Imagine conviver com sensações dolorosas na boca. Sentir a todo momento uma ardência bucal. Ir consultar em um profissional da área da saúde e apresentar a mucosa bucal sem alterações de normalidade. Estes são relatos comuns de pessoas que têm como diagnóstico a Síndrome da Ardência Bucal (SAB). A condição, que normalmente apresenta maior prevalência em mulheres especialmente numa faixa de idade pós-menopausa, é definida como “sensação crônica de queimação intrabucal, que não apresenta nenhuma causa identificável, tanto local como sistêmica”.
Canabinoides no tratamento da SAB
Dada a natureza multifatorial da SAB, novas estratégias de tratamento estão sendo exploradas, incluindo o uso de canabinoides, como o CBD e o THC. Pesquisas sugerem que esses compostos têm propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e antioxidantes, o que pode oferecer alívio para os sintomas da SAB agindo diretamente no nosso sistema endocanabinoide.
Para o cirurgião-dentista Dr. Guilherme Martins é exatamente este sistema, também conhecido como SEC, que atua diretamente promovendo analgesia, ou seja, realizando a promoção de processos analgésicos do nosso corpo. Portanto, sendo a SAB geradora de um tipo de dor classificada como nociplástica, o sistema endocanabinoide e a administração de fitocanabinoides acabam “contribuindo e ajudando no processo de analgesia” das pessoas que sofrem tanto com a dor que a condição causa.
“Tenho associado diversas técnicas e entre eles a própria Cannabis como um todo para melhorar a qualidade de vida desses pacientes, principalmente aqueles pacientes que muitas vezes tem baixa ou alta produção de saliva. Tenho observado grande diminuição da dor nesses pacientes”.
Quais são as formas de uso da Cannabis mais recomendados para tratamento da SAB?
A escolha da forma de administração da Cannabis no tratamento da SAB depende de fatores como a gravidade dos sintomas, preferências de quem sofre com a condição, e, claro, orientação médica. Todos os tratamentos com os produtos à base da planta devem ter acompanhamento médico Visite nossa plataforma com mais de 300 profissionais prescritores de Cannabis medicinal e agende uma consulta.
“É possível utilizar colutórios e cremes dentais com fitocanabinoides. E na nossa cavidade bucal temos diversos receptores canabinoides, entre eles um específico que chama-se receptores vaniloides, que aí sim de forma tópica, acaba por contribuir justamente na utilização dos produtos tópicos como cremes, colutórios e sprays bucais com fitocanabinoides. Mas o mais importante de tudo é o tratamento sistêmico, principalmente em elencar os fitocanabinoides da forma correta. O que vejo muito é, pelo fato do Canabidiol ser a molécula hype do momento, muitos clínicos, cirurgiões e médicos acreditam que o Canabidiol traz esse poder analgésico e muitas vezes não. Ele modula processos inflamatórios e traz uma analgesia mais baixa. Porém, o carro-chefe para analgesia é o THC no controle de dores nociplásticas, que é o caso, justamente, da SAB. Esse sim tem potencial analgesico muito maior”, explica Dr. Guilherme.
É possível associar Cannabis com tratamentos convencionais para a SAB?
Qual é o tempo de tratamento? A SAB se relaciona com o estresse?
O tempo de tratamento da SAB pode variar significativamente de acordo com o indivíduo, a gravidade dos sintomas e a resposta às intervenções. Além disso, a SAB está, de fato, frequentemente associada ao estresse, que pode ser tanto um fator desencadeante quanto agravante.
“Observamos que após a pandemia devido ao alto grau de estresse, e ansiedade, diversos pacientes estão desenvolvendo essa síndrome, e que, muitas vezes, é difícil o diagnóstico. Muitas vezes o paciente não possui lesões bucais e nenhuma causa aparente, a não ser um excesso de salivação ou baixa e um gosto metálico na boca. Está relacionado diretamente com a modulação do sistema endocanabinoide. Pois a tríade da dor é correlacionada muitas vezes a distúrbios de sono, a própria dor em si, além de processos de ansiedade não controlada. E isso acaba levando é a citocinas pró-inflamatórias do nosso corpo”, finaliza Dr. Guilherme.
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