Corre nas veias de Ralph o sangue lendário dos Gracie, conhecidos como a ‘família real das artes marciais’. Mas, de certa forma, dá pra dizer que ele é a ovelha negra dessa família, por conta do seu estilo bem agressivo: “a família é mais passiva na questão de finalização, e eu gosto mais de bater”.
Contudo, hoje com 49 anos, o corpo cobrou do Pitbull, apelido que o atleta ganhou justamente por causa desse estilo. E foi no canabidiol que o pugilista encontrou a solução para as dores e, de quebra, melhorou o sono.
“Eu achei no CBD uma maneira de me sentir melhor. De não ter tantas dores, inflamações. E sem ter problema (colateral) nenhum. Sem ser um ibuprofeno, que vai fazer mal pra mim. No CBD, eu consegui certas coisas que eu não tinha antes, como dormir melhor. Então, por que eu não vou usar? Porque vem da maconha?”, questionou em entrevista ao portal Cannabis & Saúde.
Para o lutador, que mora desde 2005 nos Estados Unidos, os atletas que têm acesso à Cannabis medicinal levam uma certa vantagem em relação aos competidores que não fazem uso dessa medicina.
“O CBD não vai melhorar a sua performance, mas você vai sentir menos dor. As inflamações vão melhorar, o sono vai ser mais tranquilo. Só que no Brasil o cara precisa de R$ 2 mil para ter acesso”, lamenta.
Fora os benefícios no esporte, Pitbull sabe bem os potenciais terapêuticos da Cannabis para pacientes de doenças graves. Ele contou que sua filha, de 28 anos, parou de ter convulsões após iniciar o tratamento com canabidiol.
“Ela tinha epilepsia. Tomava remédios fortes e ficava uma semana grogue para só depois voltar a ser quem ela era. Hoje ela toma o CBD e não sente mais nada disso, não tem efeito colateral. E é barato!”.
Por esses motivos, Ralph hoje é um defensor do uso livre de canabidiol. Ele faz coro à campanha da prima, a Rose, que está numa cruzada pelo uso da substância por lutadores. Os dois participaram de um painel sobre CBD no Esporte no Medical Cannabis Summit.
O papo rendeu tanto que o portal decidiu ampliar o assunto nessa nova entrevista, que você confere a seguir. Ralph Gracie também comentou o episódio de dezembro de 2018, quando agrediu o atleta Flávio “Cachorrinho” Almeida durante o Mundial No-Gi (sem quimono), na Califórnia. Ele teve prisão decretada e precisou pagar fiança de US$ 50 mil. Por conta do caso, o atleta ficou proibido de competir e atuar como treinador em eventos da International Brazilian Federation (IBJJF).
>>TELEMEDICINA. Seu diagnóstico simples, rápido e onde estiver. Agende uma consulta
Para as pessoas que não são do mundo das artes marciais, apresente ao público do Cannabis & Saúde quem é o Ralph Gracie, quais os seus principais títulos e o que tem no sangue dos Gracie que deram o título de “família real das artes marciais”?
Eu sou lutador de vale tudo e jiu jitsu. Sou um dos pioneiros nessas lutas no Brasil e vim para os Estados Unidos há 25 anos. Fui um dos primeiros lutadores a lutar aqui trazendo o nome da família Gracie e mostrando um estilo diferente, um estilo mais agressivo. A família Gracie era mais passiva na questão de finalização e eu gostava mais de bater nos outros, de partir para dentro. É por isso que veio esse apelido do Pitbull que me botaram!
Com relação aos títulos, sou duas vezes Pride Champion, Vale Tudo Champion e Extreme Fight Battle Cage.
Por conta do episódio com o Flávio Almeida Cachorrinho, você também sofreu consequências no âmbito esportivo, que foi a proibição de competir e atuar como treinador através da Federação Internacional de Jiu Jitsu brasileiro. Como está essa situação, você segue impedido, recorreu?
Está na justiça ainda. O processo continua. Mas essa proibição eu não ligo, não vale nada para mim. Eles não poderiam fazer, porque vai ter um processo. Isso é ilegal, a confusão não teve nada a ver com o evento, com a federação.
Então, daqui a pouco vai ter uma consequência para eles. Não é uma federação séria, é business. No Brasil, quando você monta uma federação, ela é regida por regras e membros do governo. Tem votação depois para chapa de oposição. Aqui é como abrir uma loja, o cara faz o que quiser. Aqui se cobra para tudo. Então é um negócio. Tem milhões de federações. Por isso nada mudou para mim.
Quais são seus empreendimentos aí na Califórnia?
Eu lido com academias. Tenho afiliações, tanto no Brasil, como nos Estados Unidos. Sou dono de academias próprias e outras com sócios. Também trabalho fazendo campeonatos, eventos. Em breve vai ter um nos Estados Unidos que é o Gracie Pro. Então o negócio é trabalhar honestamente, diferente da federação (risos).
Como é a formação do Ralph Gracie para os atletas?
Eu tento impor o meu sistema. Eu dou aula desde os 16 anos, desde que eu peguei a faixa roxa. Então eu fui aprendendo como as coisas são feitas no jiu jitsu, me aperfeiçoando. Nós temos a nossa marca, que é o Gracie, e a gente traz um ciclo de qualidade.
Quando você começa a aprender com o cara que aprendeu com os caras (Carlos e Helio Gracie), a coisa muda! Eu mantenho todos os detalhes nas posições do que outras academias. Eu também tenho esse modo mais agressivo e acredito que muitas pessoas se espelham em mim.
O jiu jitsu ensina a ser lutador e ser humano. Eu aprendi a ser quem eu sou no tatame. Meus defeitos e minhas qualidades. Aprendi a olhar na cara do perigo. E eu passo isso para os meus alunos. Eu não tento só ensinar uma posição, mas a atitude de um lutador, a honestidade, o respeito, aprender a ser seguro. Quando você não tem medo, você se torna uma pessoa mais forte, e eu tento passar essa segurança para as pessoas.
Por que um atleta brasileiro deve ir para os EUA treinar para se projetar nas lutas?
Quando foi a última vez que você viu um campeonato mundial no Brasil? Não tem! Não vale a pena financeiramente! Então, quando eu falo da federação ser um negócio financeiro é porque não vale a pena. Aqui é cento e poucos dólares a entrada. Aqui é que está o dinheiro, onde você vai montar o campeonato. Então é por isso. Como o atleta vai ser um campeão mundial se ele não vier pra cá?
Qualquer outro esporte é feito num lugar do mundo de cada vez. Mas pra eles (do MMA) não vale a pena fazer no Brasil, na Argentina. Então os brasileiros tem que vir pros Estados Unidos, sim, por uma questão financeira.
Procurando por um médico prescritor de cannabis medicinal? Clique aqui temos grandes nomes da medicina canabinoide para indicar.
Outra situação que acontece aí nos Estados Unidos que não existe no Brasil é com relação ao uso de CBD. Como o canabidiol se dá na tua rotina?
Eu não sou mais um galo novo! Estou com 49 anos, mas eu continuo treinando! Nesse tempo, você vai acumulando dores, inflamações, lesões que vão te atrapalhando.
Eu achei no CBD uma maneira de me sentir melhor. De não ter tantas dores, inflamações e sem ter problema (colateral) nenhum. Sem ser um ibuprofeno, que vai fazer mal pra mim. No CBD, eu consegui certas coisas que eu não tinha antes, como dormir melhor.
Então por que eu não vou usar? Porque vem da maconha? As pessoas comem carne que faz mal, frango cheio de hormônio. Então, um remédio que se planta, qual o problema?
Sendo que aqui até a maconha é legal, as pessoas usam aqui como se fosse cerveja. Aqui não tem mais esse problema. Se você quiser fumar um cigarro de CBD pode fumar, de THC também, sem problema nenhum!
Diferente do Brasil, onde se fala que maconheiro vai arrumar confusão, arrumar briga. Aí é mais problemático. De coisas que não se entende, se têm mais medo. Aqui o tráfico está acabando porque tu vai na loja e compra. O governo da Califórnia, só com a taxa, que é bem taxada a maconha, está lucrando um absurdo.
Você acha que um atleta nos Estados Unidos leva vantagem de um competidor no Brasil pelo fato de ter acesso ao canabidiol?
Não é que tenha uma vantagem, mas ele não vai ter a facilidade para o treino dele, porque eu treinei a vida toda sem. Você não é obrigado a usar. Mas é que quando eu estava treinando eu não sentia muitas dores, só que tem gente que sente. Quer dizer, as dores não me incomodavam muito, mas tem gente que incomoda. Então, sim, tem uma desvantagem, mas é pequena! O CBD não vai melhorar a sua performance, mas você vai sentir menos dor. As inflamações vão melhorar, o sono vai ser mais tranquilo. Só que no Brasil o cara precisa de R$ 2 mil pra ter acesso. Isso é só o atleta, imagina quem tem epilepsia, minha filha tinha epilepsia, tomava remédio forte ficava uma semana grogue para depois voltar a ser quem era. hoje ela toma o CBD e não sente mais nada disso, não tem efeito colateral e é barato.
Se o Brasil gosta tanto de copiar os EUA, por que, na sua opinião a gente ainda impõe tanta dificuldade pra essa planta aqui no país?
A gente ainda vai copiar! Só que o Brasil é um pouco mais lento. Tem que ver muito é a nossa política, que é a de quanto mais problema se tem mais as pessoas fazem dinheiro. Se cria problema para vender solução. O tráfico tem políticos envolvido, então para que combater o tráfico? Tirando a maconha, taxando bem ela, você vai diminuir o tráfico.
O que você achou do Medical Cannabis Summit?
O evento foi excelente, tudo que for pro bem das pessoas, eu sou a favor! A família Gracie sempre foi vista como os naturalistas, os caras que comem diferente por conhecer o corpo, então eu não tenho por que não estar fazendo isso agora! Isso é parte da família Gracie.
Procurando por um médico prescritor de cannabis medicinal? Clique aqui temos grandes nomes da medicina canabinoide para indicar.