Em 2017, durante a Pós-graduação em dor, da anestesiologista Ana Luiza Távora Pinho, o assunto em voga era a crise dos opioides nos EUA. O uso crônico desses medicamentos é associado à dependência e, em casos extremos, à overdose.
“A gente sabia que precisava ter novas opções sem ser opioide para ofertar aos pacientes e a Cannabis já existe há milhares de anos, a gente sabe os efeitos dela sobre o sistema endocanabinoide, que existe por todo o corpo, mas o preconceito serve como barreira, para dificultar os estudos.”
“Meu professor e orientador do TCC sugeriu fazer sobre Cannabis. Na época, e ainda hoje, são poucos os estudos de alto nível sobre o tema, mas a gente via que eles estavam saindo e havia cada vez mais gente interessada, lotando os congressos e aulas sobre a Cannabis.”
Anestesiologista, dor e Cannabis
A experiência moldou a carreira da anestesiologista. “Eu terminei a pós em dor e resolvi estudar Medicina do estilo de vida e coaching em saúde, enquanto também estudava Cannabis.”
“Além da pandemia de opioides, a medicina tradicional é muito intervencionista. Eu quis mudar a forma de abordagem nos pacientes de dor, assim como seu estilo de vida.”
“Queria trabalhar com outros componentes da dor, que sempre leva à depressão e ansiedade. A pessoa acaba tendo dificuldade para dormir e tudo vai se associando, vira uma bola de neve, que piora a dor do paciente. A Cannabis ajuda nessa parte.”
“Eu vejo a Cannabis como um intermediador de transição, para que a pessoa consiga fazer a mudança de estilo de vida necessária. Em associação, a gente consegue reduzir a dose de opioides e outros medicamentos que a gente usa, reduz os efeitos colaterais e, somado a isso, tem um efeito de melhora no sono, no bem-estar e na ansiedade.”
“Consequentemente, a pessoa ganha mais estímulo para fazer a mudança de estilo de vida. Se você está com muita dor, não tem ânimo e força para fazer alguma mudança necessária.”
Estilo de vida
“Por exemplo, se está com artrose nos joelhos. Se eu falar que tem que fazer alguma atividade física, a pessoa fala que não consegue, por causa da dor. Com um alívio temporário, melhora o ânimo e tem estímulo para a atividade, para perder peso ou o que for necessário.”
“Assim, os pacientes conseguem mudar o prognóstico da doença e, futuramente, ir retirando os remédios que têm mais efeitos colaterais, até o momento em que a gente consegue tirar a Cannabis também.”
As indicações mais comuns da profissional são casos de dor crônica, transtorno de estresse pós-traumático, fibromialgia, ansiedade, insônia, epilepsia e autismo. Para ela, essa multiplicidade de ação se deve à atuação dos diferentes fitocanabinoides sobre o sistema endocanabinoide.
“A gente pode trabalhar os componentes da Cannabis, THC isolado, CBD, full spectrum, e cada um vai ter uma atuação diferente, em partes do corpo distintas. A gente pode manipular essas moléculas, dosar, para trabalhar a nosso favor. Ir tateando e modulando, de acordo com a subjetividade do paciente.”
Os novos horizontes da anestesiologista
“Quem ganha é o paciente e nós, médicos, porque temos mais opção para a gente trabalhar, já que cada paciente é único. Se temos evidências mostrando os benefícios, que os efeitos colaterais são brandos, por que não apoiar? Quanto mais opção, melhor”
“Se opor à Cannabis é ir contra a própria Medicina. É não permitir que os estudos avancem, os tratamentos avancem, mesmo diante de evidências claras. Acho que as pessoas têm que abrir os olhos e estudar sobre o assunto, tirar as próprias conclusões.”
“Não tem porque ter medo ou insegurança. É como qualquer medicamento novo, que entra no mercado. Ou melhor, somos nós que estamos usando há pouco tempo, porque a Cannabis já é utilizada, tradicionalmente, há milhares de anos.”
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