Após muita dificuldade, Felianne Moura saiu da escola pública no interior da Paraíba para se formar em medicina na universidade federal do estado. Encantada pela psiquiatria durante o estágio da graduação e, assim, se especializou na área.
Tanto esforço para, certo dia, pacientes começarem chegar ao seu consultório dizendo que os medicamentos que a psiquiatra prescrevia não funcionavam tão bem quanto o conteúdo de um vidrinho marrom sem qualquer rótulo.
“A Cannabis medicinal não entrou em minha vida por uma decisão minha. Os pacientes chegavam já fazendo o uso, às vezes de forma clandestina.”
“Principalmente pais de autistas, dizendo que não ficavam bem com medicação alopática que tinha passado, mas tinha conseguido um óleo que era melhor que minhas medicações. Eu ia falar o que?”
“Eu era muito preconceituosa com esse negócio de Cannabis medicinal. Não se ensina na faculdade e eu tinha uma visão muito medicamentista. Achava um absurdo, mas o resultado era inegável.”
“Como eu ia dizer para parar uma medicação que está dando certo e voltar para uma que eu passei, mas não dava resultado e ainda causava efeito colateral? Foi uma quebra de paradigmas para mim.”
O início da prescrição de Cannabis medicinal
Isso foi por volta de ano de 2016. Na época, as discussões sobre a Cannabis medicinal ainda eram incipientes no País, mas isso não impediu que Felianne deixasse o preconceito de lado e se dedicasse aos estudos da Cannabis medicinal.
Fez cursos, se filiou à Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa (SBEC) e logo incluiu a Cannabis em seu arsenal terapêutico. “O caso que mais me impressionou é de um menino de 7 anos autista. Era de baixa renda e não tinha acesso a terapias nem cuidadoras. Era só ele e uma mãe já idosa.”
“Ele vive igual a um bicho, trancado, porque ele saía correndo e machucava, machuca as outras pessoas. Não tinha o mínimo de convivência social. Quando eu vi o retorno, não acreditei que era a mesma criança que da primeira vez quase quebrou tudo no consultório. Agora esse paciente tá indo pra escola, tem convívio social.”
De acordo com a psiquiatra, a Cannabis medicinal já é uma das principais demandas de pacientes que vão ao seu consultório. “São pacientes que já fizeram o uso de várias outras medicações e não tiveram resultado. Pacientes refratários que ouviram falar sobre a possibilidade de usar a Cannabis.”
Efeito colateral da Cannabis medicinal
“Apesar de não ser neurologista, existe uma procura muito grande de pacientes neurológicos, pois têm muita comorbidade com as doenças psiquiátricas. Acaba melhorando as duas coisas: o transtorno mental e, mesmo sem o intuito, a doença neurológica.”
“Por exemplo, paciente com coreia de Huntington. Já dois me procuraram por uma depressão não responsiva a fármacos. A gente introduziu o canabidiol e melhorou a depressão, mas também a qualidade de sono e os tremores.”
“No autismo, então, é onde mais vejo resultados diariamente. Quanto mais cedo os pacientes entram com a medicação, melhores os resultados. Pacientes com fibromialgia também tem muita comorbidade com depressão e acaba melhorando os dois transtornos.”
Para Felianne, essa é a principal diferença da Cannabis medicinal para outros medicamentos. “A grande maioria dos psicofármacos apresentam muitos efeitos colaterais, enquanto que, com a Cannabis medicinal, o efeito colateral é a melhora do sono, por exemplo. Não tem efeitos colaterais negativos como os psicofármacos convencionais.”
Essa diferença se deve ao funcionamento e papal do sistema endocanabinoide no organismo. “Os receptores canabinoides atuam provocando a homeostase, ou seja, o equilíbrio dos sistemas do corpo. Ele é responsável por regular vários sistemas, como o de serotonina e dopaminérgico.”
“Ele ajuda a equilibrar esses sistemas, ao contrário das medicações alopáticas, que alteram alguma coisa no sistema. Por exemplo, aumenta a recaptação de serotonina e isso pode melhorar alguma coisa, mas pode piorar outra porque causa um certo desequilíbrio.”
“Com os canabinoides, ajuda a estabilizar os sistemas. Por isso que, por exemplo, ajuda a regular o sono, mas não é uma medicação sedativa. O paciente que toma a Cannabis medicinal só tem a ganhar. Provoca um bem-estar geral do corpo, pois melhora o sono, reduz a inflamação, ajuda na perda de peso…”
A Cannabis medicinal e a mudança de paradigma
De acordo com a psiquiatra, além da qualidade de vida dos pacientes, a Cannabis medicinal ajudou a moldar sua própria atuação dentro da medicina. “Me fez ampliar o olhar terapêutico. Não se restringir àquilo que nos é imposto pelos protocolos e atende ao interesse da indústria farmacêutica.”
Para os colegas que ainda tem receio ou preconceito sobre a Cannabis medicinal, seu conselho é para que sigam seus passos e estudem. “Se entenderem um pouquinho como o sistema endocanabinoide funciona no corpo, vai entender porque a Cannabis medicinal é tão fantástica para vários transtornos mentais.”
“Não nos é ensinado na faculdade e saímos completamente ignorantes no assunto. Se qualquer pessoa estudar um pouquinho sobre o sistema endocanabinoide, vai se encantar por entender como a Cannabis medicinal funciona.”
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