Lidar com a menstruação desregulada e intensas cólicas era uma constante na vida de Graziely Nunes da Silva. Atenta à própria saúde, fazia seus exames regularmente a cada seis meses sem nunca a ginecologista apontar qualquer problema. câncer
Até que, aos 26 anos, decidiu implantar um DIU como método contraceptivo. Foi quando a médica notou algo em seu útero. Pediu uma biópsia e o diagnóstico confirmou que Graziely estava com câncer de grau 1, como é classificado o tipo mais leve da doença, com progressão lenta.
“Era bem mais tranquilo. Quando é câncer de colo de útero, o protocolo é uma histerectomia. Eu fiquei meio assustada de tirar o útero aos 26 anos, mas, se era necessário, eu estava disposta.”
Diagnóstico errado
No entanto, um dia antes da cirurgia, tudo mudou. “Marquei uma consulta com uma oncologista, levei os exames e ela falou que eu não poderia operar. O câncer não é grau 1, é grau três, já estava indo para a bexiga e precisava mudar o protocolo.”
A histerectomia foi cancelada e Graziely passou por 35 radioterapias e seis quimioterapias durante todo o processo.
“E depois eu fiz a braquiterapia, que é uma radiação interna direto no tumor. É terrível, muito dolorosa, mas era necessária. Depois eu fiz algumas conizações para tirar o que tivesse ali ainda de tumor. Sempre fazendo o acompanhamento e estava tudo controlado.”
Metástase
Três anos se passaram e Graziely pode viver normalmente. Até que, em dezembro de 2021, começou a sentir falta de ar. “Eu pensei que pudesse ser da Covid, que eu peguei três vezes.”
Na dúvida, buscou seu oncologista, tremendo uma possível metástase. “Ele disse que não era nada disso, que podia ficar tranquila. Eu estava com muito medo e acabei fazendo um pet scan. Ele confirmou a metástase pulmonar.”
Deu início a um novo protocolo com quimioterapia, mas não poderia mais receber a radiação da quimioterapia. “Eu passei a ser considerada como cuidados paliativos, porque o câncer já era de grau 4.”
Cannabis no tratamento do câncer
Nesse momento, porém, a Cannabis medicinal já fazia parte da vida de Graziely. O câncer não era uma raridade em sua família. Fatores genéticos davam predisposição à doença e fez com que sempre se mantivesse atenta às notícias sobre o tema.
“Eu já tinha visto várias pessoas que conseguiram ter uma qualidade de vida muito boa com a Cannabis. Quando a minha avó teve um diagnóstico pela primeira vez, eu fui atrás para saber como funcionava.”
“Eu precisava fazer alguma coisa. Os remédios não estavam funcionando e, por conta de sua idade, não podia fazer quimioterapia. Era um caso de deixar o câncer seguir na vida dela enquanto ela aguentar.”
Na época, importar o medicamento era inviável. “Mas eu vi que eu poderia fazer tudo, mesmo sabendo que era ilegal.”
Quando sugeriu a opção de tratamento para a avó, porém, ela se negou. Em meio a esse processo, recebeu pela primeira vez o diagnóstico de câncer no útero.
“Estudando sozinha mesmo, lendo e pesquisando, acabei comprando umas sementes e plantando em casa já pensando no meu tratamento. Decidi fazer o óleo porque não tinha condições de comprar. Era inacessível e não tinha as informações que hoje a gente tem.”
“Compra um lanche para mim”
Grazely deu início ao tratamento convencional, com quimioterapia e radioterapia, e foi terrível. “Não sentia fome e vomitava sempre. Às vezes sentia vontade de comer alguma coisa, mas só de ver a comida já vomitava. A quimio dá muita insônia e fiquei três dias sem dormir. Estava enlouquecendo. pensei que não ia aguentar esse primeiro protocolo.”
Para a segunda sessão de quimioterapia, seu óleo ficou pronto e deu início ao uso. “Comecei a tomar e já senti muita diferença. Outra qualidade de vida. Na segunda quimioterapia, eu senti fome e falei para o meu marido, que estava me acompanhando, descer e comprar um lanche pra mim.”
“Cheguei em casa e consegui dormir. Não sentia mais tanta dor. Como era câncer no colo do útero, eu tinha uma cólica insuportável e diminuiu bastante.”
Animada com a novidade, comunicou aos seus médicos. “Eles não aceitaram esse tipo de tratamento. Eles não acreditam, falavam que não ia funcionar. Falaram que não poderiam me proibir, pois não podem vigiar o que vou consumir, mas diziam que era placebo.”
“Foi muito frustrante para mim. Fui empolgada mostrar uma coisa que tinha sido boa para mim. Eles poderiam usar a minha experiência com outros pacientes. Sempre penso que outras pessoas poderiam ter a oportunidade que tenho.”
Habeas Corpus
Mesmo sem apoio ou acompanhamento dos médicos, seguiu tomando seu óleo de Cannabis artesanal e, graças a ele, conseguiu concluir o tratamento sem grandes traumas.
Com a metástase do câncer no pulmão, Graziely já sabia o que fazer. Porém, no tempo que passou entre um protocolo de tratamento e o outro, a legislação e o acesso evoluiu. Ainda não teria condições financeiras para importar o medicamento farmacêutico, mas encontrou alternativas.
Com o auxílio do advogado Yuri Pereira Rocha e do médico prescritor Vinícius Mesquita, deu início ao processo de judicialização em busca de um habeas corpus que lhe garantisse o direito de produzir seu próprio medicamento.
“Foi uma benção na minha vida. Eles fizeram todo meu atendimento e tratamento pro bono, porque, infelizmente, estava totalmente sem condições financeiras.”
Fez um curso com certificação internacional para aprender as boas práticas de cultivo e produção do óleo, o médico Vinícius Mesquita fez a prescrição e, em julho de 2022, conseguiu o habeas corpus.
Na decisão, o juiz federal Alderico Rocha Santos, afirmou haver excesso em se permitir que um paciente que recorre ao uso de substâncias com objetivo de obter melhora nos sintomas seja perseguido penalmente por infringir a Lei de Drogas.
“Não se discute a eficácia do tratamento mencionado pela paciente. Importa que ela faz o tratamento com acompanhamento médico como tentativa de controlar os sintomas das doenças que a afligem”, disse o juiz.
Foi o segundo habeas corpus já expedido no estado de Goiás. “Para mim, foi um divisor de águas”, diz Graziely. “Quem me vê hoje, não acredita que fiz um protocolo extremamente pesado esse ano.”
“Foi o que salvou a minha vida”
“Eu vi muita gente que não conseguiu completar o protocolo porque, infelizmente, morreu. Você precisa comer, precisa dormir, se exercitar, mas não consegue. Eu cheguei a tomar 20 tipos de remédios e as dores não passam, o enjoo não passa.”
“Não tem nada igual ao que a Cannabis fez na minha vida. Eu consigo acordar cedo, fazer exercícios, comer, cuidar da minha casa, fazer vários hobbies que gosto. Uma qualidade de vida inimaginável. A Cannabis foi o que salvou a minha vida e eu tenho certeza que vai salvar”
“Hoje, os exames mostram que eu não tenho mais nenhum desenvolvimento do tumor em nenhuma parte do corpo. Fiz o pet scan em novembro e a médica ficou impressionada.”
“Ela disse, a gente vai fazer o tratamento químico para conseguir controlar o crescimento do tumor e não ir para outras partes. Não vou dizer que ele vai sumir. Você é paliativa. A gente vai tentar te dar a maior qualidade de vida possível, mas, infelizmente, pode voltar a qualquer momento.”
Fé em Deus e na Cannabis
Aos 30 anos, Graziely segue confiante em sua total recuperação. “Primeiramente, é fê em Deus. Eu acredito que você tem que ter fé em alguma coisa, pois você tem que se agarrar à vida. É clichê falar, mas o câncer não é uma sentença de morte. Você precisa acreditar. Ter fé em alguma coisa.”
Depois, a Cannabis. “Ela veio na minha vida e me reergueu das cinzas como Fênix. Quem me vê hoje, não acredita que fiz duas cirurgias no pulmão, que em uma delas eu fui para a UTI. Pensei que não ia sobreviver, mas estou forte. É surreal mesmo. Só gratidão na minha vida.”
“Foi uma mudança radical positiva na minha vida. A gente não valoriza as pequenas coisas e, quando está doente, valoriza tudo. Eu tive muito medo de ter uma depressão e não aguentar.”
“O psicológico é muito importante. Você tem que estar positivo para acreditar em uma cura. Não adianta estar cercado de gente que quer seu bem, mas você não acreditar.”
“Eu vi que, com o uso da Cannabis, eu me sentia mais viva. Quando você acorda, consegue fazer as coisas. Consegue valorizar o ato de sentir fome, conseguir se levantar e tomar banho sozinha. Coisas simples que a gente não valoriza.”
“Pouquíssimas vezes que fiquei triste”
“Com a Cannabis, eu fico mais positiva, sente mais alegria. Sempre que vejo que um dia eu estou melhor que o anterior, já é uma alegria absurda. A gente sempre pensa que a Cannabis vai ser boa para reduzir enjoo, reduzir os efeitos colaterais, mas não é só isso. Tem o fator psicológico que é importantíssimo.”
“Eu tive pouquíssimas vezes que fiquei triste, desmotivada. Eu passei muito bem o tratamento desse ano, fiz a última quimioterapia em novembro, e nem parece que fiz quimioterapia esse ano de tanto que eu tô bem.”
Graziely destaca a importância de contar com um médico experiente durante o tratamento. “O dr. Vinícius continua fazendo meu acompanhamento. Sempre remarca as consultas, quer saber se eu estou tomando certinho, o que melhorou.”
“Ele fica sempre surpreso, porque eu sempre tô melhor. Eu nunca tô pior ou na mesma. Sempre tô melhor e eu vejo que essa minha evolução diária foi muito por conta do acompanhamento do dr. Vinícius, que foi maravilhoso na minha vida. É fundamental ter um profissional, pessoa formada, te orientando. Até então, fazia por dicas na internet.”
Para a avó e todo mundo
A “maravilha” acabou se estendendo para sua avó. “Depois que ela viu eu fazendo tratamento, ela começou a tomar o óleo também. O câncer dela era adenocarcinoma no estômago, teve que tirar 75% em uma cirurgia e é uma pessoa com mais de 70 anos.”
“Mesmo com uma cirurgia pesada, ela se recuperou bem e já não tem nenhum sinal de tumor no corpo dela. Faz todos os exames e tá ótima. Quem olha também não imagina que ela passou por tudo isso.”
Evidências concretas do benefício do tratamento canabinoide. “Eu sou experiência viva e documentada do uso da Cannabis. As pessoas precisam ver como eu estou bem e como a Cannabis salvou a minha vida.”
“Se não tivesse conhecido a Cannabis lá no início, eu acho que não ia conseguir ter evoluído tanto. Para falar a verdade, eu nem me considero mais paliativa. No último exame, os médicos ficaram desacreditados.”
“Antes do câncer, minha contagem de plaquetas sempre foi baixa. Eu era considerada uma pessoa com imunidade baixa. Depois que comecei a usar a Cannabis, a contagem de plaquetas é mais alta do que quando eu não tinha o diagnóstico.”
“A Cannabis foi uma virada de chave na minha vida.”
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