O falecimento do pai, da avó, e o diagnóstico do filho com paralisia cerebral e Transtorno do Espectro Autista (TEA), tudo na sequência, causaram um impacto maior que o músico Ricardo Guerra, aos 35 anos, conseguia lidar. tratamento
Gabriel, seu filho, sempre apresentou um apresentou um atraso neuromotor. Foi constatada uma paralisia cerebral, mas o choque veio diante da descoberta de que sempre sofreu com frequentes, embora imperceptíveis, convulsões.
“Eram muito leves. A gente achava que era coisa da criança ficar piscando os olhos, mas, na verdade, ele já estava convulsionando e a gente não sabia.”
“O diagnóstico ficou aberto por muito tempo. Fazendo vários exames para descartar todas as síndromes, até chegar num diagnóstico, além da paralisia cerebral, de autismo severo não-verbal. Foi aí que a gente viu que ele convulsionava bastante, até dormindo.”
Primeiro contato com a Cannabis
Enquanto corria em busca de um tratamento para o filho, Guerra lidava com as próprias questões. “Foram três bombas na sequência. Três gatilhos que desencadearam um transtorno de ansiedade muito grande.
“Eu comia as minhas unhas que não ficava nada, bicho. Na minha boca, eu arrancava os pedaços na parte interna dos lábios de cima e inferior. Era um negócio terrível mesmo.”
Vivendo em Salvador, Bahia, Guerra encontrou um amigo da Chapada Diamantina que comentou sobre um extrato de Cannabis que produzia de forma artesanal. Sem qualquer tipo de restrição, decidiu experimentar.
“Cannabis medicinal era uma coisa que ainda pouco se falava. Ele me deu, comecei a fazer uso sem nenhum acompanhamento médico, mas comecei a perceber que estava me deixando mais tranquilo. Quando eu percebi que parei de roer unha, eu entendi que aquilo estava realmente me fazendo bem. Fui tentar procurar médicos que me auxiliassem, mas na época não tinha.”
O tempo passou, o óleo de Cannabis que ganhou de seu amigo acabou, mas serviu para ajudar a superar o momento de crise. ”Algumas vezes eu tive alguns gatilhos de ansiedade. Não tanto quanto a crise que foi desencadeada durante o ano inteiro que eu me mordi todo, mas eu voltei a roer a unha.”
Logo, o assunto Cannabis foi esquecido. “Até então, eu não sabia que também servia para tantas outras patologias, inclusive as convulsões.”
Em busca de tratamento
Diante a descoberta de que Gabriel chegava a ter até 60 convulsões todos os dias, a neurologista prescreveu Depakene, um anticonvulsivante. “Mas mesmo assim as crises se faziam presentes.”
Novos exames detectaram que Gabriel ainda tinha intolerância a uma à glúten, lactato e caseína, proteínas contidas em alguns alimentos.
“O organismo dele não metaboliza certos tipos de alimentos e causa infecção no intestino, inflamação. Estourava várias feridas na cabeça dele. Uma coisa terrível. A partir da dieta cetogênica, isso aí parou.”
Uma melhora importante para o Gabriel, mas ainda era pouco. Uma nova alternativa para a melhora da qualidade de vida do então pré-adolescente quando, em 2017, Ricardo Guerra encontrou um amigo de infância.
Era Leandro Stelitano, fundador e presidente da Associação Para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil (CANNAB) e vice-presidente do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas da Bahia (CEPAD).
“Ele conversou comigo a respeito dos benefícios e eu fui buscar esse caminho. Sou pouco resistente com a questão de medicamentos alopáticos para o Gabriel. Sempre achei que existiam outros caminhos e a Cannabis foi um caminho que a gente encontrou.”
O tratamento com Cannabis
Com a ajuda do amigo, encontrou um médico prescritor e logo Gabriel deu início ao tratamento com óleo artesanal de Cannabis fornecido por uma associação. “Em uma semana, eu percebi que o Gabriel já tinha melhorado bastante na questão da autonomia.”
“Ele é 100% dependente. Não faz absolutamente nada sozinho. Não se alimenta sozinho, não toma banho sozinho. Ainda usa fraldas. Mas, depois do uso do óleo, ei falo pra ele buscar o prato na cozinha e ele sabe qual é o prato dele e pega. Eu seguro o prato, ele enche a colher e come. O que ele quer, ele te pega pela mão, te leva e mostra.”
“E o mais importante de tudo: as convulsões dele zeraram com um mês. As crises de autoagressão, que ele batia a cabeça, também zeraram. Hoje o Gabriel não toma mais Depakene. Ele toma só o óleo três vezes por dia desde 2017.”
Apesar do imensurável avanço ao controlar totalmente as convulsões, Guerra notou que ainda não era o suficiente. “Com o artesanal, rico em THC, as crises sanavam, mas as estereotipias aumentavam. Aí foi todo um processo de ir testando os medicamentos de Cannabis.”
“100%”
Para que pudesse acompanhar de forma mais presente o processo, decidiu estudar. Mesmo sendo músico, Ricardo Guerra fez duas pós-graduações em Cannabis medicinal enquanto o mercado da Cannabis evoluiu e a opção de importar o medicamento de Cannabis com padrão de qualidade farmacológico tornou- se mais acessível.
Com o óleo de Cannabis full spectrum importado, Ricardo e Gabriel puderam observar o real potencial dos fitocanabinoides. “Melhorou a qualidade de vida do Gabriel em 100%.”
“Sair com ele para determinados lugares era muito complicado. Ele tinha sensibilidade ao odor, à barulho. Lugares com muita gente, ele não ficava. Tinha muita resistência à grama, à areia. Sair com ele era muito complicado.”
“Hoje, aos 20 anos, ele vai à praia, senta na areia. Senta pelado e arranca grama com a mão. Não entrava na piscina nem por decreto, não sei pela sensibilidade à água ou por medo. Mas, depois do óleo, entra na piscina sozinho e fica lá se divertindo. Difícil é sair.”
Tratamento com Cannabis para quem precisa
Com a experiência do filho, logo Ricardo voltou ao tratamento com Cannabis, dessa vez com acompanhamento médico, para tratar sua ansiedade. Sua esposa e sogra também aderiram em busca de uma melhor qualidade de sono.
“Hoje eu vivo dividido entre a música, que é meu trabalho, e os estudos acerca da Cannabis medicinal para poder ajudar a outras pessoas. Faço um trabalho junto às comunidades do Rio de Janeiro (onde vive atualmente) em busca de pacientes que precisam de acesso ao tratamento.”
“A gente busca apoio, doações e aumentar essa rede que busca acolher quem precisa e levar conhecimento. Por meio do conhecimento, a gente vai quebrando os preconceitos e, então, eu acho que esse é o caminho.”
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