O corpo da veterinária Fernanda Maris, 44 anos, se acostumou com a dor. A fibromialgia foi a consequência de uma série de patologias e cirurgias que prejudicam intensamente sua qualidade de vida por mais de uma década.
Primeiro foi a adenomiose, aos 29 anos. Uma doença em que o tecido do endométrio cresce de forma irregular nas camadas musculares do útero, o que pode causar dores intensas, principalmente durante a menstruação. É diferente da endometriose, em que o tecido endometrial cresce para fora do útero.
“Comecei a ter problemas muito nova e não tinha filhos, então os médicos tentavam preservar o útero. Eu falava que o forninho estava quebrado, que não ia fazer filho aqui dentro, mas eles insistiam.”
“Entrava em cirurgia, não retirava meu útero inteiro, e eu saia da cirurgia tendo dor. Foram quatro cirurgias em dois anos. Na quinta cirurgia, retirou o útero, trompa, colo do útero. Tirou tudo.”
Em 2013, mais duas cirurgias em consequência da doença de Crohn, uma patologia inflamatória do trato gastrointestinal. “Eu não tinha o diagnóstico de Crohn, mas tinha fístulas e abscessos no intestino, e precisei fazer duas cirurgias.”
Fibromialgia
Quando pensou que ficaria, finalmente, longe das dores, seu corpo lhe pegou de surpresa. “Comecei dores na perna e uma fadiga.”
“A sensação era de estar com as pernas em carne viva . Não conseguia colocar uma calça. Eu olhava e não tinha nada na minha perna. A pele estava intacta. Você fica se perguntando como que tem aquela dor.”
Fernanda se recusava a buscar a ajuda de um especialista. “Venho de uma família com pessoas fibromiálgicas e, para mim, era uma doença incapacitante.”
“Beirando os meus 40 anos, pensava que não podia ter uma doença incapacitante. Com tantos anos lutando, não admitia que poderia ter outro problema. Custei a chegar para uma reumatologista e aceitar é fibromialgia.”
Há cerca de seis anos, foi diagnosticada com fibromialgia. “Meu corpo ficou por tanto tempo tendo dor, quase 10 anos sendo submetido a dor. Todo o ciclo hormonal, era dor. Tudo tudo gerava dor. Quando eu removi o problema, meu corpo passou a entender tudo como dor.”
“É um erro do sistema nervoso que, se eu tô brava, ele gera dor; se eu tô triste, gera dor; se eu tô ansiosa, gera dor. Qualquer neurotransmissor que é liberado, meu corpo entende como dor.”
Deu início ao tratamento, que contava com a prática de exercícios físicos e meditação. No entanto, a abordagem que conseguiria lhe devolver a qualidade de vida apareceria para ela somente três anos depois, embora não tenha se dado conta de início.
Alternativa Cannabis
Médica veterinária há 17 anos, acompanhava o sofrimento de um cachorro paciente idoso que cuidava desde filhote. “Estava com artrite, artrose, hérnia de disco. Entrei com fisioterapia, acupuntura e medicamento, mas chegou um momento que não conseguia resolver.”
“A dona dele, no desespero, foi buscar alternativas e me perguntou da Cannabis medicinal. Na época, não sabia de nada. Fomos buscar um veterinário prescritor e não tinha quase nenhum. Foi quando decidi estudar.”
Fez cursos e começou a prescrever Cannabis para seus pacientes. “Fui vendo tudo de lindo que podia acontecer com ele e entrei com a Cannabis. Não vou dizer que voltou a ter 10 meses de idade, ele continuou tendo dor, mas melhorou a qualidade de vida. Foi quando eu vi que realmente funciona.”
Superando o preconceito
Diante da melhora de seus pacientes, começou a ser questionada do porquê não utilizar o tratamento para a própria condição. “Meu pai era policial civil daqueles que se eu falasse a palavra maconha, tomava um tapa na boca.”
“Eu dizia para mim que não tinha preconceito, mas, quando me vi uma possível paciente de Cannabis medicinal, ficava me achando uma zé droguinha. Eu precisei de muito embasamento para ter a confiança de falar a respeito com a minha médica.”
No entanto, a própria médica tinha pouca informação a respeito. “Dizia que não sei, que não tinha estudos suficientes, que no Brasil era complicado. Mas eu comecei a não responder tão bem ao tratamento.”
“Descobri que, além da fibromialgia, meu problema de intestino era em decorrência da doença de Crohn. Só ano passado que tive o diagnóstico. Como ficou sem tratar, acabou gerando manifestações extra intestinais. Estava com um processo de artrite.”
A Cannabis no tratamento da fibromialgia
Em conjunto, decidiram marcar uma consulta com o médico prescritor de Cannabis medicinal Paulo Rocha. Há oito meses deu início ao tratamento canabinoide.
“No primeiro retorno com o médico, ele perguntou se estava vendo resultado. Disse que era pouco, pois ainda estava com dor. Mas ele notou que estava mais calma, que era mais agitada.”
“Eu fui perceber que a medicação estava mudando de fato na brincadeira de deixar o frasco acabar para esperar virar o cartão de crédito. Em dez dias, eu estava de novo na emergência para tomar medicação. Não conseguia sair da cama. Foi quando percebi que a medicação estava fazendo diferença na minha vida.”
“Com relação à dor da fibromialgia, foi um negócio fantástico. Simplesmente reduziu a quantidade de medicações e das crises. A gente sabe que a fibromialgia e a própria doença de Crohn estão muito relacionada ao cortisol e ao estresse.”
“Eu tenho TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e, aos 40 anos, achava que sabia lidar. Com a Cannabis, fica muito mais fácil, e, como consequência, tem sido um total sucesso para mim. Só pelo fato de reduzir a medicação por conta do CBD, para mim é maravilhoso. Me permite ter uma vida.”
“Mudou muito a minha própria forma de pensar. Mesmo sendo prescritora, acadêmica, tinha esse preconceito. Ao ter a minha vida de volta, me fez mudar. Com a Cannabis, posso voltar a viver o que a dor me tirou por muito tempo.”
“Antes de ser veterinária, eu trabalhava com turismo ecológico. Uns poucos anos atrás, se me chamasse para uma trilha, eu ia chamar de louco. Agora, quase 20 anos depois, estou planejando fazer. Tenho a minha vida de volta.”
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