Já nos tempos de faculdade, a psiquiatria era uma certeza da médica Cintia Braga Silva Pereira e assim orientou sua formação. “Eu acho que é um ramo muito nobre da Medicina. Se a pessoa tem saúde, mas não tem saúde mental, as coisas não vão bem.”
Na prática, porém, o resultado nem sempre era satisfatório. “Eu ficava muito angustiada com alguns resultados que a gente tem com as medicações alopáticas”, conta.”
“Às vezes, a pessoa melhorava dos sintomas que estavam mais graves, mas ficava um pouco a desejar quanto à qualidade de vida. Principalmente com as medicações antidepressivas, que, ao longo do tempo, podem ter efeitos colaterais importantes, como baixa de libido, certa apatia, etc.”
Diante a percepção, deu início à busca por alternativas, como nas formações em sexologia, respiração holotrópica e terapia neo-reichiana. “Para ter mais ferramentas para ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente, algo que não fosse só remédio alopático.”
“Numa dessas pesquisas, fiquei sabendo de um grande amigo meu que estava começando a estudar sobre a Cannabis medicinal. A gente começou a trocar ideia e resolvi estudar também.”
Cannabis na psiquiatria
Se inscreveu em um curso da Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa (SBEC) e descobriu um novo horizonte dentro da psiquiatria.
“Principalmente quando envolvia o controle da dor, frequentemente o controle não era muito satisfatório. Com as medicações que temos, a pessoa pode ter efeitos colaterais importantes que inviabilizam a manutenção do tratamento. Depois que eu descobri a medicina canabinoide, estou encantada.”
“Acho uma terapêutica muito elegante. Ela ajuda o paciente a atingir uma qualidade de vida melhor. Não só daquele sintoma, mas a qualidade geral. Meu objetivo é ajudar as pessoas a terem qualidade de vida e a saúde mental acaba refletindo muito nisso.”
Há cerca de um ano e meio contando com a Cannabis medicinal em seu arsenal terapêutico, a psiquiatra segue se aprofundando no assunto.
“Na SBEC que eu aprendi a raciocinar em cima da medicina canabinoide. É muito mais que prescrever um óleo. Não é tão simplista assim. A gente tem um sistema muito complexo, que coordena nossas atividades corporais”, disse, se referindo ao sistema endocanabinoide.
Por agir junto a esse sistema, a Cannabis medicinal é capaz de melhorar o quadro do paciente de uma forma mais sutil. “Os efeitos colaterais da Cannabis, costumam ser leves, quanto existem, geralmente muito bem tolerados, em comparação com as medicações alopáticas. A pessoa fala: parece que eu nem estou tomando remédio.”
“É uma coisa muito orgânica, muito próxima do funcionamento do corpo mesmo. Uma paciente ansiosa, ontem, falou que achava que não estava tomando nada. Até passar por uma situação que geralmente ficaria muito estressada e conseguiu reagir tranquilamente. Saiu da situação de uma maneira muito natural.”
Da dor ao show de rock
“Dentro desse um ano e meio de prescrição, eu tive só dois pacientes que não toleraram bem a Cannabis. Muito provavelmente são aqueles pacientes que metabolizam diferente. É uma medicação geralmente muito bem tolerada.”
Para exemplificar, Cíntia relata sobre um vídeo que uma paciente enviou há alguns dias. “Quando se trata a dor, as medicações alopáticas podem deixar pessoa sonolenta, com o corpo pesado… Essa moça que veio me procurar para tratar fibromialgia, já estava tomando muitas classes de medicações.”
“Ela é nova, recém-casada, com um quadro de fibromialgia muito importante. Ela não estava conseguindo dar seguimento à faculdade, mal saia de casa, por causa da dor. A gente começou o tratamento com Cannabis e gradativamente fomos reduzindo outras medicações, hoje estamos com muito menos medicações e com melhor controle da dor. Na semana passada ela me mandou um vídeo em que estava em um festival de rock. Estava super feliz porque conseguiu aguentar 12 horas de show. No vídeo, ela saltava, feliz! também fiquei muito feliz! é uma coisa muito gratificante.”
Segundo a médica, o preconceito que ainda é sustentado em muitos setores da sociedade, inclusive dentro da psiquiatria, dificulta que cada vez mais pessoas tenham a possibilidade de melhorar a qualidade de vida.
“Essa rejeição a Cannabis é uma construção social. No meu consultório tem uma procura muito grande por esse tratamento, pessoas interessadas justamente nessa melhora de qualidade de vida. Acho que a entrada da medicina canabinoide no arsenal terapêutico, é um caminho que não tem mais volta, só tende a se desenvolver.”
“Temos cada vez mais respaldo científico, temos estudos! e tem gente que segue em negação. Esse negacionismo conversa muito com a situação que a gente vive no Brasil, de ter que ficar falando que a Terra é redonda.”
Norma na psiquiatria
De acordo com a psiquiatra, a vontade do paciente deve ser levada em conta ao decidir por qual caminho será realizado seu tratamento. Seu papel é orientar os pacientes. Fazer uma avaliação e expor para ele as possibilidades ofertadas dentro da psiquiatria. “É uma decisão compartilhada.”
Sendo assim, cabe a cada médico o trabalho de se informar sobre uma opção terapêutica que já é uma realidade, e tem ajudado pacientes com diversas patologias por meio do manejo e regulação do sistema endocanabinoide.
“O Brasil ainda está na contramão do mundo. Isso só dificulta o acesso de pessoas que se beneficiariam com essa terapêutica. Se tem benefício em detrimento dos malefícios, porque não estudar e criar políticas para para fiscalizar e também para facilitar o acesso?”
“Quem nega essa terapêutica, está na contramão do progresso. Ninguém é obrigado a prescrever, mas eu acho que a gente tem que se informar minimamente para oferecer melhores opções para os nossos pacientes.”
“Se é possível, se vai ajudar, porque o meu preconceito vai ficar na frente? Por exemplo, se eu tivesse preconceito, essa moça provavelmente não iria aproveitar a vida dessa forma.”
Agende sua consulta
Se você busca uma alternativa terapêutica aos medicamentos convencionais utilizados na psiquiatria, uma alternativa é a Cannabis medicinal.
Medicações psiquiátricas como antidepressivos podem acarretar efeitos colaterais difíceis de tolerar, enquanto a Cannabis pode oferecer um melhor perfil de efeitos.
Para dar início ao tratamento, o caminho é agendar uma consulta com um médico prescritor.
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