O médico Marcelo Braganceiro conta como a Cannabis medicinal mudou sua forma de se relacionar com os pacientes
Há duas formas de ver a medicina. Uma delas, bastante difundida nos dias de hoje, é a do médico tecnicista: ele trata de uma fila de pacientes como se fosse uma série de diagnósticos; para cada sintoma, um medicamento. Outra forma, quase romântica, é a do médico como um investigador: ele leva em consideração a complexidade de cada caso — as condições de vida de cada pessoa, seu cotidiano, suas vontades — e vai atrás de uma solução específica.
O médico Marcelo Braganceiro descreve sua carreira como uma passagem de uma forma de fazer a medicina para a outra. Formado em 2008, especializou-se como médico generalista — trabalhando, inclusive, na linha de frente da Covid-19 durante a pandemia. Sua atuação era tradicional: todo paciente é igual e se trata da mesma maneira, como em uma linha de produção. Até que conheceu a Cannabis medicinal. “O médico tem que ser, acima de tudo, humano”, ele reflete. “Não pode se tornar uma máquina. E foi o canabidiol que me tornou assim.”
Seu primeiro contato com a medicina canabinoide foi em 2013, em uma visita social que fez a um hospital de veteranos do exército dos Estados Unidos em Los Angeles, na Califórnia. “Tinha um clima de efervescência em torno do canabidiol, o tratamento estava amadurecendo rapidamente”, conta Braganceiro. “Nesse hospital, eles faziam testes com veteranos de guerra, para diversas condições, então havia muito interesse sobre as possibilidades da medicina canábica.”
De volta ao Brasil, decidiu ir atrás de informações e conhecer mais sobre esse novo tratamento que surgia. Foram 5 anos de estudos antes de se tornar prescritor, em 2017. Nesse meio tempo, acompanhava de perto a evolução da discussão dentro e fora do país. “Por conta da legislação, era muito complicado prescrever a Cannabis medicinal. Desestimulava os pacientes, pois tinha que esperar muito tempo pela liberação de um medicamento.”
“Eu venho acompanhando a evolução médica, mas também a jurídica, nas áreas criminal e civil”, frisa o médico, que faz questão de abordar o assunto de forma complexa: não basta receber os pacientes no consultório e prescrever Cannabis medicinal. Ele sabe do receio e do preconceito que parte da sociedade ainda tem em relação aos fitocanabinoides, e comemora cada vitória obtida dentro e fora da clínica. “Foi a partir de um laudo meu que no ano passado um advogado conseguiu o habeas corpus de direito de plantio para um paciente do interior paulista. Foi o primeiro da região.”
Durante a pandemia, Braganceiro percebeu que os casos de depressão e ansiedade aumentaram muito. Trabalhando na linha de frente, o médico conseguiu aliar a medicina convencional com a Cannabis para enfrentar essa nova realidade. “Estou inserindo o canabidiol mesmo via SUS. Observei que o tratamento para esses casos tem resultados excelentes”. Segundo ele, é preciso sempre oferecer o que há de mais seguro para os pacientes. “Eu sempre opto pelo canabidiol importado e regularizado. Quero que meus pacientes tenham a melhor qualidade possível com máxima eficácia.”
Seu trabalho, no entanto, não se limita a oferecer a melhor alternativa aos pacientes, mas também a passar a informação da forma mais simples e precisa para quem busca ajuda. “Não adianta passar um artigo para o paciente. Eu preciso ser essa ponte entre a teoria e a prática. Por isso sempre busco ser o mais didático e compreensível possível.”
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Ele também ressalta a importância de grupos que fazem o contato entre médicos e pacientes, além de facilitar a compra de medicamentos, como os da Tegra Pharma. “O respaldo desses grupos, que não deixam as pessoas ficarem sem seus óleos, é fundamental.”
Para Braganceiro, a difusão de informações confiáveis sobre os fitocanabinoides e a consequente mudança da opinião pública sobre o assunto podem beneficiar muitas pessoas. Entre as patologias tratadas pelo médico estão, além da depressão e ansiedade, a síndrome do pânico, dores crônicas, especialmente fibromialgia, e autismo. Entre seus pacientes, um em especial o marcou.
“Encontrei outro rapaz após o tratamento”
No Paraná, a Região do Vale do Ivaí fica localizada no sul do estado. Na área rural, Braganceiro foi atrás de um paciente indicado por uma funcionária do posto de saúde em que trabalha. Depois do horário de serviço, pegou seu carro e dirigiu cerca de 40km “mata a dentro” até encontrar uma família que vivia quase isolada, sem celular nem internet.
O paciente se trata de um rapaz de 33 anos com retardo mental grave. Mora com os pais já idosos, e sofria cerca de 7 convulsões por dia; por conta disso, tinha vários dentes quebrados, ferimentos em couro cabeludo e sinais fraturas antigas no crânio. Não falava nem conseguia andar sozinho, era dependente da mãe para tudo. Ela vivia machucada de tentar controlar o filho, que era muito agitado. “O que mais me marcou foi o sofrimento da mãe, que me procurou desesperada, pois os medicamentos em uso, não debelavam mais as crises do filho. E a evolução do paciente após o uso do canabidiol.”
Segundo relata a mãe do paciente, ele havia sido “desenganado” pelos médicos que o trataram. Um neurologista foi taxativo ao orienta-la a “cuidar de seu outro filho, pois este se tratava de um caso sem solução, perdido.” Nessa visita, Braganceiro ensinou a mãe a administrar o óleo de canabidiol, doado legalmente através de Autorização da Anvisa. “Em 15 dias, encontrei outro rapaz.” As convulsões haviam diminuído de 7 para 3 por dia, e o rapaz estava calmo. Em 30 dias de tratamento, já não tinha mais nenhuma convulsão e era um homem completamente tranquilo. Em 2 meses, começou a falar as primeiras frases, coisa que nunca havia feito antes.
“Começou a andar sem o amparo da mãe, que referia que o filho não mais convulsionava, ao contrario de antes, em que o mesmo apresentava epilepsia “desde o berço” (sic). Quando eu chegava, me convidava para entrar, perguntava se eu queria café, me chamava para ver TV. Ele fala algumas frases soltas, está aprendendo. Para mim, é uma honra como profissional e como ser humano poder ter feito parte dessa história”
Além de acompanhar o caso, Braganceiro também ajudou a família a entrar na justiça para conseguir o medicamento de graça. Enquanto a Decisão Judicial não chega, através do Dr. Marcelo, uma empresa norte americana faz as doações mensais do tratamento afim de prover sua qualidade de vida e mantê-lo estável do ponto de vista clínico. Entretanto, afirma, o médico, que se caso o Poder Judiciário não atender os apelos e indeferir o pedido, ele próprio arcará com os custos de tratamento do rapaz. “Há uma união de forças que partem desde a inciativa privada (doação do óleo) e do poder público (atendimento Canábico via Sus), além de elaboração do laudo médico, réplicas jurídicas e visitas domiciliares gratuitas por parte do profissional médico”, diz.
“Fiz um trabalho de formiguinha para esse paciente, mas se puder levar para mais pessoas, eu levo. Sei que não estou sozinho nessa, estou cercado de boas pessoas. Eu sou médico popular, trabalho para o SUS. Sei que se você não for a campo, vai deixar de fora os eternos excluídos do Brasil. Esse é meu comprometimento, pelas pessoas, por um tratamento humanizado.”
Braganceiro ainda manda um recado para os colegas que ainda não conhecem Cannabis medicinal. “Vá em busca da informação, teste em seus pacientes e monitore em estrita observância. Uma vez que observe os benefícios, procure se especializar e venha fazer parte desse time. Somos poucos, mas juntos vamos conseguir mudar a realidade de todos.”
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