Manchas e lesões começaram a surgir pela face e cabeça de Elvimar Falcão Valente aos 37 anos. “Minha cara ficou toda manchada. Muita sequela na pele mesmo. Depois de muita tentativa de tratamento com cremes, sem sucesso, o dermatologista desconfiou de lúpus.”
O médico estava certo. Lúpus Eritematoso Discóide, para ser mais preciso, uma doença autoimune. Com o diagnóstico em mãos, deu início ao tratamento recomendado. “Passou primeiro a cloroquina, que era um remédio muito usado, mas começou a dar problema de fundo de olho.”
O medicamento antimalárico, também utilizado em doenças dermatológicas, tem entre os possíveis efeitos colaterais a toxicidade retiniana. Em outras palavras, o medicamento afetou sua retina e precisou interromper o tratamento.
Medicamentos corticoides foram a segunda tentativa de tratamento. “Também não deu certo. Eu passava muito mal com corticoides. O médico sabia disso, mas já não sabia o que fazer, já que eram os únicos tratamentos disponíveis.”
O ano era 1987 e, com limitadas opções, Valente teria que fazer uma escolha entre o lúpus e os efeitos colaterais dos corticoides, que podem incluir cansaço, diminuição das defesas corporais, agitação, insônia, entre outros. Optou pela doença e, tomado pelas lesões na pele, aos poucos foi deixando de sair de casa.
A descoberta
Até que foi surpreendido. Músico, membro de uma banda de rock na juventude, fazia uso esporádico de Cannabis de forma recreativa. Diante da dura realidade que convivia, recorreu ao antigo hábito para relaxar. “Observei que, sempre que eu usava, as marcas iam diminuindo.”
Levou a novidade ao médico que, prontamente, tratou de negar qualquer relação. “Ele disse que não tinha nada a ver.”
Para ele, no entanto, os benefícios eram visíveis. Na dúvida, deu sequência ao uso. ”Eu provei por conta própria que tinha melhora. Passei a usar sempre e foi quando voltei a sair na rua novamente, pois as marcas sumiram. Desapareceu completamente e até hoje eu uso de forma medicinal.”
Há 35 anos, Valente faz uso medicinal dos canabinoides. ”Estou bem. Desde que comecei a usar Cannabis, nunca tive mais nada. O lúpus desapareceu. Nem sei mais o que é lúpus e eu não uso mais nada.”
A prova de que o benefício era em decorrência da Cannabis veio quando ficou um tempo sem acesso à planta. “Quando eu paro com a Cannabis, as bolhas na cabeça começam a aparecer. Um mês que eu deixo de usar, o lúpus volta a aparecer. Desde 1989, quando eu descobri isso, não apareceu mais. Só quando eu paro de usar”, conta.
A Cannabis no tratamento de lúpus
Diante de seu caso, Valente ficou surpreso. Por um tempo, acreditou ter descoberto um novo tratamento para o lúpus. Conforme informações sobre as propriedades medicinais da Cannabis começaram a se popularizar, começou a estudar sobre o assunto.
“Eu pensando que tinha descoberto alguma coisa, mas vi que tem muita gente utilizando a Cannabis para o lúpus. Desde então, tenho lido muito, fiz cursos na Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), para entender a maconha e a importância que ela tem na vida humana.”
Com o conhecimento, e maior facilidade no acesso, aprimorou a forma de administração. Hoje utiliza um inalador e importa Cannabis própria para o uso medicinal.
“Não vou mais ao médico, não sinto dor, não adoeço. Depois que passei a usar a Cannabis regularmente, não tomo mais remédio para nada. Tenho 72 anos, cinco netos, e tenho uma vida normal. Pego até Sol, coisa que, com lúpus, não se pode fazer.”
Satisfeitíssimas
Com a própria experiência e suas pesquisas e estudos, descobriu mais que um tratamento eficaz para o lúpus. “Vi que é tudo preconceito. Criaram uma imagem negativa da Cannabis por interesses comerciais, políticos e sociais, mas quem procura saber sobre a Cannabis, vê que é uma planta importante há milhares de anos na vida humana. De tudo que li e estudei, vi que é uma planta santa.”
“Os fitocanabinoides são uma coisa natural, de Deus, e que cura muita coisa. Hoje se sabe que ela corrige o principal sistema humano, que é o sistema endocanabinoide.”
“Eu indiquei para outras pessoas que conheci que têm lúpus e elas estão satisfeitíssimas. Não deixam de usar porque não sentiram mais nada. A gente tem que ter um olhar mais aguçado para essa questão. Por que não investir nisso para evitar de tomar tantos remédios.”
Ao longo do tempo, Valente pôde ver o benefício da Cannabis para outras condições. “A minha esposa faleceu de câncer. Era um câncer grave e os melhores momentos dela era quando eu dava a Cannabis para ela. Depois da quimioterapia ela ficava muito para baixo e é impressionante como a Cannabis melhora a pessoa.”
Regula o sistema por completo
“Acho que é importante estudar mais a Cannabis e saber como usar ela melhor. A proibição atrasou muito e já percebi que tem muito médico que não tem interesse em prescrever porque faz com que você não precise mais de muito remédio. Ela regula seu sistema por completo.”
“Tem umas coisas na humanidade que eu acho absurda. Essa quantidade de remédios que as pessoas tomam. Aqui em Belém, em uma quadra tem cinco, sei farmácias, todas sempre cheias. Enquanto isso, se procurar na história, vai ver que até Jesus usava o óleo de Cannabis para ungir as pessoas.”
Enquanto o Brasil não avança na regulamentação, Valente estuda entrar com um pedido na justiça para que possa manter o tratamento a um custo menor.
“Tô pretendendo entrar com uma ação para eu poder ter a minha própria planta. O remédio importado é muito caro e a Cannabis é uma planta fácil de cultivar. Quero ter em casa assim como tenho a erva cidreira para fazer um chá.”
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É importante destacar que, ao contrário do que acontecia na década de 1980, já é possível ter acesso ao medicamento fitocanabinoide de maneira legal. para isso, o primeiro passo é agendar uma consulta com um médico prescritor.