Um corpo saudável depende de um sono saudável. É quando dormimos que o organismo recupera as energias para o dia seguinte, além de fortalecer o sistema imunológico, consolidar as memórias, liberar hormônios e diversas outras funções fundamentais para uma vida saudável.
É para despertar a conscientização sobre a importância de dormir bem, que a Associação Brasileira do Sono (ABS) promove a Semana do Sono 2021. Com o slogan “Sono bom, futuro saudável”, busca informar à população sobre os possíveis impactos da privação do sono à saúde e qualidade de vida, seja a curto ou longo prazo. A iniciativa, que vai de 15 a 21 de março, inclui a celebração do Dia Mundial do Sono, organizada pela World Sleep Society (WSS), que é realizada na sexta-feira, 19 de março.
A conscientização sobre o tema, muitas vezes negligenciado na correria do dia a dia, se torna mais urgente diante dos números. Segundo a ABS, 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia. Pessoas que têm dificuldades para dormir em, pelo menos, 20 dias por mês, sofrem de insônia crônica. Dormir mal está relacionado à obesidade, depressão e até desenvolvimento do mal de Alzheimer.
Como dormir bem?
A WSS lista algumas medidas que podem ajudar a melhorar a qualidade de sono:
– Estabeleça uma hora de dormir e uma hora de despertar.
– Se você tem o hábito de tirar uma soneca, não exceda 45 minutos de sono diurno.
– Evite a ingestão excessiva de álcool 4 horas antes de deitar e não fume.
– Evite cafeína 6 horas antes de deitar. Isso inclui café, chá e muitos refrigerantes, bem como chocolate.
– Evite alimentos pesados, picantes ou açucarados 4 horas antes de deitar. Um lanche leve antes de dormir é aceitável.
– Faça exercícios regularmente, mas não logo antes de dormir.
– Use camas confortáveis.
– Encontre um ajuste de temperatura confortável para dormir e mantenha a sala bem ventilada.
– Bloqueie todo o ruído perturbador e elimine o máximo de luz possível.
– Reserve a cama para dormir e fazer sexo. Não use a cama como escritório, sala de trabalho ou sala de recreação.
Como a Cannabis pode ajudar no tratamento da insônia?
Em certos casos, no entanto, mesmo todas as medidas recomendadas não são suficientes para melhorar a qualidade do sono. O tratamento convencional para insônia geralmente é feito à base de medicamentos benzodiazepínicos, ansiolíticos como o Rivotril e o Clonazepan. Esses fármacos, no entanto, apresentam elevado risco de dependência e efeitos colaterais, além de apresentarem baixa eficácia.
Nesse contexto, a Cannabis medicinal aparece como alternativa. Até o início do século 20, era comum o uso de extratos da Cannabis como sedativo para induzir sono. Com a proibição, somente no século seguinte as pesquisas científicas foram retomadas.
Estudos sobre eficácia da Cannabis no sono
Um dos primeiros estudos a testar o uso de Cannabis no tratamento de insônia foi realizado por pesquisadores do Centro de Ciências do Sono da Universidade do oeste da Austrália.
Vinte e três pacientes foram tratados por 14 noites com a Cannabis medicinal e 14 noites com um placebo, separados por um período de uma semana entre os tratamentos. Os participantes puderam tomar uma dose única ou dupla do medicamento de acordo com seus sintomas, mas nem os pesquisadores nem os pacientes sabiam se estavam tomando o medicamento ou o placebo.
O tratamento foi avaliado em uma série de medidas objetivas e subjetivas de tempo total de sono, tempo de vigília durante a noite, tempo para dormir, qualidade do sono e sensação de repouso após dormir. O resultado foi calculado com base no Índice de Gravidade da Insônia (IGI), utilizado por especialistas para esse fim.
A Cannabis reduziu em 26% a gravidade da insônia nos pacientes em relação ao grupo de controle. Nos pacientes que tomaram doses mais altas de composto de Cannabis, a redução do índice da insônia foi de 36%. Todos relataram uma melhora significativa na qualidade do sono e na sensação de acordar descansado.
Experiências clínicas
Experiências clínicas, como relatadas no C&S, atestam o benefício da Cannabis no controle da insônia, principalemnte em casos relacionados à ansiedade.
Entretanto, Ailane Araújo, diretora do CBRMC (Centro Brasileiro de Referência em Medicina Canabinoide), alerta que são muitos os possíveis motivos da insônia, o acompanhamento médico é fundamental.
“É fundamental identificar primeiramente a patologia de base do paciente, escolher o tipo específico do canabinoide a ser administrado e ir fazendo a titulação da dose até chegar à dosagem ideal. Cada paciente tem um sistema endocanabinoide diferente, então cada dose será única e exclusiva daquele paciente”, defende.
“A avaliação é feita de forma integral. Após esta primeira fase, em que conhecemos as causas da insônia, começamos um tratamento personalizado, dependendo da patologia de base, mas focado em promover a saúde e a qualidade de vida, proporcionando o bem-estar, através de uma alimentação ideal, reposição de micronutrientes, desintoxicação quando necessário, manejo do estresse, higiene do sono, regulação hormonal e estilo de vida. Quando o tratamento incluiu a administração de CBD + THC , full spectrum, ou CBD puro, pode ocorrer reações adversas e interações medicamentosas, por isso é importante conhecer a história do paciente e ir fazendo a titulação da dose”, explica ela.
Live – Dia Mundial do Sono
Quem está em busca de mais informações sobre como a Cannabis medicinal pode ajudar a combater a insônia, o Dr. Pietro Vanni, médico psiquiatra e diretor técnico da Clínica Gravital, irá responder ao vivo as dúvidas da audiência e elucidar como o tratamento com Cannabis Medicinal pode auxiliar no tratamento de diversas patologias além do sono, como: ansiedade, stress, depressão, síndrome do pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo – TOC, Transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).
A live faz parte da série Pergunte ao Especialista, acontece nesta terça-feira, 16 de março, às 20h. A participação é totalmente gratuita.