Muitos de nós já ouvimos falar dos benefícios que a Cannabis pode produzir em nossos corpos, mas poucos sabemos que estes efeitos são mediados por centenas de receptores canabinoides que possuímos internamente.
Os receptores canabinoides regulam e controlam muitas de nossas funções corporais mais críticas, como memória, processamento emocional, sono, controle de temperatura, dor, respostas inflamatórias e imunológicas.
Tais receptores, especificamente o CB1 e o CB2, estão atualmente no centro de pesquisas internacionais e desenvolvimento de medicamentos.
A supressão ou excesso dos receptores canabinoides também está implicada no aparecimento de doenças de diversos tipos.
O CB1 é o subtipo predominante no sistema nervoso central (SNC) e tem sido estudado como uma possível via terapêutica para distúrbios neuropsicológicos e doenças neurodegenerativas.
Além disso, os canabinoides produzem efeitos em áreas periféricas do organismo através do receptor CB2.
Diante da sua importância para nosso organismo, hoje, abordaremos o conhecimento atual sobre os receptores canabinoides, destacando os avanços recentes no campo. Prossiga para aprender sobre:
- O que são receptores canabinoides?
- Por que os receptores canabinoides são importantes?
- Como funcionam os receptores canabinoides no corpo humano?
- Quais são os receptores canabinoides?
- O que ativa os receptores canabinoides?
- Perguntas frequentes sobre receptores canabinoides
- Os receptores canabinoides e a Cannabis medicinal
O que são receptores canabinoides?
Receptores canabinoides são estruturas microscópicas presentes em diversos tecidos do corpo humano, funcionando como uma espécie de antena celular.
Sua função é captar sinais de moléculas e transformar esses estímulos em respostas fisiológicas.
Localizados no cérebro, sistema imunológico, órgãos internos e até na pele, eles formam uma rede de comunicação que permite ao organismo regular uma infinidade de processos biológicos.
Dentro desse contexto, os receptores mais conhecidos pertencem a duas categorias principais: CB1 e CB2. Embora ambos compartilhem a capacidade de receber mensagens químicas, eles possuem papéis distintos.
Os receptores CB1, encontrados no sistema nervoso central, estão envolvidos em processos que afetam a percepção, o humor e o comportamento.
Por outro lado, os CB2 estão predominantes em células do sistema imunológico, sendo diretamente relacionados à modulação de respostas inflamatórias e imunológicas.
Ambos são parte de um sistema altamente integrado, que responde não apenas a estímulos internos, mas também a substâncias provenientes do ambiente externo.
Muito além dos conhecidos CB1 e CB2, existem outros receptores que participam desse complexo sistema chamado sistema endocanabinoide.
Também existem os receptores de potencial receptor transiente (TRPs), como o TRPV1, que é ativado por estímulos térmicos e químicos, e os receptores GPR55, frequentemente referidos como “o terceiro receptor canabinoide”.
O mais interessante é que esses receptores não são exclusivos dos seres humanos. Eles estão presentes em outros mamíferos.
Esse fato permite que estudos sejam realizados em modelos animais, gerando insights que contribuem para a compreensão de como essas estruturas operam e influenciam a saúde.
No campo científico, a descoberta dos receptores canabinoides foi um divisor de águas. Antes disso, pouco se sabia sobre como compostos como o CBD e o THC interagiam com o corpo.
Hoje, eles são estudados em diferentes áreas da medicina, como neurologia, imunologia e psiquiatria, demonstrando o quanto ainda há para explorar sobre essas estruturas.
Por que os receptores canabinoides são importantes?
A relevância dos receptores canabinoides está diretamente ligada à sua capacidade de regular funções que são essenciais para o corpo humano.
Eles atuam como um elo entre diferentes sistemas do organismo, permitindo que processos complexos sejam ajustados de forma precisa.
No sistema nervoso, por exemplo, os receptores ligados ao sistema endocanabinoide auxiliam na regulação de estímulos neurais.
Em outras palavras, eles ajudam a controlar o excesso de atividade em momentos de estresse ou dor, promovendo um estado de maior estabilidade.
Já no sistema imunológico, os receptores canabinoides ajudam a moderar respostas inflamatórias, impedindo que o corpo ataque seus próprios tecidos de forma exagerada.
Outra característica marcante é que os receptores canabinoides não funcionam isoladamente. Eles interagem com enzimas e moléculas sinalizadoras para formar um sistema dinâmico e interligado.
Por exemplo, quando um endocanabinoide se liga a um receptor, ele pode desencadear uma cascata de reações químicas que impactam desde a produção de neurotransmissores até a modulação da atividade inflamatória.
Mecanismos dos receptores canabinoides
A importância dos receptores canabinoides vai muito além de seu papel como mediadores de processos específicos.
Eles representam um elo entre diferentes sistemas do corpo, permitindo que funções tão distintas quanto o controle da inflamação e o equilíbrio do humor sejam ajustadas com precisão.
No contexto da regeneração celular, por exemplo, os receptores canabinoides atuam como moduladores de processos relacionados à renovação de tecidos.
Estudos recentes destacam o papel dos receptores TRPV1 na regulação do crescimento celular em tecidos epiteliais, o que pode ter implicações para a recuperação de lesões e até para o controle de doenças degenerativas.
Já os receptores GPR55 vêm sendo investigados por sua relação com o metabolismo energético, mostrando-se relevantes em estudos sobre obesidade e síndrome metabólica.
Além disso, receptores como o CB1 têm função central na neuroproteção, ajudando a preservar a integridade das células nervosas diante de lesões ou condições crônicas.
Essa capacidade é complementada pela atuação dos receptores CB2, que regulam respostas inflamatórias no sistema imunológico, prevenindo danos desnecessários aos tecidos.
Outro aspecto relevante é a interação dos receptores canabinoides com sistemas hormonais.
Estudos mostram que eles influenciam a liberação de hormônios relacionados ao estresse, bem como sua ação em receptores de insulina no controle glicêmico.
Reconhecer a importância desses receptores é perceber que eles não são apenas componentes bioquímicos, mas ferramentas que permitem ao corpo humano lidar com desafios de forma eficiente e adaptativa.
Sua atuação abrange desde processos cotidianos, como a percepção de temperatura, até questões mais profundas, como a regulação da imunidade e a preservação da saúde mental.
Como funcionam os receptores canabinoides no corpo humano?
O funcionamento dos receptores canabinoides depende da substância que interage com eles: enquanto umas os ativam, outras os inibem. Ambas as reações promovem efeitos diferentes.
Mas o que os torna fascinantes é a maneira como cada receptor responde de maneira única dependendo do contexto químico em que está inserido.
Por exemplo, o TRPV1, responde não apenas a estímulos térmicos, mas também a compostos químicos liberados durante processos inflamatórios.
Quando ativado, ele regula a liberação de substâncias que controlam a dor, protegendo o organismo contra estímulos excessivos.
Já os receptores CB1, distribuídos no sistema nervoso, ajustam a liberação de neurotransmissores em resposta a diferentes condições, permitindo que o cérebro e a medula espinhal mantenham um equilíbrio dinâmico.
Receptores como o GPR119, localizados no trato gastrointestinal, participam do controle de processos digestivos e metabólicos, incluindo a secreção de hormônios que regulam o apetite e a absorção de nutrientes.
Esses receptores ilustram como o sistema endocanabinoide não se limita a funções nervosas ou imunológicas, mas abrange um escopo muito mais amplo de atividades.
Além disso, os receptores canabinoides apresentam uma característica única: sua capacidade de serem “afinados” conforme necessário. Isso ocorre graças à interação com enzimas que modulam sua atividade.
Por exemplo, quando há excesso de estímulos, essas enzimas podem degradar moléculas sinalizadoras para impedir uma resposta exagerada, garantindo que o sistema opere dentro de limites seguros.
Eles não apenas respondem a estímulos internos, mas também a compostos externos, como fitocanabinoides derivados de plantas.
Essa interação oferece oportunidades terapêuticas, mas também reforça a complexidade desses receptores, que agem como mediadores entre o corpo e o ambiente externo.
Quais são os receptores canabinoides?
Os receptores canabinoides estão distribuídos por diversas áreas do corpo humano, auxiliando na manutenção do sistema endocanabinoide.
Eles se dividem em diferentes tipos, cada um com funções únicas. Abaixo, estão os receptores mais conhecidos até o momento:
- CB1: Encontrado no sistema nervoso central, em áreas como o cérebro e a medula espinhal. Esse receptor auxilia em processos neurológicos, incluindo a regulação do humor, memória, apetite e dor. Sua ativação é frequentemente associada aos efeitos psicoativos de alguns canabinoides.
- CB2: Predominantemente presente no sistema imunológico e tecidos periféricos, como o baço. Ele atua na modulação da inflamação e na resposta imune, o que o torna uma peça central em estudos relacionados a doenças autoimunes e inflamatórias.
- GPR55: Considerado um receptor órfão, sua ativação está relacionada à regulação da densidade óssea e à resposta a estímulos inflamatórios. Estudos sugerem que ele pode ter implicações em condições como osteoporose e câncer.
- GPR18: Este receptor está associado à regulação do sistema imunológico e à resposta inflamatória. Pesquisas indicam seu envolvimento em processos que afetam a migração celular, especialmente no sistema imunológico.
- GPR119: Presente principalmente no trato gastrointestinal e no pâncreas, ele é relevante no controle do metabolismo e na secreção de insulina. Sua influência é vista em questões relacionadas ao apetite e ao controle glicêmico.
- TRPV1: Apesar de ser mais conhecido como receptor de capsaicina, ele também interage com canabinoides. Localizado em neurônios sensoriais, está envolvido na percepção da dor e na resposta térmica.
- PPARs: São receptores nucleares que, ao serem ativados por canabinoides, modulam a expressão gênica. Eles atuam na regulação do metabolismo lipídico, na resposta inflamatória e no controle de várias condições metabólicas.
- Receptores não clássicos: Existem outras proteínas e canais iônicos que interagem com canabinoides de maneira indireta, influenciando processos biológicos. Essas interações são menos estudadas, mas igualmente relevantes no sistema endocanabinoide.
O que ativa os receptores canabinoides?
Os receptores canabinoides são estimulados por diferentes substâncias e condições, sejam internas ou externas. Essa ativação influencia processos biológicos, modulando a resposta do organismo a estímulos variados.
Internamente, os receptores são ativados por moléculas chamadas endocanabinoides, produzidas naturalmente pelo corpo.
Anandamida e 2-araquidonoilglicerol (2-AG) são os dois principais endocanabinoides identificados.
A anandamida está relacionada à regulação do humor, apetite e memória, enquanto o 2-AG desempenha funções no sistema imunológico e na modulação da dor.
Essas moléculas são liberadas em resposta a estímulos fisiológicos, como estresse, atividade física ou processos inflamatórios.
Externamente, os fitocanabinoides presentes na Cannabis, como THC (tetrahidrocanabinol) e CBD (Canabidiol), são capazes de interagir com esses receptores.
O THC, por exemplo, atua principalmente nos receptores CB1, enquanto o CBD apresenta uma interação mais complexa, modulando os efeitos de outros canabinoides e ativando receptores como TRPV1 e PPARs.
Além da Cannabis, outros compostos encontrados na natureza, como os terpenos e flavonoides de diversas plantas, podem influenciar o sistema endocanabinoide.
Elementos dietéticos, como ácidos graxos ômega-3, também são relevantes na formação de endocanabinoides, reforçando a importância da nutrição para o equilíbrio desse sistema.
Perguntas frequentes sobre receptores canabinoides
Nos tópicos a seguir, exploramos aspectos práticos, pouco abordados e essenciais para compreender como os receptores canabinoides influenciam aspectos como dor, sono, dieta, medicamentos e doenças.
1. Os receptores canabinoides ajudam na dor?
Sim, muitos receptores canabinoides estão envolvidos na resposta à dor.
O CB1, associado ao sistema nervoso central, influencia diretamente a percepção da dor ao regular os sinais que percorrem os neurônios. Seu efeito é mais visível em dores neuropáticas e condições de hipersensibilidade.
O CB2, por sua vez, atua no controle de processos inflamatórios, diminuindo os estímulos dolorosos em casos de artrite ou lesões teciduais.
Além desses, o TRPV1, conhecido como receptor vaniloide, auxilia na dor térmica e química. Ele é ativado por estímulos externos e por compostos específicos, reduzindo a sensibilidade quando tratado com canabinoides.
Outro receptor relevante é o GPR18, envolvido na resposta a lesões e inflamações. Ele regula a migração de células imunológicas para locais de lesão, o que afeta a intensidade da dor em quadros inflamatórios.
A ativação ou bloqueio desses receptores, de forma precisa, melhora significativamente a abordagem de diferentes tipos de dor.
2. Os receptores canabinoides influenciam o sono?
Sim, os receptores canabinoides regulam o equilíbrio entre vigília e repouso. Além do CB1, já muito estudado neste contexto, receptores como o GPR55 têm benefícios dignos de nota.
Este receptor afeta circuitos cerebrais que controlam a duração e profundidade do sono, oferecendo insights sobre condições como insônia e apneia do sono.
Estudos recentes sugerem que os PPARs estão relacionados ao metabolismo de neurotransmissores como serotonina e melatonina, o que afeta diretamente a indução ao sono.
Essa influência indica que, além de contribuir para a qualidade do sono, os receptores canabinoides também influenciam em situações de desequilíbrio químico que causam a insônia.
3. Os receptores canabinoides são afetados por alimentos?
Certos alimentos afetam diretamente a atividade dos receptores canabinoides. Ácidos graxos ômega-3, por exemplo, aumentam a produção de endocanabinoides.
O GPR119, envolvido no metabolismo energético, responde a compostos presentes em alimentos como cacau e óleos vegetais, ajudando a regular o apetite e a saciedade.
Os PPARs, modulados por antioxidantes presentes em frutas cítricas e vegetais de folhas verdes, afetam processos inflamatórios e metabólicos, impactando a funcionalidade geral do sistema endocanabinoide.
É aqui que vemos como a dieta pode ser poderosa para equilibrar a atividade desses receptores e prevenir disfunções associadas.
4. Como os receptores canabinoides interagem com medicamentos?
Muitos medicamentos influenciam diretamente a relação de ligantes e receptores, enquanto outros modulam a expressão ou a sensibilidade, alterando a resposta biológica do sistema endocanabinoide.
Medicamentos como analgésicos opioides interagem com os receptores CB1 ao influenciar a liberação de neurotransmissores.
Isso ocorre porque os opioides estimulam ou inibem a transmissão sináptica regulada pelos CB1, alterando o limiar de percepção sensorial.
Do mesmo modo, a administração prolongada de opioides pode levar a uma regulação negativa dos CB1, diminuindo sua atividade ao longo do tempo.
Fármacos imunomoduladores, especialmente os utilizados em tratamentos de doenças autoimunes, interagem com os receptores CB2 ao influenciar os processos de sinalização celular.
Essas substâncias modificam a expressão de CB2 em células imunes, promovendo um aumento ou redução da resposta inflamatória.
Isso, em parte, é resultado de alterações no ambiente molecular, como o aumento ou redução da presença de endocanabinoides que ativam os receptores.
Antiepilépticos, como o ácido valpróico e a carbamazepina, afetam o metabolismo de endocanabinoides e, indiretamente, a atividade de receptores como CB1 e CB2.
Esses fármacos alteram as enzimas responsáveis pela síntese e degradação de moléculas como anandamida, influenciando a disponibilidade de ligantes naturais para os receptores canabinoides.
Os antagonistas de receptores específicos, como o rimonabanto, são exemplos de medicamentos que inibem diretamente a atividade dos CB1, bloqueando a interação com seus ligantes.
Essa inibição reduz a atividade dos receptores, impactando processos fisiológicos associados, como regulação do apetite e do humor.
Além disso, medicamentos quimioterápicos também interagem com receptores menos conhecidos, como o GPR55, modificando a proliferação celular em tecidos específicos.
Aqui, a sinalização intracelular mediada pelo receptor é afetada, o que leva à inibição do crescimento de células dependendo do contexto.
Essas interações não se limitam à ativação ou inibição direta dos receptores. Medicamentos também afetam o sistema endocanabinoide ao alterar a disponibilidade de cofatores e moléculas sinalizadoras, modificando o ambiente funcional dos receptores.
5. Algumas doenças podem estar ligadas aos receptores canabinóides?
Desequilíbrios na atividade dos receptores canabinoides têm relação direta com o desenvolvimento de doenças.
A supressão de CB1 está associada a transtornos como depressão e ansiedade.
O CB2, quando excessivamente ativo, está ligado a condições autoimunes, como esclerose múltipla, enquanto sua supressão compromete respostas imunológicas em infecções severas.
O GPR18, em casos de desregulação, está implicado na progressão de doenças oculares como glaucoma, enquanto o GPR55 está associado ao crescimento tumoral em certos tipos de câncer.
Disfunções dos PPARs aparecem em quadros de resistência à insulina e obesidade, demonstrando que sua atividade é vital para o equilíbrio metabólico.
Os receptores canabinoides e a Cannabis medicinal
A interação entre os receptores canabinoides e os compostos presentes na Cannabis medicinal é o que nos permite compreender seu potencial terapêutico.
Cada tipo de receptor tem um papel específico na modulação dos efeitos terapêuticos, variando de acordo com a condição tratada e os compostos utilizados.
Os receptores CB1, por exemplo, são alvo principal do THC, resultando em efeitos analgésicos e relaxantes.
Por estar localizado no sistema nervoso central, sua ativação pode ser útil em condições como dor crônica, espasmos musculares e transtornos de ansiedade.
Em contrapartida, a ação nos CB1 também está associada aos efeitos psicoativos da Cannabis, o que pode limitar seu uso em determinadas populações.
Os receptores CB2, por sua vez, oferecem um caminho promissor para tratamentos sem efeitos psicoativos. Sua presença no sistema imunológico torna-os relevantes no controle de inflamações e doenças autoimunes.
Compostos como o CBD interagem indiretamente com esses receptores, modulando sua atividade e contribuindo para a redução de sintomas inflamatórios.
A interação com receptores como TRPV1, PPARs e GPR55 amplia as possibilidades da Cannabis medicinal. Essas conexões influenciam processos como a percepção da dor, a neuroproteção e o controle metabólico.
O GPR55, por exemplo, tem sido estudado no contexto de tratamentos oncológicos, enquanto os PPARs são alvos potenciais para distúrbios metabólicos e inflamações crônicas.
O entendimento dessa relação permite que médicos e cientistas desenvolvam abordagens mais precisas, ajustando combinações de canabinoides e formas de administração para atender às necessidades dos pacientes.
Como os receptores interagem com a Cannabis?
Os receptores canabinoides são sensíveis aos compostos da Cannabis, que influenciam esses alvos ao seu próprio modo, seja pela ativação, supressão, agonismo e antagonismo.
Cada receptor responde de maneira específica, dependendo do canabinoide e da condição a ser tratada.
O THC, um agonista parcial dos receptores CB1 e CB2, ativa diretamente esses receptores, desencadeando efeitos como relaxamento muscular, redução da dor e alteração do humor.
Por outro lado, o CBD age de forma mais indireta. Ele antagoniza o CB1, atenuando os efeitos psicoativos do THC, enquanto ativa receptores como TRPV1, promovendo analgesia e ação anti-inflamatória.
Receptores como GPR55 interagem com a Cannabis de maneira distinta. O THC ativa esse receptor, enquanto o CBD parece inibi-lo, podendo ter implicações na regulação da pressão arterial e no tratamento da epilepsia.
Já os PPARs, quando ativados pelo CBD, modulam a expressão gênica, influenciando condições metabólicas e neurodegenerativas.
A combinação de compostos, conhecida como “efeito entourage”, potencializa os benefícios terapêuticos ao integrar diferentes mecanismos de ação.
Devido a forma singular com que cada canabinoide interage com os receptores, eles podem tanto amplificar os benefícios quanto atenuar os efeitos colaterais um do outro, como ocorre na relação CBD e THC.
Quais os benefícios comprovados da Cannabis para a saúde humana?
Uma revisão sistemática de 2020 sugere que os produtos médicos regulamentados à base de canabinoides apresentam benefícios clínicos em condições como:
- Esclerose múltipla;
- Dor neuropática crônica;
- Náusea e vômito induzidos por quimioterapia;
- Epilepsia pediátrica resistente;
- Ansiedade;
- Insônia.
O interesse pela Cannabis medicinal foi revitalizado com a descoberta do sistema endocanabinoide (SEC) no final dos anos 1990, que regula funções homeostáticas e anti-inflamatórias no corpo.
O estudo alega que fitocanabinoides, como o THC e o Canabidiol, atuam como agonistas parciais do SEC, mostrando efeitos benéficos especialmente em casos de dor crônica, ansiedade, distúrbios do sono e inflamação.
Esses achados indicam que tais produtos são bem tolerados, com poucos eventos adversos graves, além de benefícios promissores para condições crônicas resistentes a tratamentos convencionais.
Outra revisão conduzida pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA reuniu evidências importantes sobre os efeitos da Cannabis e dos canabinoides na saúde.
O comitê, composto por 16 membros, revisou mais de 10.000 resumos da literatura médica recente, focando em 11 áreas de saúde prioritárias, incluindo efeitos terapêuticos, risco cardiometabólico e saúde mental.
O comitê concluiu que há dados substanciais de que a Cannabis e os canabinoides são eficazes para o tratamento de dor, náuseas e vômitos e espasticidade associada à esclerose múltipla.
A pesquisa também encontrou achados para outras condições, como síndrome de Tourette, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, câncer, síndrome do intestino irritável, epilepsia e distúrbios neurodegenerativos.
Como iniciar um tratamento complementar com a Cannabis?
A Anvisa estabelece diretrizes rigorosas para o uso de derivados de Cannabis, visando assegurar a segurança dos pacientes.
Então, para iniciar o tratamento, é necessário que o paciente seja avaliado por profissionais qualificados e com experiência em medicina canabinoide, a fim de determinar a viabilidade do uso da terapia.
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É muito importante seguir as orientações médicas para obter os resultados esperados e comunicar qualquer alteração no quadro durante o tratamento.
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Conclusão
Embora o estudo sobre os receptores canabinoides esteja em expansão, já podemos perceber o impacto que eles têm em funções que consideramos essenciais, como o controle da dor, o apetite e o sono.
O que realmente torna esse assunto tão interessante é que, ao entender como esses receptores funcionam, podemos começar a ver as possibilidades de tratamentos mais personalizados.
No entanto, ainda há muito para ser descoberto. O sistema canabinoide está longe de ser totalmente compreendido, e há um campo vasto de pesquisa pela frente.
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