O médico especialista Vitor Pereira compartilha suas percepções e experiência sobre o uso da Cannabis na psiquiatria
Autonomia é palavra chave na prática do psiquiatra Vitor Fernandes Pereira. Seu trabalho é conhecer a fundo todas as opções terapêuticas indicadas para a condição do paciente e instruí-lo. Será dele a decisão sobre qual abordagem será adotada.
Nessa busca por novas opções de tratamento, em 2019 chegou a um congresso sobre a Cannabis medicinal. Sabia de pesquisas que apontam os benefícios dos fitocanabinoides no tratamento psiquiátrico, mas parecia uma realidade distante. Até que a palestra da também psiquiatra Karoline Cornejo mudou sua perspectiva. (Leia o relato da psiquiatra aqui)
“Nesse congresso eu pude ver como está funcionando para pacientes com autismo, por exemplo, e outras questões psiquiátricas, como ansiedade, depressão e Burnout.”, conta. “Foi quando eu comecei a me interessar pelo assunto e vi que era possível fazer isso aqui no Brasil.”
Passou a estudar, fez cursos, mas foi na prática clínica que se aprimorou na prescrição. “Com o tempo você vai aprendendo a manejar melhor a substância e, então, fui tendo resultados cada vez melhores.”
Cannabis na psiquiatria
“Especialmente por ter pouco efeito colateral e um resultado muito mais sutil. Uma sensação diferente dos antidepressivos, que dão muito efeitos colaterais e demandam que o paciente tome durante um período extenso. É uma situação complicada e a Cannabis medicinal é uma alternativa muito interessante.”
Para o psiquiatra, existem dois tipos de pacientes para os quais indica a Cannabis medicinal. “Pacientes virgens de medicação. Nunca tomaram nada e tem um certo receio do uso da medicação psiquiátrica. Medo dos efeitos colaterais”, explica.
“E aqueles pacientes que já tomaram todo tipo de medicação e querem uma outra alternativa.”
A principal diferença está na sutileza do tratamento quando em comparação com os alopáticos convencionais. “Acho que é difundido como se fosse uma panaceia, parece que serve para tudo, mas, quando bem indicado, é um ótimo medicamento”, afirma.
“O que eu acho mais curioso é que a pessoa tem a sensação de um bem-estar próprio. Não parece que ela está sob o uso de medicação. A Cannabis funciona com doses baixas em geral e acaba sendo um tratamento muito mais limpo, sutil e delicado.”
Assim, a percepção de melhora da qualidade de vida é muito maior. “O resultado é bem melhor. Ele sente ele mesmo. A pessoa fica num estado de humor mais próximo da realidade e confortável consigo mesma. Sem aquela sensação de estar sob efeito de droga.”
Pereira exemplifica com a ansiedade o efeito da Cannabis na psiquiatria. “Na vida adulta, tem aquela ansiedade da vida cotidiana, com preocupação com o trabalho. E traz uma leveza para a pessoa. Para que ela consiga enfrentar o dia-a-dia sem ficar tão tensa. Sem ficar tão angustiada.”
“Quem decide o tratamento é o paciente”
Diante alguns colegas que ainda tem preconceito em relação da Cannabis na psiquiatria, o médico defende o direito de escolha do paciente. “A medicina está se atualizando, a gente está em 2022, e as pessoas têm muito mais acesso à informação. Por isso que eu defendo a autonomia.”
“Elas têm como escolher como querem se tratar. Eu acho que quem decide o tratamento é o paciente. Tirando situações em que a pessoa tem uma contra indicação ou é uma situação muito grave que realmente a gente tem que lançar mão de um tratamento mais conservador. Mas eu levo muito na minha prática. Todos os meus pacientes participam da escolha dos tratamentos. Qualquer que seja, do mais natural fitoterápico ao antidepressivo. Sempre dou as opções ao paciente.”
Pereira continua: “Quando um colega médico critica, ou se sente incomodado, eu entendo. A medicina precisa ser conservadora. A gente tem que ter cuidado porque quando tem coisas novas, a longo prazo, às vezes, podem dar resultados não tão interessantes. Como já aconteceu com outras medicações.”
“A Cannabis é uma substância já usada há muitos anos, há 12.000 anos já era cultivada, então tem uma história de segurança. A gente sabe que não tem risco de overdose. Uma medicação extremamente segura”, finaliza o psiquiatra.
“A gente prescreve drogas mais potentes, mais complicadas, com efeitos colaterais muito mais graves, que têm riscos de overdose e até de morte. Sendo a Cannabis um produto que não tem toda essa situação, eu acho que é uma ótima opção.”
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