Foi na residência em neurologia que o médico Diego Silvério Gonzaga escutou pela primeira vez alguém falar sobre a medicina canabinoide.
Embora não faltem evidências científicas que demonstrem que todos temos um sistema responsável por regular o funcionamento de diversos outros em nosso organismo, como o nervoso central.
Apesar de já ser bem documentado que substâncias extraídas da planta Cannabis Sativa podem ajudar o sistema de regulação, o endocanabinoide, quando esse não funciona direito e assim oferecer tratamento para diversas doenças.
Foi somente por um entusiasta colega de residência que o futuro neurologista ouviu falar pela primeira vez sobre Cannabis medicinal. “Ele conhecia bastante sobre o assunto, estava pesquisando e a gente conversava de vez em quando”, conta.
“Mas não era nada sério. Ele falava de alguns estudos, mas eu não sabia e nem fui me aprofundar no assunto. Meu chefe era contra o tratamento com Cannabis.”
Gonzaga tampouco se interessou logo de cara. Criado no interior do Mato Grosso, Cannabis para ele era sinônimo de maconha.
“Sinônimo de coisa ruim, que a gente deve evitar. Esse colega explicou essa visão de que pode ser utilizado na medicina para certas condições, mas, com a minha criação, era difícil.”
“A gente cresce ouvindo que é uma coisa ruim, então para mudar essa mentalidade realmente levou um tempo. Tive que estudar e fui vendo a resposta dos pacientes. Quando vê os tratamentos funcionando, a gente já tem uma outra visão sobre o assunto.”
Começou a estudar cada vez mais sobre a medicina canabinoide, mas ainda longe de começar a prescrever. Foi quando a namorada do colega residente entusiasta da Cannabis ficou grávida.
O amigo havia sido convidado para trabalhar junto à Gravital, primeira clínica médica focada em tratamento à base de Cannabis medicinal do Brasil, mas, para dar atenção à família, indicou Gonzaga para a vaga.
Na Gravital, todos profissionais médicos precisam obter certificação no curso da Green Flower, uma plataforma internacional de educação sobre Cannabis. “É como se fosse realmente uma matéria de faculdade.”
“Eu me senti como se tivesse acabado de me formar e começar tudo de novo. Quando a gente acaba de formar, fica com medo de passar um comprimido de dipirona. Será que passo CBD isolado? THC? Foi importante ter a consultoria do Pedro (Vanni, diretor médico da Gravital), que me deu muita confiança para continuar.”
“Não é um tratamento que a gente tem uma resposta imediata. Tem casos que tem resposta em uma semana, mas tem outros que leva tempo, tem que fazer ajustes, e muitos acabam abandonando o tratamento.”
Neurologia canabinoide
Para Gonzaga, o principal diferencial da medicina canabinoide é no perfil dos efeitos colaterais. ”Toda a medicação tem um efeito colateral ou outro. Depende de cada paciente. Pode ter todos os efeitos colaterais, poucos efeitos colaterais ou nenhum efeito colateral, o que é difícil”, explica.
“Por exemplo, na dor. O depakene, que a gente usa para alguns tipos de dor, a longo prazo pode atacar ter fígado, dar sonolência, tremores, e alguns sintomas que a gente sabe que pode vir a acontecer.”
“O legal do tratamento canábico é que não vai chegar a isso. A quantidade de efeitos colaterais é ridiculamente menor.”
“Quando a gente consegue retirar um pouco das outras medicações, sente que melhora, não só pela Cannabis, mas pela retirada também.
Medicina canabinoide na prática
“Um paciente tinha tremores tão intensos que não conseguia comer. Não conseguia manusear certos objetos porque tremia muito.”
Começou com o óleo e depois de um mês voltou para a consulta acompanhado da irmã, que contou: “foi engraçado porque um dia ele estava comendo normalmente, como se não fosse nada. Você não percebeu que não tá tremendo? Ele não tinha nem percebido que parou de tremer.”
Prescritor desde maio de 2020, conta que as doenças degenerativas são as que mais trazem pacientes ao seu consultório. “Alzheimer, demência e Parkinson. Seguido por dor crônica e, depois, epilepsia, insônia, ansiedade. A gente não fica preso só a nossa especialidade.”
O futuro da medicina canabinoide
“O tratamento canábico é uma coisa relativamente nova no Brasil. Daqui para frente, a gente está conseguindo mais espaço para o tratamento em si, para mais pesquisas, porque existe ainda muita amarra”, afirma.
“Para o futuro, é uma terapia. Por enquanto, alternativa para diversas condições. Tem muito espaço para crescer.”
“Infelizmente é um tratamento que não é barato. As empresas e as clínicas estão tentando resolver essa situação da forma mais assertiva para poder facilitar todo o processo e a prescrição da medicação porque, quando a gente tem uma melhora no paciente, por mais que tenha esse investimento, fica agradecido. Fica feliz por ter feito aquela escolha.”
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