A síndrome do pânico é uma condição psiquiátrica que afeta cerca de 5% da população mundial, causando crises súbitas de medo e desconforto. Causa palpitações, falta de ar, tontura e a sensação de estar perdendo o controle.
Essa condição compromete a qualidade de vida dos indivíduos e também leva ao desenvolvimento de fobias e ao isolamento social.
O tratamento para a síndrome do pânico inclui inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), que se tornaram a primeira linha de defesa para o transtorno.
Embora esses medicamentos sejam eficientes para muitos, os efeitos colaterais comuns podem desencorajar o uso contínuo, levando a uma elevada taxa de abandono e, consequentemente, à recaída.
A questão que persiste entre pacientes, familiares e profissionais de saúde é se a síndrome do pânico realmente tem cura. Esta dúvida é muito debatida, uma vez que o conceito de “cura” varia conforme com a perspectiva do indivíduo.
É por isso que, hoje, vamos discutir as possibilidades de cura e gestão da síndrome do pânico, além de oferecer estratégias que podem ajudar os indivíduos a enfrentar essa desafiadora condição.
Se você ficou interessado, prossiga com a leitura e aprenda sobre:
- Síndrome do pânico tem cura? É possível se livrar dela completamente?
- Como identificar gatilhos e evitar crises de síndrome do pânico?
- Quais especialistas procurar para diagnóstico e tratamento da síndrome do pânico?
- A Cannabis medicinal no tratamento da síndrome do pânico
- O que acontece se não tratar a crise do pânico?
- Como familiares e amigos podem apoiar alguém com síndrome do pânico?
Síndrome do pânico tem cura? É possível se livrar dela completamente?
A síndrome do pânico é uma condição que envolve crises repentinas e intensas de medo, acompanhadas por sintomas físicos como palpitações, sudorese, falta de ar e a sensação de que algo terrível está prestes a acontecer.
Muitas pessoas que sofrem dessa condição se perguntam: “Será que isso tem cura? Vou conseguir me livrar dela um dia?”
A boa notícia é que, sim, a síndrome do pânico pode ser controlada e, em muitos casos, é possível se livrar completamente das crises.
A chave para isso está em um tratamento adequado, que geralmente envolve uma combinação de terapia, medicação e mudanças no estilo de vida.
No entanto, a “cura” nem sempre significa que a pessoa nunca mais terá uma crise ou ansiedade. Em alguns casos, a síndrome pode ser algo que a pessoa aprenda a controlar, com os sintomas desaparecendo por longos períodos.
Outro ponto importante é que, mesmo após o término do tratamento, o autocuidado continua sendo importante.
Manter uma rotina equilibrada, praticar técnicas de relaxamento e evitar situações estressantes pode prevenir recaídas.
Com um plano de tratamento adequado e suporte contínuo, muitas pessoas conseguem viver uma vida normal, sem serem dominadas pelo pânico.
Como identificar gatilhos e evitar crises de síndrome do pânico?
A síndrome do pânico pode surgir do nada, mas na maioria das vezes, existem gatilhos — situações, lugares ou até mesmo pensamentos — que desencadeiam as crises.
Aprender a identificar esses gatilhos é parte do processo de controle da síndrome do pânico, e pode ajudar a evitar novas crises ou reduzir sua intensidade.
Veja como fazer isso:
1. Dedique-se ao autoconhecimento
O primeiro passo para identificar seus gatilhos é o autoconhecimento. Ou seja, o paciente deve prestar atenção aos seus pensamentos, emoções e reações físicas durante o dia a dia.
Quando você se sente ansioso, pode ser útil anotar o que estava fazendo, pensando ou sentindo pouco antes da crise começar. Esse processo de auto-observação pode revelar padrões que você talvez não tivesse notado antes.
Pode ser algo tão simples quanto uma situação social que o deixe desconfortável, um pensamento de medo sobre o futuro ou até mesmo uma sensação física, como um batimento cardíaco acelerado.
2. Note o que costuma desencadear suas crises
Ao mapear suas crises, comece a observar se existem certos lugares, pessoas ou situações que parecem estar ligadas a elas.
Por exemplo, algumas pessoas percebem que suas crises ocorrem em locais fechados, cheios de pessoas, enquanto outras notam que o estresse no trabalho ou em casa é o fator desencadeante.
Às vezes, gatilhos internos, como pensamentos catastróficos ou a sensação de perda de controle, também podem ser a causa.
O importante é identificar o que desencadeia suas crises e tentar minimizar a exposição a esses fatores ou, pelo menos, estar mais preparado quando confrontado por eles.
3. Experimente técnicas para relaxar
Uma vez que você tenha uma boa noção dos gatilhos, a próxima etapa é aprender maneiras de lidar com eles.
Técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação ou exercícios físicos, podem ser extremamente eficientes para evitar que uma crise de pânico se desenvolva.
A prática regular dessas técnicas ajuda a manter a mente e o corpo mais equilibrados, reduzindo a chance de o pânico tomar conta.
Além disso, técnicas de grounding, como focar nos seus sentidos ou se conectar com o ambiente ao seu redor, podem ajudar a trazer você de volta ao momento presente durante uma crise iminente.
Durante uma crise de pânico, a respiração tende a se tornar rápida e superficial, o que pode aumentar a sensação de falta de controle.
Praticar respiração profunda e lenta pode ativar o sistema nervoso parassimpático, que promove relaxamento e reduz os sintomas de ansiedade.
Outra técnica poderosa é a meditação mindfulness, que envolve focar sua atenção no presente, aceitando seus pensamentos e sensações sem julgá-los.
Isso ajuda a evitar que os pensamentos catastróficos se acumulem e alimentem o ciclo do pânico.
4. Crie uma rotina regular de hábitos saudáveis
Ter uma rotina saudável é uma das atitudes mais importantes para prevenir a síndrome do pânico. Quando o corpo e a mente estão equilibrados, é mais fácil lidar com o estresse e evitar que a ansiedade chegue a níveis críticos.
Dormir bem também é importante — o sono reparador tem um impacto profundo no humor e na resiliência emocional. Evite dormir pouco ou em horários irregulares, pois a privação de sono intensifica a ansiedade.
Além disso, preste atenção à sua alimentação. Comer de forma equilibrada, com refeições regulares e ricas em nutrientes, ajuda a estabilizar os níveis de energia e evitar flutuações de humor.
Evitar o consumo excessivo de cafeína e açúcar também ajuda a reduzir a probabilidade de sintomas físicos de ansiedade, como palpitações.
Pequenas mudanças no dia a dia têm o poder de criar uma base mais sólida e segura para enfrentar as pressões diárias.
5. Planeje-se antecipadamente
O planejamento antecipado é uma estratégia eficiente para evitar crises de pânico, especialmente se você já identificou gatilhos específicos.
Se você sabe que situações como viagens, compromissos importantes ou eventos sociais desencadeiam ansiedade, preparar-se com antecedência minimiza o impacto desses momentos.
Você pode, por exemplo, criar um “plano de fuga” mental — ou seja, ter em mente o que fazer quando uma crise de pânico está prestes a acontecer. Saber que você tem opções reduz a sensação de estar preso ou fora de controle.
Também é importante ter ferramentas à mão para ajudar durante momentos críticos, como aplicativos de meditação, números de telefone de amigos de confiança ou técnicas de respiração que podem ser usadas imediatamente.
6. Informe-se sobre a síndrome do pânico
A síndrome do pânico, embora aterrorizante, não é perigosa. O coração acelerado, a sensação de falta de ar, o suor excessivo — todos esses sintomas são a resposta do corpo a uma ameaça percebida, mesmo que não haja um perigo real.
Estudar o que acontece no seu corpo durante uma crise de pânico pode ajudar a desmistificar esses sintomas e a diminuir o medo de que algo pior aconteça.
Quando você entende o que está ocorrendo, pode ser mais fácil lembrar que, apesar de desconfortável, a crise passará.
Ler livros, assistir vídeos explicativos, conversar com profissionais de saúde e participar de grupos de apoio pode fornecer o conhecimento necessário para mudar sua percepção sobre a condição e dar-lhe mais segurança para enfrentar as crises.
7. Conte com Amigos e Família
Amigos e familiares podem auxiliar tanto no alívio imediato de uma crise quanto na prevenção de futuras crises. Muitas vezes, apenas ter alguém em quem confiar, alguém que possa ouvi-lo sem julgamentos, já pode fazer diferença.
Compartilhe suas experiências e preocupações com pessoas próximas. Deixe que saibam o que você precisa durante uma crise — às vezes, isso significa estar presente, em silêncio, ao seu lado.
Quando as pessoas ao seu redor entendem o que você está passando, elas podem oferecer suporte mais preciso. Não tenha medo de pedir ajuda.
Se comunicar sobre o que você está vivenciando não só ajuda você, como também permite que os outros aprendam como melhor ajudá-lo nos momentos mais difíceis.
Quais especialistas procurar para diagnóstico e tratamento da síndrome do pânico?
O especialista mais indicado para diagnosticar e tratar a síndrome do pânico é o psiquiatra. Esse profissional lida com transtornos que afetam a saúde mental, incluindo a síndrome do pânico.
O psiquiatra pode avaliar seus sintomas, realizar um diagnóstico e, se necessário, prescrever medicamentos que ajudem a controlar a ansiedade e prevenir as crises.
Outros especialistas, como médicos clínicos gerais ou neurologistas, também podem ser consultados no início do processo, especialmente para descartar outras condições médicas que possam estar provocando sintomas semelhantes, como problemas cardíacos ou distúrbios respiratórios.
Contudo, o tratamento a longo prazo geralmente será realizado por psiquiatras e psicólogos.
A Cannabis medicinal no tratamento da síndrome do pânico
A Cannabis medicinal é uma grande aliada da saúde mental, e seus benefícios podem ser atribuídos a vários mecanismos biológicos.
Um dos principais componentes da Cannabis é o canabidiol (CBD), que interage com o sistema endocanabinoide (SEC) do corpo.
O SEC é uma rede de sinalização celular que regula diversas funções fisiológicas, incluindo o humor, a resposta ao estresse e a ansiedade.
Os receptores canabinoides, principalmente os tipos CB1 e CB2, estão distribuídos em várias regiões do cérebro e do sistema nervoso, influenciando a liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e norepinefrina.
Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a modular a atividade do receptor 5-HT1A, que auxilia na regulação do humor e da ansiedade. Essa ação pode aumentar a liberação de serotonina, resultando em efeitos ansiolíticos.
Este canabinoide também tem propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras, que podem ser benéficas em situações de estresse crônico e de ansiedade.
Outro mecanismo pelo qual a Cannabis medicinal pode beneficiar indivíduos com síndrome do pânico é através da redução da atividade da amígdala, uma estrutura cerebral envolvida na resposta emocional e no processamento do medo.
A ativação excessiva da amígdala está associada ao início das crises de pânico. No entanto, o CBD pode ajudar a diminuir essa hiperatividade, resultando em uma melhora na intensidade das respostas emocionais.
Por fim, a Cannabis medicinal possivelmente promove a produção de novos neurônios no hipocampo, uma área importante para a regulação emocional e a memória.
Esse processo, conhecido como neurogênese, ajuda a restaurar a função normal do cérebro em indivíduos que sofrem de síndrome do pânico.
Quais os benefícios comprovados da Cannabis para síndrome do pânico?
Um estudo de 2011 investigou as propriedades ansiolíticas do CBD em voluntários saudáveis e pacientes com síndrome do pânico, sob estímulos psicológicos e químicos controlados.
Um total de 24 pacientes nunca tratados foi alocado para receber CBD (600 mg) ou placebo uma hora e meia antes de participar de um teste de simulação de falar em público (SPST).
Além disso, um grupo controle de 12 voluntários saudáveis participou do SPST sem medicação, permitindo uma comparação entre os efeitos do CBD, placebo e a resposta de indivíduos sem ansiedade.
Durante o experimento, cada voluntário participou de uma única sessão experimental em um procedimento duplo-cego.
Os pesquisadores mediram classificações subjetivas de ansiedade, desconforto e comprometimento cognitivo por meio da Escala Visual Analógica de Humor (VAMS) e da Escala de Autodeclaração Negativa (SSPS-N).
Além das medições subjetivas, foram registradas medidas fisiológicas, como pressão arterial, frequência cardíaca e condutância da pele, em seis momentos diferentes, fornecendo uma visão geral das reações dos participantes.
Os resultados revelaram que o pré-tratamento com CBD resultou em uma redução significativa da ansiedade, comprometimento cognitivo e desconforto durante a tarefa de fala, além de diminuir a expectativa de alerta antes da fala.
Em contraste, o grupo placebo apresentou níveis elevados de ansiedade, comprometimento cognitivo e desconforto em comparação ao grupo controle.
As pontuações obtidas na SSPS-N mostraram aumentos durante o teste no grupo placebo, enquanto esses aumentos foram praticamente abolidos no grupo que recebeu CBD, indicando um efeito protetor do canabidiol sobre a ansiedade induzida pela situação.
Notavelmente, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos que receberam CBD e os voluntários saudáveis nas pontuações da SSPS-N, nem no comprometimento cognitivo, desconforto ou fatores de alerta.
Essa pesquisa fornece evidências adicionais do potencial terapêutico do CBD no tratamento de distúrbios de ansiedade, destacando seu papel como uma alternativa viável em comparação com tratamentos convencionais.
Como iniciar um tratamento para síndrome do pânico?
Desde a promulgação da RDC nº 3 em 26 de janeiro de 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do canabidiol para fins medicinais, removendo-o da lista de substâncias proibidas e classificando-o como um medicamento controlado.
Essa mudança possibilitou a prescrição de CBD para uma variedade de condições de saúde, especialmente em casos em que os tratamentos convencionais não são eficazes.
Ainda assim, o órgão exige que o paciente encontre um médico devidamente registrado no Conselho Federal de Medicina (CFM) e que tenha experiência em medicina canabinoide para realizar uma avaliação adequada.
E se você tem interesse nesse tipo de tratamento, a plataforma de agendamento do site Cannabis & Saúde permite que pacientes localizem prescritores de canabidiol com muita facilidade.
Para isso, basta clicar aqui e navegar em uma lista com mais de 300 médicos de diversas especialidades. Depois, é só escolher aquele que se encaixa em suas necessidades e marcar uma avaliação.
O paciente será submetido a uma anamnese para determinar a viabilidade do tratamento com canabidiol para sua condição.
Se apropriado, o médico fornecerá uma receita, que poderá ser utilizada para adquirir o produto em farmácias autorizadas ou por importação.
Os órgãos reguladores no Brasil supervisionam e orientam o processo de prescrição e compra dos produtos à base de Cannabis, assegurando que todo o tratamento ocorra em conformidade com a legislação vigente.
Portanto, se você está considerando iniciar um tratamento com CBD, agende uma consulta no Cannabis & Saúde e converse com um médico que pode guiá-lo no caminho mais adequado.
O que acontece se não tratar a crise do pânico?
O principal problema é que, sem tratamento adequado, as crises tendem a se tornar mais frequentes e intensas.
Além disso, a pessoa pode começar a desenvolver comportamentos de evitação, o que significa que ela passará a fugir de situações ou lugares que teme que possam desencadear novas crises.
Esse comportamento pode levar à agorafobia, uma condição na qual a pessoa evita sair de casa ou estar em locais onde seria difícil escapar caso uma crise de pânico ocorresse.
Com o tempo, essa evitação isola o indivíduo, impactando suas atividades diárias, relacionamentos e até mesmo sua carreira.
Em casos extremos, o paciente pode ficar totalmente dependente dos outros, com medo constante de passar por novas crises.
Outro risco de não tratar a síndrome do pânico é o desenvolvimento de outros transtornos mentais, como depressão e outros transtornos de ansiedade.
A convivência constante com o medo das crises pode aumentar o estresse, exaurir emocionalmente e piorar a qualidade de vida em geral.
Sem uma cura, o impacto físico também é significativo: a síndrome do pânico pode causar problemas crônicos de saúde, como hipertensão, devido ao estresse contínuo.
Como familiares e amigos podem apoiar alguém com síndrome do pânico?
Se você conhece alguém que sofre de síndrome do pânico, seu apoio pode trazer conforto e segurança. Mas é importante saber como agir para realmente ajudar, sem aumentar a ansiedade da pessoa ou minimizar sua experiência.
Primeiro, tente entender a condição. Pesquise sobre a síndrome do pânico, compreenda os sintomas e reconheça que, embora as crises possam parecer irracionais ou exageradas, para a pessoa que está sofrendo, elas são extremamente reais e aterrorizantes.
Durante uma crise de pânico, esteja presente de maneira tranquila. Ofereça suporte, mas evite dar comandos ou forçar a pessoa a se acalmar.
Pergunte o que ela precisa — às vezes, apenas sua presença calma é o suficiente. Frases como “Estou aqui com você” ou “Isso vai passar, estou ao seu lado” podem ser reconfortantes.
No dia a dia, ajude a pessoa a identificar gatilhos e desenvolver estratégias para lidar com eles. Se ela estiver participando de terapia ou tomando medicamentos, encoraje-a a seguir o tratamento.
Mas lembre-se, o apoio não quer dizer fazer tudo por ela. Ajudar alguém com síndrome do pânico também significa encorajá-la a enfrentar seus medos de maneira controlada, sem se tornar dependente de você.
Outra forma de apoiar é ser flexível e compreensivo com as limitações que a síndrome do pânico pode causar.
Respeite se a pessoa não estiver se sentindo confortável em participar de certas atividades, mas também a incentive gentilmente a retomar aos poucos sua rotina normal.
Muitas vezes, o medo do estigma social é uma grande preocupação para quem sofre de síndrome do pânico. Certifique-se de que a pessoa saiba que não está sozinha e que não será julgada por suas crises.
Conclusão
Embora a síndrome do pânico possa ser uma condição desafiadora, com o tratamento adequado, é possível aprender a controlar os sintomas e, possivelmente, alcançar a cura.
Para algumas pessoas, os sintomas podem desaparecer completamente, mas mesmo que eles persistam, saber como gerenciá-los já é uma grande vitória.
E se você se interessa por abordagens alternativas para cuidar da saúde mental, que tal explorar mais sobre os benefícios da Cannabis?
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