A rápida evolução em direção a novas opções terapêuticas foi determinante para que o neurologista Paulo Mei escolhesse seu caminho na medicina. “Eu sempre gostei das cadeiras de neuroanatomia e neurofisiologia e é uma ciência que estava avançando muito.”
“Há 17 anos, quando optei por me tornar neurologista, vi um potencial de desenvolvimento científico tecnológico grande e que realmente está acontecendo. O número de terapias médicas tecnológicas triplicou nesses anos. Sempre me interessei por estar em constante desenvolvimento.”
Todo esse desenvolvimento, no entanto, não foi o suficiente para atender de forma satisfatória aos pacientes. “Muitas das doenças neurológicas não têm tratamento curativo. No máximo, controlam os sintomas. A gente tem limitações. As medicações dão muito efeito colateral, interação medicamentosa, ou não dão resultado.”
O neurologista e a Cannabis
Ávido por novidades, sempre se manteve atento às opções que surgiam no mercado. “Comecei a ver uns estudos sobre o potencial terapêutico da Cannabis. Faz quatro anos que comecei a estudar, ler artigos e me inteirar do tema, bem antes de ser uma tendência.”
“Eu nem chamo a Cannabis de terapia alternativa, porque são medicamentos que se ligam aos receptores no corpo como qualquer outro medicamento. É como um AAS, que vem da casca do salgueiro. Eu trato como uma terapia como qualquer outra.”
Porém, com fundamentais diferenças, por agir diretamente no sistema endocanabinoide. “Ela age sobre receptores diferentes. Você não tinha disponível no mercado nenhuma medicação que atuasse nos receptores CB1 e CB2. A Cannabis atua em receptores que, até então, não eram modulados pelas medicações que a gente tinha no mercado.”
Resultados
De acordo com o neurologista, sintomas relacionados à demência são suas indicações mais frequentes para terapia canabinoide. “Eu atendo muito paciente geriátrico. Trato muita agitação e agressividade que bem com as demências. Recebo muitos quadros de insônia, ansiedade e dor crônica também.”
Os resultados são positivos. “Tenho um paciente que foi marcante para mim. Ele tinha uma dor muito forte e intratável por contra de fraturas ósseas e outros problemas. Já estava com doses altas de opioides e não conseguia se locomover. Estava 100% em cadeira de rodas ou leito.”
“Depois que comecei a usar uma combinação de canabidiol com THC, eles, não só descontinuou o uso de opioides, como começou a se locomover de novo. Foi um caso que me marcou entre muitos.”
Fim da resistência
Este é só o começo. Conforme os estudos sobre a Cannabis medicinal avançam, o neurologista acredita que o medicamento se tornará mais comum. “Acho que a gente vai ganhar mais conhecimento e adquirir mais evidências científica para uma série de condições.”
“Ainda estamos no processo de entender as as moléculas primárias, CBD e THC. Futuramente, talvez tenhamos mais dados sobre os outros canabinoides, como o CBG e o CBN, assim como as outras substâncias que não temos certeza de todo o potencial.”
“Parte da população e dos profissionais médicos têm uma certa resistência e hesitação em relação à Cannabis por ser algo novo e que sempre esteve associado a conotações negativas.”
“Essa resistência está sendo vencida bastante rápido e vejo cada vez mais pacientes que não cogitavam o uso, querendo, e vários médicos querendo aprender. Está diminuindo à medida que as discussões avançam na sociedade e a legislação se mostra simpática à causa.”
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