Ao fim da graduação em medicina, em 2015, Gabriela Mânica, que hoje conclui geriatria, estava em dúvida sobre qual especialização seguir e decidiu começar a atuar antes de retornar aos estudos. “Fui trabalhar em medicina de família e, lá, eu me identificava muito mais com meus pacientes idosos.”
Transferiu-se para um pronto-socorro geriátrico, onde começou a ter um contato ainda mais próximo com os pacientes idosos. “Era onde me sentia mais confortável e o que eu mais queria era ajudá-los a mudar a vida deles.”
Um caso ainda mais próximo de Mânica, porém, a ajudou a definir sua trajetória na medicina. “Minha mãe começou com alguns esquecimentos e foi um pouco difícil fechar o diagnóstico dela de Alzheimer. Nessa época, eu comecei a estudar mais sobre síndromes demenciais.”
Fez dois anos de clínica médica antes de dar início à especialização em geriatria na Santa Casa de São Paulo. “Eu sempre tive muita vontade de ajudar os pacientes geriátricos e paliativos no sentido de melhora de qualidade de vida.”
“Mas eu era muito da medicina convencional. Justamente por trabalhar em um centro tradicional, como a Santa Casa, eu acabava seguindo muito os protocolos da geriatria.””
Caso familiar
Enquanto isso, sua mãe começou a apresentar mais alterações de comportamento, mesmo com doses altas de antipsicóticos e antidepressivos.
“Minha irmã, que não é médica, falou que ia procurar uma terapia canabinoide para ela. Na época, fiquei um pouco receosa, mas como ela é a principal cuidadora, a gente a deixou procurar. Começou a tomar e foi transformador.”
“Minha mãe tinha muita alteração de comportamento, com um pouco de delírio persecutório. Achava que as pessoas pegavam algumas coisas e escondiam propositalmente. Tinha uns pensamentos de perseguição. Achava que a gente tava rindo dela e chorava em todos os encontros familiares. Era bem difícil.”
“Ela começou a tomar a Cannabis e, em duas semanas, foi inacreditável. Ela ficou muito mais tranquila, começou interagir, participar das conversas e ela parou de chorar ou ficar irritada. Eu comecei a observar de uma forma muito surpreendente uma melhora cognitiva.”
“Eu tinha algumas ressalvas e achava nem ajudaria no comportamento. Quando eu comecei ver melhora na cognição, foi o que mais me surpreendeu. Eu comecei a estudar e ver que, por melhorar a ansiedade, deixa o paciente mais focado naquilo que ele está fazendo.”
“Ela voltou a usar garfo e faca. Isso foi muito bom, porque eu já não precisava ficar ajudando ela a cortar toda a comida ou empurrar para o garfo para ela não derrubar.”
Cannabis na geriatria
A Cannabis devolveu a possibilidade da família Mânica de desfrutarem juntos momentos de qualidade em família. “Eu falei, gente, preciso estudar isso porque eu posso, na minha área, trabalhar com a Cannabis de uma forma adjuvante nos tratamentos que estão protocolados.”
“Eu quero poder proporcionar aos meus pacientes o benefício que foi dado à minha mãe. Comecei a prescrever e o retorno que a gente tem é muito mágico. É muito legal os pacientes voltarem e falarem que estão melhorando. O resultado que os pacientes trazem é muito incrível. Melhora a qualidade de vida, o sono, o humor.”
“Para muitos pacientes, como a minha mãe, eu comecei a desprescrever medicamentos. A dose de antipsicótico da minha mãe, que era muito alta, hoje reduziu para 1/3 do que ela tomava. Do antidepressivo também. Esses medicamentos causam efeitos colaterais mais claros do que a terapia canabinoide.”
“Hoje a gente já sabe que alguns antipsicóticos que a gente usa nos quadros demenciais têm algum risco. Eu não posso também excluir eles do meu arsenal terapêutico, porque são drogas muito valiosas, mas que tem efeitos colaterais.”
“Ajudam um pouco no comportamento, mas não trazem tanta melhora na qualidade de vida a ponto do paciente vir e falar: ‘nossa, estou me sentindo muito melhor’. Eu não via melhora cognitiva com os antipsicóticos.”
Abertura na geriatria
Grata aos benefícios proporcionados à sua mãe, Gabriela agora busca levar o tratamento com Cannabis medicinal a todos que possam experimentar uma melhor qualidade de vida. Na mesma proporção, os pacientes da geriatria se abrem à possibilidade de utilizar o tratamento canabinoide.
“Eu atendo um volume altíssimo de pacientes e eu já noto que eu começo a falar para alguns e eles começam a entender. É muito legal falar para essas pessoas mais velhas e elas compreenderem sobre o uso medicinal da Cannabis, que é diferente do recreativo.”
“Quando eles ficam muito receosos, eu posso usar o exemplo da minha mãe para os pacientes, seus filhos, pais ou familiares. Esses pacientes se sentem mais seguros para iniciar o uso.”
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