O tratamento de epilepsia com Cannabis vem assumindo protagonismo no enfrentamento de casos da doença – o que não acontece por acaso.
De acordo com o Critical Review Report, da Organização Mundial de Saúde (OMS), essa poderosa substância tem efeitos benéficos para quem sofre do distúrbio que afeta o sistema nervoso e as sinapses no cérebro.
O reconhecimento se deve aos numerosos estudos que apontam para a eficácia dos canabinoides, que atuam como anticonvulsivantes e neuroprotetores.
Mas há muito mais a ser desvendado e, por isso, você está convidado a prosseguir na leitura deste artigo e conhecer mais sobre os tratamentos à base de canabidiol.
Acompanhe até o final e fique por dentro de informações atualizadas no tema.
Tratamento de epilepsia com Cannabis: afinal, o que é epilepsia?
A epilepsia (CID-10 G40) é uma doença que afeta o sistema nervoso central (SNC) e o cérebro.
Entre os seus sintomas mais pronunciados, estão as crises convulsivas, que podem ser clônicas ou tônico-clônicas e que, em alguns casos, causam perda de consciência.
No Brasil, estima-se que de 1% a 2% da população sofra de epilepsia, doença que pode atingir pessoas de todas as idades.
Trata-se de uma das enfermidades do SNC mais prevalentes.
De acordo com um estudo de alcance mundial sobre epilepsia, em 2015, cerca de 39 milhões de indivíduos em todo o mundo sofriam de alguma das suas modalidades.
Quais são as causas da epilepsia?
Entre as possíveis causas externas para desenvolvimento da epilepsia, destacam-se:
- Abuso de álcool e drogas
- Neurocisticercose
- Infecções (como a meningite)
- Problemas no parto.
De qualquer modo, nem sempre as causas primárias da doença podem ser prontamente identificadas.
Isso porque a epilepsia também pode ser genética ou estar ligada a fatores emocionais e até ao estresse.
Em outros casos, a medicina simplesmente não consegue identificar sua origem.
Dessa forma, o tratamento deve se limitar aos sintomas mais recorrentes, em virtude da impossibilidade de se atacar a causa primária.
Quais são os fatores de risco para crises epiléticas?
Como toda doença neurológica, a epilepsia apresenta certos fatores de risco que aumentam as chances de uma pessoa vir a desenvolvê-la.
Quem sofreu pancadas fortes na cabeça ou traumatismo craniano, nesse aspecto, tem mais chances de se tornar um epiléptico.
Ainda estão no grupo de risco para a doença indivíduos com histórico familiar e pessoas que tenham nascido com malformações congênitas no cérebro.
Portadores de arritmias cardíacas também devem ficar atentos, já que a possibilidade de eles desenvolverem o distúrbio é maior do que a média.
Quais são os principais sintomas de epilepsia?
Os sintomas da epilepsia são decorrentes de uma atividade elétrica anormal do cérebro, que passa a funcionar em uma frequência muito mais alta do que o normal.
Com isso, uma série de reações físicas e psíquicas são desencadeadas, algumas delas potencialmente perigosas, porque podem levar o paciente a sofrer lesões.
Uma crise epiléptica é um evento bastante delicado e que demanda cuidados específicos.
Entre eles, é importante controlar a sua duração, já que geralmente um ataque não se estende por mais de cinco minutos.
Se isso acontecer, o socorro médico deve ser acionado.
Para impedir traumas na cabeça (que pode sofrer pancadas em uma convulsão), recomenda-se manter a pessoa deitada com uma toalha ou algo que possa amortecer os impactos logo embaixo.
Veja, a seguir, quais são os sintomas mais recorrentes da epilepsia e como eles se manifestam.
Espasmos e contrações musculares
Também conhecidos como mioclonias, os espasmos e as contrações musculares em epilépticos podem afetar um músculo apenas ou um grupo muscular inteiro.
Existe toda uma gradação desse tipo de crise, que pode se manifestar tanto em microtremores insignificantes quanto por longas e perigosas contrações.
Vale prestar atenção também à frequência.
Se os espasmos são recorrentes e de amplitude moderada à alta, é recomendado procurar ajuda médica para o diagnóstico e posterior tratamento.
Movimentos involuntários
Junto aos espasmos, podem acontecer também movimentos involuntários de membros, músculos da face, pálpebras ou da cabeça.
A recomendação válida para os espasmos se aplica igualmente para esse sintoma.
Se eles se apresentam periodicamente e de maneira mais aguda, é sinal de que a pessoa pode sofrer de algum tipo de epilepsia.
Lapsos de atenção
Nem sempre a epilepsia se manifesta por crises tônicas, ou seja, com espasmos musculares ou convulsões violentas.
Na verdade, em alguns casos, ela se apresenta de forma oposta, isto é, a pessoa parece se “desligar” do mundo ou ter dificuldades para prestar atenção ou se concentrar em uma tarefa.
É preciso ter muito cuidado com esse sintoma, presente em modalidades como epilepsia do lobo frontal, que pode levar a perdas nas funções cognitivas.
Entorpecimento
Uma vez que as sinapses no cérebro são afetadas, pode ser que uma crise epiléptica seja acompanhada de entorpecimento.
O paciente age como se estivesse dopado e, em alguns casos, pode apresentar perda de memória recente.
Perda de consciência
Por sua vez, os desmaios ocorridos durante um ataque epiléptico podem sinalizar para uma forma de epilepsia mais grave.
Se eles acontecem com frequência, o paciente deve ser levado o mais rápido possível para uma unidade de saúde a fim de realizar exames para um eventual diagnóstico.
Quais são os tipos de crises epiléticas?
Agora, vamos conhecer detalhes sobre os diferentes tipos de crises epiléticas e suas consequências.
Acompanhe!
Crise generalizada
As crises generalizadas se caracterizam por afetar todo o cérebro.
Segundo as autoras do livro Crises Epiléticas (Leitura Médica Ltda., 2014), Silvia Kochen e Elza Márcia Targas Yacubian, esse tipo de crise pode “incluir estruturas corticais e subcorticais, mas não necessariamente todo o córtex […] e podem ser assimétricas”.
Como comprometem áreas maiores do cérebro, a modalidade generalizada acaba por apresentar um conjunto de variações mais amplo, com destaque para as crises:
- Clônicas
- Mioclônicas
- De ausência
- Atônicas
- Tônicas
- Tônico-clônicas.
Crise focal ou parcial
Nos casos em que uma parte de um hemisfério cerebral é atingida, fica configurada a epilepsia parcial que, normalmente, se manifesta em crianças.
Essa modalidade da doença pode ser classificada conforme a região do cérebro comprometida:
- Lobo frontal: causada por malformações do cérebro, displasias ou lesões perinatais
- Lobo temporal: suas causas mais frequentes são tumores embrionários, displasias ou esclerose hipocampal, caracterizando-se por crises de ausência
- Lobo parietal: de ocorrência rara na infância, apresenta manifestações que podem ser confundidas com outros tipos de epilepsia parcial
- Crises centrais: também chamada de epilepsia rolândica, é a forma mais comum da doença na infância, correspondendo a ¼ de todas elas. Seus acessos afetam, basicamente, os músculos da face e da garganta
- Lobo occipital: caracteriza-se por problemas visuais como alucinações, desvios oculares e até cegueira.
Outra maneira de se classificar as crises parciais é como complexa, em que o paciente sofre desmaios, ou simples, quando ele não tem perda de consciência.
Como é feito o diagnóstico da epilepsia?
Em crianças e adolescentes, o diagnóstico de epilepsia pode ser feito caso tenha ocorrido mais de uma convulsão em um curto período de tempo.
Nesse cenário, os pais devem comparecer ao médico e relatar como foram as crises, contando o que aconteceu antes, durante e depois.
Se possível, vale gravar a ocorrência em vídeo para que o especialista possa identificar com ainda mais precisão o tipo de epilepsia em questão.
Também podem ser prescritos os seguintes exames:
- Imagem de ressonância magnética
- Tomografia axial computorizada
- Electroencefalograma
- Análise de sangue.
Quais são os tratamentos tradicionais para crises epiléticas?
Normalmente, os tratamentos contra a epilepsia se baseiam na prescrição de medicamentos como anticonvulsivantes.
Também podem ser indicadas terapias como a dieta cetogênica, estimulação do nervo vago (VNS) ou estimulação cerebral profunda (DBS).
Só em casos mais extremos é recomendada a cirurgia, como acontece quando é diagnosticada a epilepsia focal, que atinge apenas uma parte do cérebro.
Tratamento de epilepsia com Cannabis: como funciona?
Um dos principais desafios para médicos e pacientes é quando se manifesta a chamada epilepsia refratária.
Nesse caso, ele não responde às soluções convencionais, o que exige uma abordagem alternativa.
É quando pode ser prescrito o tratamento à base de canabinoides, cujas propriedades ajudam no controle das crises.
Para fins de recursos terapêuticos, o médico deverá indicar a dosagem adequada, que pode ser aumentada com o passar do tempo.
O que os especialistas dizem sobre o uso de Cannabis no tratamento de epilepsia?
Você viu logo no início deste conteúdo que a própria OMS já reconheceu a eficácia da Cannabis no tratamento da epilepsia.
Embora sejam necessários mais estudos conclusivos, os relatos de pessoas que conseguiram controlar a doença (e até de animais) e as pesquisas acadêmicas apontam para um futuro promissor.
Uma delas é o artigo Effect of Cannabidiol on Drop Seizures in the Lennox-Gastaut Syndrome, publicado em 2018.
No estudo, foram testados 226 pacientes portadores da síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), uma condição epiléptica pediátrica grave.
Os pesquisadores verificaram que a adição de canabidiol ao tratamento farmacológico convencional diminuiu consideravelmente a frequência das convulsões.
Quais propriedades terapêuticas da Cannabis auxiliam no tratamento da epilepsia?
Entre as várias propriedades terapêuticas da Cannabis medicinal, duas são especialmente importantes para quem sofre de epilepsia: a anticonvulsivante e a neuroprotetora.
A primeira foi estudada na pesquisa Cannabinoids in the Treatment of Epilepsy: Hard Evidence at Last?, em que o autor Emilio Perucca conclui:
“Após quase quatro milênios de uso médico documentado no tratamento de distúrbios convulsivos, estamos muito perto de obter evidências conclusivas da eficácia dos canabinoides em algumas síndromes epilépticas graves.”
Já no Review of the neurological benefits of phytocannabinoids, os autores Joseph Maroon e Jeff Bost concluem que:
“A pesquisa atual indica que os fitocanabinoides têm um poderoso potencial terapêutico em uma variedade de doenças, principalmente por meio da sua interação com o sistema endocanabinoide. O CBD é de particular interesse devido à sua ampla capacidade e à falta de efeitos colaterais em uma variedade de doenças e condições neurológicas.”
Tratamento de epilepsia com Cannabis: quais são as vantagens?
O tratamento de epilepsia com CBD, embora ainda não seja 100% chancelado pela ciência, já é considerado seguro e eficaz.
Isso porque o óleo de canabidiol, um dos medicamentos mais prescritos, apresenta vantagens bastante relevantes, se comparado com os fármacos convencionais.
Conheça alguns deles nos tópicos abaixo.
Melhora o humor
Embora seja um benefício que é mais recorrente em tratamentos contra distúrbios de comportamento, a melhora do humor também acontece em portadores de epilepsia.
Afinal, em doenças que afetam o sistema nervoso central e a cognição, como o Alzheimer, o canabidiol pode promover grandes transformações.
Também é eficaz nos casos de pacientes agressivos por conta do transtorno do espectro autista (TEA).
Desse modo, o CBD vem a ser um poderoso aliado para aprimorar a qualidade de vida, inclusive nos portadores de epilepsia, porque ajuda a recuperar a homeostase e, assim, leva a uma melhora no bem-estar geral.
Efeito entourage
O efeito entourage, que sempre abordamos em nossos conteúdos, é uma vantagem adicional do canabidiol no tratamento contra a epilepsia.
Por meio dele, os benefícios à saúde proporcionados pelos canabinoides são potencializados em função do princípio da sinergia botânica.
Isso acontece porque, em geral, o CBD é administrado em forma de óleo de espectro amplo ou completo, no qual ele se mistura aos outros canabinoides extraídos da Cannabis.
Fora isso, a Cannabis contém flavonoides e terpenos, que também potencializam os efeitos terapêuticos.
Sendo assim, elas fazem com que o canabidiol promova muito mais benefícios à saúde do que quando administrado de maneira isolada.
Poucos efeitos adversos
Talvez uma das principais descobertas sobre o CBD feitas pela ciência é a de que ele provoca menos efeitos colaterais do que os medicamentos convencionais.
Para certos pesquisadores, isso se deve ao fato de ele interagir com o sistema endocanabinoide, o que faz com que o organismo tolere melhor o canabidiol.
Uma evidência dessa tolerância está na utilização do extrato de CBD em cuidados paliativos de pacientes com câncer.
Eles são submetidos a sessões de quimioterapia e uma medicação pesada que os levam a sentir náuseas e a vomitar.
Desse modo, o canabidiol é uma alternativa para eliminar ou atenuar essas reações, colaborando para melhorar a qualidade de vida e promovendo alívio dos efeitos adversos.
Produto 100% natural
Os avanços da indústria farmacêutica devem ser celebrados, afinal, muitos deles vêm salvando vidas em todo o mundo.
Ainda assim, os benefícios dos medicamentos fabricados, em alguns casos, são superestimados, o que pode ser uma das causas da automedicação.
É cada vez mais consenso que a prioridade em tratamentos para epilepsia (e outras doenças) deveria ser as soluções naturais, entre as quais está a Cannabis.
Quais são os efeitos colaterais do tratamento?
Como você viu, uma vantagem particularmente interessante no tratamento da epilepsia com Cannabis diz respeito aos raros efeitos colaterais.
Credita-se isso à sua interação com o organismo via sistema endocanabinoide, razão pela qual ele é, em geral, bem tolerado em praticamente todos os tipos de tratamento.
Embora a ciência ainda não tenha todas as respostas, até agora, os estudos já publicados trazem evidências sobre o uso seguro dos medicamentos com canabinoides.
Um deles é a revisão An Update on Safety and Side Effects of Cannabidiol: A Review of Clinical Data and Relevant Animal Studies, de autoria de Franjo Grotenhermen e Kerstin Iffland, do Instituto Nova, na Alemanha.
Na conclusão, eles enfatizam que o perfil de segurança do CBD já está estabelecido de muitas formas, o que o torna seguro como recurso terapêutico.
Onde encontrar remédios à base de Cannabis para tratar a epilepsia?
Considerando a oferta ainda restrita de Cannabis medicinal no Brasil, é comum recorrer à importação de medicamentos em tratamentos contra a epilepsia.
Veja a seguir como acontece o processo, todo ele controlado pela Anvisa.
Consulta médica
A compra de medicamentos que contêm CBD começa na consulta médica, na qual o especialista prescreve o remédio conforme as necessidades do paciente.
Pedido junto à Anvisa
De posse da receita, identidade e comprovante de residência, o comprador/paciente deve acessar o site da Anvisa para envio da documentação e preenchimento do devido formulário.
Resposta da Anvisa
Feito o pedido, é preciso aguardar pela resposta do órgão de controle, que pode chegar dentro de dez dias, aproximadamente.
Se o retorno for positivo, é emitida a autorização de importação.
Compra e entrega
Sempre respeitando os limites da Anvisa, que proíbe a compra de medicamentos de CBD que não sejam administrados via oral ou nasal, pode ser feita a aquisição do produto do exterior.
Para maior comodidade, utilize o serviço de concierge da Tegra Pharma, que realiza todo esse trabalho para o paciente, cumprindo todas as etapas legais exigidas.
E para escolher o medicamento, temos mais uma dica.
Clique aqui e veja como importar produtos à base de Cannabis medicinal no Brasil.
Conclusão
Em virtude das muitas vantagens da opção pelo CBD, o tratamento de epilepsia com Cannabis pode ser até priorizado, sobrepondo-se às alternativas conservadoras.
Isso porque as pesquisas indicam que ele apresenta poucos efeitos adversos e pode ser eficaz até para tratar das versões mais resistentes da doença.
No portal Cannabis & Saúde, você fica bem informado sobre os tratamentos à base de canabinoides.
Leia e indique aos seus amigos e familiares, afinal, sempre há alguém que pode precisar.