O Brasil comemora no dia 18 de outubro o Dia do Médico. A data, mesmo dia do santo protetor dos médicos, São Lucas, serve como forma de homenagear aqueles que trabalham para promover a saúde, prevenir e tratar doenças.
Para presentear todos os médicos, o portal Cannabis & Saúde vai oferecer gratuitamente e com exclusividade para o Brasil a participação na Conferência: a visão científica da Anandamida e dos canabinoides, apresentada por Raphael Mechoulam, que é considerado o pai da medicina canabinoide.
Qual a importância de Raphael Mechoulam?
Se hoje o Cannabis & Saúde existe, é graças ao trabalho do químico bulgaro radicado em Israel Raphael Mechoulam. Durante os últimos 50 anos, seu grupo de pesquisas revelou para o mundo a relevância dos ingredientes da Cannabis, como o psicoativo Δ9-tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol, mais de 120 outros canabinóides e de 440 compostos não canabinóides, para a saúde.
Há aproximadamente 20 anos, também desvendou as razões moleculares para a atividade biológica desses extratos vegetais com a descoberta dos endocanabinóides, que são lipídios endógenos capazes de se ligar aos mesmos receptores canabinóides ativados pelas substâncias da planta.
Além dos endocanabinóides, um conjunto complexo de receptores, enzimas metabólicas, transportadores (transmembranares, intracelulares e extracelulares) também foram descobertos e, juntos, formam o chamado “sistema endocanabinóide”, que demonstrou ajustar o coletor atividades biológicas desses sinais lipídicos.
Descobertas essas fundamentais nos ramos das química, bioquímica, biologia, farmacologia e medicina e que permite, hoje, o tratamento de diversas patologias por meio da modulação do sistema endocanabinoide com o uso da Cannabis medicinal.
Como Raphael Mechoulam se tornou o “pai da medicina canabinoide”?
O interesse pelo estudo da Cannabis sativa despertou em Raphael Mechoulam ao encontrar diversos textos científicos sobre a planta datados do século 19. Na segunda metade do século 20, porém, as pesquisas estavam esquecidas.
Havia um amplo campo de investigação a ser explorado, afinal, a morfina havia sido isolada do ópio há 200 anos, a cocaína das folhas de coca há 150, enquanto ainda era desconhecido o princípio ativo da Cannabis.
Havia um motivo para isso. A tecnologia do século 19 não era avançada o suficiente para isolar o THC, por exemplo, diferentemente dos alcalóides da cocaína. Já no século 20, os métodos de extração estavam mais evoluídos, no entanto, a guerra às drogas havia sido levada pelos EUA para todo o mundo e ficou mais difícil estudar a planta.
Contudo, Tel Aviv, onde morava, era uma cidade pequena na época. Com um colega que trabalhava na polícia, conseguiu cinco quilos de haxixe (uma resina extraída das flores da Cannabis que concentra seus compostos químicos) que havia sido apreendida e pode assim começar seus estudos.
Desvendando os canabinoides
Com o material em mãos, começou o trabalho de isolamento, elucidação estrutural e síntese química das substâncias químicas da planta. O canabinol, que havia sido isolado no século 19, ganhou a companhia do THC, canabidiol, canabigerol, canabicromeno e alguns ácidos carboxílicos canabinóides.
Restava saber qual o principal princípio ativo da planta. O teste foi em macacos e o THC foi o único componente com os quais os animais apresentaram sedação. Para comprovar a tese, fez um bolo no qual incluiu a substância e distribuiu aos seus amigos, com efeitos diversos. Um se sentiu bem, outro passou a falar muito enquanto um terceiro vivenciou um ataque de ansiedade.
O THC foi confirmado como o princípio ativo responsável pelo “barato” da Cannabis, mas ainda não se sabia como ele fazia isso. Por quase duas décadas após a identificação do THC, acreditava-se que seus mecanismos de ação eram totalmente “inespecíficos”.
Outras pesquisas
Na década de 1980, os resultados obtidos por vários grupos de pesquisa sugeriram que isso poderia não ser verdade. Estes incluíram achados obtidos por Mechoulam e seus colaboradores mostrando que certos canabinóides exibem estereoseletividade.
Tais achados encorajaram a busca por um receptor canabinóide em tecidos de mamíferos, e essa busca levou à descoberta de dois receptores canabinóides acoplados à proteína G: o primeiro (CB1 ) foi descoberto entre 1988 e 1990, e o segundo (CB2 ) foi descoberto em 1993.
A evidência obtida no final da década de 1980 de que tecidos de mamíferos expressam o receptor CB1 imediatamente levou à busca de uma substância química produzida por esses tecidos que pudesse ativar esse receptor.
Mais uma vez Raphael Mechoulam
Uma corrida vencida por Mechoulam. Ele liderou pesquisas que forneceram evidências convincentes de que a N – araquidonoil etanolamina, que ele e seus colaboradores chamaram de anandamida, é um composto produzido endogenamente que pode ativar o receptor CB1, e que o 2-araquidonoilglicero (2-AG) também é um endocanabinoide ativador do receptor de canabinoide.
A descoberta do sistema endocanabinoide impulsionou muito a pesquisa de canabinoides, especialmente quando surgiram evidências subsequentes de que esse sistema desempenha importantes papéis protetores em vários distúrbios graves dentro e fora do sistema nervoso central.
Em conclusão, ao longo de sua carreira de pesquisa no campo dos canabinoides, Raphael Mechoulam demonstrou uma incrível capacidade de apresentar ideias originais e importantes que ajudaram muito a avançar o conhecimento sobre bioquímica, química medicinal e farmacologia pré-clínica e clínica de canabinoides.
Isso se deve principalmente à sua capacidade de pensar tanto como químico quanto como biólogo e, assim, reconhecer como suas ideias/descobertas podem ser exploradas na clínica, e então estabelecer colaborações produtivas com clínicos, com farmacologistas/biólogos pré-clínicos e com empresas farmacêuticas.
Anandamida e dos canabinoides
Com mais de 90 anos de idade, Raphael Mechoulam segue atuando ativamente em sua profissão, à frente de seu grupo de pesquisas e como professor e palestrante.
Assista à palestra proferida por Raphael Mechoulam sobre a visão científica da Anandamida e dos canabinoides e disponibilizada com exclusividade no Brasil pelo portal Cannabis & Saúde. Inscreva-se aqui!
Seu renome e importância faz com que seja homenageado pela Sociedade Internacional de Pesquisa de Canabinoides ao nomear o principal prêmio da instituição dado aos grandes nomes da área: o “Mechoulam Award”.