Fernanda Valente Schultz conta sua história na medicina integrativa, e como a Cannabis medicinal pode trazer benefícios que vão além da patologia
O diálogo é parte fundamental não apenas da profissão médica, mas de qualquer relação humana. Esse princípio de troca e cooperação vem orientando a vida profissional da psiquiatra Fernanda Valente Schultz desde o início. Gaúcha, formou-se pela Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre, e logo começou a atender comunidades carentes. Iniciou o curso de psiquiatria, e foi para São Paulo, onde finalizou seus estudos no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual. Profissional do SUS, trabalha no Capes (Centro de Atenção Psicossocial) há 14 anos.
“Fiz uma trajetória de muita desconstrução da medicina tradicional, e meu trabalho na clínica de álcool e drogas me possibilitou encontros com grupos de redução de danos, de tratamentos com psicodélicos”, conta Schultz. “Sempre estive muito aberta a outras possibilidades de cuidados.”
A visão integrativa da medicina a fez observar os pacientes muito além dos sintomas. “Minha prescrição tem ervas e óleos medicinais, integra também educação, exercícios, alimentação. Eu já vinha de uma medicina que não era tradicional, foi aí veio meu interesse pelo canabidiol.”
Apesar de conviver com médicos que já prescreviam fitocanabinoides, seu primeiro contato próximo com o tratamento à base de Cannabis medicinal veio de forma curiosa, por meio Bartolomeu, seu cachorro. Sofrendo de artrose no quadril, Bartolomeu sofria com fortes dores e não se adequava aos medicamentos tradicionais.
“Ele tomava várias medicações com repercussões neurológicas”, lembra Schultz. “Não resolvia a dor e ele ainda ficava muito baqueado. E eu não queria dar medicamentos mais fortes, porque iam fazer muito mal ao fígado dele.”
Um veterinário prescreveu canabidiol para Bartolomeu, e a melhora foi notável. “Eu testemunho diariamente o benefício do canabidiol para o Bartolomeu. Ele voltou a saltar degrau de escada, subir no sofá, anda muito feliz na rua.”
Em 2019, uma colega de Caps começou a prescrever fitocanabinoides. Schultz ficou interessada e recebeu o contato do portal Cannabis & Saúde — foi aí que introduziu de vez a medicina canábica ao seu repertório. “O canabidiol funciona tanto como monoterapia [tratamento com um único medicamento] quanto para pessoas que fazem uso de alopáticos”, explica Schultz.
“Com o CBD eu consigo diminuir, até retirar medicações de pacientes que antes não conseguiam viver sem determinado remédio.”
E muitos pacientes já chegam no consultório querendo se tratar com Cannabis medicinal. “Funciona muito bem para pacientes com ansiedade, insônia, TDAH [transtorno de déficit de atenção e hiperatividade], psicose.”
Para Schultz, o principal benefício da Cannabis medicinal é poder tratar um caso específico sem causar danos colaterais aos pacientes. “A gente sempre tem que botar na balança tudo de ruim que a medicação alopática traz. Por exemplo: você vai tratar depressão, ansiedade, mas pode causar uma baixa na libido; você vai melhorar uma situação de psicose, mas vai causar obesidade, deixar a pessoa sedada, sonolenta”, pondera a psiquiatra.
“É sempre uma balança, não tem nenhum remédio alopático que não faça muito mal para alguma coisa.”
Foi justamente dessa balança que vem o caso que mais marcou Schultz no tratamento à base de Cannabis medicinal. Uma colega de Caps teve um quadro de psicose: “Ela não é esquizofrênica, mas teve uma ruptura com a realidade”, descreve a médica.
Porém, por trabalhar de forma próxima com pacientes com transtornos mentais, a paciente ficou muito angustiada com os possíveis tratamentos — ela sabia que os medicamentos convencionais teriam um impacto muito forte em sua vida, causando efeitos colaterais indesejados. Schultz a tratou com fitocanabinoides, e o quadro foi totalmente controlado.
“Mesmo atuando em um ambiente extremamente opressor, ela conseguiu sustentar seu trabalho. Hoje ela está gestante, e consegue sair de casa, voltou para uma vida normal. É o caso pelo qual tenho mais carinho.”
Esse equilíbrio na terapia é uma das vantagens dos fitocanabinoides: os benefícios parecem se estender para além do quadro tratado. “Nunca tive nenhum paciente de Cannabis medicinal que se queixou de algum efeito colateral”, recorda Schultz.
“Na verdade, tenho paciente que trata a ansiedade e passou a não ter mais cólica menstrual. Outro tinha depressão, e agora também resolveu as crises de enxaqueca. Uma paciente sofria de depressão e conseguiu de livrar dos medicamentos para fibromialgia, que são alopatias que causam intensos sintomas de retirada”, comemora a médica.
“As pessoas acabam se beneficiando em outras questões, usando algo que não causa prejuízo.”
Sobre a reação reticentes de colegas diante da possibilidade do uso de Cannabis medicinal, Schultz diz que mantém uma relação sempre aberta com todos os questionamentos. “Eu passo o contato do Cannabis & Saúde, conto como são os casos dos meus pacientes. Eu luto muito por uma medicina não arbitrária”, revela a médica.
“A medicina integrativa se propõe a construir junto com o paciente um processo de cuidado, algo que faça sentido para todo mundo, tanto para o médico quanto para o paciente”.
De acordo com a psiquiatra, o paciente deve ser encarado como um sujeito, não como objeto de tratamento. “Ele não é um corpo no qual eu intervenho, ele é sujeito de seu processo terapêutico.”
Em relação aos colegas, a postura é a mesma: muito diálogo e troca de experiências. “Eu faço isso com todas as pessoas que cruzam meu caminho, ainda mais quando é um tema polêmico para alguém.”
Sobre as pessoas que ainda têm preconceito em relação ao uso da Cannabis medicinal, a psiquiatra acredita que a solução está no conhecimento. “O preconceito vem da ignorância. A gente não pode tecer um conceito a respeito das coisas sem se propor a descobrir, se permitir experimentar”, pondera. “O novo deixa de ser novo quando as pessoas se propõem a viver uma experimentação. É assim que se constrói a vida.”
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