Pesquisadores norte-americanos realizaram um estudo para investigar a concentração de compostos da Cannabis no leite materno em pessoas amamentando e que fazem uso de produtos com a planta.
O foco era nos níveis de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), a substância produzida naturalmente pela planta e que causa efeitos psicoativos em quem a consome.
Essa é uma área extremamente complexa de pesquisa, com alguns estudos associando o uso da planta a riscos para a saúde do bebê e outros que não encontraram problemas no desenvolvimento da criança.
No caso do estudo realizado nos EUA, os cientistas buscaram entender qual a concentração de THC que passa para o leite materno após o uso de algum produto com Cannabis. Desse modo, seria possível estimar a exposição total do bebê ao canabinoide pelo leite da mãe.
Mães e o uso terapêutico da Cannabis
Amamentar é um ato de amor e um momento único entre mãe e filho que vai além da mera nutrição, criando uma conexão profunda e laços de afeto. Na entrega do leite materno, a lactante passa nutrientes, anticorpos e muitas outras substâncias para fortalecer a saúde da criança e garantir um desenvolvimento saudável.
Durante a amamentação, a mãe também passa endocanabinoides para o filho através do leite materno. Os canabinoides produzidos no nosso corpo são fundamentais para o desenvolvimento da criança, no entanto ainda pairavam muitas dúvidas sobre como o consumo de produtos com Cannabis afetaria a nutrição do bebê, além do seu desenvolvimento.
Há várias razões que levam gestantes e lactantes a utilizar produtos derivados da planta, como depressão pós-parto, dores, estresse ou condições mais graves como epilepsia e hiperêmese gravídica.
Assim, é importante sabermos quanto tempo os canabinoides da Cannabis permanecem no leite materno após o consumo. Essa é uma forma de ajudar as mães que precisam desse tipo de medicação e querem evitar que o bebê fique excessivamente exposto ao THC a organizarem sua rotina de doses e amamentação.
Analisando o leite materno e a relação com o consumo de Cannabis
O estudo Human Milk Cannabinoid Concentrations and Associations with Maternal Factors: The Lactation and Cannabis Study acompanhou 20 participantes que amamentavam e utilizavam a Cannabis com frequência. Elas se inscreveram logo após o nascimento da criança e os bebês tinham no máximo 6 meses de vida.
Aqui cabe lembrar que o estudo foi realizado no estado de Washington, nos EUA, onde a Cannabis foi regulamentada para todos os usos em 2012. Por lá, há produtos contendo canabinoides disponíveis em estabelecimentos comerciais e os adultos com mais de 21 anos têm acesso a uma variedade de itens.
Primeiramente, as participantes coletaram uma amostra de leite materno após 12 horas ou mais em abstinência de Cannabis. Esse material foi usado como amostra controle.
Depois disso, as mães coletaram cinco amostras do leite materno em intervalos definidos de 8 a 12 horas após o uso de produtos com Cannabis ricos em THC. Em seguida, o material seguiu para análise em laboratório e elas responderam alguns questionários.
Auge 2 horas após o consumo
Mesmo após 12 horas de abstinência, foi possível detectar o THC no leite. Além disso, os pesquisadores observaram que o uso mais frequente de Cannabis estava ligado a concentrações mais altas de THC no leite materno.
O estudo também revelou que a concentração mais alta de THC no leite materno ocorreu, em média, duas horas após o consumo do produto com Cannabis, com uma diminuição gradual posterior.
Esses resultados sugerem que o THC permanece no leite e não há um período claro para que as mães possam amamentar sem que o bebê seja exposto ao canabinoide. Considerando as pessoas que fazem uso medicinal da Cannabis, é necessário ter uma conversa com o médico para buscar soluções.
Embora não saibamos com precisão quais os efeitos do THC no desenvolvimento do bebê, uma coisa é certa: as mães que consomem Cannabis rica nesse canabinoide estão expondo o filho a essa substância.
A concentração de THC no leite varia de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como quantidade consumida e índice de massa corporal. Nesse sentido, os cientistas conseguiram chegar a uma estimativa da quantidade de THC ingerida pelo bebê através do leite.
“A ingestão média diária estimada de THC em bebês foi de 0,0667 mg. A ingestão média diária estimada de THC de cada criança variou de 0,0019 a 0,1963 mg/dia. Quando dimensionado pelo peso corporal, a ingestão média diária estimada de cada criança variou de 0,0003 a 0,0509 mg/kg.
Com base no cálculo de Baker et al. assumindo 150 mL/kg/dia de consumo de leite, a dose média estimada de THC infantil em todas as amostras foi de 0,0057 mg/kg/dia, e a dose média individual de THC infantil após o uso materno de cannabis foi de 0,0162 mg/kg/dia.”
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