Pela caminhada, Mirna Ribeiro começou a perceber que havia algo de diferente com sua mãe. Iraci Andrade, hoje com 82 anos, começou a apresentar dificuldades para andar. “Ela tentava dar o primeiro passo e não saia do lugar. Só lá para sexta tentativa que conseguia.”
“Mamãe sempre trabalhou. Ela produzia salgados e não tinha mais controle para enrolar os salgados. A mão dela já não conseguia fazer os movimentos.”
Atenta à condição da mãe, Mirna a levou para uma consulta com um neurologista e, há 15 anos, foi diagnosticada com a doença de Parkinson e deu início ao tratamento.
“Prolopa foi o primeiro remédio que ela tomou. Em pouco tempo, voltou a limpar a casa, passar pano, falando que estava mais disposta. Mas durou pouco e depois de um tempo parecia que não fazia mais efeito.”
Primeiro contato
“Eu fiquei muito preocupada. Sou muito atenta a essas coisas e fico procurando me informar sobre algum tratamento paralelo que possa ajudar e, na internet, eu vi uma vez alguém falando sobre Cannabis”, lembra.
“Nisso, um rapaz de Uberaba conseguiu na justiça o tratamento com Cannabis para o filho dele que sofria de epilepsia e, coincidentemente, era amigo do meu esposo.”
Com a ajuda desse colega, Mirna conseguiu pela primeira vez, em 2017, a Cannabis medicinal para a mãe. No entanto, foram só três meses de uso. O medicamento era trazido dos EUA e, com doses cada vez maiores, tornou- se inviável financeiramente e abandonaram o plano.
Na ânsia por dar sequência ao tratamento, encontrou na internet pessoas que produziam o óleo e forneciam por um preço bem mais acessível, os chamados “jardineiros”.
A tentativa não atingiu sucesso terapêutico da Cannabis. Não pelo desconhecimento da procedência do tratamento (fundamental), e sim pelo desconhecimento dos próprios neurologistas.
“Ela resolveu parar porque um neuro conversava com o outro e eles não concordavam com o tratamento com Cannabis. Ela optava por confiar naqueles que diziam que nem Parkinson ela tinha, já que não apresentava os tremores característicos”, conta.
“Até hoje ela não tem aceitação de que tem Parkinson e os médicos tiraram até os remédios que ela usava. Tirou tudo e falou que era problema na coluna.”
Segunda tentativa
A decisão, porém, fez piorar ainda mais a situação de Iraci. “A mamãe teve que usar andador, caía constantemente, o sono dela ficou mais perturbado. O papai sempre reclamava que ela era muito agitada, apertava ela à noite, beliscava, chutava.”
“Na hora que chegou nesse ponto, que a mamãe precisou de andador e não tava tendo controle mais, meu pai falou que a gente precisava dar um jeito. O único recurso que eu sabia era a Cannabis.”
Retornaram a utilizar o medicamento canabinoide por um ano, mas não conseguiam ver melhora em Iraci. “Foi um médico aqui em Uberaba que passou a receita, mas ele não tinha conhecimento. Eu consegui o óleo, mas ela não tinha acompanhamento médico.”
Muitos pacientes desistem do tratamento com Cannabis nesse ponto. Os medicamentos à base de Cannabis Sativa não são todos iguais. A planta possui mais de 150 substâncias químicas e as indicações de composição e dose variam muito de acordo com o organismo e patologia dos pacientes. Essa a importância de contar sempre com um acompanhamento médico.
Sucesso terapêutico da Cannabis para o Parkinson
Mirna entendeu isso e decidiu buscar o acompanhamento do médico Paulo Fleury, experiente na prescrição de Cannabis medicinal. Com o tempo, ainda mudou de médico, sendo acompanhada por Pedro Henrique Braga Pereira, mas desde o início começou a notar o sucesso terapêutico da Cannabis.
“Com 40 minutos que tomava o óleo, já fazia efeito. Ela tem uns movimentos involuntários (discinesia) e já diminui bastante. Deu um up nela, uma animada. Ela já consegue se movimentar melhor. Não vai trazer cura, mas, graças a Deus, está sob controle. É uma outra pessoa.”
Sucesso terapêutico da Cannabis para a ansiedade
Os benefícios da Cannabis medicinal para a mãe deixou Mirna experiente e, quando chegou sua vez de enfrentar problemas de saúde, já sabia a quem recorrer. “Eu sou ansiosa, mas nunca tinha sentido uma manifestação exagerada. Só que um dia, eu estava caminhando na rua, cheguei em casa, e não me senti bem.”
“Comecei a notar que eu também estava com sono muito agitado. Virava para um lado, para o outro, e não estava dormindo bem. Ai eu falei: ‘quer saber, vou fazer uma consulta e vou ver o que ele fala’ e ele me passou o CBD.”
“Eu comecei a usar e, na primeira semana, o meu sono já mudou. Comecei a dormir bem, estava mais tranquila, melhorou o humor. Na segunda semana, ainda melhor. Eu não dormia direito e tem noite que eu acordo só no outro dia.”
A Cannabis e o preconceito
Mirna conta que não foi só os sintomas próprios e da mãe que mudaram desde que iniciou a jornada pelo tratamento com Cannabis medicinal.
“Meu pai era militar e fui criada de forma bem rígida. Não fazia nem amizade com quem a gente tinha conhecimento que fumava. Tive muito preconceito. Quando comecei a me informar, o preconceito foi embora e eu comecei a dar apoio. A pouca informação que eu tenho, eu procuro passar para as pessoas.”
“Por exemplo, as lives do portal Cannabis e Saúde, eu compartilho com umas dez pessoas no mínimo. Eu tô sempre tentando me informar para poder ter uma certa segurança para passar para as pessoas.”
Hoje, aos 57 anos, Mirna assumiu a função de propagadora da Cannabis medicinal e sabe que tem muito trabalho pela frente. “O preconceito existe até hoje, até na família. Tenho uma cunhada que toma Rivotril e Lexotan, mas não tem coragem de usar.”
“Ela tá em crise agora, uma coisa assustadora, e eu pedi de novo para ela tomar. Nem que eu vá na casa dela para pôr na boca para ela usar”, brinca Mirna.
Agende sua consulta
Foi-se o tempo em que conseguir o tratamento com Cannabis medicinal envolvia uma longa jornada. Hoje, em menos de um mês, já é possível estar com o medicamento em mãos. Tudo começa com a consulta com um médico prescritor.
Além de ser o único meio de conseguir realizar o tratamento canabinoide de maneira legal no Brasil, o acompanhamento de um profissional experiente é fundamental para obter todos os benefícios terapêuticos, como o caso de Iraci demonstra.
A plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde torna o acesso ao tratamento ainda mais simples ao reunir mais de 200 médicos prescritores, com diversas especialidades. Basta acessar e utilizar nosso sistema de busca para encontrar o profissional que melhor se encaixa em seu perfil e necessidade.