Valentina tem Síndrome de Down e autismo. No período mais crítico da condição, se automutilava e não interagia socialmente nem com a família. O canabidiol recuperou o cognitivo da menina, mas foi uma luta árdua da mãe para ter acesso à medicação.
Apesar da condição da Valentina, até os 3 anos de vida, seu desenvolvimento ocorreu dentro do esperado pela mãe, Cristine Palacios, 42. Foi quando começou a apresentar problemas gastrointestinais graves. A comida parecia que não parava nela, levando à repetidas visitas ao hospital.
Enquanto corriam de médico em médico, em meio aos diversos exames, Cristine percebeu que havia algo a mais mudando na Valentina. A criança foi se fechando em seu mundo. “Qualquer local público, com muito barulho ou informação visual, ela começava a chorar, gritar, se jogar”, lembra.
Crise sensorial
Esta condição é chamada de crise sensorial, uma característica forte do autismo.
“Com o tempo passou a apresentar outras características mais graves. Começou a se automutilar, agredir, se arranhar. Puxar o próprio cabelo. Batia a cabeça no chão, na parede. Vivia com a cabeça roxa, a gente não sabia o que fazer.”
Sua condição de Down dificultava o diagnóstico. Mas, quando seu quadro finalmente foi classificado como autismo severo, chegou junto o tratamento. Os remédios, contudo, em vez de melhorares a Valentina, pioraram.
“Eu falava com o médico e toda vez que contava das crises, ele falava para aumentar a dose”, conta Cristine, que temia as consequências de dar medicamentos como Risperidona para sua filha.
“Toda vez que dava o remédio, sentia que estava matando minha filha. Eu morria por dentro.”
E nada da Valentina melhorar.
“Ela não interagia com ninguém. Nem com a gente! Era como se a gente não existisse. Eu ficava muito triste. Ela tinha um desenvolvimento legal, mas parou. Estava até falando algumas coisas e parou.”
Quando uma de suas terapeutas disse que Valentina estava correndo risco de lesão cerebral irreversível de tanto que batia com a testa nas coisas, sua mãe ficou em desespero. Foi quando recorreu às redes sociais pedindo por alguém que trouxesse uma luz.
Essa luz veio, em forma de recomendação. Dra. Paula Vinha, nutróloga. Indicada por receitar canabidiol para seus pacientes. Ela receitou uma série de vitaminas e probióticos para Valentina, além do óleo com CBD.
“Quando ela me falou, eu pensei: ‘legal, canabidiol. Não é a maconha. Um composto, que vem dos EUA, laboratório, certinho. Vamos testar’”.
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Mas não foi tão fácil
“Quando fui ver o preço, caí para traz. Como eu vou bancar isso? Dava uns R$ 4 mil”.
Com a autorização da Anvisa em mãos, conseguiu comprar o maior frasco com CBD isolado para testar.
“Ela começou a usar, e em 20 dias deu uma melhora muito bacana. Teve bastante evolução. Voltou a interagir, fazer passeio com a escola. Começou a ficar dentro da sala de aula. A experimentar as questões pedagógicas. A independência foi melhorando. Cada momento melhorava uma coisa.”
Com três meses de tratamento já estava muito melhor. Com cinco, atingiu o auge. “Só que, depois disso, com o tempo, eu tinha que ficar aumentando a dose, porque percebi
que ela foi regredindo.”
As crises e a auto-agressão voltaram. Mas essa não era a única preocupação.
“Eu e meu marido, a gente já entrou em um mar de dívidas. Cheguei a pegar cartão emprestado. Uma situação financeira bem difícil”, lembra.
“Era sempre uma angústia quando o remédio estava acabando.”
Mas o tratamento não podia parar. Foi aconselhada a tentar o óleo de Cannabis full spectrum, ou seja, o que contém todos os canabinoides presentes originalmente na planta. Começava aí mais um episódio de sua jornada em busca do óleo certo.
Entrou em associações e grupos de Cannabis medicinal que encontrava nas redes sociais.
“Conheci várias mães, vários casos. Li artigos científicos, livros. Aí fui abrindo a minha mente”, conta.
“Eu tinha preconceito. Eu tinha a visão do maconheiro. Eu ficava com medo de dar algo assim para a minha filha. o THC. O CBD eu não tinha medo nenhum de dar.”
Encontrou uma associação. Porém, quando foi ver a composição do óleo, era muito THC para pouco CBD.
“Para essas questões de dor, é legal. Precisa de muito THC, mas não é para todo caso”. Tentou na Abrace Esperança, mas o óleo era muito fraco para a necessidade de Valentina.
Nesse meio tempo, descobriu o Reaja CBD. Um papelzinho que serve como teste químico. Ele contém uma substância que reage com o CBD e fica roxo quando é alta a presença do canabinoide. Testou em todos os óleos que encontrou, mas nenhum apresentava alto teor de CBD.
Foi quando recebeu o contato de uma representante de uma empresa americana que fabrica o óleo full spectrum. O problema, novamente, era o preço.
“Mas eu conversei com ela, e me disse que podia pagar menos e ia me mandar o óleo mesmo assim.”
“Comecei a usar. Dei uma gota. De um dia para o outro, ela ficou super bem. Pensei ‘nossa! Minha filha está de volta!'”.
Fez o teste com o Reaja e “ficou roxo, quase preto”. Foi ver a composição, 80% CBD, 3% de THC, e todos os outros canabinoides possíveis e conhecidos. “A qualidade é incrível. Nunca mais quero deixar de dar esse óleo.”
Faz três meses que Valentina toma o óleo dessa empresa.
“O intestino da minha filha hoje funciona super bem. Eu parei de dar probiótico para ela, que tava até prendendo já”, diz.
“Mas a primeira coisa que percebi foi o cognitivo. Ela ficou mais esperta, apresentar memórias. Querer se comunicar mais.”
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