Logo aos quatro anos de idade, Tomás Garcia Levy foi diagnosticado com a Síndrome de Tourette. Ao perceber que ele era uma criança hiperativa e com alguns tiques, os pais o levaram a uma médica, que chegou a essa conclusão.
A Síndrome de Tourette é um transtorno neurológico que vai acompanhar o Tomás por toda sua vida. Ela é caracterizada pelos tiques motores e vocais, que surgem de forma involuntária, além de ser acompanhada de outros transtornos, como a ansiedade e a insônia.
O tratamento para a Síndrome de Tourette envolve o controle dos sintomas motores e psicológicos, utilizando medicamentos e outras abordagens não medicamentosas, como a prática de atividade física. Por isso, Tomás tomava medicação convencional e fazia esportes, desde a infância. Com o passar dos anos, chegou ao esporte de alto rendimento, se tornando remador.
Logo depois, com a curiosidade e a busca por novos tratamentos para a Síndrome de Tourette, descobriu o uso medicinal da Cannabis.
O manejo da Síndrome de Tourette com a Cannabis
Tomás precisou apresentar estudos científicos para os pais, para que eles superassem o preconceito com a planta, mas, no final, a Ciência falou mais alto.
“Em 2015/2016, eu comecei com meu primeiro óleo. Eu comecei a investigar sozinho, eu devia ter uns 14, 15 anos. Nessa época, eu comecei a entender a Cannabis e sofria muito preconceito da minha família.
Eu comecei a apresentar estudos e, em 2016, eu tomei meu primeiro óleo. Eu comecei o tratamento e, desde então, passei a ter resultados: aliviar meus tiques, a ansiedade e aumentar o foco.
O óleo dá uma equilibrada em tudo. Eu sinto que reduz a ansiedade no geral e ela tem vínculo com os tiques, quanto mais ansioso estou, mais eu tenho tiques.”
Ser um atleta canábico
Diferente da postura dos familiares, os colegas remadores do Tomás se mostraram mais simpáticos ao tratamento com Cannabis do amigo para lidar com a Síndrome de Tourette. Mas essa aproximação da planta com o esporte se transformaria em um problema para o remador.
“Na época que eu comecei, foi uma recepção boa de todo mundo entre os atletas. Mas eu sinto que o preconceito é maior, não pelos atletas, mas pelo esporte. Uma cultura do esporte, parece que não bate muito, até porque é doping. Então, isso já diz muito do preconceito que tem no esporte com a Cannabis.”
A interrupção do tratamento com a chegada das competições
Após décadas de banimento pela Agência Mundial Antidoping (WADA), em 2018, o canabidiol (CBD) foi liberado para uso entre atletas e deixou de ser considerado doping. Essa mudança levou um número crescente de desportistas a utilizar o canabinoide não psicoativo da Cannabis para auxiliar em uma série de fatores, como alívio da dor, melhora do sono e redução da ansiedade.
No entanto, a agência só permite o CBD. Desse modo, todo o fitocomplexo da Cannabis ficou na lista de substâncias proibidas, com exceção do canabidiol. Então, outros canabinoides com propriedades medicinais e eficácia comprovada estão banidos, como o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), o canabigerol (CBG), o canabinol (CBN), entre outros.
Tomás contou como as regras da agência antidopagem interferem na sua rotina, como paciente e como atleta. Ele precisa alterar um tratamento que lhe faz bem e maneja os sintomas da Síndrome de Tourette para não sofrer sanções.
“Para a Síndrome de Tourette, tem que ter um pouquinho de THC e um pouquinho de CBD. Não adianta ter só CBD, porque não ajuda nos tiques com tanta eficácia. Então, eu preciso ter o THC no no meu sangue, para melhorar os tiques.
Só que em toda competição eu tenho que parar com o THC e ficar só com o CBD. Porque o CBD, se eu tiver que fazer um teste antidoping, de boa, não vai acontecer nada. Mas se eu tiver que fazer um teste antidoping durante a competição, com THC no sangue, eu sou punido. Então, eu tenho que parar toda vez e toda vez eu fico mais ansioso. É uma bosta.”
Piora nos sintomas e performance prejudicada
Nos EUA, muitas modalidades esportivas não testam mais os atletas para Cannabis. As ligas de basquete (NBA), beisebol (MLB), hóquei no gelo (NHL) e futebol americano (NFL) toleram o uso de produtos com a planta, ricos em THC ou qualquer outro canabinoide.
Por ser uma modalidade olímpica, o remo segue as regras estabelecidas pela WADA de antidoping, fazendo com que Tomás veja uma piora na própria performance, quando se aproxima da data de uma competição.
“É muita injustiça, porque é um momento em que eu deveria estar 100% em performance. 100% focado, 100% inteiro. Acaba sendo um momento em que eu não fico 100% em competição, eu acabo ficando 80, 90%, menos até. É um momento em que eu não consigo chegar no meu máximo de performance, porque eu estou com mais tiques, mais ansioso.”
Tomás não se classificou para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas está se preparando para outras competições, a nível nacional e internacional. Os Jogos de Tóquio, em 2021, foram marcantes, por serem os primeiros com o uso do CBD permitido. Será que até os Jogos de Los Angeles 2028 veremos ao menos uma flexibilização por parte da WADA, em relação aos outros componentes da Cannabis?
Um caminho seria atletas como Tomás receberem a AUT, Autorização de Uso Terapêutico. Um recurso para que atletas possam utilizar medicamentos ou procedimentos médicos, banidos pela WADA, mas necessários para os esportísitcas como tratamento. Hoje em dia, atletas que utilizam alguns medicamentos para controle da asma necessitam de uma AUT para competir e não sofrerem punições por doping.
Cannabis no esporte
Para um atleta sujeito a exames antidoping, existe um tipo de produto com Cannabis que seria legal, segundo as regras da WADA: o óleo de canabidiol isolado. Esse é um medicamento que passa por um processo de purificação, que retira todos os outros compostos da planta e deixa somente o CBD.
Aqueles atletas que não passam por testes podem utilizar outras formulações, mas, para ambos, é essencial ter o acompanhamento de um médico. Se você quiser iniciar um tratamento com a planta, acesse a nossa plataforma de agendamentos e marque uma consulta. Lá, você encontra mais de 300 profissionais da saúde experientes na prescrição de canabinoides. Acesse já e dê o primeiro passo rumo a qualidade de vida e bem-estar.