Para a médica anestesista Ressala Souza, a Cannabis medicinal é mais segura para o paciente que outras opções de fármacos contra a dor
O primeiro contato da médica Ressala Castro Souza com a Cannabis medicinal foi já como professora. Se hoje ainda são poucos os médicos prescritores, em 2014, no ano da aula, eram muito menos e coube a ela, anestesista especializada em dor, a função de proferir uma palestra sobre os fitocanabinoides para alunos da faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Eu comecei a estudar e me interessar pelo tema. Na época, não tinha nenhuma marca no Brasil. Eu fiz uma pesquisa de quais estados dos EUA que já tinham legalizado, quais produtos que tinham à disposição no Canadá e nos Estados Unidos na época”, conta.
“Eu fiz uma linha do tempo sobre o uso da Cannabis e ainda era muito complicado. Já havia algumas importações, principalmente para o tratamento de epilepsia refratária, mas eram casos isolados. Depois foi tendo uma regulamentação e a gente passou a ter a possibilidade de importar para alguns outros casos além da epilepsia. Inclusive com a dor crônica e espasticidade do paciente portador de esclerose múltipla.”
Primeiros pacientes
“Os pacientes que tratam de dor crônica, muitas vezes esgotam todas as possibilidades terapêuticas, tanto de fármacos quanto de procedimentos intervencionistas, e Cannabis veio para poder ser mais uma opção tratamento de dores crônicas refratárias”, relata.
“Além disso, os pacientes sofrem muito com depressão e distúrbios do sono, causados ou associados à doença. Ela não só me auxilia no tratamento do problema, principalmente contra dor neuropática e dor crônica relacionada ao câncer, como também no tratamento dessas comorbidades, como a distúrbios do sono, depressão e ansiedade.”
Em 2018, deu início à prescrição. “Meu primeiro paciente foi o que mais me marcou. Um portador de esclerose múltipla, com muita espasticidade e dor neuropática e realmente melhorou muito a qualidade de vida dele”, lembra.
“Ele fala que os médicos focavam muito na tentativa de barrar a progressão da doença, mas sentia muito a falta de qualidade de vida. A preocupação dos neurologistas, e ele tinha excelentes neurologistas, era retardar a doença para que ele tivesse uma progressão bem lenta, mas ele sentia falta de qualidade de vida”, continua.
“Acordava a noite com dor, tinha uma musculatura muito tensa, dificuldades de iniciar a marcha e, a partir do momento que demos início ao tratamento com Cannabis medicinal, com um pouco de THC, teve a melhora do sono, do humor e, principalmente, da espasticidade e da dor neuropática.”
Mais segura
Para a médica, o que mais destaca a Cannabis medicinal em relação às demais opções terapêuticas para dor é o perfil dos efeitos colaterais. “A Cannabis tem efeitos colaterais como qualquer medicação, mas é um perfil de segurança bem diferente dos alopáticos”, garante.
“A gente não tem um caso de overdose de Cannabis para relatar. Em geral, o paciente relata mais bem-estar com a Cannabis, enquanto há uma crise mundial, uma epidemia de mortes causadas pelo uso abusivo de opioides. Eu me sinto mais segura para usar o medicamento de Cannabis por não termos perdas relacionadas.”
Souza acredita que a tendência é que cada vez mais colegas da medicina deixem as barreiras de lado e passem a adotar a Cannabis medicinal como opção terapêutica.
“Alguns por questões ideológicas, outros porque não conhecem, tem preconceito. Quem conhece e começa a usar, vê que temos um nicho. Muitas indicações boas”, finaliza.
“Não é uma panaceia, não serve para tudo, mas a gente tem muitas indicações boas e ainda temos muito o que estudar.”
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