Pesquisa inédita realizadas entre a chineses e norte-americanos descobre novas moléculas nas raízes da Cannabis e função anti-inflamatória
Uma pesquisa publicada no Journal of Cannabis Research, em janeiro desse ano, revela propriedades anti-inflamatórias nos extratos das raízes de cânhamo – uma subespécie da Cannabis com baixo teor de tetrahidrocanabinol (THC), a molécula psicoativa da planta.
O levantamento inédito foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa para Descoberta de Medicamentos, da Sun Yat-sen University na China, em parceria com o Departamento de Ciências Biomédicas e Farmacêuticas, da Universidade de Rhode Island nos Estados Unidos.
Para avaliar a composição das raízes, os estudiosos submeteram o extrato a uma combinação de colunas cromatográficas para isolar os fitoquímicos, as moléculas presentes nas raízes.
Método de pesquisa
Por meio de ressonância magnética nuclear (avalia a anatomia e os processos fisiológicos das moléculas) e de espectrometria de massas (analisa a estrutura química) as moléculas encontradas nas raízes foram isoladas e mapeadas.
Na sequência, as substâncias foram testadas em um ensaio com células humanas isoladas de pacientes com leucemia – modelo padrão geralmente usado na testagem de vacinas, por exemplo.
Os efeitos anti-inflamatórios dos canabinoides isolados da raiz do cânhamo foram avaliados medindo a produção de lipopolissacarídeo e secreção induzida por nigericina de citocinas pró-inflamatórias.
Propriedades anti-inflamatórias nas raízes
De forma bem simplificada e resumida, a pesquisa identificou que os fitoquímicos, presentes nas raízes de cânhamo, conseguiram atuar para combater a inflamação da mostra.
“Com esses bioensaios validados, pudemos avaliar a atividade anti-inflamatória seletiva dos isolados. Embora nosso estudo relatado anteriormente tenha mostrado que o CBD (canabidiol) é um inibidor específico do inflamassoma, canabinoides isolados do extrato de raízes de cânhamo exerceram efeitos anti-inflamatórios gerais, em vez de inibição específica da ativação do inflamassoma”, afirma um trecho da pesquisa.
Os inflamassomas atuam como um mecanismo de combate à infecção. A aglomeração de diversas proteínas, que se formam no citoplasma das células, age em resposta a infecções ou estresse celular.
Diferentemente do canabidiol (CBD) que atua para ativar a produção do inflamassoma, os efeitos inibitórios dos canabinoides das raízes sobre a secreção de citocinas pró-inflamatórias podem ser explicados pelas atividades anti-inflamatórias gerais dos extratos, diz a pesquisa.
Novas moléculas
Para surpresa dos pesquisadores, foram identificados – pela primeira vez – cinco novos compostos nas raízes analisadas. A investigação fitoquímica do extrato de raízes de cânhamo mapeou 32 compostos estruturalmente diversos, incluindo seis canabinoides e três ácidos graxos.
Ainda foram identificados outros tipos de compostos não-canabinoides com efeitos anti-inflamatórios promissores, afirmam os pesquisadores.
“Os resultados do presente estudo expandiram a compreensão dos constituintes fitoquímicos das raízes de Cannabis e seus efeitos anti-inflamatórios, o que pode fornecer informações úteis para a utilização de raízes de Cannabis como produtos naturais bioativos”, diz o artigo científico.
Uso milenar das raízes no tratamento de dor
Apesar de existir pouca produção científica a respeito do uso medicinal das raízes da Cannabis, relatos da antiga Medicina Chinesa demonstram que essa parte da planta já era utilizada pelos antepassados para tratar dor.
É o que diz o antigo Compêndio de Herbologia Chinesa de Matéria Médica (“Bencao Gangmu” em chinês ou Grande Farmacopeia). Um dos primeiros livros que documentaram o uso de raízes de cânhamo como uma medicina popular para aliviar a dor, afirma a pesquisa.
Os resultados promissores do levantamento envolvendo as raízes de cânhamo abrem espaço para que novas investigações ganhem fôlego na academia.
Este é o primeiro estudo sobre a atividade anti-inflamatória específica de canabinoides isolados de raízes de cânhamo, segundo afirmam os desenvolvedores da pesquisa. Certamente em breve, novas pesquisas vão complementar os achados.
Para ler a pesquisa na íntegra.
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No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já regulamenta o uso medicinal da Cannabis desde 2015 por meio de importação (RDC 660) e até nas farmácias (RDC 327), quando passou a autorizar a venda de produtos à base de canabinoides nas drogarias em 2019.
Para se tratar com as moléculas medicinais da Cannabis é fundamental ter o acompanhamento de um profissional da saúde.
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