De paciente a médica prescritora, a pediatra Amanda Medeiros conta como a Cannabis medicinal mudou sua vida
Foi como paciente que a Cannabis medicinal entrou na vida da médica pediatra Amanda Medeiros Dias. Formada em 2017, ainda nem havia concluído sua primeira pós-graduação quando um procedimento simples não saiu como o esperado e trouxeram dores para sua rotina.
“Eu tinha um chip anticoncepcional no braço. Esse chip venceu e fui fazer a retirada dele. No procedimento, a ginecologista, sem querer, lesionou o nervo. Nisso eu desenvolvi uma neurite do plexo braquial, que é uma inflamação no nervo”, conta Medeiros.
“Estava rompido e inflamado, então eu sentia uma dor em todo o braço até o ombro e muitas vezes também irradiava até cervical. Era uma dor pulsátil, de forte intensidade e que não cessava nunca. Ela simplesmente não ia embora.”
Nada adiantava. Tentou todo tipo de tratamento, mas com nenhum obtinha resultado. “Hoje eu sei que ela é uma dor neuropática e são dores incapacitantes. Eu comecei a fazer o uso de alopatia, Tramal, morfina, adesivo de codeína, e nenhum alopático melhorou”, revela.
Descoberta da Cannabis medicinal
“Até que em 2018, o dr. Renan Abdalla, que é um colega meu, perguntou se eu já tinha escutado falar no tratamento com Cannabis medicinal e eu disse para ele que não. Eu só sabia do uso recreativo. Não sabia que ela poderia ser medicinal, que tinha o uso terapêutico. Achava na minha cabeça que era 100% recreativa e não tinha nenhum outro benefício.”
Começou a estudar sobre o tema e solicitou à Anvisa a autorização para importação. Quando dava início ao segundo frasco, já não sentia mais dores. “A única coisa que aliviava aquela dor pulsante era água quente. Com meu braço em uma banheira de água quente, o músculo relaxa e alivia a dor”, diz.
“Quando acordava, o braço estava pulsando forte. Depois da Cannabis, eu comecei a acordar e a pulsação estava reduzida. Até que no segundo mês, eu comecei a ficar sem dor.”
Pediatra canabinoide
Sentindo na pele os benefícios, decidiu que era a vez de seus pacientes terem a chance de obterem melhor qualidade de vida com o tratamento canabinoide. “Ela é indicada para tudo que envolve o sistema nervoso central, como Parkinson, Alzheimer, autismo, dor crônica, esclerose múltipla”, explica.
“As que envolvem o sistema imunológico também, porque ela é parte de uma modulação. O sistema endocanabinoide modula os demais sistemas do corpo. A Cannabis não tem efeitos colaterais que geram a necessidade de outros remédios, pois ela é uma moduladora.”
“Vai agir lá no início de tudo, no sistema nervoso central, que vai ficar regulado e isso traz benefícios como a melhora do sono, do humor, da dor, do apetite. Não funciona para uma coisa só pois regula todo o sistema.”
A pediatra se lembra do caso de um paciente com apenas três meses de vida, paralisia cerebral e epilepsia refratária. Antes da mãe procurar a Cannabis medicinal, já estava sendo tratado com cinco anticonvulsivantes. Há um ano em tratamento canabinoide, controlou melhor às crises com o uso de apenas dois medicamentos alopáticos.
“Já faz uma diferença até no perfil de efeitos colaterais. A criança com muita alopatia não se desenvolve porque normalmente dá muito sono, dá um cansaço abrupto na criança, e pode paralisar algumas outras coisas e a criança pode não desenvolver tão bem. A gente fala que ela fica engessada, pois ele não pode fazer todas as atividades e terapias.”
Segundo a médica, não é verdade que a Cannabis medicinal pode atrapalhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes. O risco é para pessoas com menos de 25 anos saudáveis: nesses casos o THC em altas doses pode ser prejudicial. “Mas em pacientes neurológicos, o THC pode ser bem interessante para elas.”
Comprovação científica
A literatura científica já reúne uma boa quantidade de evidências que garantem a segurança do tratamento com a Cannabis medicinal. “O PubMed tá abarrotado de artigos com publicações de Israel, do Canadá, dos Estados Unidos”, garante.
“A gente sempre tem que estudar sempre. Tem muita coisa nova para aprender e sabemos pouco ainda do potencial terapêutico da planta, então eu sempre vou ser a favor de fazer novos estudos. Mas a gente já sabe que tem um sistema inteiro no organismo que é feito para receber a planta. E isso é ciências, não é opinião.”
Na atualidade, o preconceito que alguns colegas mantém sobre a Cannabis medicinal é uma falha de informação. “É ignorância. Falta de conhecimento. O sistema endocanabinoide está lá, mas a pessoa nem quer saber porque associa ao uso recreativo e não conhece as propriedades terapêuticas.”
“É culpa da nossa cultura que não coloca o sistema endocanabinoide para ser estudado nas escolas e nas faculdades. A gente forma médicos que não sabem sobre esses sistema que é fundamental na regulação do organismo. É primordial para a homeostase.”
Em busca de fazer sua parte para mudar essa realidade, Medeiros divide seu tempo entre seu consultório e na disseminação de informação e educação sobre Cannabis. “Não existem muitos médicos falando sobre o assunto de uma maneira educativa para a população.”
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