O uso medicinal da Cannabis é possível em razão do aproveitamento de toda planta, o que inclui as chamadas sementes de cânhamo.
Ricas em elementos que são essenciais à saúde, como proteínas, antioxidantes e minerais, elas são cada vez mais difundidas e estudadas mundo afora.
Neste conteúdo, vamos explorar o que são as sementes de cânhamo, curiosidades a respeito delas, onde comprar e como consumir esse produto.
Além disso, pretendemos explicar para que ela serve, como é utilizada no tratamento de doenças, se é legal no Brasil e também as distinções entre cânhamo e maconha.
Por isso, acompanhe os próximos tópicos para compreender por que as sementes de cânhamo podem fazer diferença na sua vida e na de seus familiares e amigos.
Sementes de cânhamo: o que é cânhamo?
Encontrado também nas fibras e no caule da planta Cannabis, o cânhamo é usado, por meio das suas sementes, na produção de alimentos, medicamentos, cosméticos e suplementos nutricionais.
No caso do caule e das fibras, o foco se volta à fabricação de diversos produtos disponibilizados no varejo, que vão desde materiais de construção e papéis até cordas, compostos plásticos e tecidos.
Como o nome já indica, as sementes de cânhamo são grãos encontrados na Cannabis, mas eles não contêm o tetrahidrocanabinol (THC), ou seja, não causam nenhum tipo de efeito psicoativo.
Essa é uma das características que ajuda e explicar a eficácia de uso da planta para fins medicinais, de forma segura e praticamente livre de qualquer reação adversa.
Curiosidades sobre as sementes de cânhamo
Cultivado ao ar livre, o cânhamo tem plantas macho e fêmea e, por isso, sofre semeaduras próximas umas das outras a fim de incentivar a polinização (transferência de células reprodutivas) por meio do vento.
A muda pode chegar a uma altura que varia de dois a quatro metros e tem propriedades e benefícios muito interessantes em termos de nutrientes, que vamos detalhar mais a frente.
Por exemplo, você sabia que 100 gramas de sementes de cânhamo contêm 25% de proteína, 35% de hidratos de carbono e 35% de ácidos gordos, também conhecidos como ácidos graxos?
Talvez pareça um tanto estranho, mas, sem eles, o corpo pode ter dificuldade em transformar o alimento em energia.
Por isso, a ausência de ácidos linoleicos e alfalinolênicos é capaz de causar uma série de problemas, desde cardiovasculares, como a arritmia cardíaca, até de pele e nos rins.
Semente de cânhamo: para que serve?
O consumo de sementes de cânhamo tende a ajudar na redução de desconfortos digestivos, assim como auxiliar no combate à depressão, à ansiedade, à insônia, ao hipotiroidismo e às dores musculares e de cabeça.
Além disso, elas aumentam o HDL (colesterol bom) e contêm vitaminas A, C, D e E, fibras, antioxidantes e minerais como cálcio, ferro e fósforo.
Para você ter uma ideia mais clara, a cada 42 gramas consumidos – em média, quatro colheres de sopa do produto -, as sementes de cânhamo apresentam:
- 240 calorias
- Apenas 1g de gordura total
- Nada de LDL (colesterol ruim)
- 2,5g de fibras
- 4,5g de carboidratos.
A seguir, listamos mais benefícios com o consumo das sementes. Acompanhe!
Diminui o risco de desenvolver doenças cardiovasculares
As propriedades encontradas nas sementes de cânhamo auxiliam na prevenção e diminuem os riscos de doenças cardíacas, que estão entre as que mais preocupam e matam pessoas em todo o mundo.
Quando você ingere esse alimento, consome um alto grau de arginina, um aminoácido que produz óxido nítrico.
Este, por sua vez, é um gás molecular que aumenta a dilatação dos vasos sanguíneos e, dessa forma, ajuda a diminuir a pressão arterial.
Consequentemente, ele auxilia na diminuição dos riscos de desenvolver doenças cardiovasculares causadas pela pressão alta.
Além disso, a arginina atua na redução dos níveis de CRP (proteína C-reativa), ligada aos processos inflamatórios do coração.
Proporciona mais saúde para a pele
Para quem tem problemas de pele, as sementes de cânhamo atuam agindo por meio dos ácidos graxos.
Sintomas como pele seca e coceira são combatidos com o uso de óleo de cânhamo, que também atua na diminuição do consumo de medicamentos para o tratamento de tais condições.
É fonte de proteína vegetal
Se, por um lado, a proteína animal (carne vermelha e de frango, por exemplo) traz muitos benefícios pelo fato de ser uma rica fonte de ferro, por outro, o alto teor de gordura presente pode ser bastante prejudicial à saúde humana.
Já a semente de cânhamo contém proteína vegetal que, uma vez absorvida pelo organismo, produz efeitos idênticos aos da versão animal.
A diferença é simples: a modalidade vegetal é mais saudável.
Não bastasse ser conceituada como uma fonte riquíssima de proteína, as sementes de cânhamo produzem aminoácidos essenciais que não são fabricados pelo corpo humano e que, devido a isso, devem ser ingeridos e absorvidos por meio da alimentação.
Contém fibras
A absorção de nutrientes e um funcionamento pleno do sistema digestivo estão intimamente ligados com a quantidade consumida de fibras.
O alto índice dessas substâncias em sua composição faz com que as sementes de cânhamo auxiliem as pessoas a atingirem mais facilmente o volume ideal que deve ser ingerido diariamente: 25g, no caso das mulheres, e 38g para os homens.
A ingestão de fibras auxilia a regular o colesterol e a diminuir os níveis de açúcar no sangue, o que tem relação com a redução dos riscos de desenvolver diabetes.
Além disso, ajuda na passagem dos alimentos pelo intestino, facilitando o processo digestivo.
Atua como fonte de minerais
Ferro, fósforo, zinco e magnésio são alguns dos minerais fundamentais para o nosso corpo e que são encontrados nas sementes de cânhamo.
O consumo de, pelo menos, três colheres de sopa do produto, diariamente, pode garantir em torno de 50% do fósforo e do magnésio necessários por dia, além de 15% do ferro e 25% do zinco.
Caso sejam ingeridos de maneira regular e disciplinada, esses minerais apresentam nutrientes capazes de evitar a osteoporose, isto é, ajudam muito na manutenção da saúde dos ossos.
Como consumir a semente de cânhamo?
Como todo alimento, há diferentes formas de se consumir as sementes de cânhamo. Por isso, vamos destacar neste tópico as mais conhecidas.
Você pode usar o produto com casca, por exemplo, que é como ele é encontrado em seu estado natural.
Nesse caso, as sementes de cânhamo podem ser tostadas ou serem ingeridas sem cozimento (cruas).
Tanto dessa maneira quanto sem casca, é possível utilizá-las para fazer farinha, o que transforma o ingrediente em um ótimo acompanhamento para diversos pratos da culinária brasileira.
Assim, o produto pode ser usado em pratos quentes, como arroz, massas, sopas ou panquecas, e ainda em sobremesas ou adicionadas a iogurtes e frutas.
Sem casca, as sementes podem ser consumidas de forma líquida – vale lembrar que o processo de descascá-las não exclui nenhum nutriente.
Já a proteína do cânhamo é conhecida por ser produzida depois de elas serem moídas.
Desse modo, é retirado o óleo, o que amplifica o potencial das proteínas e fibras.
Por fim, o óleo de cânhamo, que é extraído diretamente das sementes, é rico em vitamina E, ômega 3 e ômega 6.
Quais são as diferenças entre cânhamo e maconha?
Este tópico do nosso conteúdo é muito importante para esclarecer uma possível confusão que acomete boa parte da população, que se confunde quando se depara com as palavras “cânhamo” e “maconha”.
Ambos são originários da mesma espécie de planta, a Cannabis, porém, são geneticamente diferentes e, além disso, normalmente utilizados com fins distintos.
Como vimos em um dos primeiros tópicos deste artigo, o cânhamo é cultivado por causa das suas sementes, fibras e do seu caule.
Enquanto as sementes são usadas para produzir alimentos, medicamentos, cosméticos e suplementos nutricionais, a fibra e o caule servem para fabricação de produtos que vão desde materiais de construção até papel, tecidos e plásticos.
A maconha, por outro lado, está associada ao uso recreativo e ilegal, quando é fumada e apresenta princípios psicoativos, oriundos das suas flores, que contêm altos teores de THC.
Só que, quando falamos em Cannabis medicinal, isso nada tem a ver com uso recreativo ou qualquer outro que não seja, de fato, medicinal.
Além disso, há questões anatômicas das plantas, que são diferentes.
A maconha é uma planta de tamanho menor, com baixa estatura, muitas flores e altos índices de THC (até 30%).
Já o cânhamo tem estatura maior (dois a quatro metros) e toda a planta pode ser usada para extração de canabinoides, com alto teor de canabidiol (CBD) e apenas 0,3% de THC.
Para que serve o óleo de cânhamo?
O óleo de cânhamo, também (e mais corretamente) conhecido como óleo de semente de cânhamo, é uma substância extraída das sementes da planta.
Como vimos acima, ele é composto basicamente por apenas um ingrediente, mas a lista de moléculas benéficas para a saúde é bem mais extensa.
Diferentemente do óleo de CBD – que também tem uma vasta lista de benefícios -, o óleo de semente de cânhamo é basicamente uma alternativa nutricional a produtos como azeite, manteiga ou óleo de coco na hora de cozinhar ou até mesmo para usar como cosmético.
Como extrair o óleo de cânhamo?
O óleo de cânhamo é extraído por meio de um processo no qual os produtores comprimem as sementes da planta com equipamentos específicos.
Como elas são revestidas por uma dura camada (casca), devem ser prensadas de maneira especializada para garantir a qualidade do produto.
Calor em excesso, por exemplo, pode gerar oxidação e eliminar as gorduras saudáveis, diminuindo, assim, o valor nutricional do óleo.
Devido a isso, as sementes de cânhamo são comprimidas em temperaturas baixas, a fim de resguardar tais propriedades.
Após a prensagem hidráulica realizada normalmente a não mais do que 49°C, o óleo é enviado a um tubo, com a fibra separada do material descartável.
Depois, o óleo é colocado em frascos e, desse modo, tem os aminoácidos e as gorduras saudáveis em perfeito estado de conservação.
Cânhamo no Brasil: como é utilizado no tratamento de doenças?
Os produtos à base de Cannabis utilizados em tratamentos medicinais, como o cânhamo, estão disponíveis em vários formatos – mas não por aqui.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza a comercialização de compostos usados por via oral e nasal.
As cápsulas, por exemplo, são semelhantes a quase todas as pílulas de medicamentos e suplementos comercializados em farmácias.
Cada uma tem uma dosagem específica do produto à base de Cannabis, seja o cânhamo, seja o canabidiol (CBD), por exemplo.
O óleo pode ser utilizado de maneira sublingual ou oral, por meio de conta-gotas.
Já os produtos de uso tópico, ou seja, pomadas, cremes, óleos de massagem e adesivos transdérmicos, são aplicados diretamente no local afetado, isto é, na pele.
Esse tratamento é indicado para enfermidades leves, como desconfortos musculares e irritações.
A aplicação se baseia no fato de que há receptores endocanabinoides cutâneos.
Há ainda mais modos de utilizar os artigos oriundos da Cannabis, como por meio de supositórios que proporcionam efeito duradouro ao ingressar gradualmente na corrente sanguínea, mas ainda não são permitidos no Brasil.
Vaporizadores (inalação), elementos comestíveis e bebidas, além de produtos de beleza são outras formas utilizadas em alguns países, mas momentaneamente proibidas no país.
Cânhamo é legal no Brasil?
O uso de produtos à base de Cannabis é muito recente no Brasil.
Somente a partir de 2015 a Anvisa autorizou a utilização de alguns artigos e com regras bem específicas, como vimos no tópico anterior.
Pode-se dizer que o primeiro passo para esse avanço ocorreu após a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 17/2015, que organiza e especifica a importação de medicamentos de canabidiol.
Quatro anos mais tarde, em dezembro de 2019, a RDC Nº 327 definiu novos conceitos para a compra e a venda de produtos à base de Cannabis para fins medicinais no país.
Em 2020 a Anvisa publicou a RDC Nº 335/2020. Ela passou a autorizar, também de modo bastante específico, a aquisição de artigos que contenham canabidiol no exterior.
O mais recente movimento em direção a melhorar a agilidade e acesso aos produtos importados foi a RDC Nº 570/2021, que praticamente autoriza imediatamente a importação de produtos à base de Cannabis uma vez que o produto esteja na lista de pré-aprovados.
O plantio de mudas do gênero Cannabis não é permitido no país, salvo exceções autorizadas pela Justiça após solicitação de pacientes – o que acontece apenas em alguns casos, não sendo uma regra.
Cânhamo: onde comprar no Brasil?
É fundamental ter a consciência de que um paciente só pode comprar produtos à base de Cannabis medicinal por meio de receita médica de controle especial.
Isso significa que a prescrição poderá ser a branca, a azul, B, ou a amarela, A, dependendo do tipo do fármaco.
As resoluções da Anvisa também deixam claro que esse passo só poderá ser tomado quando todas as outras possibilidades de tratamentos e terapias estiverem esgotadas.
A seguir, veja o que é preciso fazer para comprar produtos à base de Cannabis.
Consulta médica
Acabamos de escrever isso, mas não custa reforçar: para adquirir fármacos à base de Cannabis, é necessário ter receita médica.
Portanto, é preciso debater o assunto com um médico e chegar à conclusão de que o produto é a melhor opção para o tratamento da enfermidade.
Se você procura um médico prescritor, acesse este link e marque uma consulta.
Solicitação e autorização
Com a receita em mãos, o paciente deve preencher um formulário com seus dados e a prescrição e enviar tudo para a Anvisa.
Depois, basta aguardar a análise.
Caso aprovada, uma autorização para a importação será emitida e será possível adquirir o medicamento.
Busca pelo produto
Passados os trâmites burocráticos, é hora de comprar seu fármaco.
Contudo, nem todas as pessoas têm disponibilidade para lidar com os trâmites de um processo de importação de medicamentos.
Por isso, a dica é perguntar para o seu médico o contato no Brasil da empresa que importa o produto que ele receitou e que normalmente realizam todo o tramite de aprovação na Anvisa, importação, desembaraço e entrega do produto na casa do paciente.
Clique aqui e confira como importar o produto.
Como escolher o produto certo?
No momento de pesquisa pelo produto, confira a lista de ingredientes e a concentração, ou seja, o fabricante deve informar detalhadamente quais componentes fazem parte do produto.
Assim, fica especificado se a mercadoria tem apenas CDB ou também THC e outros canabinoides.
Em segundo lugar, veja se o produto é testado e certificado por laboratórios.
No Brasil, os derivados de Cannabis precisam de autorização da Anvisa para serem importados e comercializados.
Portanto, se você deseja importar, verifique se os produtos de outros países também passam pelos mesmos procedimentos.
Certifique-se, ainda, de que o produto foi testado por terceiros, pois isso garante que o que está no rótulo, de fato, está na mercadoria comprada.
Por fim, veja se a matéria-prima utilizada na fabricação do fármaco é orgânica e tenha atenção ao que você vai adquirir.
No caso da matéria-prima, isso serve para ver se o fabricante usa plantas cultivadas sem fertilizantes e pesticidas sintéticos, o que leva a uma qualidade maior no produto final.
A questão do tipo de óleo a ser comprado foca na grande variedade de itens disponíveis no exterior em comparação ao mercado nacional.
Portanto, a composição pode ser diferente da que você procura ou conhece.
Conclusão
Como foi possível observar ao longo deste texto, há uma série de detalhes e competências que envolvem desde a produção até a composição, passando pela compra e utilização de produtos relacionados à Cannabis medicinal.
Não é diferente com as sementes de cânhamo, que são uma atraente alternativa para a sua saúde e podem ser consumidas de diversas formas.
Esperamos que você tenha gostado da leitura e que este texto tenha sido bastante útil para sanar suas dúvidas sobre o tema.
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