Especializada em medicina da família e psiquiatria, a médica Gianna Testa conta como um livro a fez enxergar a Cannabis com outros olhos
O Livro “Maconha, Cérebro e Saúde”, dos neurocientistas Renato Malcher-Lopes e Sidarta Ribeiro, foi o primeiro contato da médica Gianna Guiotti Testa com a Cannabis medicinal. Apesar do interesse, dez anos atrás utilizar a Cannabis como medicamento parecia uma realidade distante de seu contexto.
“Eu só ouvia sobre o lado prejudicial da maconha, então fiquei curiosa. O que tem de bom em uma substância que a gente aprende que só dá prejuízo cognitivo”, lembra. “Achei interessante na época, embora muito difícil de aplicar na clínica. Estava muito a nível de pesquisa ainda.”
Especializada em medicina de família, foi trabalhar junto a uma comunidade no litoral de São Paulo, onde se deparou com diversos casos de alcoolismo. Pensando em fornecer o melhor atendimento para as pessoas com essa doença, passou a estudar psiquiatria. formada, passou a atender a especialidade quando um jovem paciente autista apareceu para transformar a medicina que praticava.
Aos 12 anos de idade, apresentava histórico de agressividade, com marcas de automutilação, mas já na primeira consulta estava calmo. Seu pai, que por coincidência se tratava do próprio Renato Malcher-Lopes, já medicava o jovem com Cannabis medicinal de quando morava na Suíça e, quando retornou, buscou Testa para fazer o acompanhamento.
“Na época que eu conheci o jovem na clínica, eu não sabia nem que era filho do Renato. Ele chegou no meu consultório bem tranquilo e fiquei bem interessada”, conta. “Fiquei impressionada por ele estar usando só o canabidiol e comecei a me interessar mais ao ver que clinicamente teve um resultado.”
A partir de então, percebeu que as pesquisas já haviam avançado e passou a estudar cada vez mais o funcionamento do sistema endocanabinoide e incluiu a Cannabis medicinal em seu arsenal terapêutico, principalmente no tratamento de epilepsia, autismo, insônia e ansiedade.
“Pra mim, o grande diferencial é por ser um fitoterápico. As pessoas têm essa vontade de utilizar uma substância mais natural e quase sempre com menos efeito colateral.”
Segundo ela, os benefícios vão para além dos próprios pacientes. “Em casos de saúde mental, a pessoa em crise afeta a família inteira. Quando a gente consegue controlar os sintomas, ajuda todo mundo. Traz qualidade de vida e cura para toda a família.”
No entanto, a médica afirma que a Cannabis deve ocupar um espaço cada vez maior na medicina, principalmente na psiquiatria, apesar de ainda encontrar resistência entre seus colegas de profissão.
“No último congresso da Associação Brasileira de Psiquiatria, um professor meu criticou muito a Cannabis. Disse que não tem muito estudo”, conta. “É importante a gente falar, mesmo dentro da classe médica, que precisa ter responsabilidade na prescrição, mas não resistência. A gente tem conhecimento o suficiente para saber o que não vai fazer mal, então tem que ir tateando o tratamento. O quanto que vai ter de resposta terapêutica. A gente tem que ir tentando.”
“É quebrar a resistência da classe médica para que consiga prescrever e testar. Abrir a cabeça. Para os estudos existirem, precisa ter prática clínica. A gente precisa que os médicos sérios prescrevam.”
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