Atuar à frente de uma agência de marketing, com longas jornadas de trabalho, já proporciona uma rotina desgastante. Agora, imagina fazer isso enquanto se prepara para correr 42 km, pedalar 180 km e nadar 3,8 km, tudo de uma vez, competindo com os melhores do mundo. Foram esses os últimos seis meses de Marina Jacob, triatleta amadora que disputou no início de outubro o Campeonato Mundial de IronMan, em Kona, no Havaí.
A jornada para estar lado a lado com experientes atletas profissionais, no entanto, é longa e cheia de surpresas. A primeira em 2009, quando começou a correr e se apaixonou.
“Eu comecei a querer ficar boa na corrida. Então eu fui me dedicando mais e, depois de um tempo, nos dias que eu não corria, eu passei a nadar.”
Vida de triatleta amadora
Correndo e nadando, acabou conhecendo triatletas em seus treinos. “Eu queria muito viver aquilo. Em 2016, comprei a minha primeira bicicleta usada. Eu gosto de falar isso porque você não precisa de muito para começar. Foi assim comigo e já faz quase sete anos.”
Começou com provas mais curtas e, com bom desempenho, foi aumentando seu desafio. “Eu comecei a me classificar para todos os mundiais nas provas em que participei.”
“Sempre exigi muito do meu corpo ao longo dessa trajetória. Também tento cuidar de tudo que me ajuda. Sou muito certinha com fisioterapia, alimentação, recuperação.”
No entanto, é preciso tempo para se dedicar à dupla jornada. “Eu não durmo tanto por causa do trabalho, que não para nunca.”
“Durmo às 23h e acordo às 6h, mas em picos de ciclo (e treinamento), é às 5h30 para dar tempo de tudo. Meu sono é muito prejudicado, mas em todo o resto eu consigo ter controle.”
Após anos de preparação, a triatleta se sentia pronta para disputar a prova completa do IronMan em 2021, mas, em um curto espaço de tempo, sofreu dois acidentes domésticos que a afastou dos treinos.
Dor e treino
Recuperada, em 31 de maio de 2022, no IronMan de Florianópolis, pode, enfim, realizar seu objetivo. “Eu não tinha corrido tanto no ciclo, porque estava me recuperando, e fui sem expectativa nenhuma para a prova.”
“Acontece que eu tinha uma base, foi um dia bom, e fiquei em terceiro lugar na minha categoria e sétimo lugar no geral, o que garantiu minha vaga para Kona.”
A partir de então, a triatleta teria que treinar ainda mais intensamente visando o Mundial de triatlo. “Mesmo fazendo fisioterapias toda semana, eu estava com uma inflamação no tendão que estava me incomodando. Eu tava muito irritadiça.”
Para tratar e recuperar 100%, Jacob teria que dar um tempo nos treinamentos e isso estava fora de cogitação. A dor, embora incômoda, estava sob controle e os cuidados teriam que esperar a disputa em Kona.
“Já não tinha dor”
Em busca de uma alternativa, marcou uma consulta com o médico Roberto Beck.
“Eu sempre me gabei que dormia bem, deitava e dormia. Ele começou a analisar meu sono e a gente viu que não dormia nada. Além de dormir pouco, tinha um sono muito agitado, o que prejudicava na minha recuperação e me deixava irritada.”
Para lidar com a situação, deu início ao tratamento com Cannabis medicinal com CBD isolado. “Numa sexta-feira eu peguei o frasquinho e, cinco dias depois, já não tinha mais dor nenhuma.”
“Eu comecei o tratamento seis semanas antes da prova, quando começa o auge do ciclo de treinamentos, e passar por isso tudo sem dor é muito diferente.”
“No sono, a quantidade eu não consigo mexer. Estamos trabalhando para conseguir melhorar a qualidade de quando eu durmo, porque essa rotina gera uma ansiedade, e a gente está ajustando.”
“Para a recuperação muscular e articular, até parece mentira quando eu falo. Eu tinha prometido só falar se fosse verdadeiro e, no sentido de desinflamar meu corpo, foi incrível. Um ciclo de treinamentos muito redondo.”
Em Kona e além
Disputar uma prova tão longa, intensa e desafiadora, porém, traz junto imprevistos. “Eu passei muito mal na prova. Meu estômago me traiu e não foi do jeito que eu gostaria que tivesse sido, mas foi do jeito que tinha que ser.”
Mas não pense que a rotina de treinos acabou. Marina Jacob ainda pretende disputar uma prova ainda este ano, a ser definida com seu treinador. “Depois eu vou descansar porque estou precisando.”
Em todo o caso, agora pode contar com os benefícios da Cannabis medicinal. “Eu falo que ela é mais um tijolinho. Sozinha não vai fazer milagre. Não adianta se não tem uma alimentação regrada, não faz fisioterapia.”
“É bem importante seguir seu treino e, dentro desse âmbito multidisciplinar que existe no esporte, a Cannabis é mais um pilar para a saúde e prevenção.”
“Absurdo”
Com isso em vista, se junta aos que protestam contra a resolução do Conselho Federal de Medicina, que limita a prescrição de Cannabis medicinal.
“Vejo essa resolução como um absurdo. É um absurdo você ter que esperar a doença para se cuidar. Eu tenho a prevenção como filosofia de vida. Acho incrível os atletas poderem tomar muitos anti-inflamatórios e um tratamento com CBD não pode.”
Embora, de acordo com a resolução, um especialista em medicina esportiva não possa prescrever com o objetivo de melhorar a recuperação muscular, como no exemplo da triatleta, a Agência Mundial Antidoping (Wada) libera o canabidiol.
“Eu uso somente o CBD isolado, que é permitido pela Wada. Se alguém pedir amanhã para fazer qualquer exame de doping, não vou ter problema nenhum. Eu não admitiria alguém tirar o mérito das minhas conquistas por causa de um ativo.”
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