Desde que nasceu, o comportamento de João Pedro chamou a atenção da mãe Claudia Leite Fernandes. “Ele já nasceu diferente. Uma criança que não dormia, muito difícil, agitado, chorava muito.” autismo
A princípio, o tratamento homeopático conseguiu acalmar a criança e, consequentemente, a mãe. “Fui ter uma noite de sono quando ele já tinha um ano de idade.”
“ No entanto, aos dois anos do menino, as diferenças ficaram mais gritantes. Um garoto que não brincava, não interagia. Tinha mania de ficar rodando as coisas, andava na pontinha do pé. Ele nasceu em 1999 e, na época, não tinha um protocolo de autismo.”
“ Porém, os pediatras viam uma criança bonita, bem cuidada, diziam que não era nada, que quando fosse para a escola, ia melhorar.”
Os diagnósticos de autismo
Aos 4 anos, João Pedro foi para a escola e a previsão do médico se comprovou errada. “No primeiro dia de aula, ele teve um surto. Não sei se foi o barulho, mas, no surto, virou cadeira, bateu nas crianças. De fato, uma situação bem difícil.”
“A diretora falou ‘essa criança não tem limites’. Como assim não tem limites? Ele não é assim em casa. Foi então que ela encaminhou meu filho para avaliação psicológica, fomos parar na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e foi constatado o autismo.”
Em 2004, João Pedro deu início às terapias para melhorar seu desenvolvimento. “Eu levava meu outro filho junto, o Mateus, que já tinha um ano. Então, um dos terapeutas olhou e disse que ele também tinha sintomas de autismo.”
“Levei no mesmo neuropsiquiatra que atendia meu filho mais velho e o Mateus acabou entrando no diagnóstico, mas, como ele era muito novinho, deixaram o laudo aberto por dois anos. Com cinco anos, ele não falava, enquanto o mais velho falava. Ou melhor, não é que falava. Ele repetia as nossas palavras.”
Um tratamento para os sintomas do autismo
“Os dois passaram a fazer estimulação precoce, terapia, psicóloga, fonoterapia e foram sendo medicados. Tegretol foi um dos primeiros remédios que eles tomaram, depois veio a risperidona e por aí vai.”
O tempo passou e as crianças cresceram, convivendo com intensas limitações. “Aos 15 anos, o João Pedro começou a apresentar alguns outros sintomas que não eram clássicos do autismo. Ficava agitado, gritava. Muitos autistas têm amigos imaginários, mas ele falava muito e foi diagnosticado que ele estava entrando em um quadro de psicose.”
Em busca de algum médico que oferecesse algo de diferente para atender ao seu filho, em 2019, encontrou uma psiquiatra que trabalhava com a prescrição de Cannabis medicinal. “Como o João Pedro estava começando com as psicoses, ela disse que não seria bom tomar o óleo.”
“O mais novo, Mateus, também é diabético e tinha ansiedade, junto com o autismo. Então, era muito difícil. Tomava clonazepam para diminuir a ansiedade e, com o óleo, foi desmamando e ficou bem.”
“Hoje, o Mateus tem 20 anos e ficou bem. Na pandemia, chegou a ter um início de quadro de depressão, mas quem ficou bem na pandemia? Ajustamos a composição do óleo de Cannabis e nem precisou entrar com antidepressivo. Depois que ajustamos a dose, ele ficou bem e hoje só toma o óleo e a insulina.”
Autismo e esquizofrenia paranoide
Por outro lado, a situação de João Pedro, sem a Cannabis, piorou. “Ele começou a ter quadros de agressividade. Quebrar as coisas, a ponto de ter que levar para a emergência psiquiátrica. Em 2020, pela pandemia, fechou APAE, fechou tudo, e aí que ele piorou de vez. Umas crises muito fortes, ele tinha que ficar internado, até passar.”
Além do autismo, os médicos fecharam o diagnóstico de esquizofrenia paranoide. A pandemia passou e, mesmo com diversos medicamentos, o comportamento de João Pedro seguiu tirando a paz da família. Seu laudo médico dizia:
“Paciente apresenta intensa inquietação motora e psíquica. Apresenta uma piora do quadro, evoluindo com pensamentos ilógicos e ideias estranhas, desorganização do comportamento, apresentando regressão em habilidades já adquiridas. Por vezes, se perde no que é fantasioso do real, com alucinações, comportamento agressivo, oscilação de humor e piora das estereotipias.”
À essa altura, os médicos já haviam prescrito onze medicamentos psiquiátricos diferentes. “Todas em dose máxima e sem sucesso.”
A diversidade dos fitocanabinoides
A única alternativa possível era o óleo de Cannabis. “Meu filho mais novo toma óleo de associação, que é rico em THC. Por conta da esquizofrenia, ele não podia. Precisava tomar o óleo importado, do laboratório.”
“A gente conseguiu comprar o remédio e ele começou a tomar. Em 10 de outubro de 2022, ele estava com poucos dias usando o óleo e, ainda não tinha dado tempo de fazer efeito, porque foi a última vez que o João Pedro teve uma crise de parar na emergência psiquiátrica.”
“Conforme o óleo foi fazendo efeito, ele foi retirando os medicamentos aos poucos e fazendo terapia junto. O quadro dele foi melhorando e, dos onze medicamentos, atualmente, ele toma cinco, contando com a Cannabis.”
“Ele não teve mais nada que atrapalhasse o tratamento dele. Está fazendo terapias, consegue sentar, se concentrar. Ele havia desaprendido a escrever e a tomar banho e, junto com a equipe da psicopedagogia, foi reaprendendo. Ele está com 24 anos e faz Kumon, Inglês, várias oficinas.”
Cuidadora, paciente e conselheira
“Eu também tomo o óleo. Meu filho quebrava a casa inteira, batia na gente, gritava, era uma coisa horrível. Os vizinhos achavam que a casa ia desabar. Acabei desenvolvendo um quadro de depressão, ansiedade e síndrome do pânico.”
“Tomo o óleo junto com o antidepressivo e tem me ajudado. Graças a Deus, eu estou tomando o óleo e conseguindo ficar bem. Estou trabalhando, cuidando dos meninos, da casa.”
A experiência com seus filhos, e com si própria, rendeu experiência à Claudia Leite, que busca repassar para quem a questiona sobre a Cannabis. “Vejo muita gente tomando óleo sem nenhuma prescrição médica e não é legal.”
“Quando as pessoas vêm me pedir contato para comprar, eu falo que tem primeiro que ter uma consulta médica. Cada caso é um caso. Não pode sair indiscriminadamente comprando o óleo, porque é perigoso.”
“Graças a Deus, tivemos esse cuidado com o João Pedro e ele está bem. Estou conversando com você e ele está descansando, que é uma coisa raríssima. Antes ele não fazia.”
Acompanhamento médico e terapia
“O óleo realmente faz a diferença, mas não sou radical. Não pode dar o óleo e achar que acabou. Na minha casa, temos três situações diferentes. Meu filho mais novo, que toma só o óleo e a insulina e consegue controlar bem. Eu, que tomo o óleo, mas também preciso de antidepressivos, e o João Pedro.”
“Além do autismo, ele tem fechado o quadro de esquizofrenia paranoide e o óleo ajuda muito a potencializar os outros remédios. Ele ajuda o sistema endocanabinoide a funcionar, o que permitiu tirar alguns medicamentos, mas não todos.”
“Eu vejo as mães em duas situações. Aquelas que não querem a Cannabis de jeito nenhum, achando que o filho vai ficar doidão. Outras mães pensam que o óleo vai salvar tudo e se negam a medicar os filhos. São dois extremos.”
“Eu sugiro que pesquisem. Tem bastante conteúdo na internet, cursos, seminários. A pessoa não pode ficar no achismo. A Cannabis não vai resolver todos os problemas do mundo nem qualquer outro medicamento. Seu filho não vai ficar bem se não tiver acompanhamento médico e terapia.”
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