Transtornos do neurodesenvolvimento representam condições complexas caracterizadas por déficits na cognição, comunicação, comportamento e/ou habilidades motoras, derivados de um desenvolvimento cerebral atípico.
Esta categoria engloba condições como deficiência intelectual, distúrbios de comunicação, transtorno do espectro do autismo (TEA), transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e esquizofrenia.
Atualmente, a ausência de biomarcadores dificulta o diagnóstico preciso desses transtornos e a diferenciação entre eles, resultando na categorização desses distúrbios com base nos sinais clínicos apresentados.
Esta abordagem apresenta desafios, uma vez que muitos sintomas não são exclusivos de um único transtorno, havendo sobreposição de grupos de sintomas entre várias condições.
O diagnóstico precoce é uma tarefa difícil e os tratamentos eficazes são limitados, deixando, muitas vezes, apenas a opção de controlar os sintomas das pessoas afetadas.
Para mais informações e uma compreensão mais aprofundada sobre o tema, continue a leitura e explore os seguintes tópicos:
- O que é um transtorno de neurodesenvolvimento?
- O que causa transtorno no neurodesenvolvimento?
- Quais são os tipos mais comuns de transtornos de neurodesenvolvimento?
- Quais são os sintomas típicos desses transtornos?
- Como são diagnosticados os transtornos de neurodesenvolvimento?
- Quais são as opções de tratamento disponíveis para esses transtornos?
- A Cannabis medicinal no tratamento dos transtornos de neurodesenvolvimento
- É possível prevenir os transtornos de neurodesenvolvimento?
O que é um transtorno de neurodesenvolvimento?
O neurodesenvolvimento se refere à formação das vias neurológicas no cérebro que influenciam o funcionamento, como o intelectual, leitura, habilidades sociais, memória, atenção e foco.
Os distúrbios que afetam o desenvolvimento, no entanto, são caracterizados por atrasos ou déficits que geralmente surgem no início da infância, persistindo ao longo da vida.
Essas dificuldades podem impactar emoções, comportamentos, memória, atenção, aprendizado, socialização e autocontrole.
Também variam de problemas específicos de concentração a deficiências globais afetando inteligência, aprendizado e interações sociais.
De acordo com o DSM-5, os distúrbios do neurodesenvolvimento englobam condições como TDAH, TEA, distúrbios de comunicação, desenvolvimento intelectual, além de distúrbios motores e de aprendizagem específicos.
É comum que os diagnósticos para essas condições coexistam.
Esses distúrbios costumam se manifestar na infância, estendendo-se à idade adulta, frequentemente relacionados a dificuldades sociais e de comunicação.
Quando se inicia o processo de neurodesenvolvimento?
O neurodesenvolvimento tem início na fase embrionária e continua ao longo da vida.
No entanto, a formação inicial do sistema nervoso começa nas primeiras semanas de gestação.
Por volta da terceira semana após a concepção, o tubo neural começa a se formar no embrião, a estrutura que eventualmente se tornará o cérebro e a medula espinhal.
Durante a gestação, ocorrem estágios cruciais de proliferação celular, migração neuronal e formação de sinapses, moldando a arquitetura cerebral.
Após o nascimento, o cérebro continua a se desenvolver rapidamente nos primeiros anos de vida.
Esse período é crucial para a aquisição de habilidades cognitivas, linguísticas e motoras.
Fatores ambientais, como estímulos sensoriais, interações sociais e experiências, ajudam no desenvolvimento neural.
O processo de neurodesenvolvimento não é linear e varia em ritmo e intensidade de uma criança para outra.
Elementos genéticos, juntamente com estímulos do ambiente, influenciam a formação e a conexão de circuitos neurais, impactando o desenvolvimento cognitivo e emocional ao longo da vida.
O que causa transtorno no neurodesenvolvimento?
O transtorno do neurodesenvolvimento tem suas origens em uma variedade de fatores contribuintes que influenciam no seu surgimento.
Entre os fatores mais comuns, estão:
Estresse
O estresse é uma reação natural do corpo diante de eventos avassaladores ou situações desafiadoras.
Embora o estresse seja comum ao lidar com as pressões do cotidiano, quando não controlado, pode desencadear condições mais sérias, como os distúrbios do neurodesenvolvimento.
O estresse durante a gestação pode ter impactos adversos e duradouros em várias áreas do cérebro em desenvolvimento, contribuindo para sintomas e distúrbios posteriores do neurodesenvolvimento.
Ele é capaz de alterar negativamente o cérebro em formação do feto, possivelmente influenciando no desenvolvimento e aspectos cognitivos.
Doenças e infecções
Condições ou infecções adquiridas durante a gravidez podem ter implicações no neurodesenvolvimento de uma criança em desenvolvimento, transmitidas por via congênita.
Por exemplo, doenças como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), meningite e encefalite podem resultar em complicações neurológicas adversas.
Essas enfermidades podem ser uma fonte de distúrbios no neurodesenvolvimento devido aos seus sintomas desfavoráveis, expondo o feto a um ambiente intrauterino adverso.
Traumas
O trauma representa uma resposta emocional que pode deixar efeitos duradouros, mesmo após um longo tempo desde o evento angustiante.
Experiências como violência sexual, abuso infantil, acidentes graves ou desastres naturais são exemplos desse tipo de situação.
Conforme dizem os estudos, o trauma vivenciado pela mãe pode ter impactos negativos no neurodesenvolvimento do recém-nascido, ocasionando mudanças na estrutura e funcionamento do cérebro da criança.
Traumas do indivíduo na vida adulta também resultam em problemas cognitivos.
Por exemplo, o afogamento pode impedir o fluxo de oxigênio para o cérebro.
Mesmo por um curto período, essa ausência pode levar a problemas cognitivos ou paralisia cerebral.
Exposição a produtos químicos tóxicos
Os produtos químicos nocivos presentes no meio ambiente representam uma ameaça à saúde humana.
Substâncias como chumbo, arsênico, amianto, cádmio e mercúrio são perigosas para o desenvolvimento fetal.
Essas substâncias tóxicas podem prejudicar a arquitetura cerebral em desenvolvimento, provocando mudanças indesejadas e duradouras em sua estrutura e funcionamento.
A exposição a alguns produtos químicos durante a gravidez é um fator que influencia o surgimento de distúrbios no neurodesenvolvimento, já que essas toxinas podem modificar a expressão genética.
Baixo peso ao nascer
O termo “baixo peso ao nascer” refere-se a recém-nascidos que pesam menos de 2,5kg.
Esse quadro pode surgir quando um bebê nasce prematuramente.
Conforme um estudo de 2015, intitulado “Thalamocortical connectivity predicts cognition in children born preterm“, nascimentos prematuros podem acarretar problemas de desenvolvimento ao longo prazo.
Eles alteram a conectividade cerebral e a arquitetura da rede cerebral, resultando em comprometimento neurocognitivo persistente até a idade adulta.
Um sistema nervoso imaturo torna o cérebro mais suscetível a lesões e a um desenvolvimento anômalo.
Uso de drogas
A exposição fetal a drogas durante a gravidez diz respeito ao consumo de álcool, nicotina, drogas ilícitas e uso indevido de medicamentos prescritos durante esse período.
Essa exposição a substâncias prejudiciais pode acarretar uma variedade de problemas de saúde para o feto.
Por exemplo, o consumo de álcool pode interferir no desenvolvimento do feto ao passar pela placenta, afetando tanto o crescimento físico quanto o mental da criança.
Por outro lado, o tabagismo pode expor o feto à nicotina, resultando em danos nos tecidos pulmonares e cerebrais.
Recém-nascidos expostos a drogas ilícitas durante a gravidez podem apresentar sintomas de abstinência, como dificuldade para dormir, alimentar-se e nervosismo.
Além disso, certos medicamentos podem não ser seguros para uso durante a gravidez, incluindo analgésicos e outros destinados ao tratamento de condições crônicas.
Crianças expostas a esses medicamentos durante o período pré-natal podem enfrentar um maior risco de distúrbios no neurodesenvolvimento.
Quais são os tipos mais comuns de transtornos de neurodesenvolvimento?
Os distúrbios do neurodesenvolvimento são amplamente prevalentes.
Conforme indicado por um estudo sobre a incidência de transtornos do neurodesenvolvimento na infância, baseado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5), eles afetam de 15 a 20% da população infantil.
É comum que diferentes tipos de distúrbios do neurodesenvolvimento coexistam, e abaixo são mencionados alguns desses tipos.
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição de desenvolvimento neurológico caracterizada por desafios persistentes relacionados às interações sociais, comportamentos repetitivos e interesses limitados.
Os sintomas associados ao TEA englobam:
- Dificuldades com contato visual;
- Limitação no uso de gestos não verbais;
- Resistência a mudanças na rotina;
- Problemas na expressão de pensamentos e emoções;
- Sensibilidade a ruídos altos e fixação em tópicos específicos de conversa.
Os efeitos físicos do transtorno podem ser vistos como:
- Distúrbios do sono;
- Problemas digestivos;
- Baixo tônus muscular;
- Dificuldades com habilidades motoras finas;
- Coordenação deficiente do equilíbrio;
- Padrões de caminhada irregulares.
Em termos comportamentais, o TEA se manifesta por desafios nas interações sociais, movimentos corporais repetitivos, episódios de agressão e dificuldade em compreender as emoções alheias.
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma condição médica caracterizada por um padrão contínuo de desatenção e comportamento hiperativo-impulsivo.
É um dos distúrbios de neurodesenvolvimento mais comuns que afetam crianças.
Os sintomas do TDAH incluem:
- Dificuldade em se concentrar em uma tarefa;
- Inquietação;
- Conversa excessiva ou interrupção de conversas;
- Agir sem pensar.
Os sintomas de TDAH e autismo às vezes podem se sobrepor. Portanto, pode ser difícil distinguir as duas condições, especialmente em crianças mais novas.
Embora ambos os distúrbios tenham dificuldades de comunicação como característica, essas dificuldades podem se apresentar de forma diferente em crianças com TDAH.
Por exemplo, alguém com autismo pode ter dificuldades em iniciar interações sociais, enquanto um indivíduo com TDAH fala continuamente e fala fora de hora.
Os efeitos comportamentais do TDAH incluem explosões de raiva, desafio, colapsos, comportamento agressivo, birras, agitação e desatenção.
Transtornos de Comportamento Disruptivo
Os transtornos disruptivos representam outro exemplo de distúrbios do neurodesenvolvimento.
São caracterizados por padrões comportamentais e emocionais persistentes de desrespeito por pessoas e normas sociais.
Os sintomas associados aos transtornos de conduta incluem envolvimento em brigas físicas, práticas de bullying, incêndios provocados, mentiras e trapaças.
Os transtornos de conduta são diferentes de outros distúrbios do neurodesenvolvimento, já que seus comportamentos frequentemente infringem os direitos alheios e contrariam as normas sociais e de autoridade.
Os efeitos físicos decorrentes dos transtornos disruptivos abrangem lesões a si próprio ou a outros e comportamentos rebeldes.
Por outro lado, os efeitos comportamentais se apresentam como mentiras, manipulação, provocação de brigas físicas, agressão a pessoas e animais, comportamento de automutilação e ideação suicida.
Paralisia cerebral
A paralisia cerebral (PC) abrange um conjunto de deficiências no desenvolvimento que afetam o tônus muscular, equilíbrio, movimento, postura e coordenação.
Ela ocorre quando o cérebro não consegue transmitir instruções adequadas aos músculos, prejudicando o movimento fluente e coordenado.
Os sintomas associados à PC englobam:
- Fraqueza nos braços ou pernas;
- Dificuldades na fala;
- Incapacidade de erguer a cabeça quando sentado apoiado;
- Salivação excessiva;
- Espasmos musculares;
- Movimentos irregulares;
- Rigidez ou flexibilidade muscular.
Enquanto muitos distúrbios do neurodesenvolvimento resultam de uma interação entre fatores genéticos e ambientais, a paralisia cerebral geralmente é originada por um evento singular que causa danos cerebrais.
Ela também não é inerente ao nascimento.
Por exemplo, uma pessoa que sofreu um afogamento na vida adulta pode desenvolver a paralisia cerebral se o cérebro não receber oxigênio por um determinado período.
Negligências médicas durante o parto também podem causar traumas cerebrais, levando à paralisia, mesmo em crianças que não são predispostas geneticamente.
Indivíduos com paralisia cerebral podem apresentar hiperatividade, dependência, ansiedade, problemas de controle da raiva e dificuldades nas interações sociais.
Síndrome de Tourette
A síndrome de Tourette é um distúrbio neurológico que se manifesta por vocalizações e movimentos súbitos, repetitivos e involuntários conhecidos como tiques.
Por exemplo, um indivíduo afetado pode apresentar piscadelas frequentes, movimentos bruscos de cabeça, morder os lábios ou emitir sons ou frases, por vezes obscenos.
Os sintomas característicos da síndrome de Tourette se apresentam por comportamentos involuntários, como:
- Caretas faciais;
- Movimentos de ombros;
- Comportamentos repetitivos como cheirar, ecoar palavras ou frases de outras pessoas;
- Grunhidos;
- E outros tiques.
A síndrome é frequentemente observada em conjunto com outros distúrbios do neurodesenvolvimento, sendo o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) um dos mais comuns.
Pessoas que utilizam medicamentos no tratamento da síndrome de Tourette sofrem com efeitos colaterais frequentes, como fadiga, rigidez muscular e ganho de peso.
Já os efeitos comportamentais associados à síndrome de Tourette incluem dificuldades na regulação emocional, explosões de raiva, comentários inadequados e comportamento impulsivo.
Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC)
O transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC) faz parte do grupo de distúrbios motores do neurodesenvolvimento.
Estes distúrbios abrangem disfunções do sistema nervoso que ocasionam movimentos irregulares, excessivos ou involuntários no corpo.
Além disso, podem resultar na falta de movimento ou na repetição de movimentos extras.
Os sintomas associados a esses distúrbios incluem:
- Tremores;
- Dificuldades na caminhada;
- Movimentos lentos;
- Problemas na fala e deglutição;
- Desequilíbrio;
- Contrações musculares;
- Espasmos;
- Rigidez e dificuldade de movimentação.
Os distúrbios de coordenação também são caracterizados por tiques ou movimentos e fala incontroláveis, podendo se apresentar tanto em tiques verbais quanto físicos.
Para além dos impactos físicos, essas condições podem acarretar efeitos comportamentais.
Exemplos incluem: perda de interesse em atividades, ansiedade, alterações na personalidade, agitação, delírios, alucinações e impulsividade.
Outros tipos de transtorno de neurodesenvolvimento
Outros distúrbios de neurodesenvolvimento englobam desde deficiências intelectuais leves até problemas mais graves, como a esquizofrenia.
Deficiências intelectuais, por exemplo, se referem a dificuldades no funcionamento cognitivo, habilidades e comportamento, incluindo problemas na comunicação e interações sociais.
A esquizofrenia, por outro lado, é uma condição grave de saúde mental que impacta negativamente a percepção da realidade por parte do indivíduo.
Ela interfere na capacidade de pensar de maneira racional, expressar emoções e participar na tomada de decisões.
Os sintomas característicos da esquizofrenia envolvem delírios, alucinações, pensamentos desorganizados, distúrbios do sono, incapacidade de sentir prazer e falta de motivação.
Ao contrário dos outros distúrbios de neurodesenvolvimento mencionados anteriormente, a esquizofrenia foi inicialmente classificada como uma doença neurodegenerativa.
No entanto, estudos de imagem mais detalhados confirmaram suas origens no neurodesenvolvimento.
Quais são os sintomas típicos desses transtornos?
Os sintomas dos transtornos de neurodesenvolvimento estão relacionados com a condição do indivíduo.
Enquanto algumas crianças apresentam sinais leves, como dificuldades menores no aprendizado ou fala, outras podem sofrer impactos que afetam sua qualidade de vida.
No entanto, alguns sintomas são comuns em quase todos os transtornos, por exemplo:
Problemas na linguagem e fala
Desafios associados à linguagem e fala representam deficiências que influenciam a compreensão, uso e aquisição da linguagem, persistindo até a vida adulta.
Esses problemas impactam negativamente aspectos acadêmicos, sociais e comportamentais.
Tais dificuldades surgem como manifestações de deficiências no neurodesenvolvimento, resultantes de danos em áreas cerebrais envolvidas no processamento linguístico.
Dificuldades na linguagem e fala são sintomas frequentes dos distúrbios do neurodesenvolvimento, uma vez que tais distúrbios dificultam a organização de pensamentos e a coordenação dos músculos orofaciais.
A presença desses problemas pode ser observada por sinais comuns, como:
- Repetição de sons ou palavras;
- Pausas frequentes durante a fala;
- Fala arrastada;
- Dificuldade em compreender o que é dito;
- Uso excessivo de preenchimentos na fala e dificuldade em aprender novas palavras.
Sintomas motores
Problemas motores também são reconhecidos como sinais dos distúrbios do neurodesenvolvimento, devido a diferenças persistentes na conectividade cerebral e déficits nas funções cerebrais.
Esses sintomas têm impactos visíveis em habilidades motoras, atrasando o desenvolvimento de atividades apropriadas à idade.
Déficits nas habilidades motoras podem ser identificados precocemente em crianças, como dificuldade em pegar ou jogar uma bola, usar uma colher ou garfo para comer, abotoar roupas ou segurar um lápis.
Sintomas comportamentais
Comportamentos desafiadores também são indicativos dos distúrbios do neurodesenvolvimento.
Essas interações negativas são consideradas sintomas devido à falta de autorregulação, comum em crianças com esses transtornos.
Identificar esses desafios envolve observar mudanças abruptas no comportamento, explosões de raiva frequentes, ameaças de dano a si ou a outros e resistência contínua à autoridade.
Atraso no aprendizado
Dificuldades de aprendizagem indicam a presença de distúrbios do neurodesenvolvimento.
Os atrasos no aprendizado podem ser identificados observando sinais comuns, como dificuldade em seguir instruções, memória ruim, dificuldade em ler, escrever ou executar atividades em um ritmo lento.
Como são diagnosticados os transtornos de neurodesenvolvimento?
O diagnóstico de um distúrbio do neurodesenvolvimento em crianças envolve uma variedade de testes.
Avaliações de desenvolvimento, exames neurológicos, exames de imagem cerebral, análises laboratoriais e exames físicos são comumente empregados.
Os resultados desses testes ajudam a compreender o impacto da condição de saúde do seu filho.
Também permitem identificar opções de tratamento eficazes e prever o curso esperado da condição.
A equipe médica que participa da avaliação do neurodesenvolvimento inclui especialistas como pediatras especializados em neurodesenvolvimento, neurologistas, oftalmologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e enfermeiros.
Quando se trata de adolescentes, o diagnóstico de um distúrbio do neurodesenvolvimento leva em consideração a observação de comportamentos atípicos.
Atrasos na conquista de marcos de desenvolvimento, comparando esses padrões com os de outros adolescentes da mesma faixa etária, gênero e contexto cultural, também fornecem pistas sobre essas condições.
Isso é geralmente detectado por meio de avaliações psicológicas, que englobam testes intelectuais, neuropsicológicos, avaliações de comportamento e avaliação de possíveis condições psiquiátricas coexistentes.
Quais são as opções de tratamento disponíveis para esses transtornos?
Atualmente, os distúrbios do neurodesenvolvimento não têm cura.
As opções de tratamento disponíveis para esses distúrbios visam principalmente gerenciar os sintomas associados.
Algumas das abordagens terapêuticas disponíveis para distúrbios do neurodesenvolvimento são listadas a seguir.
Terapia comportamental
O termo ‘terapia comportamental’ refere-se a um amplo conjunto de abordagens psicológicas direcionadas à modificação de comportamentos prejudiciais.
Entre as técnicas comumente empregadas para tratar distúrbios do neurodesenvolvimento estão a terapia cognitivo-comportamental (TCC), psicoterapia, terapia da fala e terapia do desenvolvimento.
Essas terapias permitem que os pacientes identifiquem e desafiem padrões comportamentais prejudiciais, contribuindo para um maior controle sobre seu comportamento.
É uma das opções terapêuticas mais validadas para condições de neurodesenvolvimento, focando nos padrões comportamentais e seu impacto nas ações, pensamentos e estados de humor.
Estimulação Magnética Transcraniana
A Estimulação Magnética Transcraniana é um procedimento terapêutico não invasivo que utiliza um campo magnético variável para estimular as células nervosas e regular a atividade cerebral.
Este método é aplicado para tratar alguns distúrbios do neurodesenvolvimento, direcionando ondas magnéticas para áreas específicas do cérebro que necessitam de estímulo adicional.
Muitas dessas condições estão relacionadas a níveis reduzidos de neurotransmissores ou a uma atividade neural excessiva no cérebro.
A Estimulação Magnética Transcraniana, no entanto, influencia a atividade elétrica no cérebro sem o uso de correntes elétricas dolorosas, e mostrou benefícios promissores nesses casos.
Medicação
Os medicamentos são úteis no tratamento dos distúrbios do neurodesenvolvimento, principalmente na gestão e controle dos sintomas.
Dado que não possuem cura, eles focam na atenuação dos sintomas das condições que interferem na vida cotidiana.
O tratamento medicamentoso ajuda a aprimorar suas habilidades para a vida diária e contribui para uma vida mais funcional.
Medicamentos psicoestimulantes, como metilfenidato e anfetaminas, são prescritos para ajudar a controlar os sintomas de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Para transtornos do espectro do autismo, podem ser prescritos medicamentos para controlar sintomas associados, podendo incluir antipsicóticos atípicos como risperidona ou aripiprazol.
Além disso, para condições que apresentam sintomas de ansiedade ou depressão, são prescritos medicamentos antidepressivos.
Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) ou inibidores de recaptação de noradrenalina e serotonina (IRSN) estão entre as classes mais utilizadas.
A duração do tratamento com medicamentos pode variar conforme o tipo de distúrbio.
Em muitos casos, o uso dos medicamentos pode se estender por meses ou até anos.
A Cannabis medicinal no tratamento dos transtornos de neurodesenvolvimento
O interesse nos efeitos terapêuticos da Cannabis aumentou na década de 1990 com a crescente compreensão do sistema endocanabinoide (SEC) no cérebro.
O SEC está fortemente relacionado com o funcionamento do sistema nervoso, mediando a comunicação entre os sistemas de neurotransmissores.
Também regula funções psiquiátricas, neurológicas, cardiovasculares, endócrinas e imunológicas.
Além disso, esse sistema tem participação na regulação da cognição, do humor e do sono.
Seus componentes incluem os receptores CB1 e CB2, neurotransmissores endocanabinoides e enzimas responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides.
O canabidiol, um dos canabinoides mais proeminentes na Cannabis, atua como um modulador do sistema endocanabinoide, exercendo efeitos no cérebro por meio de diversos mecanismos.
Sua toxicidade é muito baixa e pesquisas atuais sugerem que ele possui propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e neuroprotetoras.
Evidências clínicas também indicam que o tratamento com canabidiol pode ser promissor para distúrbios do neurodesenvolvimento, como deficiência intelectual, transtorno do espectro do autismo, tiques e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
Disfunções no sistema endocanabinoide estão associadas à piora dos sintomas dos distúrbios de neurodesenvolvimento.
Por exemplo, foram identificadas falhas no funcionamento do sistema endocanabinoide em distúrbios como transtorno do espectro autista (TEA) e síndrome de Tourette.
Um dos principais elementos do sistema endocanabinoide no cérebro é o receptor canabinoide tipo 1, encontrado em níveis elevados no sistema GABAérgico e, em menor quantidade, no glutamatérgico.
A interação do canabidiol com este receptor permite a regulação do humor e comportamento, além de interagir com vias de neurotransmissores, prevenindo falhas cognitivas.
Diversos pais relatam a melhora significativa nos sintomas associados à condições neurodivergentes em seus filhos após o uso de canabidiol, e pesquisas corroboram com estes relatos.
Quais os benefícios comprovados da Cannabis para transtorno de neurodesenvolvimento?
As pesquisas sobre os benefícios do canabidiol em distúrbios do neurodesenvolvimento são amplas.
O estudo intitulado “Oral Cannabidiol Use in Children With Autism Spectrum Disorder to Treat Related Symptoms and Co-morbidities“, é um exemplo.
Pais de crianças com TEA, após obterem licença do Ministério da Saúde de Israel, receberam orientações de um enfermeiro para administrar gotas orais de óleo de canabidiol em seus filhos.
Durante entrevistas quinzenais de acompanhamento, foram registradas informações sobre sintomas de comorbidade e segurança.
Um grupo independente de especialistas analisou esses dados, observando mudanças nos sintomas de TEA e a segurança do medicamento.
Um total de 53 pessoas, com idade mediana de 11 anos (variando de 4 a 22 anos), receberam canabidiol por um período médio de 66 dias (variando de 30 a 588 dias).
Os resultados indicaram melhorias significativas nos sintomas do TEA.
Comportamentos como autolesão e ataques de raiva em 67,6% e 8,8%, respectivamente, apresentaram melhora notável.
Houveram melhorias também na hiperatividade (68,4%), problemas de sono (71,4%) e ansiedade (47,1%).
Os efeitos colaterais, principalmente sonolência e mudanças no apetite, foram relatados como leves.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal no Brasil pode ser desafiador, especialmente para pais de crianças com transtornos no neurodesenvolvimento e adultos em busca de alívio para tais condições.
A procura por médicos que prescrevem canabidiol é uma jornada complexa devido à escassez de profissionais que se dedicam à pesquisa e prescrição da Cannabis no país.
Entretanto, um recurso valioso para facilitar essa busca é o portal Cannabis & Saúde.
Com uma rede composta por mais de 300 médicos, o portal oferece uma oportunidade para pacientes em busca de tratamentos baseados em Cannabis.
Essa plataforma conecta indivíduos a profissionais capacitados e experientes na utilização terapêutica da planta, auxiliando na obtenção de orientações médicas e no acesso aos tratamentos adequados.
Para quem procura esse tipo de terapia, convidamos a agendar uma consulta com esses especialistas clicando aqui.
Ao marcar uma consulta com um médico especializado em Cannabis medicinal, os pacientes podem receber orientações precisas sobre o uso terapêutico, doses apropriadas e potenciais benefícios do tratamento para suas condições específicas.
É possível prevenir os transtornos de neurodesenvolvimento?
Para a maioria dos distúrbios do neurodesenvolvimento, não existem medidas preventivas definitivas.
No entanto, em condições associadas à genética e ao ambiente, o cuidado pré-natal adequado pode aumentar a probabilidade de um parto saudável, reduzindo o risco de problemas neurológicos.
Adotar escolhas saudáveis durante a gravidez e estabelecer hábitos saudáveis antes da concepção pode evitar tais condições.
Conclusão
Os distúrbios do neurodesenvolvimento são de caráter permanente e, até o momento, não há cura conhecida para essas condições.
No entanto, há estratégias terapêuticas disponíveis que podem auxiliar indivíduos com estes distúrbios a gerenciar e enfrentar os sintomas associados.
Um desses tratamentos é o uso de Cannabis medicinal, que já ajudou centenas de crianças e adolescentes com déficits funcionais a atingirem maiores marcos em seu desenvolvimento.
A Cannabis pode aprimorar a qualidade de vida de pessoas que apresentam sinais e sintomas ligados ao atraso no neurodesenvolvimento.
Assim, fornece um suporte adequado para um desenvolvimento mais saudável e minimiza os impactos dessas condições na vida diária de seus portadores.