O gosto pelos estudos se uniu à uma questão familiar para guiar os passos da médica clínica Luisa de Freitas Ramos. “Minha mãe teve câncer de mama, entre outros problemas, e eu via o médico, a forma como ele cuidava da gente, e vi que era uma profissão muito bonita. Poderia me sentir realizada ao cuidar das outras pessoas.”
Ainda na faculdade, percebeu que era na medicina de família que sua realização profissional seria na prática. Apesar de ainda não ter o título de especialista, desde sua formatura, em 2018, atua em medicina de família junto ao SUS.
“Me encantei com essa forma de trabalho. Um médico que cuida de uma família e, a partir disso, conhece todas as questões que estão ali envolvidas. Quando o paciente vai a um especialista focal, muitas coisas se perdem no caminho. Quando conhece a família e a comunidade em que está inserido, conhece o ser em sua integralidade.”
Pseudogota e a Cannabis
No entanto, foi dentro de sua própria família que seus novos rumos profissionais foram traçados. “Minha mãe desenvolveu uma doença reumática que fazia ela sentir muita dor. Ainda não tinha diagnóstico, mas tinha dores muito incapacitantes. Às vezes ela não conseguia sair da cama de tanta dor nas articulações.”
“Ela é casada com um canadense e lá é muito comum o tratamento de Cannabis e pediu para eu estudar sobre o CBD. Eu falei para ela que poderia estudar e tratar ela com o CBD, mas antes ela precisava descobrir o que estava acontecendo.”
Foram diversos médicos até que chegaram ao diagnóstico de uma doença rara chamada pseudogota, uma inflamação sem razão conhecida que é resultante do acúmulo de cristais compostos de pirofosfato de cálcio em tecidos do corpo humano, acometendo principalmente as cartilagens.
“A reumatologista prescreveu a medicação, mas a minha mãe é professora de Yoga toda natureba, e não quis tomar nenhuma medicação. Foi então que a gente iniciou o tratamento com Cannabis.”
“Demorou um tempo para fazer efeito. A Cannabis é um universo à parte, existem mil e uma possibilidades, mas eu estava começando a estudar e demorou até eu descobrir o que funcionava para ela.”
“O CBD isolado não funcionou para ela. Com THC, começou a dar efeito colateral. Demorou até conseguir encontrar a dose e formulação para ela, mas deu certo. Ela seguiu o tratamento e ficou sem dor.”
Clínica médica de Cannabis
Logo sua mãe espalhou a informação pela cidade de Porto Alegre (RS), onde vivem. “Na época, eu trabalhava no SUS e não pensava em atender no particular, mas as pessoas começaram a me procurar. Uma coisa foi levando a outra, foi crescendo e, atualmente, 80% da minha prática é trabalhar com Cannabis.”
“O grande diferencial da Cannabis é agir em muitos locais. Uma das coisas que a gente busca sempre manter na medicina de família é intervir e causar o menor dano possível aos pacientes. Infelizmente, principalmente em idosos, há um número excessivo de medicações porque tem múltiplas comorbidades.”
“Se introduz a Cannabis para tratar a dor, ou a melhora do humor em quadros de demência, como consequência diminui a pressão alta, porque tem essa propriedade, melhora o sono, e já pode tirar os remédios. A Cannabis possibilita um trabalho muito amplo de melhora da qualidade de vida do paciente.”
“Uma coisa que deve ser levada em consideração é que a Cannabis, em geral, causa menos efeitos colaterais. Embora eles possam acontecer, são menos graves que dos demais medicamentos alopáticos.”
Conhecimento liberta
A médica acredita que esse é apenas um início do uso da Cannabis no tratamento de diversas condições. “A gente precisa de muito estudo para conhecer os potenciais que a gente ainda não conhece.”
“Eu vejo a Cannabis com uma perspectiva revolucionária. Conforme os estudos forem avançando e a gente entender mais sobre as propriedades dos fitocanabinoides e suas diferentes formas de uso e aplicação, só tende a se tornar mais importante na medicina. O potencial é revolucionário.”
“Precisamos estudar mais até para quebrar o preconceito. Para dizer se uma coisa é boa ou ruim para a gente, precisamos entender que coisa é essa. O conhecimento nos livra do preconceito e nos liberta.”
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