Perto de completar 60 anos, Maria Núbia Lima desenvolveu uma artrose no joelho. Para lidar com as dores, seguiu a receita convencional de analgésicos e anti-inflamatórios. Uma opção terapêutica que durou pouco.
“Com o tempo ela desenvolveu uma alergia a esses medicamentos”, conta sua filha, Ana Patrícia Centeno. “Não podia tomar quase nada.”
Sem evolução no quadro, e impedida de realizar um tratamento medicamentoso, a alternativa foi a realização de uma cirurgia. “Fez uma artroscopia no joelho e sofreu bastante. Ela só podia tomar paracetamol com codeína e foi um processo bem lento.”
O surgimento da demência
As dores não aliviaram e logo os problemas foram crescendo. “No meio disso tudo, ela desenvolveu um processo demencial. Com 71 anos, a gente iniciou o tratamento e ela veio morar comigo, porque ela foi diagnosticada com parkinsonismo por corpo de Lewy e o processo já estava querendo avançar.”
“Aí junta a dor no joelho com o Parkinson, que também traz dores. Começou a ter um pouco de tremores, dificuldade de locomoção, discinesia. Tinha alucinações também, próprias do processo de demência. Tinha tudo, mas o que incomodava mais era a parte física.”
O tratamento foi o tradicional para casos de Parkinson, mas, em seu caso, não atingiu os resultados esperados. Em busca de alternativas para o tratamento da demência, Ana Patrícia se deparou pela primeira vez com a possibilidade de tratamento com Cannabis medicinal.
Dois coelhos
“Vi que a Cannabis era indicada para Alzheimer e achei interessante, mas, para mim, era um negócio muito experimental ainda. Ela tinha bastante ansiedade, as alucinações não estavam controladas, mas a principal questão era a dor. Paracetamol com codeína era como água para ela.”
Começou então a investigação atrás de formas de controlar a dor e, mais uma vez, o resultado da pesquisa foi cannabis medicinal. “Me deparei novamente com o canabidiol e pensei que, se a gente fosse atrás, vamos matar dois coelhos com uma cajadada só. Tratar a dor e o Parkinson.”
Há cerca de um ano e meio, marcou uma consulta com um médico psiquiatra prescritor de Cannabis medicinal e deu início ao tratamento. “A médica focou na dor e passou um medicamento balanceado (com proporções iguais de CBD e THC), mas começou a dar mais crise de ansiedade.”
Foram quatro meses de tratamento com esse medicamento. “Ela tava melhorando em relação à dor, ao movimento, mas a ansiedade estava grande. A recomendação era para introduzir quetiapina, mas eu não quis.”
Qualidade de vida na demência
Decidiu buscar uma segunda opinião e marcou uma consulta com a neurologista Denise Lutfi Pedra. “Vou tentar alguém que entenda do parkinsonismo para ver se consegue me orientar melhor.”
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Além do medicamento balanceado, introduziu o óleo rico em canabidiol. “Nas primeiras semanas, ela teve uma boa melhora no controle da dor. Ela perdeu a fala, mas dava para ver elas expressões faciais.”
“A questão do equilíbrio melhorou também e o sono. Quando introduziu o CBD, o sono melhorou. A pessoa, quando não dorme, passa mal o dia inteiro. Ela voltou a dormir um pouco melhor e voltou a ficar mais ativa durante o dia. Voltou a fazer coisas que tinha parado. Foi bem legal.”
“Foi interessante porque a quetiapina melhorava o sono, mas o movimento ficava bem precário. Tentamos risperidona, mas ela não podia tomar que seu corpo enrijecia do dia pra noite. Não pode tomar nenhum remédio para dor, então seu medicamento é totalmente Cannabis. Toma prolopa ainda, mas estamos em fase de diminuir.”
Aos 76 anos, Maria Núbia consegue ter uma melhor qualidade de vida. “Hoje ela tem baixa mobilidade, mas é porque foi uma doença que evoluiu muito nos dois primeiros anos. Ela está há um ano com o tratamento e está estável. Não existe cura, mas existe qualidade de vida.”
Negando as evidências
“Eu nunca fiz uso recreativo, mas nunca foi contra. Achei interessante quando surgiu a questão da Cannabis medicinal e ela faz tudo. Quer dizer, se for uma coisa bem direcionada, como tudo na vida. Se não souber usar, até alimento vira veneno.”
Para Ana Patrícia, o bem-estar de sua mãe estaria bem mais prejudicado se não fosse o tratamento com Cannabis. A evidente melhora, no entanto, não é aceita por todos.
“Ela tá com uma geriatra agora que faz campanha contra. Eu digo: ‘quando você vai atender um paciente, avalia se ele está se dando bem com o medicamento ou não. Com a Cannabis você vai fazer a mesma coisa.”
“Minha mãe tomou outros medicamentos, não funcionou e tirou o remédio. Nessa área, qualquer medicamento é meio que tentativa e erro. Os alopáticos funcionam para um e para outro não.”
“Por que não vou tentar um medicamento que pode trazer benefício para minha mãe. Ainda mais para a dor, que ela tem alergia e não pode tomar.”
”Vamos estimular para que a doença demore mais um pouquinho. A gente sabe que não tem cura, o sistema vai definhando, mas vamos tentando entregar a melhor qualidade de vida que a gente pode.”
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