Thais Perlingeiro chegou à Cannabis em busca de uma medicina integrativa, e agora observa bons resultados em casos de diabetes, doenças autoimunes e na saúde da mulher
A prescrição de Cannabis medicinal chegou de forma natural à carreira da médica Thais Perlingeiro. Formada há sete anos, com especialização em endocrinologia, sempre quis focar sua atuação no cuidado integral das pessoas.
“A medicina integrativa sempre foi a minha paixão. Eu acabei fazendo endocrinologia por ser o que mais se aproxima. Cuidar de toda a parte hormonal do paciente”, conta. “A gente olha o paciente como um todo. Não só querendo tapar um buraco. Se está com dor de cabeça, não vou dar só um remédio. Vou pensar na causa da dor. Não é só resolver uma coisa pontual.”
Sua busca sempre foi por formas de aliviar o sofrimento dos pacientes. Melhorar a resposta imunológica, a dor, o sono. Em seus estudos, há cinco anos descobriu que a Cannabis poderia ser o que estava buscando.
Encontro com a Cannabis
“Eu estava paquerando a Cannabis. Comecei a pesquisar quando ainda nem estava autorizado no Brasil. Eu sempre tive a cabeça mais aberta. Já havia isso muito lá fora. Na Europa sendo explorado, nos Estados Unidos. Assim que tive contato com o uso terapêutico dos canabinoides.”
Uma paquera que demorou ainda algum tempo para virar namoro, quando o uso e prescrição foi liberado no Brasil. “Eu lembro de um dos meus primeiros pacientes que me marcou muito. Ele tinha diabetes tipo 1, já usava insulina há um tempo, mas ainda tinha dificuldade de controlar a glicemia”, relata.
“Ele me procurou para iniciar o tratamento com Cannabis para tratar uma neuropatia periférica. O resultado foi fantástico. Além da dor, conseguiu controlar a glicose. Eu falei: nossa! Diabetes tipo 1 é muito difícil a gente controlar. Ter uma outra terapia que traga esse resultado, me marcou muito.”
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Benefícios da Cannabis
Perlingeiro vê como o principal benefício da Cannabis a possibilidade de atingir bons resultados com um número de medicamentos reduzido. “O paciente consegue ter um controle metabólico muito melhor com menos medicamentos. O que é fantástico. A gente poder fazer uma terapia com menos efeito colateral, então isso acho que era uma coisa que faltava. Comecei a ver pacientes diminuindo a pressão, diminuindo a glicose.”
A endocrinologista explica que a Cannabis traz resultados ao favorecer a homeostase do organismo. “O sistema endocanabinoide está por todo o corpo. A gente acredita que muitas doenças surgem porque ele está desequilibrado. Esse desequilíbrio repercute em tudo. No pâncreas, nos hormônios, na insulina. Os canabinoides entram como um fator equilibrador.”
“Essa é a principal hipótese que vem sendo estudada. O que eu costumo falar é que ele é um balanceador. Se você tem doença autoimune, é que sua resposta imunológica está desbalanceada. Com a Cannabis traz esse equilíbrio. Se tem glicose alta, tem a probabilidade que a glicose se equilibre.”
Especialidades
Atualmente, seu foco de atuação se concentra na diabetes e doenças autoimunes, mas também na saúde da mulher. “Tem algumas pesquisas, ainda muito iniciais, falando que faz tem uma atuação no controle dos estrogênio. Quando a mulher tá na menopausa existe uma queda desse hormônio. A gente acha que atuar no sistema endocanabinoide pode compensar um pouco no desequilíbrio do estrogênio.”
Apesar desse potencial ainda não ser comprovado cientificamente, a médica observa na prática outros benefícios na saúde da mulher. “A gente tem que falar de uma forma integrativa. Na menopausa, elas passam a ficar estressadas, a dormir mal, e, para isso, a Cannabis é fantástica.”
“Outro ponto é a questão sexual”, continuou. “ Muitas mulheres têm barreiras sexuais. Às vezes por tabus, não consegue ter uma vida sexual saudável e a Cannabis acaba trazendo esse conforto em relação ao relaxamento. Isso acaba trazendo também uma qualidade de vida.”
Futuro da medicina canábica
Para Perlingeiro, conforme as pesquisas avançam, a Cannabis se tornará cada vez mais presente nos consultórios médicos de diversas especialidades. “A parte voltada para a redução tumoral é uma coisa que eu estou ficando até meio assustada. Tem saído muitas pesquisas sobre isso. Eu tive uma paciente que fez uma redução de 30% de um tumor neuroendócrino”, conta.
“Eu acho que a gente tá precoce para a gente afirmar alguma coisa, mas eu acho que é uma área também muito promissora. O uso na oncologia, não só na parte paliativa, mas também no tratamento”, finalizou. “Para médicos eu diria que é a medicina do futuro. Quem não correr atrás, vai ficar para trás.”