Você já ouviu falar do autismo leve, previamente denominado Síndrome de Asperger? É uma condição que faz parte dos Transtornos do Espectro Autista (TEAs).
Desde 2007, em 18 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, visando a sensibilizar a sociedade sobre essa condição.
Escolheu-se essa data em homenagem a Johann Hans Friedrich Karl Asperger, um médico austríaco que descreveu pela primeira vez as características dessa síndrome em 1944, na Universidade de Viena.
No entanto, descobertas revelaram que Asperger utilizava métodos duvidosos em sua prática médica, levantando preocupações sobre a escolha do dia e do termo “Asperger” para nomear o autismo leve.
Documentos históricos indicam que Asperger tinha conexões com o Nazismo e apoiava a eugenia, o que torna polêmica a celebração de sua contribuição.
Isso levou à substituição do termo “Síndrome de Asperger” para “autismo leve”, que é o foco do nosso artigo hoje.
A seguir, vamos entender tudo a respeito do autismo leve e como a Cannabis medicinal ajuda no manejo dos sintomas desta condição.
Prossiga com a leitura deste artigo e confira sobre:
- A História alterando a Medicina
- O que é considerado Síndrome de Asperger agora?
- Sinais e sintomas do autismo leve
- Como é uma pessoa com autismo leve?
- Quais são as possíveis causas do autismo leve?
- Como diagnosticar o autismo leve?
- Tratamento para autismo leve
- O uso da Cannabis medicinal para pacientes com autismo leve
- Principais perguntas sobre o autismo leve
- Entidades de apoio do TEA
A História alterando a Medicina
O termo “Síndrome de Asperger” consta na 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças – CID-10 (F84.5), mas foi removido na CID-11.
E, a partir de janeiro de 2022, quando a CID-11 passou a valer no Brasil, o termo entrou em desuso e seu diagnóstico também foi retirado do DSM-5.
Atualmente, os sintomas desta condição passaram a ser considerados parte dos Transtornos do Espectro Autista (TEAs), sendo considerado como o nível leve do TEA.
Desde então, a antiga Síndrome de Asperger é classificada como um transtorno do espectro autista (TEA).
Segundo a psiquiatra Dra. Ana Gabriela Hounie, CRM 94382, esta condição é um tipo de autismo bem mais leve e que, antigamente, era chamada de autismo atípico.
“Uma pessoa com essa condição tem funcionalidade praticamente normal. Tanto que existem várias pessoas por aí, que são famosas e têm autismo leve”, pontuou Dra. Hounie.
Mesmo que o nome de Asperger não seja mais utilizado, o dia 18 de fevereiro ainda é dedicado a conscientizar sobre o autismo, em todas as suas variações, e sensibilizar o público sobre a necessidade de inclusão.
Embora o autismo leve também possa afetar a qualidade de vida de alguém, há muitas abordagens de tratamento e terapias disponíveis que visam reduzir os sintomas do transtorno.
O que é considerado Síndrome de Asperger agora?
Como abordado acima, o termo Síndrome de Asperger caiu em desuso desde 2022, passando a ser considerado como parte do transtorno do espectro autista (TEA).
O autismo leve, conhecido anteriormente como Síndrome de Asperger, é um quadro neurobiológico que muda a forma como a pessoa que o possui percebe o mundo e, também, suas interações sociais.
As pessoas com TEA, apesar de terem dificuldades em interpretar expressões faciais, tom de voz e linguagem corporal, possuem sintomas mais leves em comparação com outros níveis do espectro.
A condição foi descoberta pela comunidade médica por meio da tese do austríaco Hans Asperger, feita em 1944.
Contudo, ela só ganhou mais força no meio médico a partir de 1981, com a psiquiatra Lorna Wing.
Após essa popularização, trazida por Wing, a Síndrome de Asperger passou a fazer parte do CID e do DSM-4, em 1992 e 1994, respectivamente.
Desde descobertas sobre a conduta do psiquiatra, que auxiliou no regime nazista (conforme publicado na revista científica Molecular Autism), a comunidade médica e atípica busca evitar usar o termo.
Inclusive, a mudança já foi realizada, justamente no DSM-5, em sua versão mais recente, a qual está em vigor no Brasil em 2022.
Qual é a diferença entre Asperger e Autismo? É um mesmo transtorno?
Como você sabe, a Síndrome de Asperger é agora o que chamamos de autismo leve, o que significa que compartilha muitas características de outros níveis do TEA.
No entanto, existem algumas diferenças importantes se comparado com outros níveis de autismo.
Por exemplo, as pessoas com autismo leve começam a desenvolver a linguagem mais cedo do que aquelas com autismo moderado.
Elas tendem a ter interesses mais intensos e restritos em áreas específicas, enquanto as pessoas enquadradas em níveis mais altos possuem uma gama mais variada de interesses ao longo do tempo.
Além disso, as pessoas com autismo leve costumam ter menos dificuldade com a linguagem e a comunicação social em comparação com as pessoas com os níveis mais altos do espectro.
Por ser um transtorno do neurodesenvolvimento, é comum que pessoas com esta condição tenham dificuldades na comunicação social, padrões repetitivos de comportamento e interesses limitados.
Incidência do autismo leve no Brasil
O autismo leve é mais comum do que muitas pessoas acreditam: segundo o jornal El País, pelo menos 1% da população mundial tem algum quadro característico de Transtorno do Espectro Autista.
No Brasil, a incidência do autismo de nível leve não é definitivamente conhecida.
Estima-se que, das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), aproximadamente 20% tenham autismo leve.
Apesar de ainda existir muito desconhecimento e estigma em relação ao autismo no Brasil, houve um aumento no número de diagnósticos nos últimos anos.
Isso se deve, em parte, à maior conscientização sobre a patologia e à desestigmatização desse transtorno, bem como à melhor capacitação dos profissionais de saúde para diagnosticar e tratar o TEA.
No Brasil, ainda há muitos problemas relacionados ao autismo.
Por exemplo, muitas famílias e pessoas com autismo leve têm dificuldades para conseguir os cuidados de saúde adequados.
Além disso, ainda existe discriminação e preconceito contra pessoas com autismo, o que dificulta a integração delas na sociedade.
Por isso, mais do que nunca, é preciso educar as pessoas sobre o autismo para que todos possam entender melhor e ajudar os indivíduos atípicos a receberem os cuidados de que precisam.
Sinais e sintomas do autismo leve
O autismo leve é parte de um espectro, onde cada indivíduo apresenta características únicas.
Assim, é possível que uma pessoa com autismo demonstre sinais e traços diferentes de outras.
Muitas vezes, especialmente se tratando de autismo leve, esses sinais não são identificados até a idade adulta.
Alguns costumam ter sinais e sintomas os quais não impactam em suas vidas, sendo às vezes referidos como tendo um autismo, porém uma vida altamente funcional.
O autismo apresenta nuances distintas em crianças e adultos que aprenderam a adaptar seus comportamentos ao longo do tempo.
Esses sintomas também se manifestam de maneira diferente entre mulheres e meninas em comparação com homens e meninos.
Sintomas de autismo leve em crianças
Indivíduos com autismo leve frequentemente desenvolvem estratégias adaptativas ao longo do tempo, dificultando a identificação clara dos sinais e sintomas.
Em muitos casos, se não foram diagnosticados na infância, essas pessoas não estão cientes de sua condição até a idade adulta.
É preciso lembrar que nem todas as crianças exibirão as características descritas, e a manifestação dessas características pode variar.
Quanto aos sinais de autismo leve em crianças, estes podem incluir:
- Atraso na fala quando comparado com as crianças típicas;
- Ansiedade em situações sociais;
- Aparente maturidade além da idade e inteligência acima da média;
- Tendência a evitar contato visual;
- Dificuldade em lidar com mudanças na rotina;
- Dificuldade em fazer amizades e manter relações sociais;
- Comportamento excessivamente falante;
- Obsessão por hobbies e interesses específicos;
- Dificuldade em compartilhar e interagir com os outros;
- Comportamentos motores incomuns, como andar nas pontas dos pés;
- Entonação monótona ou uso atípico de tom ao falar;
- Comportamentos repetitivos;
- Sensibilidade a certas texturas de alimentos, luzes, sons e odores;
- Dificuldades com habilidades motoras finas;
- Memória excepcional;
- Sensibilidade ao toque e desconforto com invasões do espaço pessoal;
- Desinteresse aparente em atividades e conversas ao redor;
- Dificuldade em perceber sarcasmo e nuances sociais.
Esses sintomas representam desafios na interação social, comunicação e adaptação ao ambiente, particularmente em situações onde as expectativas sociais não são claras.
Sinais e sintomas em adultos
Os sinais comuns de autismo leve em adultos são muito semelhantes aos das crianças, mas mudam de acordo com a situação.
Estes sintomas costumam se manifestar como:
- Incapacidade de manter contato visual sem desconforto;
- Problemas para avaliar sinais sociais;
- Ansiedade em ambientes sociais;
- Tem dificuldade com as nuances da comunicação verbal e dificuldade em entender piadas e sarcasmo;
- Rituais e hábitos restritivos;
- Facilmente sobrecarregado por estímulos sensoriais;
- Problemas para tomar decisões;
- Aderência a rotinas rígidas;
- Perceber informações sensoriais (sons, cheiros, etc.) que outros não percebem;
- Dificuldade em falar em uma conversa bidirecional;
- Capacidade de “hiperfoco” no trabalho ou em um interesse específico;
- Experimenta algumas emoções com mais intensidade do que outras;
- Frustração mesmo com pequenas mudanças ou interrupções;
- Sensibilidade à luz, ruído ou cheiro;
- Dificuldade com transições;
- Frequentemente atrasado;
- Prefere ouvir e observar do que falar e interagir;
- Pode ter perfeccionismo em certas áreas;
- Prefere trabalhar em casa ou longe de outras pessoas;
- Evita situações sociais estressantes, como festas;
- Tem dificuldade em rastrear quando mais de uma conversa ocorre ao mesmo tempo;
- Tende a interpretar as coisas de forma literal.
Como é uma pessoa com autismo leve?
Alguém que tem autismo leve, antes conhecido como Síndrome de Asperger, se parece muito com uma pessoa neurotípica.
Esses indivíduos conseguem se adaptar muito bem às situações, especialmente quando comparado a pessoas com níveis mais severos do espectro.
Isso significa que seus sintomas não são tão óbvios, e muitas vezes o indivíduo só descobre que tem essa condição quando se torna adulto.
Ainda assim, existem alguns comportamentos que são comuns nesse grupo de pessoas, como:
1. Dificuldades na comunicação social
A pessoa que possui autismo leve geralmente tem dificuldades em entender e seguir as regras sociais que não são claramente explicadas.
Assim, interpretar a linguagem corporal, expressões faciais e tom de voz das outras pessoas pode ser complicado para elas.
Por causa disso, às vezes podem parecer distantes ou desinteressadas, mas na verdade estão apenas tentando entender como se comportar em determinadas situações sociais.
2. Comportamentos repetitivos ou restritivos
As pessoas com autismo leve geralmente têm interesses muito intensos e específicos em certos assuntos, e passam bastante tempo focadas neles.
Também podem ter comportamentos repetitivos, como movimentos corporais específicos ou seguir rotinas muito rígidas.
Esses comportamentos costumam ajudá-las a se sentir menos ansiosas e mais no controle, especialmente em um mundo que pode parecer confuso e imprevisível para elas.
3. Problemas sensoriais
Assim como outras pessoas com TEA, portadores de autismo leve possuem sensibilidades sensoriais exacerbadas.
Então, certos estímulos sensoriais podem ser avassaladores e dolorosos para elas, como sensibilidade a luzes, sons, texturas de roupas e odores.
Essas sensibilidades impactam significativamente suas atividades diárias, dificultando a participação em ambientes ruidosos ou lotados.
4. Falta de habilidades motoras
Pessoas com autismo leve costumam ter dificuldades com habilidades motoras finas e grossas, afetando sua capacidade de fazer coisas do dia a dia que exigem coordenação precisa.
Apesar de não ser um sintoma muito comum, tarefas como escrever à mão, amarrar os sapatos, praticar esportes ou manusear objetos com destreza são difíceis para alguns.
Essas dificuldades causam frustração e desânimo, afetando a maneira como essas pessoas se veem.
5. Problemas com a linguagem
Embora a maioria das pessoas com autismo leve consiga desenvolver bem a linguagem, para outras, a linguagem pode ser uma área de desafio.
Então, pode surgir dificuldade em compreender e usar linguagem figurada, sarcasmo ou ironia, levando à interpretação literal.
Além disso, expressar seus próprios pensamentos e sentimentos de forma clara e concisa pode ser difícil para elas, resultando em comunicações mal interpretadas ou inadequadas.
6. Ansiedade e depressão
A luta para se adaptar socialmente e lidar com os desafios do dia a dia pode levar a altos níveis de ansiedade e, em alguns casos, depressão em pessoas com autismo leve.
A sensação de não pertencimento, a dificuldade em estabelecer conexões sociais e o enfrentamento das sensibilidades sensoriais exacerbadas levam ao isolamento e baixa autoestima.
Por isso, é muito importante dar apoio emocional e acesso a recursos que ajudem essas pessoas a lidar com esses desafios e a se conectar com os outros.
Quais são as possíveis causas do autismo leve?
Embora a causa exata do autismo leve ainda seja desconhecida, muitos estudos foram realizados, para tentar encontrar fatores que aumentam o risco de desenvolvimento.
Entre as possíveis causas detectadas, se encontram:
Fatores genéticos
Acredita-se que a genética seja um dos principais fatores que influenciam no desenvolvimento do autismo.
Estudos mostram que o risco de desenvolver o transtorno é maior em pessoas que têm parentes próximos com a patologia.
Cérebro atípico
As pessoas com autismo podem ter particularidades no cérebro que afetam a forma como processam informações sensoriais.
Algumas pesquisas mostram que elas têm diferenças na estrutura e função de certas áreas do cérebro.
Exposição a substâncias tóxicas
A exposição a certas substâncias tóxicas durante a gravidez ou nos primeiros anos de vida pode aumentar o risco de desenvolver distúrbios do neurodesenvolvimento.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender melhor sua relação com o autismo.
Como diagnosticar o autismo leve?
O diagnóstico da Síndrome de Asperger, agora conhecida como autismo leve, pode ser difícil, pois muitas das características do transtorno também são encontradas em outras condições.
No entanto, existem alguns critérios que os profissionais de saúde geralmente usam para fechar esse quadro.
O diagnóstico do autismo leve é feito através de uma avaliação clínica e comportamental realizada por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo.
Esta avaliação costuma incluir entrevistas com o paciente e sua família, observação do comportamento e realização de testes psicológicos padronizados.
O diagnóstico também pode ser baseado em critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) ou pela Classificação Internacional de Doenças (CID).
Nova Classificação CID para TEA
O CID é a Classificação Internacional de Doenças utilizado pelos profissionais de saúde para diagnóstico e tratamento de patologias, síndromes e outros quadros que estão alinhados com essa área.
O CID-11 foi publicado em junho de 2020 e é padronizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ele segue, neste caso, uma alteração semelhante, que já tinha acontecido no DSM-5 (a quinta versão do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais).
Ambos, portanto, unificam os diversos quadros de autismo em um só diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA), sob o código F84.
A partir dele, temos outras variações, dentre elas, a Síndrome de Asperger (classificação F84.5), que foi atualizada para Transtorno do Espectro Autista de Nível Leve.
Ao reunir todos os quadros de autismo sob uma mesma classificação, a ideia é facilitar o diagnóstico, o que permite maior agilidade no início do tratamento.
Tratamento para autismo leve
O tratamento do Asperger, agora chamado de autismo leve, é multidisciplinar e costuma incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicoterapia.
O objetivo é ajudar o indivíduo a desenvolver habilidades sociais e de comunicação, gerenciar comportamentos repetitivos e melhorar sua qualidade de vida.
Em alguns casos, medicamentos são prescritos para tratar sintomas específicos, como ansiedade ou hiperatividade.
Estes, por sua vez, incluem:
- Ansiolíticos;
- Antidepressivos;
- Estimulantes;
- Estabilizadores de humor;
- Entre outros.
O uso da Cannabis medicinal para pacientes com autismo leve
Ao longo dos anos, mais pacientes e suas famílias estão buscando orientação de médicos sobre o uso de canabinoides para aliviar os sintomas do autismo.
Desde a melhora da qualidade de vida em geral até acalmar a agressão, um fluxo de pesquisas está sugerindo que o canabidiol (CBD), um componente da Cannabis, pode fazer maravilhas para as pessoas que o utilizam.
A Cannabis produz mais de 500 substâncias, das quais mais de 100 delas são canabinoides que interagem com receptores dentro e fora do sistema endocanabinoide do corpo.
Sabe-se que uma desregulação do sistema endocanabinoide está associada ao surgimento de problemas no neurodesenvolvimento, como o autismo.
Então, o uso de canabinoides promove a otimização desse sistema, influenciando na melhora dos sintomas que afetam indivíduos com autismo leve.
Além de sua atuação dentro do sistema endocanabinoide, a Cannabis poderia auxiliar na regulação da sinalização de sinapses cerebrais.
Mutações da proteína neuroligina-3, encontradas em pessoas com autismo, interferem na sinalização cerebral e causam deficiências no desenvolvimento.
Apesar disso, a Cannabis ajuda a amenizar o impacto destes déficits por meio de sua atuação na plasticidade sináptica.
No entanto, seus benefícios são mais notáveis quando se trata da melhora de distúrbios de humor em pessoas com TEA.
Para pessoas com autismo, é frequentemente prescrita uma mistura de antidepressivos, antipsicóticos e estimulantes.
Todos eles têm efeitos colaterais graves e podem ser reduzidos pelo uso de Cannabis medicinal, já que a planta é capaz de regular o humor.
Um dos principais canabinoides da Cannabis, o CBD, é um agonista do receptor 5HT1A (serotonina) e do receptor de dopamina.
Assim, ajuda na ansiedade, sono, percepção da dor e náusea, além de conferir propriedades antipsicóticas, úteis para pessoas com autismo.
Evidências clínicas sobre o uso de Cannabis para autismo
No estudo Cannabidiol Based Medical Cannabis in Children with Autism- a Retrospective Feasibility Study, encontramos relatos anedóticos do uso de canabidiol em crianças com autismo.
Nele, 60 crianças receberam tratamento com CBD e THC, com análise de critérios e questões como tolerância e eficácia.
Ao final do estudo, os resultados envolveram uma melhoria dos sintomas de crises de autismo em 61% dos pacientes.
Questões de ansiedade e comunicação tiveram uma melhora em 39% e 47% dos casos, respectivamente.
Os comportamentos considerados socialmente disruptivos tiveram melhora em 29% dos casos.
Além disso, o estresse nas crianças teve uma redução em 33% dos casos.
Outro estudo (Cannabis for autism – an introduction) mostrou efeitos promissores da Cannabis para todos os domínios.
De acordo com os pesquisadores, mudanças positivas apareceram no domínio dos chamados “comportamentos desafiadores”.
Isso inclui comportamentos e dificuldades, como:
- Agressão e automutilação;
- Ansiedade;
- Hiperatividade;
- Letargia;
- Irritabilidade;
- Fala inadequada;
- Problemas sensoriais;
- Distúrbios do sono;
- Convulsões.
Temos, ainda, uma pesquisa realizada no Brasil sobre os efeitos do CBD sobre os sintomas de desordem do espectro autista, publicada na revista Frontiers in Neurology.
A pesquisa acompanhou 18 pacientes com autismo, que utilizaram Cannabis. Ao final do estudo, os pacientes apresentaram os seguintes resultados:
- a maioria dos participantes apresentou resultados positivos, principalmente, no que diz respeito aos distúrbios de sono;
- melhora do desenvolvimento motor, comunicação e interação social e desempenho cognitivo;
- 93% dos participantes que seguiram até o final dos estudos tiveram melhora igual ou superior a 30% em, pelo menos, mais de uma categoria de sintomas.
Por fim, se você quer acompanhar mais histórias de pacientes, conheça o caso de Daniel, filho de Mariluce de Oliveira, que obteve uma virada de chave em sua vida após realizar o tratamento com CBD para os sintomas de autismo.
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Principais perguntas sobre o autismo leve
O autismo é uma condição complexa e muitas vezes mal-compreendida, o que pode gerar diversas perguntas e dúvidas em relação a ela.
Nesta seção, vamos explorar algumas das principais perguntas sobre essa síndrome e fornecer respostas úteis.
Quais famosos têm autismo leve?
Muitas pessoas famosas foram diagnosticadas com TEA ou têm características dessa condição. Elas vêm de diferentes áreas, como:
- Temple Grandin: Renomada professora e ativista americana, conhecida por suas contribuições no bem-estar animal e na melhoria das práticas de manejo de gado. Grandin é autista e compartilhou sua história em vários livros e palestras.
- Dan Aykroyd: O famoso ator e comediante canadense, conhecido por seu trabalho em filmes como “Os Caça-Fantasmas”, revelou que foi diagnosticado com autismo leve em idade adulta.
- Daryl Hannah: A atriz americana, conhecida por seus papeis em filmes como “Splash” e “Kill Bill”, revelou que foi diagnosticada com autismo leve quando adulta.
- Susan Boyle: A cantora escocesa ganhou fama após sua participação no Britain’s Got Talent em 2009. Ela foi diagnosticada com síndrome de Asperger, agora conhecida como autismo leve.
- Anthony Hopkins: O renomado ator galês, famoso por atuar em filmes como “O Silêncio dos Inocentes” e “Thor”, revelou que possui traços de autismo leve.
- Greta Thunberg: A ativista sueca pelo meio ambiente ganhou destaque global por seus esforços em alertar sobre as mudanças climáticas. Ela também é diagnosticada com autismo.
- Tim Burton: O diretor de cinema conhecido por filmes como “Edward Mãos de Tesoura” e “O Estranho Mundo de Jack” foi diagnosticado com autismo leve, a antiga síndrome de Asperger.
- Courtney Love: A cantora e atriz americana, conhecida por seu papel na cena grunge dos anos 90 como vocalista da banda Hole e por seu casamento com Kurt Cobain, revelou que foi diagnosticada com síndrome de Asperger.
- Satoshi Tajiri: Ele é o criador dos jogos Pokémon, uma franquia de entretenimento extremamente popular em todo o mundo. Tajiri tem autismo, e sua paixão por colecionar insetos na infância influenciou a criação do universo Pokémon.
- Bill Gates: O empresário americano e co-fundador da Microsoft, conhecido por sua influência no mundo da tecnologia e filantropia. Gates revelou em entrevistas que tem traços de autismo leve.
Essas pessoas têm talentos incríveis em suas áreas, mas também enfrentam desafios em suas vidas pessoais e profissionais devido à condição.
Elas são provas importantes de que ter autismo não impede ninguém de alcançar grandes realizações.
O que irrita uma pessoa com autismo leve?
Às vezes, pessoas com autismo leve, a antiga Síndrome de Asperger, podem se sentir desconfortáveis em certas situações sociais ou emocionais.
Aqui estão algumas coisas que costumam irritá-las:
- Muitos barulhos ou estímulos fortes;
- Mudanças repentinas ou surpresas;
- Instruções confusas ou expectativas não claras;
- Interrupções ou mudanças frequentes de assunto.
Lembre-se de que cada pessoa com TEA é única, então é importante conversar com ela e entender o que a afeta mais.
Como conviver com uma pessoa com TEA?
Não existe nenhum segredo em conviver com quem tem autismo, bastando apenas respeitar seu espaço e desejos.
Os problemas surgem, justamente, se houver uma quebra dos limites pessoais que essa pessoa deseja ter.
Portanto, aqui vão algumas dicas para tornar essa convivência mais tranquila:
- Forneça instruções claras para que a pessoa possa entender melhor o que é esperado dela;
- Ser paciente e entender que a pessoa pode levar um pouco mais de tempo para processar informações ou lidar com certas situações é essencial;
- Evite fazer mudanças bruscas na rotina ou surpreender a pessoa com imprevistos sempre que possível, pois isso pode causar desconforto;
- Seja honesto e direto em suas comunicações, evitando ambiguidades ou mensagens indiretas que podem ser difíceis de entender;
- Reconheça e respeite a necessidade da pessoa por espaço e tempo sozinha quando ela precisar.
Além destas dicas, educar-se sobre o TEA te ajuda a entender melhor as necessidades da pessoa, e buscar apoio de grupos ou profissionais de saúde pode ser muito útil para você e para ela.
Como acalmar uma pessoa com autismo leve?
Quando uma pessoa tem TEA, pode ser um pouco complicado acalmá-la, especialmente se estiver se sentindo sobrecarregada com barulhos altos ou muitas emoções.
Com isso em mente, aqui estão algumas coisas que podem ajudar:
- Crie um lugar calmo, sem muitos estímulos sensoriais, como luzes brilhantes ou barulhos altos.
- Crie um cantinho onde essa pessoa possa se sentir segura e confortável para se acalmar quando precisar;
- É importante falar de maneira direta e fácil de entender. Evite usar muitas metáforas ou expressões complicadas;
- Ofereça ideias claras e simples para ajudar a resolver problemas ou lidar com situações difíceis;
- Alguns exercícios simples, como respirar fundo ou relaxar os músculos, podem ajudar a acalmar.
- Cada pessoa com autismo leve é única, então, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
É legal conversar com ela e descobrir o que a faz se sentir melhor quando está agitada.
Quais são os filmes sobre o autismo?
Os recursos audiovisuais, como filmes e séries, são uma forma divertida e emocionante de aprender mais sobre o TEA.
Com narrativas sensíveis e personagens complexos, esses filmes abordam uma visão íntima das experiências de indivíduos no espectro do autismo, explorando temas como amor, superação e aceitação.
Por isso, elaboramos uma lista rápida de filmes interessantes sobre autismo que vale a pena conferir:
1. Rain Man (1988)
“Rain Man” é um drama clássico que acompanha a jornada de Charlie Babbitt (Tom Cruise), que descobre que seu irmão mais velho, Raymond (Dustin Hoffman), é uma pessoa com autismo.
A trama se desenrola enquanto Charlie tenta se aproximar de Raymond e entender melhor seu mundo autista.
2. Temple Grandin (2010)
“Temple Grandin” é uma cinebiografia da renomada professora e cientista Temple Grandin, que revolucionou o entendimento do autismo e se tornou uma das principais ativistas da causa animal.
O filme retrata a jornada de Temple desde sua infância, enfrentando desafios com sua condição até sua ascensão como uma das principais autoridades em comportamento animal.
“Temple Grandin” é uma inspiradora história de determinação e superação, mostrando como o autismo não é uma limitação, mas sim uma parte da identidade de Temple.
3. Mary and Max (2009)
“Mary and Max” é uma emocionante animação stop-motion que narra a incomum amizade entre Mary e Max, um homem com autismo leve, a antiga Síndrome de Asperger em Nova York.
Retratando temas complexos, o filme aborda o isolamento social, empatia e aceitação, enquanto acompanha as cartas trocadas entre Mary e Max ao longo dos anos.
4. Mozart and the Whale (2005)
“Mozart and the Whale” narra a história de amor entre Donald e Isabelle, ambos no espectro do autismo.
O filme explora suas lutas individuais e como encontram conexão um no outro.
5. Adam (2009)
“Adam” é uma história romântica que segue o personagem titular, um jovem com síndrome de Asperger, enquanto tenta se adaptar à vida após a morte de seu pai.
Ele desenvolve um relacionamento com sua vizinha Beth, enfrentando desafios sociais e emocionais ao longo do caminho.
6. A Boy Called Po (2016)
Em “A Boy Called Po”, acompanhamos a jornada emocional de David Wilson e seu filho autista, Po, após a morte da esposa e mãe deles.
David precisa aprender a se conectar com Po e ajudá-lo a encontrar sua voz interior.
O filme mostra as lutas de Po para se adaptar a um mundo que não o compreende, enquanto David enfrenta seus próprios desafios como pai solteiro tentando criar um filho com necessidades especiais.
7. The Story of Luke (2012)
“The Story of Luke” acompanha a vida de Luke, um jovem com autismo, enquanto ele busca independência após a morte de sua avó, que o criou.
Luke enfrenta desafios para se adaptar a um mundo que o subestima, enquanto ele busca aceitação e autossuficiência.
Ao longo do caminho, ele encontra apoio em pessoas inesperadas.
Entidades de apoio do TEA
As entidades de apoio ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) são muito importantes para ajudar as pessoas com autismo e suas famílias a terem uma vida melhor.
Essas organizações oferecem apoio emocional, informações importantes, ajudam a encontrar serviços especializados e dão orientações para que as pessoas com TEA sejam incluídas na sociedade e na educação.
Elas também trabalham para que mais pessoas entendam o autismo e lutam pelos direitos das pessoas autistas.
Associação Amigos do Autista (AMA)
A Associação Amigos do Autista (AMA) é uma das entidades de apoio mais importantes para o TEA no Brasil.
Fundada em 1996, a AMA é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com autismo e suas famílias.
A AMA oferece diversos serviços, como atendimento psicológico, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicopedagogia e orientação jurídica.
Também promove atividades esportivas, culturais e de lazer para os autistas e seus familiares.
Associação de Atendimento e Apoio ao Autista (Aampara)
A Associação de Atendimento e Apoio ao Autista (Aampara) é outra entidade importante para o TEA no Brasil.
Fundada em 2003, a Aampara tem como missão promover a inclusão social e educacional das pessoas com autismo e suas famílias.
A Aampara promove cursos de capacitação para profissionais que trabalham com autistas e realiza eventos para conscientização sobre o autismo em toda a sociedade.
A entidade também tem um projeto de inclusão escolar que oferece apoio para a adaptação de crianças com autismo em escolas regulares.
Conclusão
A antiga Síndrome de Asperger, que agora é chamada de autismo leve, é uma forma de autismo que influencia como as pessoas se relacionam, se comunicam e se comportam.
Embora não tenha uma cura definitiva, muitas pessoas com autismo leve têm vidas plenas e produtivas com o apoio certo da família e o tratamento adequado.
A terapia comportamental, educação especial, medicamentos e, às vezes, o uso de Cannabis medicinal, são partes integrantes de um plano de tratamento efetivo para TEA.
Outro objetivo importante é conscientizar a sociedade sobre o autismo e suas diferentes formas para que essas pessoas sejam compreendidas e respeitadas.
Então, para aprender mais sobre esse assunto e ajudar nesse propósito, fique de olho em outros artigos disponíveis aqui no portal.