O flerte do médico Rodrigo Goes Brito com a medicina endocanabinoide vem desde que chegou em São Paulo. Baiano de Salvador, formado em 2016, se mudou para Caraguatatuba, no litoral paulista em 2018, onde começou a escutar sobre o potencial terapêutico da Cannabis medicinal.
“Ela melhora alguns sintomas que, às vezes, tem que tomar vários remédios e sem efeito colateral. comece a pesquisar acerca de Dravet, Lennox Gastaut, epilepsia em crianças, quadros gravíssimos que você usa uma ferramenta terapêutica que acaba tendo eficácia.”
“Comecei a ver que alguma coisa tem. Não é só uma planta, não é só uso recreativo, tem coisas a mais que a gente pode aproveitar e acabei ficando com vontade de estudar cada vez mais.”
Em uma viagem ao Uruguai, pode conhecer mais sobre a medicina endocanabinoide, como é chamada no país. No retorno, começou a se aprofundar no tema e descobriu que as discussões por aqui estavam mais avançadas do que imaginava.
“Muita gente falando de Cannabis aqui há algum tempo, muitos pacientes sendo tratados. Por acreditar no tratamento, pelos relatos, o fato de ser natural e inscrito na literatura médica há muito tempo, acabei decidindo entrar de vez nessa área.”
Paciente da medicina endocanabinoide
Até que explodiu a pandemia de Covid-19. “Foi aquela loucura. Principalmente no início, com a gente sem saber direito com o que estava lidando. Pessoas cada vez mais graves chegando aos hospitais e isso acaba afetando a gente psicologicamente.”
“Estava estudando a Cannabis e eu gosto de testar em mim determinado tratamento justamente para poder avaliar. Decidi fazer o teste e funcionou de forma excelente. Ajudou na redução do estresse devido à alta carga de trabalho. Na emergência, com muito paciente grave, facilitou a tomada de decisão.”
Após vivenciar os benefícios da Cannabis, decidiu que estava pronto para levar aos seus pacientes. “Meu primeiro paciente foi uma criança de sete anos. Ela tem uma doença neurodegenerativa chamada síndrome da microduplicação do cromossomo 22. Uma doença rara que, a partir do 5º ano, foi perdendo o movimento dos pés e das mãos. Uma paralisia da periferia do coro para o centro.”
“A mãe dele procurou porque ele é autista também e estava estressado, com muita crise de nervosismo. Se batia, se jogava no chão porque não conseguia ficar com o tronco seguro, e a mãe dele queria tentar porque tinha ouvido falar de crianças que usavam a Cannabis.”
“A gente decidiu iniciar e, a partir dos dois meses, começou a apresentar uma melhora motora. Ele não conseguia levar uma bolacha na boca, por exemplo, e, com o óleo, conseguiu ter essa coordenação motora. Já conseguiu ficar com o tronco mais fixo também.”
“Melhorou a questão social. Retornou às atividades dele. As professoras passaram a relatar uma melhora em relação ao humor e à participação nas atividades.”
O início da medicina endocanabinoide
De acordo com Brito, porém, as patologias mais tratadas são ansiedade, depressão, transtornos bipolares, insônia, dores crônicas e como adjuvante na terapia oncológica. “Estou acompanhando um paciente que está utilizando a Cannabis para fazer desmame de tabaco.”
Esse, no entanto, é somente um início. Ele acredita que, em breve, mais e mais aplicações da Cannabis serão descobertas e a terapia será cada vez mais comum nos consultórios médicos.
“A proibição, com a inclusão no rol de drogas perigosas, atrapalhou muito para que estudos robustos fossem feitos. A maioria dos estudos foram feitos com base no uso recreativo e a Cannabis ficou sem ter como se defender, já que era proibido você dar para o paciente.”
“Nos últimos anos, estão surgindo cada vez mais estudos robustos, do jeito que a ciências gosta: randomizado duplo cego. Eu vejo com bons olhos essa questão de futuro por conta disso. Está sendo falado, pesquisado, tem muito investimento, então acho que teremos bons ventos pela frente.”
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