de personalidade antissocial
- Desprezo pelas necessidades ou sentimentos dos outros;
- Mentiras frequentes, manipulação e desrespeito pelas normas sociais;
- Histórico de conflitos com a lei;
- Violação repetida dos direitos dos outros;
- Tendência à agressão física ou verbal;
- Desconsideração pela própria segurança e pela segurança dos outros;
- Comportamento impulsivo e irresponsável.
- Ausência de remorso ou arrependimento pelos danos causados aos outros.
Sintomas do Grupo C
Os transtornos de personalidade do Grupo C apresentam um padrão consistentemente disfuncional de pensamento ou comportamento ansioso.
Eles incluem:
Transtorno de personalidade esquiva
- Sensibilidade extrema a críticas ou rejeição;
- Sentimento de inadequação;
- Evitação de atividades que envolvem interações sociais;
- Isolamento social;
- Dificuldade em experimentar novas situações ou conhecer novas pessoas;
- Timidez extrema em ambientes sociais;
- Medo de desaprovação, constrangimento ou ridicularização.
Transtorno de personalidade dependente
- Dependência excessiva de outros para tomar decisões;
- Necessidade constante de ser cuidado por outros;
- Comportamento submisso ou pegajoso;
- Medo intenso de ser deixado sozinho;
- Falta de confiança em suas próprias habilidades;
- Busca de conselhos e conforto constantes para tomar decisões;
- Dificuldade em iniciar ou completar projetos devido à falta de autoconfiança;
- Necessidade urgente de iniciar um novo relacionamento após o término de um anterior.
Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva
- Foco excessivo em detalhes, ordem e regras;
- Exigência de perfeição, ficando chateado quando não alcançada;
- Dificuldade em concluir projetos devido à busca incessante pela perfeição;
- Necessidade de controle sobre pessoas, tarefas e situações;
- Dificuldade em delegar responsabilidades para outras pessoas;
- Abandono de amigos e atividades agradáveis em favor do trabalho ou projetos;
- Dificuldade em se desfazer de objetos sem valor;
- Rigidez e teimosia;
- Falta de flexibilidade em relação à moralidade, ética ou valores;
- Controle estrito sobre orçamento e gastos financeiros.
Como é feito o diagnóstico dos transtornos de personalidade?
Os diagnósticos dos transtornos de personalidade são frequentemente desafiadores, pois muitos indivíduos afetados não reconhecem anormalidades em seu comportamento ou pensamento.
Consequentemente, pessoas com transtorno de personalidade geralmente não buscam assistência ou avaliação para sua condição.
Quando buscam ajuda, é comum que o façam devido aos problemas resultantes de seu transtorno de personalidade, como divórcio ou desemprego, e não necessariamente pelo transtorno em si.
O diagnóstico de um transtorno de personalidade específico é realizado pelos profissionais de saúde com base nos critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana.
Ao suspeitarem da presença de um transtorno de personalidade, psicólogos ou psiquiatras frequentemente empregam questões amplas e neutras para evitar respostas vagas.
Eles abordam áreas como história pregressa, relacionamentos, experiência profissional anterior, teste de realidade e controle de impulsos.
Dado que os indivíduos com suspeita de transtorno de personalidade podem não estar cientes de seus comportamentos, os profissionais de saúde mental costumam colaborar com familiares, amigos e/ou supervisores no processo de diagnóstico.
Quais são as possibilidades de tratamento para transtorno de personalidade?
O tratamento mais apropriado varia de acordo com o tipo e a gravidade do transtorno de personalidade, bem como a sua situação pessoal.
Frequentemente, uma abordagem multidisciplinar é necessária para abordar as necessidades mentais, médicas e sociais do paciente, podendo exigir tratamento ao longo de meses ou até anos.
Seu médico, juntamente com profissionais como psiquiatras, psicólogos, enfermeiros psiquiátricos, farmacêuticos e assistentes sociais, podem compor sua equipe de tratamento.
Em geral, as intervenções recomendadas incluem:
Terapia Comportamental Dialética (TCD)
A TCD é uma forma de psicoterapia utilizada para tratar transtornos de personalidade, focando em comportamentos de risco, incluindo aqueles associados ao suicídio.
Ela também foca em comportamentos que possam prejudicar o tratamento ou afetar a qualidade de vida.
Esta terapia envolve sessões individuais semanais com um terapeuta ao longo de aproximadamente um ano.
A TCD aborda o controle das emoções, manejo do estresse, prática da atenção plena e habilidades de relacionamento interpessoal.
Medicação
Vários tipos de medicamentos psiquiátricos podem ser prescritos para ajudar a aliviar os sintomas associados, tais como:
- Antidepressivos, para tratar sintomas de depressão, irritabilidade, impulsividade e desesperança;
- Estabilizadores de humor, para equilibrar alterações de humor e reduzir comportamentos agressivos e impulsivos;
- Antipsicóticos, para tratar sintomas de psicose e ajudar com problemas de ansiedade ou raiva;
- Ansiolíticos, para ajudar com ansiedade, agitação e problemas de sono, embora em alguns casos possam aumentar a impulsividade e, portanto, não sejam adequados para todos os tipos de transtornos de personalidade.
Tais tratamentos abordam os sintomas da condição, mas nem sempre são totalmente eficientes.
Programas de tratamento hospitalar
Em situações em que um transtorno de personalidade se apresenta de forma severa, a internação hospitalar pode ser necessária para receber cuidados de saúde mental.
Geralmente, essa medida é recomendada quando a pessoa não consegue se autocuidar adequadamente ou representa risco iminente de ferir a si mesma ou a outros.
Após a estabilização no hospital, o profissional de saúde mental pode sugerir a transição para um programa de hospitalização parcial, residencial ou tratamento ambulatorial.
Tratamento de transtorno de personalidade com a Cannabis medicinal
A Cannabis sativa é composta por uma grande variedade de constituintes, incluindo mais de 100 canabinoides, dos quais os mais comuns são o THC e o CBD.
Geralmente, o THC é o principal componente responsável pelos efeitos psicoativos, enquanto o CBD não causa estes efeitos de forma tão notável.
Estes e outros compostos da Cannabis são amplamente reconhecidos por seu potencial terapêutico em diversas condições, com destaque para o canabidiol, o qual é o mais extensivamente estudado.
O CBD tem vários alvos no sistema nervoso central.
Ele possui baixa afinidade pelos receptores canabinoides tipo 1 (CB1) e canabinoides tipo 2 (CB2).
Assim, pode atuar como um modulador alostérico negativo da atividade do CB1 e como um agonista inverso fraco ou agonista parcial dos receptores CB2.
Além disso, o CBD pode exercer efeitos indiretos na sinalização endocanabinoide, incluindo o aumento dos níveis do ligante endocanabinoide anandamida.
Estudos pré-clínicos indicam que o CBD inibe a degradação da anandamida, um endocanabinoide importante na regulação do humor, cognição e comportamento.
Aumentar os níveis de anandamida tem sido associado à redução dos sintomas de transtorno de personalidade, fornecendo suporte clínico para essas condições.
Além disso, a modulação do glutamato, observada em estudos, é responsável pelos efeitos antipsicóticos do CBD.
Tanto estudos pré-clínicos quanto clínicos sugerem que o THC e o CBD têm efeitos benéficos sobre a ansiedade, apresentando efeitos ansiolíticos e estabilizadores de humor.
Mecanismos propostos para as propriedades ansiolíticas do CBD incluem a modulação indireta do receptor CB1, aumento dos níveis de anandamida, agonismo do receptor 5-HT1A e efeitos no GABA.
De modo geral, o CBD é considerado uma opção terapêutica segura e bem tolerada, com baixo risco de abuso, tornando-se uma escolha popular no tratamento de condições psiquiátricas.
Os sintomas psiquiátricos são frequentemente citados como uma das razões principais para o uso medicinal de CBD.
Quais os benefícios da Cannabis no tratamento de transtorno de personalidade?
Existem inúmeros estudos que respaldam o uso do canabidiol no tratamento dos sintomas associados ao transtorno de personalidade.
Três desses estudos são listados na revisão A Scoping Review of the Use of Cannabidiol in Psychiatric Disorders.
O primeiro estudo envolveu um ensaio duplo-cego, randomizado e controlado.
Nele, participantes com transtorno de ansiedade social receberam cápsulas de pó de CBD puro ou placebo antes de realizar uma tarefa simulada de falar em público, em comparação com um grupo controle de 12 indivíduos saudáveis sem transtorno de ansiedade social.
Entre os participantes com ansiedade social, aqueles que receberam CBD apresentaram uma redução significativa da ansiedade e desconforto durante a fala.
Também houveram menos autoavaliações negativas de desempenho, em comparação com aqueles que receberam placebo.
Importante ressaltar que o uso de CBD não resultou em efeitos cognitivos adversos nesse grupo.
O segundo estudo, utilizando neuroimagem, foi conduzido em um formato cruzado, duplo-cego e controlado por placebo.
Esse estudo descobriu que uma dose aguda de CBD (400 mg) reduziu as classificações subjetivas de ansiedade em uma pequena amostra de indivíduos com sintomas de ansiedade e psicose.
Este estudo correlacionou uma redução do fluxo sanguíneo cerebral em regiões associadas ao medo, paranoia e à ansiedade, como a amígdala, o hipocampo, o hipotálamo e o córtex após o uso de canabidiol.
O terceiro ensaio clínico controlado por placebo contou 37 adolescentes diagnosticados com transtorno de personalidade.
Neste ensaio, os pesquisadores demonstraram que o CBD reduziu significativamente os sintomas do transtorno após quatro semanas de tratamento, como raiva, ansiedade e alterações de humor.
A magnitude dessa redução foi comparável à observada em um estudo com paroxetina, um medicamento amplamente utilizado no tratamento de fobias.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
A demanda por tratamentos com Cannabis tem aumentado, à medida que mais pessoas buscam alternativas para lidar com condições de saúde persistentes e debilitantes.
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Perguntas frequentes sobre pessoas que possuem transtorno de personalidade
O entendimento sobre o transtorno de personalidade tem evoluído ao longo dos anos, mas ainda existem muitas perguntas e mal-entendidos em torno desse tema.
As pessoas com transtorno de personalidade podem enfrentar diversos desafios em suas vidas, e é importante abordar algumas das perguntas mais comuns que surgem sobre esse assunto.
Vamos explorar algumas delas:
1. Como reage uma pessoa com transtorno de personalidade?
As reações de uma pessoa com transtorno de personalidade podem variar dependendo do tipo de transtorno que ela possui.
Alguns podem experimentar emoções intensas e instáveis, enquanto outros apresentam comportamentos impulsivos ou evitativos em situações sociais.
2. Pessoas com transtorno de personalidade são perigosas?
Não é correto generalizar e rotular todas as pessoas com transtorno de personalidade como perigosas.
Embora algumas possam apresentar comportamentos que representem riscos para si mesmas ou para os outros, a maioria das pessoas com transtorno de personalidade vive suas vidas de forma pacífica e produtiva.
Cada indivíduo é único e o estigma em torno dos transtornos de personalidade é prejudicial e impreciso.
3. Os transtornos de personalidade podem ser revertidos?
Os transtornos de personalidade são condições complexas e crônicas que requerem tratamento especializado e contínuo.
Ainda não existe uma cura definitiva. No entanto, muitas pessoas com transtornos de personalidade podem aprender a gerenciar seus sintomas e a desenvolver habilidades para melhorar sua qualidade de vida.
A terapia, a medicação (em alguns casos) e o apoio social podem auxiliar no tratamento do transtorno de personalidade.
Como posso ajudar alguém com transtorno de personalidade?
Se alguém que você conhece recebe o diagnóstico de um transtorno de personalidade, é provável que seus pensamentos, sentimentos e comportamentos causem desafios na manutenção de um relacionamento saudável.
No entanto, existem várias maneiras positivas de dar suporte.
O primeiro passo para familiares, amigos e outros que desejam ajudar é educar-se sobre o transtorno de personalidade.
Compreender a causa subjacente dos comportamentos difíceis torna mais provável que você responda de maneira útil.
Por exemplo, é comum que no transtorno de personalidade ocorra uma amplificação das frustrações diárias, transformando-as em sérios conflitos interpessoais.
Enquanto a maioria das pessoas reage com calma a certas situações, para alguém com transtorno de personalidade, esse evento pode ser interpretado como rejeição ou abandono, desencadeando uma reação emocional intensa.
Uma resposta útil seria reconhecer essa reação como uma interpretação equivocada baseada no medo e expressar o desejo de se reconectar.
Para isso:
-
Demonstre confiança e respeito
Tente ser paciente – se seu ente querido estiver tendo dificuldades para lidar com suas emoções, evite discutir enquanto as emoções estiverem exacerbadas.
Talvez seja melhor esperar até que ambos estejam mais calmos para abordar a questão.
-
Converse com compaixão e serenidade
Quando alguém está lidando com emoções difíceis, seu comportamento pode ser imprevisível ou perturbador, o que pode deixá-lo inseguro.
Procure entender o que está passando e o que está influenciando seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, o que pode ajudá-lo a manter a calma.
-
Evite julgamentos
Ouça-os sem tentar dizer como deveriam se sentir ou que estão sendo excessivamente sensíveis.
Você pode não compreender completamente seus sentimentos, mas reconhecê-los e valorizá-los é significativo.
-
Lembre-se de outras qualidades de sua personalidade
Um diagnóstico de transtorno de personalidade não anula outras características positivas de uma pessoa, como simpatia, inteligência, senso de humor, gentileza, motivação ou criatividade.
É reconfortante lembrar essas qualidades, especialmente quando a própria pessoa pode ter dificuldade em reconhecê-las.
Conclusão
Diante da complexidade do transtorno de personalidade e das limitações das opções terapêuticas atuais, há uma necessidade de abordagens mais eficazes para ajudar os pacientes a gerenciar seus sintomas.
Enquanto medicamentos tradicionais podem oferecer alívio temporário, eles vêm com uma série de preocupações e efeitos colaterais.
Nesse contexto, a pesquisa sobre o uso de produtos à base de Cannabis medicinal mostra o uso de canabidiol como promissor.
Os benefícios terapêuticos desse composto sugerem que ele pode fazer parte do arsenal de tratamento, oferecendo uma abordagem mais holística para ajudar os pacientes a enfrentar os desafios associados.