A síndrome da boca ardente é uma condição médica intrigante e muitas vezes desafiadora que afeta um número significativo de pessoas em todo o mundo.
Caracterizada por uma sensação de queimação persistente na boca, língua e garganta, esse problema pode ser debilitante e afetar a qualidade de vida dos afetados.
Neste texto, exploraremos as causas, sintomas e diversas opções de tratamento disponíveis para a síndrome da boca ardente, visando fornecer uma visão abrangente desta condição complexa e auxiliar aqueles que a enfrentam a compreender e gerenciar melhor seus sintomas.
Por aqui, você vai encontrar:
- O que é a síndrome da boca ardente?;
- Causas comuns da síndrome da boca ardente;
- Diferenças entre a síndrome da boca ardente primária e secundária;
- Diagnóstico da síndrome da boca ardente: quais são os profissionais envolvidos?;
- Tratamentos para a síndrome da boca ardente;
- Dicas de higiene bucal para quem sofre da síndrome da boca ardente;
- Síndrome da boca ardente: mitos e fatos sobre essa condição.
Confira!
O que é a síndrome da boca ardente e seus principais sintomas
A síndrome da boca ardente (SBA) é uma doença que foi descrita pela primeira vez por volta do século XIX e atinge, majoritariamente, as mulheres após a menopausa. Também conhecida como estomatodinia ou glossodinia, ela se caracteriza por uma espécie de queimação na mucosa oral e na língua. A sensação pode ser descrita como semelhante a quando comemos pimenta, e pode ser constante ou intermitente, leve ou severa.
Outros sintomas comuns da SBA são boca seca (xerostomia), boca com gosto metálico ou alterado, aumento da sensibilidade a determinados alimentos, formigamento e dormência na boca.
Causas comuns da síndrome da boca ardente e fatores de risco
Ainda não se sabe de forma precisa o que causa a síndrome da boca ardente. No entanto, existem algumas teorias e alguns fatores de risco que são associados a essa condição.
Problemas neuropáticos, que causam alterações nos nervos sensoriais da boca; alterações hormonais, como a menopausa; deficiências nutricionais; alergias alimentares e reações a medicamentos são algumas dessas possíveis causas.
Quanto aos fatores de risco, podemos citar a idade, já que pessoas mais velhas tendem a apresentar mais o problema que os jovens; o sexo, pois as mulheres são mais suscetíveis à SBA; distúrbios de saúde mental, como ansiedade e depressão; e o uso de próteses dentárias mal ajustadas.
Reforçamos, porém, que a SBA é uma condição bastante complexa e, por isso, as causas podem variar de pessoa para pessoa.
Alimentos e bebidas que podem desencadear a síndrome da boca ardente
Alguns alimentos e bebidas podem ajudar a desencadear a síndrome da boca ardente. Esses alimentos variam de pessoa para pessoa, mas, no geral, podemos dizer que alimentos condimentados, picantes, ácidos, muito quentes, salgados ou doces demais podem ser gatilhos para o problema. Para quem tem problemas dentários, os alimentos mais duros também podem causar irritação e iniciar a SBA.
Quanto às bebidas, chá e café, devido à temperatura em que são consumidos, podem agravar a síndrome. Bebidas alcoólicas também podem piorar a queimação e a sensação de boca seca.
Diferenças entre a síndrome da boca ardente primária e secundária
A síndrome da boca ardente pode ser dividida em dois tipos: primária e secundária.
A SBA primária é aquela que ocorre sem causa identificável, que só pode ser diagnosticada por exclusão ou por meios clínicos.
A secundária, por sua vez, normalmente é sintoma de algum outro problema de saúde, como hipotireoidismo ou diabetes, e, até mesmo, uma reação a algum medicamento.
O tratamento da SBA secundária envolve abordar a causa subjacente, enquanto na SBA primária, o foco está no alívio dos sintomas, já que a causa é desconhecida.
Diagnóstico da síndrome da boca ardente: quais os profissionais envolvidos?
O diagnóstico da síndrome da boca ardente se baseia, principalmente, no relato dos pacientes a respeito dos seus sintomas.
Mas, além disso, também é necessária a realização de exames físicos e uma análise do histórico médico do paciente para que se possa descartar todas as outras possibilidades antes de chegar ao diagnóstico de SBA.
Nesse processo, podem estar envolvidos profissionais da saúde como dentistas, clínicos gerais e especialistas em medicina oral.
No entanto, dependendo dos motivos que levam ao problema, também pode ser preciso a consulta com psicólogos, alergistas, nutricionistas, dentre outros.
Tratamentos para a síndrome da boca ardente
Ainda não há uma cura definitiva para a síndrome da boca ardente. Por isso, os tratamentos têm foco em reduzir e controlar os sintomas que causam tanto incômodo aos pacientes. Para isso, podem ser usadas diversas abordagens, como explicaremos abaixo:
- Medicamentos tópicos: podem ser usados enxaguantes bucais com substâncias calmantes ou anestésicas para aliviar dor e queimação;
- Terapia psicológica: nos casos em que o problema é causado por fatores emocionais, é preciso realizar acompanhamento com psicólogo e/ou psiquiatra;
- Modificação da dieta: retirar os alimentos que podem ser o gatilho para o desenvolvimento da síndrome;
- Terapia de reposição salivar: caso a boca seca (xerostomia) esteja contribuindo para a SBA, recomenda-se o uso de medicamentos para aumentar a salivação;
- Mudança de medicamentos: se tais remédios forem a causa do despertar da síndrome.
O tratamento é pensado de acordo com cada caso de SBA e o que veio a causar o problema na vida do paciente. Assim, ou os médicos tratam os sintomas da SBA primária, ou o problema de saúde quem vem causando o problema, a fim de controlar as crises.
Medicamentos comumente prescritos para aliviar os sintomas
De forma geral, são prescritos medicamentos como:
- Analgésicos, como paracetamol; anti-inflamatórios, como ibuprofeno;
- Anestésicos tópicos, como enxaguantes bucais específicos; antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina ou a nortriptilina;
- Anticonvulsivantes, como gabapentina ou a pregabalina
- Terapias de reposição hormonal para mulheres na menopausa;
- Imunossupressores, no caso de a SBA ser autoimune.
A Cannabis medicinal no tratamento odontológico
Sabemos que a Cannabis tem sido amplamente usada na medicina para tratar uma diversa gama de doenças e distúrbios. Mas, você sabia que as propriedades da planta também podem ser usadas para tratar problemas odontológicos?
As propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas, analgésicas e antimicrobianas da Cannabis trazem possibilidade de tratamento para condições como bruxismo, gengivite, inflamação, dor orofacial e, até mesmo, para um pós-operatório odontológico.
Por isso, muitos dentistas estão se capacitando para oferecer essa possibilidade de tratamento aos seus pacientes, já que os medicamentos canabinoides podem proporcionar benefícios que os medicamentos tradicionais não conseguem, além de não causar efeitos adversos quando usada da maneira correta.
Estudos que comprovam os benefícios da Cannabis na Odontologia
Existem estudos que comprovam os benefícios da Cannabis na Odontologia. Como por exemplo o artigo The Current and Potential Application of Medicinal Cannabis Products in Dentistry, que diz que a distribuição dos receptores canabinoides (CB1 e CB2) na boca mostra que a Cannabis pode ser usada também para tratar problemas bucais e dentários, graças ao sistema endocanabinoide.
Já o estudo Anti-inflammation and gingival wound healing activities of Cannabis sativa L. subsp. sativa (hemp) extract and cannabidiol: An in vitro study comprovou a eficácia do CBD e do extrato de Cannabis como anti-inflamatório para a gengiva, além de serem eficazes para o tratamento de aftas.
Outro estudo que pode mostrar a eficácia da Cannabis na Odontologia é o Comparison of Efficacy of Cannabinoids versus Commercial Oral Care Products in Reducing Bacterial Content from Dental Plaque: A Preliminary Observation, que mostrou que enxaguantes bucais infundidos com a planta tem ação bactericida mais eficaz ao comparar com os enxaguantes tradicionais.
Assim, mostrando que a ação antimicrobiana da Cannabis também funciona quando falamos sobre saúde bucal.
Atualmente, já são muitos os estudos que mostram como os canabinoides podem agir a favor da Odontologia e a tendência é que esse tipo de tratamento se torne cada vez mais comum.
O que é preciso para iniciar um tratamento odontológico com a Cannabis?
Desde abril de 2022, a Anvisa incluiu a Odontologia na plataforma de importação de produtos com Cannabis. Isso significa que agora os dentistas podem prescrever canabinoides para seus pacientes.
Para iniciar um tratamento odontológico com Cannabis, o primeiro passo é buscar um dentista prescritor de medicamentos canabinoides e realizar uma consulta para que ele avalie sua condição.
Assim, caso o profissional acredite que o tratamento com Cannabis é adequado para você, ele fornecerá uma prescrição médica com a qual você poderá solicitar autorização à Anvisa para compra em farmácias ou para adquirir um produto importado.
No Portal Cannabis e Saúde, você encontra uma lista com mais de 300 profissionais da saúde, inclusive dentistas, aptos a prescrever esse tipo de medicamento e preparados para prestar todos os esclarecimentos necessários.
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Dicas de higiene bucal para quem sofre da síndrome da boca ardente
A síndrome da boca ardente pode fazer com que a higiene bucal se torne desafiadora, já que traz sensibilidade e desconforto orais.
No entanto, a higiene bucal é indispensável para evitar que haja mais problemas bucais e dentários que atrapalhem ainda mais o bem-estar do paciente.
Por isso, preparamos algumas dicas para quem sofre com a SBA não deixar de lado os cuidados com sua boca:
- Deixe de lado as escovas com cerdas mais duras e use uma escova de dentes com cerdas macias para escovar dentes e língua de forma delicada e suave;
- Use cremes dentais sem sabor ou para dentes sensíveis, pois os cremes comuns podem conter abrasivos que causam ainda mais incômodos ao paciente com síndrome da boca ardente;
- Mantenha sua rotina regular de escovação e fio dental para manter sua boca e dentes saudáveis;
- Assim como no caso dos cremes dentais, use enxaguantes mais suaves e sem álcool para evitar o ressecamento da boca;
- Consulte regularmente seu dentista para manter os exames e limpezas em dia.
Síndrome da boca ardente: mitos e fatos sobre essa condição
A síndrome da boca ardente é uma condição complexa e pouco conhecida. Por isso, está sujeita a muitos mitos. Veja abaixo alguns deles:
- A SBA é causada apenas por problemas orais.
Mito. Apesar de a síndrome ter sintomas bucais, as causas subjacentes pode estar relacionada a distúrbios neurológicos, hormonais, nutricionais, dentre outros; - A síndrome da boca ardente é uma condição rara.
Meio mito, meio fato. A SBA é relativamente rara. Ela pode afetar cerca de 1 a 2% da população, um número maior de pessoas do que se imagina, composto especialmente de mulheres após a menopausa. A questão é que ela é subnotificada, graças a dificuldade em chegar ao diagnóstico. - Não há tratamento para a SBA.
Mito. Como contamos em tópicos anteriores, existem alternativas de tratamento para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com essa condição. Apesar de não ser um desafio, existe, sim, tratamento. - O estresse e a ansiedade podem agravar a SBA.
Fato. A síndrome da boca ardente pode ter fatores neurológicos como causa subjacente. - A síndrome da boca ardente é contagiosa.
Mito. A SBA não é uma doença contagiosa e não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. - A SBA afeta apenas idosos.
Mito. Embora seja mais comum em mulheres após a menopausa, a SBA pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo homens e mulheres mais jovens. - Cada caso de SBA é diferente do outro.
Fato. A síndrome da boca ardente é uma condição complexa e heterogênea, que pode se manifestar de diferentes formas e ser causada por diferentes motivos. Por isso, é sempre importante consultar um profissional de saúde para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
Conclusão
Como vimos ao longo do texto, síndrome da boca ardente é uma condição que pode afetar profundamente a vida daqueles que a vivenciam, causando desconforto e, muitas vezes, frustração devido à sua natureza multifatorial e desafiadora de tratar.
Ao longo deste texto, exploramos as possíveis causas, sintomas e opções de tratamento disponíveis, destacando a importância do diagnóstico preciso e do acompanhamento médico.
Embora a SBA possa ser persistente, existem abordagens terapêuticas e estratégias de gerenciamento que podem proporcionar alívio e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
A Cannabis medicinal também pode ser usada em abordagens odontológicas, sendo uma alternativa interessante para tratar diversos problemas relacionados à saúde bucal.
E se você deseja saber mais sobre esse tipo de tratamento e, até mesmo, encontrar um médico ou dentista para descobrir se essa é uma abordagem interessante para seu problema, não deixe de acompanhar o portal Cannabis & Saúde.
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