A síndrome de hiperêmese canabinoide (SHC) é uma condição rara que causa dores na barriga, enjoo e vômitos em pessoas que usam Cannabis com muita frequência. Geralmente, esses enjoos não melhoram com os remédios comuns, mas, surpreendentemente, um banho quente ajuda a aliviar os sintomas.
Pelo fato de as pessoas com síndrome de hiperêmese canabinoide terem características semelhantes a de pessoas com uma outra condição, a síndrome do vômito cíclico (SVC), alguns pesquisadores apontam que a SHC pode ser um subtipo da SVC.
Com cada vez mais países regulamentando os diversos usos da Cannabis e o aumento do uso, é possível que surjam mais episódios da síndrome de hiperêmese canabinoide. Aparentemente, a resolução dos sintomas vem com a interrupção do uso de produtos que contenham derivados da planta.
As primeiras observações da síndrome de hiperêmese canabinoide
Os primeiros casos da síndrome de hiperêmese canabinoide teriam sido registrados em 2003 por cientistas australianos. Eles identificaram características similares em 10 pacientes associando o uso abusivo de Cannabis e ciclos de enjoos e náuseas.
A equipe de cientistas analisou esses casos e publicou em um artigo relatando que quando os pacientes cessavam o uso, a síndrome também cessava. Os que tentavam retomar o consumo de Cannabis viam os sintomas voltarem.
Foi também nessa análise que eles observaram o alívio dos sintomas após um banho quente.
A síndrome de hiperêmese canabinoide nas diretrizes internacionais
Posteriormente, mais casos da síndrome de hiperêmese canabinoide seriam observados e a condição seria incluída nos critérios de Roma IV. Esse é um conjunto de diretrizes para diagnosticar transtornos funcionais gastrointestinais.
De acordo com os critérios de Roma IV, a síndrome de hiperêmese canabinoide é identificada por:
- Vômitos episódicos estereotipados semelhantes a síndrome do vômito cíclico em termos de início, duração e frequência;
- Apresentação após uso prolongado e excessivo de Cannabis;
- Alívio de episódios de vômitos através da cessação sustentada do consumo de Cannabis.
No entanto, é necessário diferenciar a síndrome do vômito cíclico da síndrome de hiperêmese canabinoide, pois é comum que pessoas afetadas pela primeira recorram, com sucesso, ao uso de produtos com Cannabis para sentir alívio dos enjoos.
Por ser uma questão observada recentemente, ainda não se sabe a causa exata, nem os fatores de risco para desenvolver a síndrome. Existem as hipóteses de predisposição genética ou casos em que a Cannabis é um gatilho para uma síndrome do vômito cíclico não diagnosticada.
Similaridades com a síndrome do vômito cíclico
A síndrome do vômito cíclico é um distúrbio do sistema gastrointestinal que causa episódios repentinos de enjoos e vômitos intensos. Apesar de não sabermos com detalhes todas as causas envolvidas no desenvolvimento dessa condição, em muitos casos está ligada a comorbidades do sistema nervoso central como enxaquecas, ansiedade e disforia.
Mais do que controlar as crises, é importante que o tratamento para a síndrome do vômito cíclico identifique os possíveis gatilhos para evitá-los. Certos alimentos, medicamentos, odores, sabores e até mesmo o estresse podem desencadear um episódio de náuseas e dor abdominal.
Como se tratar com Cannabis de forma segura
Portanto, a síndrome de hiperêmese canabinoide é uma condição nova e ainda pouco conhecida, o que torna seu diagnóstico e tratamento muito difíceis. Ainda não há o registro de mortes ou sequelas relacionadas a essa síndrome, porém é importante que médicos e pacientes ajam rapidamente nos primeiros sintomas.
Com os tratamentos com Cannabis se tornando cada vez mais populares e acessíveis, mais pessoas podem desenvolver a síndrome de hiperêmese canabinoide. Mais estudos são necessários para encontrar as melhores formas de lidar com os episódios de náuseas e vômitos.
Uma forma de evitar essa síndrome seria fazer um uso mais responsável dos produtos com Cannabis, a fim de evitar uso abusivo e doses excessivamente altas. Para quem faz tratamentos para a saúde com acompanhamento médico, é crucial que se siga à risca as orientações dadas pelo profissional. Geralmente, ele recomenda uma dose que traga o máximo de benefícios sem provocar efeitos colaterais.
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