Nana Delbaje explica como aliou diversas especialidades ao longo da carreira em busca de uma melhor qualidade de vida para seus pacientes
A prática de esportes vai muito além do que atingir bons resultados. Tem potencial para a educação e formação cívica dos cidadãos e capacidade de quebrar barreiras linguísticas e culturais, incentivando uma convivência pacífica. Essa é a mensagem que busca passar a Organização das Nações Unidas desde 2013, ao estabelecer o dia 6 de abril como o Dia Internacional do Esporte para a paz e o Desenvolvimento. Esporte é vida e a médica Nana Delbaje pode observar de perto a transformação que a prática pode trazer a longo prazo.
“Em 15 anos de geriatria, eu vi os dois lados do esporte”, explica. “Notava como não praticar esportes impactava negativamente o envelhecimento das pessoas; já quem se mantinha ativo, tinha um envelhecimento muito melhor. E, por outro lado, atletas de alto rendimento, quando não tinham acompanhamento médico adequado, acabavam chegando na velhice com muitos problemas.”
Desde a universidade, Delbaje tinha o sonho de se tornar geriatra — “Minha paixão era estudar idosos”. Ao mesmo tempo, era bastante atuante na atlética da faculdade, o que a levou a se especializar em medicina esportiva. A geriatria veio depois, em uma pós-graduação na Unicamp. No entanto, as duas especialidades sempre andaram juntas, o que permitiu a Delbaje ver os pacientes com outros olhos.
Todo esse panorama da geriatria associado a práticas esportivas ao longo da vida fizeram com que Delbaje focasse seu trabalho na medicina preventiva, enveredando também pela área da nutrologia. “A prevenção é um dos temas mais marcantes da medicina, consigo ver nela pontos importantes da geriatria e da medicina esportiva.”
Seu objetivo era proporcionar qualidade e bem-estar na vida de seus pacientes. Para isso, sempre buscou ir além dos medicamentos alopáticos convencionais no tratamento dos que frequentam seu consultório. “Sempre recebi pacientes que procuravam tratamentos alternativos, e incentivei muitos deles a se tratarem com fitoterápicos, fazer acupuntura”, lembra a médica. “Sempre tive esses dois mundos andando em conjunto, porque eu via resultados melhores e mais rápidos nos meus pacientes.”
O início na Cannabis medicinal
E a Cannabis medicinal chegou por meio desses pacientes que buscavam uma outra terapia, especialmente familiares de idosos com Alzheimer. Delbaje vinha estudando o tema desde 2018, quando participou de um congresso sobre a doença. “Acendeu uma luzinha, mas ainda não prescrevia.”
Começou a fazer cursos e conversar com colegas sobre o assunto. Em 2020, fez algumas aulas com a amiga neurologista Natasha Consul, sobre pacientes com dores crônicas. Trocou ideias também com a nutróloga Patricia Savoi, de quem também ficou próxima. As duas a apoiaram, relatando casos clínicos de sucesso. Vendo os resultados, decidiu a prescrever e colher boas respostas dos pacientes.
Um dos primeiros casos que mais marcou Delbaje foi de uma paciente na casa dos 45-50 anos. No climatério — período que se inicia com a menopausa e marca uma grande mudança na das mulheres — a paciente sofria com várias condições associadas. Tinha muitas dores por conta de uma fibromialgia, que atrapalhava também seu sono, causando uma deterioração de sua qualidade de vida. Fazia uso de diversos medicamentos tanto para diminuir a dor, quanto para induzir o sono — todos com eficácia parcial e muitos efeitos colaterais.
Delbaje receitou a Cannabis medicinal em novembro, e logo a paciente voltou com novidades: “Voltei a ser eu mesma”, comemorou a mulher no retorno com Delbaje.
A respostas positiva em tão pouco tempo tocou a médica, que conseguiu, além de devolver a qualidade de vida da paciente, também reduzir sensivelmente as medicações alopáticas.
Outro caso que lembra com carinho é de um idoso com demência, que tinha muita dificuldade de relacionamento com a família. A situação na casa era tão delicada que os familiares optaram por coloca-lo em uma casa de repouso, para receber tratamento de profissionais. Mesmo assim, iniciaram o tratamento com Cannabis medicinal; alguns ajustes na dosagem foram feitos, e o paciente começou a mostrar uma evolução.
A primeira consulta foi em novembro, e em dezembro a família decidiu trazer o idoso para passar o Natal em casa. O paciente havia melhorado tanto que a família não quis “devolver” o idoso para a casa de repouso — desde então, ficou com sua família. “Você mudou nossa vida”, diziam os familiares. “Não fui eu, foi o tratamento”, respondeu Delbaje.
Para a médica, a diferença fundamental entre o tratamento com Cannabis e o convencional está na mudança de qualidade de vida dos pacientes. “A gente consegue impactar mesmo”, avalia Delbaje. “A gente consegue diminuir bastante as alopatias, muitos nem precisam usar os medicamentos convencionais — alguns controlam seus casos apenas com fitocanabinoides. E mesmo quando usamos a Cannabis medicinal em associação com alopatias, conseguimos fazer um ajuste muito delicado, conseguindo uma terapia que une o melhor das duas alternativas.”
Apesar dos resultados extremamente positivos, a médica lembra que o tratamento com fitocanabinoides não é uma cura milagrosa, e pode levar tempo para dar certo. “Como em todos os tratamentos, a gente vê resultados melhores em alguns casos. Em outros, a terapia pode não ter a mesma eficácia. Por isso é bom que médico e paciente tenham bastante contato. E bastante paciência também. Ajustes são necessários: a Cannabis não resolve tudo e não resolve rápido.”
Troca de informações
Ao avaliar a abertura da classe médica para a Cannabis medicinal, Delbaje afirma que a troca entre colegas é fundamental. “Do mesmo modo que Natasha Consul e Patricia Savoi foram minha ponte, eu também recomendo que colegas busquem informações sobre o tema.”
Para a médica, discutir os casos com outros médicos e relatar os benefícios para os pacientes ajuda a combater o preconceito que muitos profissionais ainda têm em relação ao assunto. “Quando prescrevo a Cannabis medicinal para um paciente que faz tratamento com outro profissional, eu tento entrar em contato para explicar um pouco melhor a terapia, me colocar à disposição, mostrar que nossas atuações podem ser complementares”, explica.
“Nossa missão como médico é, acima de tudo, não fazer mal ao paciente. Se tem uma terapia que pode minimizar o mal que outros tratamentos faziam, temos que levar em consideração sim.”
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