Christian Salgado da Silva não se lembra ao certo como as dores começaram. Vinham como cãibras, primeiro nos ombros, depois nos braços, pernas, costas, quadril, pé, dedo, até que a dor dominasse sua rotina.
Não foi de repente. Trabalhando em um banco, mal tinha tempo para prestar atenção no que sentia. Até que, em 2008, tudo piorou. A agência em que trabalhava sofreu um assalto e, para ele, estresse pós-traumático e síndrome do pânico foram as consequências.
Afastado do trabalho, por recomendação da psiquiatra, buscou se engajar em uma atividade que lhe desse prazer. Como o que gostava era fazer pequenos reparos na residência, começou a ligar para os amigos em busca de uma descarga quebrada ou problemas na parte elétrica.
Sem poder exercer sua profissão, se viu também sem renda, vítima de um jogo de empurra entre INSS e o banco, que lhe privaram da seguridade social. Logo, o hobby virou profissão e Christian se tornou um dos primeiros “maridos de aluguel” de São Paulo.
O diagnóstico de fibromialgia
As dores, no entanto, seguiam lá. Cada vez mais intensas e incômodas. Em 2012, sua psiquiatra comentou que suas dores poderiam ser sintomas de fibromialgia, uma doença até então pouco conhecida.
“São duas coisas que acontecem juntas: a depressão e a fibromialgia. Nunca se sabe quem começa primeiro, mas eu acho que estava ligado ao banco”, conta.
Para confirmar o diagnóstico, seria necessário um exame chamado termometria. Se a doença era pouco divulgada, o exame estava disponível em poucos lugares a um alto preço. Após muita briga com o plano de saúde, em 2015 conseguiu fazer a termometria que confirmou a fibromialgia.
O tratamento convencional para fibromialgia
O diagnóstico, no entanto, estava longe de significar o fim do sofrimento de Christian. “Se é fibromialgia, vamos tratar isso. Só que com esses remédios, eu vivia dopado. Não sentia mais dor e eu estava com dor 24 horas por dia. Mas meu corpo já tinha acostumado com a dor e eu conseguia trabalhar, por mais que ficasse bem limitado.”
Em busca de uma melhor resposta, foi testando medicamentos. “Aí ela me deu um tarja preta que foi a gota d’água. Não vou tomar mais remédio nenhum. Prefiro ficar com a dor do que viram um zumbi.”
A dor deu lugar à letargia e à falta de libido. “Eu não tinha vontade de fazer nada com a minha esposa nem com minha filha. Eu queria ficar só em casa, deitado, sem fazer nada. Eu prefiro viver com dor e ser um bom pai e um bom marido.”
A pomada milagrosa
O plano, porém, não deu certo. As dores cresceram a ponto de se tornarem insuportáveis. Exames demonstraram que ainda havia desenvolvido hérnia em cinco pontos da coluna.
“Eu tive que trocar meu carro por um automático, porque eu não conseguia mais pisar na embreagem. Passava pomada para dar uma aliviada, mas era só um paliativo.”
Até que um colega do banco, advogado, lhe trouxe uma pomada nova para que experimentasse. “Passei a pomada nas costas, onde doía mais, e fiquei bom. Foi a primeira pomada que realmente tirou a dor e fiquei o dia inteiro sem. Caraca, mano, que bom, né?”
Diante o bom resultado, questionou o amigo sobre o que tinha naquela pomada e ele disse que era um preparado à base de Cannabis. Surpreso, quis saber mais sobre as propriedades medicinais da planta e começou a pesquisar.
“De lá para cá, eu não sinto mais dor”
Pela internet, encontrou informações e o contato do médico clínico geral Vinícius Mesquita, e marcou a primeira consulta. No dia 10 de agosto de 2022, deu início ao tratamento com o óleo de Cannabis medicinal.
“Tomei uma semana e já comecei a sentir uma sensação estranha. Sentia a falta de alguma coisa e até comentei com minha esposa que estava acontecendo algo diferente.”
Aos 44 anos, Christian começou a recuperar sua qualidade de vida. “De lá para cá, eu não sinto mais dor. Não tenho mais nada da fibromialgia. Acho que por não ter dor, uma coisa liga a outra, e a parte depressiva também melhorou. Você acorda melhor, sorrindo. Dorme melhor, porque dormir era uma coisa terrível.”
“Quando dormia, a impressão é que eu era uma lesma em que jogaram sal. Sentia que eu estava encolhendo. Ficava todo contraído de tensão, mordendo a boca. Agora, já são três meses sem e eu não sei nem explicar a sensação de não ter dor.”
Para toda a família
Uma melhora que, indiretamente, atinge toda a família. “Eu acabava disfarçando muito para elas não percebessem esse sofrimento. Mas, às vezes, eu chegava em casa parecendo a velha da Praça é Nossa de tão corcunda e eu percebia que minhas filhas não dormiam. Tinham pesadelos.”
“Eu chegava, elas nem brincavam mais, com medo de me abraçar, porque, sem querer, eu soltava um ‘ai’. Agora, elas já vem pulando, brincando. A relação mudou totalmente.”
Diretamente, a Cannabis também mudou a vida da família. “É um negócio maravilhoso e não só para mim. Minha esposa toma. Ela tinha uma TPM muito forte, enxaqueca, e não tem mais. Meu pai, que fez uma cirurgia para a retirada de um tumor no início do ano, começou a tomar também e minha sogra marcou hoje uma consulta para ela.”
Além da fibromialgia
Para que pudesse convencer a todos a superarem o receio e apostassem no medicamento canabinoide, Christian usa dois argumentos. “Primeiro que não tem efeito alucinógeno. É um efeito relaxante que não tira seu domínio sobre o corpo. Te deixa tranquilo, dá um sono tranquilo.”
“A segunda é que a Cannabis pega em várias coisas junto. No meu caso foi a dor, a depressão, a disposição para fazer as coisas, o sono. Não é como um remédio de dor de cabeça que vai atingir só aquela dor. Me parece que a Cannabis tem uma outra forma de atuação, mais ampla.”
Agende sua consulta
Se você, como Christian, sofre com dor crônica, fibromialgia, ou alguma das diversas patologias com indicação de tratamento com Cannabis medicinal, o primeiro passo para dar início ao tratamento é marcar uma consulta com um médico prescritor.
Na plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde, você pode marcar uma consulta com o médico Vinícius Mesquita, que acompanha ao Christian, e mais 200 médicos e dentistas com experiência no tratamento canabinoide.