Não é de hoje que a saúde mental de Dilmo de Freitas Silva, 80, preocupa. Desde 1982, sua esposa há 52 anos, Maria das Graças de Freitas , 69, se lembra de quando a depressão surgiu na vida do marido.
“A princípio, ele viajou a serviço normalmente. Só que de lá, à meia-noite, me ligou dizendo que estava passando mal e que estava ouvindo umas vozes mandando ele se jogar do edifício do hotel. E ele estava no décimo andar. Logo depois eu liguei no hotel e no dia seguinte um colega colocou ele no avião de volta para Recife.”
“Depois disso, a gente marcou uma consulta com a psiquiatra, ela disse que era uma depressão muito forte. Desde 1982, ele usa remédios psiquiátricos. Nesse tempo, ele passou por uns 10 psiquiatras e cada um passava um remédio diferente. Em outras palavras, ele melhorava um pouco, mas depois voltava tudo. E dá-lhe mais remédio. Em resumo: aqui em casa era uma farmácia e ele era um eterno deprimido.”
Piora da saúde mental
Bem depois, no ano de 2007, Dilmo sofreu uma queda durante uma partida de futebol e fraturou o fêmur da perna direita. Por conta disso, foram cerca de dois anos de reabilitação, praticamente sem andar, o que fez agravar as crises depressivas. “De fato, acho que todos os medicamentos psiquiátricos já passaram nessa casa.”
Logo depois, ele se recuperou da fratura, mas a saúde mental seguiu caminho inverso. Nesse meio tempo, Graça notou que, aos 76 anos de Dilmo, seu esposo passou a esquecer as coisas, como o nome dos filhos. Um problema que foi se agravando com o passar do tempo e atingiu seu ápice, após um episódio específico, em 2019.
“O médico tinha passado uma medicação um pouco mais forte e ele tava meio grogue. Tava sentado na poltrona e disse que queria tomar café. Então eu disse: fica aí sentadinho que eu vou preparar. Quando eu dei as costas, ele se levantou e caiu. Um homem pesado, de 1,82 metro e 105 quilos. Em resumo: ele caiu e quebrou o outro lado.”
Alternativa Cannabis
No hospital, Marcelo, filho do casal, estava conversando com o clínico geral de plantão, quando comentou que utilizava a Cannabis medicinal para o tratamento de sua ansiedade. “O médico viu o saco de remédios que o Dilmo tomava e disse: a mente dele já está destruída. Com o óleo dá para tirar esse monte de remédio e vai fazer bem pra ele.”
“Eu fiquei com medo. Fiquei muito nervosa, porque eu tinha aquele preconceito. Assim, falei pro Marcelo: quando ele sair do hospital, a gente procura uma médica. A gente chegou em casa e, uma semana depois, pelo portal Cannabis & Saúde, o Marcelo encontrou a doutora Vanessa Matalobos.”
A essa altura, Dilmo já não era a pessoa com a qual Graça se casou. “Era um homem super tranquilo. Mesmo com as depressões dele, era muito educado, muito amoroso. Sempre a gente trabalhou junto e muito bem. Mas ele começou com agressividade.”
Graça descreve o estado de Dilmo em sua primeira consulta com Matalobos como deprimente. “Ele tinha perdido muitos quilos e já não falava mais nada com nada.”
Ajuste fino
Logo depois, Dilmo começou o tratamento, com o medicamento produzido por uma associação de pacientes. Enquanto ainda estava no processo de aumentar gradualmente as doses, Dilmo foi ficando mais e mais agressivo.
“Eu liguei para a doutora: será que ele não vai ficar ainda mais agressivo? Chegou um ponto que eu não estava aguentando mais. Ele jogava tudo que estivesse ao alcance em qualquer um. Não sabia mais seu nome, não estava me reconhecendo como esposa. Os filhos chegavam, não reconhecia e mandava todo mundo embora.”
A questão de saúde mental de Dilmo havia evoluído para um processo demencial. Quando completou três meses de tratamento, porém, a agressividade diminuiu. “Fui vendo que estava ficando mais calmo, mas vi que não estava dormindo. Seguia agitado, falando a noite toda. Lembrava seu nome e que essa era a casa dele, mas ainda não sabia quem eu era.”
Dilmo estava melhorando, mas o resultado ainda era insatisfatório. Matalobos, então, decidiu passar o caso para a geriatra Letícia Mayer. “Ela é especialista e prescreve os óleos de Cannabis importados. Ela me falou que eles surtem melhor efeito por terem tecnologia mais avançada. Assim, é possível separar e diferenciar cada substância para cada tipo de doença.”
Resgate da saúde mental
Então, Dilmo reiniciou o tratamento. “Começou com uma gota, duas… Quando estava em 16 gotas, ele estava deitado e percebi que queria se levantar e não podia. Se levantou e eu corri em direção a ele. Ele parou na porta e disse: você é a gracinha, minha esposa; eu sou Dilmo, seu esposo. Me abraçou e começou a chorar.”
“Foi uma cena muito comovente. Eu fiquei impressionada, depois de tanto tempo, de ele voltar a lembrar que eu era esposa dele, o nome dele. Perguntou pelos meninos, onde é que estavam.”
Dilmo seguiu estável por três meses, mas voltou a preocupar. “De repente, ele não dormia. Passava a noite toda assistindo televisão, tudo que era missa, novena, e ele nem era religioso. Eu dizia para desligar e ele, insistia que não, que era pecado.”
A essa altura, Dilmo já havia desmamado de todos os medicamentos psiquiátricos. Cuidava de sua saúde mental apenas com o óleo de Cannabis rico em canabidiol e suplementação alimentar. Para melhorar a questão do sono, a médica receitou outro óleo de Cannabis, rico em canabinol.
“A partir daí, houve uma melhora significativa na qualidade de vida dele. Passou a dormir melhor. Não dorme a noite toda, mas dá cochilos longos. Fica calmo, tranquilo. Voltou a ler e escrever, interagir, conversar com as pessoas. Voltou a lembrar dos nomes dos filhos, brinca com os netos.”
“Uma luz”
“Eu acho que a Cannabis veio como uma salvação em nossas vidas. Eu cheguei a ser agredida muitas vezes. Não só eu, como os filhos e quem chegasse aqui. Hoje ele é todo amoroso. Diz: gracinha, eu te amo. Foi uma benção para a minha qualidade de vida.”
“Na minha experiência, esse óleo é sagrado. Eu passei muito perrengue, vexame mesmo, de noites sem dormir, acho que meses a fio sem dormir, virando zumbi dentro de casa e ainda sofrendo agressões.”
“Ele não está andando, porque a segunda cirurgia foi mais complicada. Mas mentalmente ele voltou com o óleo. Está lembrando de tudo, da data que nasceu, do pai, da mãe, de todas as histórias. Semana passada ele contou como me conheceu e eu nem lembrava mais.”
“Esse óleo entrou na minha vida como uma luz. Estou vendo de começar a tomar as gotinhas para ansiedade. O cuidador, se não se cuidar, a gente também dança. Requer muita paciência e compreensão.”
“Ele melhorou uns 85%, graças a Deus. Depois da situação que eu passei, que foi muito, muito cruel, a gente tá em uma fase boa. Essa medicação foi um milagre na minha vida. Medicação, não. Essa planta sagrada.”
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