Vindo de família com origem humilde e vivendo na Zona Leste da cidade de São Paulo, o psiquiatra Paulo Renato Ribeiro viu nos estudos a oportunidade de conquistar um futuro mais confortável, estimulado por um professor da sexta série.
“A gente tinha um professor de biologia que era muito bom. Até hoje lembro das músicas dele para decorar a anatomia, botânica. Aquilo fez com que eu me apaixonasse e acabei decidindo prestar medicina.”
Um sonho que começou a se tornar realidade em 1999, quando ingressou na Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André. A especialização pela qual seguiria, no entanto, estava em aberto.
O rumo do psiquiatra
Flertando com a cirurgia plástica, teve que lidar com um caso que o deu certeza sobre qual caminho seguir. “Fui fazer um trabalho sobre reconstrução de pálpebra em uma criança que sofreu uma mordedura da mãe em um surto psicótico puerperal.”
“Nós fomos estudar a técnica de reconstituição da pálpebra, mas o que me interessou foi o por quê uma mãe pirou e mordeu a criança na cara, falando em português claro.”
Desde então, seguiu o rumo da psiquiatria, ramo que acumula larga experiência, atuando também como médico perito.
Primeiro contato
Sempre ligado às novidades das ciências sobre a psiquiatria, desde 2002 participando anualmente do Congresso da Associação Brasileira de Psiquiatria, somente há cinco anos começou a escutar sobre um fitoterápico promissor.
No entanto, Ribeiro ficou inseguro em partir direto para a prescrição de Cannabis medicinal. “Fiquei com medo da burocratização e da responsabilidade sobre o médico.”
“Por exemplo, se eu prescrevo Rivotril e você toma os 30 de uma vez, é um problema do paciente. No canabidiol, nos termos de consentimento, a gente era responsável se acontecesse alguma coisa com o paciente e, em casos psiquiátricos, nem sempre dá para confiar.”
O interesse, no entanto, estava desperto. Solicitou informações sobre os fitocanabinoides no organismo e mergulhou nos mecanismos de ação junto ao sistema nervoso.
“Tive que voltar a estudar. Relembrar muita coisa da neurologia, que a gente tem na formação acadêmica, mas é muito fraco.”
“Molécula sensacional”
O tempo passou, o acesso foi facilitado, assim como a segurança dos médicos em relação a prescrição, e, há quase três anos, utiliza a Cannabis medicinal em seu arsenal terapêutico.
“É muito gratificante porque é uma molécula sensacional. Não é nova, mas é muito boa. Sempre tem quem fala que não tem estudo fase três, mas logo terá.”
“Empiricamente, a gente já tem estudos de eficácia, além da prática clínica, que faz com que a gente possa prescrever e estamos protegidos pelas RDCs da Anvisa.”
“Em relação à molécula, é um remédio fitoterápico que tem uma ação de diminuir as ascensões talánicas, ou seja, tem uma função neurocomportamental, por isso que ele é muito bom para quem tem aqueles comportamentos de tic, inquietação psicomotora ou agitação.”
“A Cannabis tem uma ação anti-inflamatória, protege tecidos diminuindo os radicais livres, tem uma ação autoimune diminuindo a citocinas pró-inflamatórias e aumentando as anti-inflamatórias, e ainda por cima modula o receptor serotoninérgico, que ajuda na comorbidade de transtorno de humor. Também diminui a percepção dolorosa e térmica.”
Melhor indicação do psiquiatra
“A grande maioria dos pacientes que têm algum tipo de dor crônica, têm a comorbidade de algum transtorno psiquiátrico associado. Junto com epilepsia e autismo, na minha humilde opinião, essa é a melhor indicação dos canabinoides, tipo uma fibromialgia com transtorno depressivo.”
“Existe uma série de indicações porque a própria essência dos canabinoides é manter a homeostase, o equilíbrio, do organismo.”
“Por exemplo, se a gente for para uma viagem, e outra, e outra, vai ter febre e vai ficar doente. Se não descansar, você morre. É o processo de alostase, estresse. O corpo precisa desse estágio de recuperação e o canabidiol acelera esse estágio.”
Troca ou complemento
O psiquiatra compara o canabidiol com duas medicações amplamente utilizadas na psiquiatria: duloxetina e pregabalina. “São utilizadas para dor crônica em comorbidade com transtorno ansioso e depressivo.”
“É muito comum pegar paciente tomando essas duas medicações, que são sedativas e tem bastante efeito colateral. Pode causar queda da própria altura e da pressão arterial, moleza, tontura, enjoo e não tem eficácia sobre a dor nem sobre a ansiedade.”
“No caso de transtornos depressivos, começo a fazer a troca. Diminuir essas duas moléculas e entrar com o canabidiol.”
“Nos casos dos ansiosos depressivos, o ideal é deixar a Cannabis como terapia adjuvante, porque ela não tem uma potência serotoninérgica tão grande para sustentar casos recorrentes graves sozinha.”
Por todos esses motivos, o psiquiatra acredita que ainda vai preencher muita prescrição de Cannabis medicinal.
“Já há alguns anos venho prescrevendo e, falando sobre a molécula. Eu tenho 20 anos de psiquiatria e, provavelmente, ao longo dos próximos 20, a Cannabis vai fazer parte.”
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